Capítulo 32. O Jogador.


 A casa de apostas "Happy House" parecia encapsular todos os prazeres do mundo. Dentro de suas paredes, podia-se encontrar Pai Gow, briga de galos, luta de grilos, dados, Toss Pot—praticamente tudo o que estava disponível no mercado estava ali.

Todos que frequentavam o "Happy House" eram jogadores. Este lugar não conhecia vento nem chuva, apenas o foco intenso dos apostadores ao redor das mesas. Alguns estavam extasiados com a alegria, enquanto outros pareciam exaustos. Não importava sua posição—ricos ou pobres, nobres ou comuns—uma vez na mesa de apostas, deixavam para trás sua postura humana, com os olhos brilhando com ganância e loucura.

Em um canto mal iluminado, uma multidão se reunia ao redor de uma mesa sob uma lâmpada. Sentados à mesa estavam dois homens. Um era um jovem de aparência frágil, vestido com uma túnica verde. Seu oponente, vestido com uma túnica marrom, parecia profundamente imerso no espírito do jogo, sua aparência cansada traía o brilho em seus olhos.

Wan Quan estava radiante.

Ele havia começado a aprender a jogar recentemente, mas, assim que começou a gostar, alguém informou seu pai, Wan Fu. Seu pai o puniu severamente e o confinou em casa por vários dias. Um dia, Wan Quan ouviu pessoas fofocando do lado de fora de sua porta, falando sobre o "Happy House" na Rua Qinghe como a principal casa de apostas da capital.

A descrição do "Happy House" como um paraíso para os apostadores excitou Wan Quan. Aproveitando a oportunidade da proximidade do aniversário de sua avó Ke, que estava ocupada com os preparativos, ele escapou.

Ao chegar no "Happy House", Wan Quan encontrou um local animado e lotado, repleto de várias formas de apostas. Os garçons serviam vinho amarelo periodicamente para os apostadores, cuja excitação aumentava com cada gole, levando as apostas a ficarem cada vez mais altas.

A sorte de Wan Quan estava excelente naquele dia. Desde que chegou, ele não havia perdido uma única rodada. Agora, as vinte taéis de prata trazidas pelo jovem chamado Zheng, que estava em frente a ele, estavam quase em suas mãos.

"Jovem Mestre Zheng" parecia perceber sua má sorte. Frustrado, ele retirou alguns lingotes de prata e os colocou na mesa.

— Ei, apostar assim é sem graça. Que tal apostarmos mais?

Wan Quan sorriu por dentro, percebendo a frustração de Zheng. No entanto, como poderia recusar uma oportunidade de aproveitar um alvo tão fácil? Ele sorriu e disse:

— Vamos apostar!

— Comecemos com uma tael de prata. Na próxima rodada, serão duas taéis, depois quatro, e assim por diante...

— Ok… — O Jovem Mestre Zheng completou em um único fôlego, o que provocou aplausos da multidão.

A excitação no ar aumentou como uma maré crescente, e Wan Quan não viu razão para recusar. Ele arregaçou as mangas, tomou o vinho quente trazido pelo garçom e colocou os dados sobre a mesa.

— Vamos lá! — declarou ele.

A atmosfera ficou ainda mais elétrica, mas parecia que sua sorte finalmente havia se esgotado.

Ele perdeu várias rodadas consecutivas, desperdiçando todo o dinheiro que havia acabado de ganhar. Sua frustração ficou evidente enquanto gotas de suor surgiam na ponta de seu nariz. Enquanto isso, a decepção anterior de Jovem Mestre Zheng desapareceu, substituída por uma expressão de triunfo.

— Ainda quer apostar? — perguntou Jovem Mestre Zheng, seus olhos zombando.

Wan Quan hesitou.

Ele havia perdido todo o seu dinheiro, mas ainda tinha alguns bilhetes bancários em seu bolso.

A nova Senhora da família Ke, Qin Shi, tinha um mordomo rigoroso, e o filho mais velho da família Ke estava sempre com falta de dinheiro. Ele possuía algumas propriedades privadas e recebia uma boa renda anualmente. Para esconder isso de sua esposa, ele havia coletado vários anos de aluguel no mês passado e confiado a Wan Fu. Esses bilhetes somavam pelo menos dois mil taéis.

Antes de ir ao "Happy House" naquela noite, Wan Quan soubera que aquele não era um típico cassino. Somente aqueles com pelo menos mil taéis de prata podiam entrar. Então, ele forçou a caixa, enfiou os bilhetes no bolso para fazer volume, embora ninguém o tivesse verificado quando ele chegou.

Agora, com todas as suas fichas perdidas, restavam apenas esses bilhetes.

Wan Quan hesitou. Esse não era o seu dinheiro. Daqui a alguns dias, o filho mais velho da família Ke viria pegar.

