Capítulo 19: Divórcio
Wei Chi Li já havia previsto que ela diria isso, então não se surpreendeu e respondeu com gentileza:
— Vovó está brincando. Lu Yun Kui cometeu um erro e ainda tentou armar um esquema para incriminar o secretário. De qualquer forma, ele é um oficial de quarto escalão, como poderia permitir que alguém o incriminasse? Não digo apenas que eu não deveria ir, mas mesmo que meu pai fosse, temo que seria impossível.
— Não me importa, Kui’er e você são marido e mulher, então estão ligados para o bem ou para o mal. Deve lidar bem com este assunto — a velha bateu na mesa e falou com firmeza.
Wei Chi Li franziu as sobrancelhas, pensando que aquela velha era realmente a avó de Lu Yun Kui e muito sem vergonha.
— A vovó tem razão. No entanto, quanto a este assunto, estou impotente. Dizem que esse homem tem um temperamento estranho, então será preciso enviar alguns objetos valiosos ou coisas de que ele goste... — disse Wei Chi Li, com uma expressão constrangida.
— Então leve o dinheiro para resolver, você não carece de ouro nem de tesouros — disse a velha.
Wei Chi Li quase riu de irritação com aquela atitude de “é o mínimo que você pode fazer”. Não bastava ter tomado todos os seus bens, agora ainda queria espremê-la até secar?
Ela se esforçou ao máximo para conter a raiva em seu coração e respondeu com calma:
— Mas, vovó, como poderia haver algum dinheiro comigo, se não foi a senhora quem levou tudo? Além disso, Li Shang sempre viveu de forma extravagante, acredito que não lhe falta dinheiro, mas ele de fato aprecia pinturas e caligrafias famosas. Acabo de me lembrar de que, entre as coisas que trouxe naquele dia, havia uma Pintura de Lótus, feita por um famoso pintor da dinastia anterior. Se levar isso, então este assunto se resolverá facilmente.
A velha arregalou seus pequenos olhos para ela, sem dizer nada, sem que se soubesse o que estava tramando em seu coração.
Wei Chi Li também estava ansiosa. Se o quarto príncipe não vier logo, não conseguirei manter esse disfarce por muito tempo.
Falando em Cao Cao... e eis que Cao Cao chegou(!). Do lado de fora ecoaram algumas vozes: “Saudações ao Quarto Príncipe”. Logo depois, a porta foi empurrada. Chen Chu, vestido com uma túnica azul-clara, entrou a passos largos, trazendo consigo um sopro fresco do ar exterior.
(!) Cao Cao refere-se ao senhor da guerra do período dos Três Reinos. A expressão “falando em Cao Cao e eis que ele chegou” equivale ao nosso “falando no diabo, ele aparece”.
Foi uma boa coisa, pois dissipou o ar carregado e rançoso daquele quarto. Wei Chi Li conseguiu soltar um suspiro de alívio. Felizmente, este irmão cumpriu sua promessa.
A velha se assustou com a chegada repentina e, ao ver que era mesmo o Quarto Príncipe, quase desmaiou de susto, tropeçando antes de se ajoelhar rapidamente:
— Saudações ao Quarto Príncipe!
— Não é preciso tanta cortesia — Chen Chu estendeu a mão fingindo ajudar, enquanto lançava um olhar enviesado para Liu Luo Yi.
Wei Chi Li tossiu de leve e empurrou Liu Luo Yi para trás de si. Só então Chen Chu a viu e lhe sorriu.
— Vovó não precisa fazer uma saudação tão grandiosa. O Quarto Príncipe veio originalmente me procurar para tratar de assuntos entre os dois países. Mas, no meio do caminho, fui chamada pela senhora, então ele teve que me acompanhar. Não é verdade, Quarto Príncipe?
Chen Chu ficou surpreso por um instante, mas logo abriu um largo sorriso:
— Sim, sim, sim. Não consegui encontrar a princesa Wei Chi em lugar algum, por isso vim até aqui. Agradeço pela hospitalidade.
A velha vinha de uma pequena cidade próxima à fronteira e era a primeira vez que via alguém da família imperial do País Yan. Estava tão nervosa que suava em bicas, e em seu olhar para Wei Chi Li já se percebia um traço de temor.
— Sobre o que estávamos falando mesmo? Ah, sim. Vovó, por favor, me leve até aquela pintura que estava na caixa que eu costumava carregar comigo.
A velha olhou para Chen Chu, depois para Wei Chi Li. Seus pequenos olhos se moviam rapidamente, temendo que Wei Chi Li estivesse tramando algo.
— Se não encontrar nada adequado, então Lu Yun Kui terá que esperar mais três anos — disse Wei Chi Li em voz baixa, carregada de uma pitada de ameaça.
— Eu vou buscá-la — a velha acabou cedendo, arrastando seus pequenos pés em direção à porta.
Ela havia escondido aquelas coisas com segurança e sempre mantinha as chaves consigo, justamente para evitar que outros cobiçassem. Como poderia simplesmente deixar aquela Mandi saber a localização?
Com um simples olhar, Wei Chi Li já havia visto através de seus pensamentos e, rindo por dentro, disse:
— Então peço à vovó que traga essa caixa diretamente para cá, já que está trancada e só eu posso abri-la. Se não conseguir carregá-la sozinha, chame alguns pajens para ajudá-la.
A velha parou de repente e começou a entrar em pânico. Ela valorizava o dinheiro como se fosse sua própria vida; como poderia permitir que os criados da casa soubessem onde estavam os tesouros?
E se Kui’er demorasse para voltar? O que deveria fazer?
A velha não pôde evitar de amaldiçoar Wei Chi Li em seu coração. Se não fosse por ela insistir naquela pintura de lótus e ainda ter trazido o Quarto Príncipe, como poderia estar tão nervosa agora?!
— O Quarto Príncipe ainda está me esperando. Vovó não deveria deixá-lo esperando por muito tempo. A lista de recomendações precisa ser entregue ao Imperador para revisão dentro de dois dias. Se perder o prazo hoje, não haverá mais chances — disse Wei Chi Li.
A velha entrou em pânico imediatamente. Nunca havia lidado com assuntos tão importantes e, pressionada por Wei Chi Li, acabou cedendo:
— Sigam-me.
Wei Chi Li virou a cabeça e piscou para Liu Luo Yi. A respiração de Liu Luo Yi vacilou de novo e ela desviou o olhar.
Um grupo de pessoas seguiu a velha por um longo tempo, atravessando os pequenos e tortuosos caminhos da propriedade. Só então chegaram a um barracão sujo. Com a ajuda de sua velha criada de confiança, a velha se agachou, entrou e acendeu uma vela.
Por medo de que outros criados descobrissem, trouxera apenas sua serva mais próxima.
Wei Chi Li entrou em seguida e logo viu a velha ofegante, puxando um grande jarro de barro que escondia um buraco redondo.
O canto dos lábios de Wei Chi Li se contraiu. Aquela era a primeira vez que via ouro e tesouros escondidos em um lugar assim. Realmente são de uma família pequena — sem coragem de gastar, só sabem esconder as coisas por toda parte como ratos.
Mas, felizmente, havia guardado tudo, o que tornava muito mais fácil recuperar.
Chen Chu também nunca tinha visto tal cena. Permaneceu parado na entrada da cova, observando a velha descer lentamente, com uma expressão bastante constrangida.
— Quarto Príncipe, cuide bem dela para mim — disse Wei Chi Li, juntando os punhos em saudação para Chen Chu, e em seguida, apoiando-se com uma mão, pulou lá dentro com leveza.
Ao ouvir isso, Chen Chu assentiu alegremente, corando enquanto se inclinava para o lado de Liu Luo Yi. No entanto, Liu Luo Yi nem sequer olhou para ele, mantendo o olhar fixo no local por onde Wei Chi Li havia descido, sem dizer uma palavra.
O porão era estreito, mas bem limpo. Baús de mogno estavam empilhados e organizados de forma ordenada.
Wei Chi Li abriu um dos baús de qualquer jeito e o brilho intenso dos lingotes de ouro quase a cegou. Surpresa, pegou um deles e o acariciou. A sensação era maravilhosa.
Tanto dinheiro! Wei Chi Li ficou boquiaberta.
Ao vê-la assim, a velha correu desajeitada, tomou o lingote de suas mãos e o protegeu contra o peito, olhando para ela com desconfiança:
— Onde está a pintura?
Wei Chi Li deu de ombros, indiferente, e de repente levantou a cabeça, gritando em direção à entrada da cova:
— Xin Ran, chame algumas pessoas para descer e mover essas coisas rápido!
Passos apressados ecoaram do lado de fora, quando Xin Ran desceu animada com um grupo de guardas do palácio. Com o rosto cheio de empolgação, saltou para dentro, arregaçou as mangas e levantou um dos baús.