Jovem Mestre Zheng, ficando impaciente, jogou o prata que havia ganho em sua bolsa, irritando todos ao redor. Ele sorriu e disse:

— Irmão Wan, ainda está dentro? Se não, vou para casa dormir.

O sorriso arrogante de Zheng era irritante. Wan Quan, sentindo uma onda de raiva, gritou:

— Vamos lá, vamos fazer mais uma rodada!

No andar de cima, Lu Tong estava de pé na sacada, observando Wan Quan jogar contra Yin Zheng. Ela sorriu levemente.

O peixe havia mordido a isca.

O filho do servo confiável de Ke Chengxing era bem menos cauteloso do que seu pai. Era muito mais fácil se aproximar dele do que de Wan Fu.

Ela apenas instruiu alguém a mencionar casualmente o "Happy House" perto da porta de Wan Quan. Ansioso, ele foi visitar a casa de apostas naquela mesma noite.

Yin Zheng frequentava o cassino desde sua juventude e dominava o jogo de dados. Garantir que Wan Quan se viciaria em apostas era uma tarefa simples para ela.

Lady Yun uma vez disse a Lu Tong com um sorriso:

— Pequena Dezessete, deixa eu te contar. Se você despreza alguém, pode envenená-lo. Envenená-lo até seus órgãos internos apodrecerem. Só assim você realmente consegue se vingar.

O vício em jogo também era uma espécie de veneno—um veneno difícil de curar.

Os olhos de Lu Tong estavam sombrios e pensativos enquanto ela observava silenciosamente a cena lá embaixo.

Sob a lâmpada, Wan Quan começou a tremer.

Sua boa sorte o havia abandonado, deixando-o em um poço sem fundo de má sorte.

Seu oponente parecia estar jogando casualmente, mas cada mão ficava mais importante que a anterior. As notas de banco fluíam como água. A cada vez, Wan Quan pensava: "Na próxima rodada, na próxima rodada, eu definitivamente vou recuperar tudo". Mas a próxima rodada sempre terminava com o Deus da Fortuna ainda lhe ignorando.

O álcool gradualmente tomou seu efeito. Seu rosto estava ruborizado, e seus olhos estavam vermelhos. Ele perdeu a noção de quanto havia desperdiçado. Quando tocou seu peito, estava vazio.

Sumiu?

Como poderia ser?

Aquilo era dois mil taéis de prata!

A mente de Wan Quan ficou em branco. O vento soprou, abrindo a janela, e uma rajada de chuva fria caiu sobre seu rosto, cortando a névoa do vinho e trazendo um momento de clareza.

— Quanto eu perdi? — perguntou ele, atordoado.

O balconista ao seu lado, que estava contando, sorriu e disse:

— O senhor perdeu um total de cinco mil taéis de prata.

— Cinco mil taéis? — Wan Quan olhou para ele sem entender. — Onde eu arrumei cinco mil taéis?

Ele havia trazido apenas dois mil taéis. De onde vieram os outros três mil?

— O senhor não tinha dinheiro suficiente, então escreveu uma promissória em nome da família Ke, no sul da cidade — disse o balconista, ainda sorrindo calorosamente. — O senhor está bêbado e não lembra?

Wan Quan sentiu como se tivesse sido atingido por um raio.

Ele escreveu uma promissória?

Quando ele escreveu isso!

Ele só estava jogando com Jovem Mestre Zheng. Perdera muito, mas como poderia ter perdido cinco mil taéis de prata tão rapidamente?

Jovem Mestre Zheng... isso mesmo, onde está Jovem Mestre Zheng?

Wan Quan olhou para cima. A multidão oposta à mesa de apostas estava em alvoroço, seus rostos zombeteiros voltados para ele, mas Jovem Mestre Zheng não estava em lugar algum.

Não... não...

Ele havia sido enganado!

O balconista sorriu e perguntou:

— Jovem Mestre, ainda quer jogar?

Wan Quan empurrou a mesa para frente.

— Jogar o quê? Este cassino é falso e engana as pessoas!

O sorriso do balconista desapareceu, e sua voz ficou fria.

— O Jovem Mestre quer negar?

— Quem quer negar? — uma voz se fez ouvir. Das profundezas da casa de apostas, um homem alto se aproximou. Seu rosto feroz e intimidador causava medo à primeira vista.

Wan Quan recuou. Atrás do homem, ele notou uma figura em cinza. Essa pessoa parecia frágil e magra, metade de seu rosto estava oculto pelas pessoas à frente. Embora parecesse muito jovem, sua presença era desconcertante.

O jovem falou, sua voz fria fazendo Wan Quan arrepiar.

Ele disse:

— Mestre Cao, já que a outra parte quer negar, então, de acordo com as regras do "Happy House", cem taéis de prata por dedo.

O balconista hesitou.

— Mas ele deve três mil taéis.

O homem respondeu calmamente:

— Então corte seus dedos e dedos dos pés.


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