A velha quase desmaiou de raiva novamente. Com uma mão sobre o peito e a outra estendida, avançou para agarrar Wei Chi Li:
— Sua vadia, Mandi! Roubando em plena luz do dia e ainda tramando contra mim, você! Você!
Wei Chi Li deu um passo para trás, fazendo com que a velha avançasse no ar em vão. Ela cambaleou, caiu no chão e se encolheu em uma bola.
— Não me toque, eu não levanto a mão contra idosos. Você caiu sozinha — Wei Chi Li ergueu rapidamente a mão e, num piscar, foi para o canto.
As pessoas trazidas por Chen Chu eram guardas do palácio e tinham habilidades marciais elevadas, por isso mover alguns baús foi tarefa fácil. Em pouco tempo, todo o porão estava vazio, restando apenas uma pequena caixa de sândalo em um canto silencioso.
Wei Chi Li avançou, pegou a caixa e a abriu. Dentro havia uma grossa pilha de escrituras de terras e propriedades. Ela pegou uma para olhar e então riu, feliz. Realmente não exigiu esforço algum. Lu Yun Kui e aquela velha eram tão cautelosos que até mesmo coisas pequenas, como escrituras, estavam escondidas ali.
Isso realmente reduziu muito seu trabalho.
Wei Chi Li carregou a caixinha e saiu dali saltitando de alegria. Ao ver que todas as propriedades que guardara com tanto zelo haviam sido perdidas, a velha foi dominada pela raiva e desmaiou direto no chão.
— Tudo isso… é seu? — Chen Chu arregalou os olhos de surpresa, vendo baú após baú passar diante dele.
— Claro. Finalmente voltou ao verdadeiro dono. Tudo graças à ajuda do Quarto Príncipe hoje. Depois que eu me estabelecer, vou convidá-lo para um drink e espero que o Quarto Príncipe aceite com gentileza — disse Wei Chi Li, sorrindo.
— Devo, devo sim — Chen Chu coçou a cabeça.
Nesse momento, a porta foi arrombada com um chute. Lu Yun Kui entrou, ofegante. Ao lançar um olhar, viu a entrada do porão e cerrou os punhos, fulminando Wei Chi Li com os olhos.
— Wei Chi Li, como ousa!
Wei Chi Li não pôde conter uma gargalhada. Sacudiu a poeira das mangas e se acomodou casualmente em um assento:
— Estou apenas pegando de volta o que é meu, tem algum problema? No País Yan não existe essa lógica de que o dote da mulher pertence ao homem, muito menos no meu Território do Norte. Afinal, nem todos os homens do mundo são tão sem vergonha quanto você.
Lu Yun Kui a apontou, o rosto vermelho de raiva, mas sem conseguir refutar.
— Ah, e já que o Quarto Príncipe está aqui, vamos resolver tudo de uma vez — Wei Chi Li tirou um livreto das mangas e o colocou sobre a mesa, de forma firme: — Divórcio.
— O quê!? — Ao ouvir isso, Lu Yun Kui correu até ela, tentando agarrar seu braço. Naturalmente, Wei Chi Li não lhe daria essa oportunidade: recuou de imediato, ergueu a perna e o lançou voando para trás.
Lu Yun Kui cambaleou alguns passos e caiu sentado no chão.
Chen Chu afastou a poeira no ar com as mãos, o rosto cheio de repulsa, e se afastou ainda mais.
— Não se agite. Eu já redigi o documento de divórcio, você só precisa pressionar sua mão nele e, com o Quarto Príncipe como testemunha, será muito mais fácil explicar aos outros — disse Wei Chi Li com um sorriso amável, estendendo-lhe a pasta de tinta.
— Wei Chi Li, nem pense nisso! No País Yan, os homens precisam concordar com o divórcio, eu nunca vou deixar você conseguir! — Lu Yun Kui rangeu os dentes enquanto se levantava do chão.
Wei Chi Li o encarou com desdém e inclinou levemente a cabeça para Xin Ran. Com um entendimento tácito, Xin Ran caminhou até a porta, fechou o galpão e trancou-o na mesma hora.
— Wei Chi Li, o que você vai fazer? Você ousa!? Me solte! Solte-me! — Lu Yun Kui se debatia furiosamente, tentando se livrar do aperto de Wei Chi Li.
Wei Chi Li não se deu ao trabalho de continuar aquela conversa inútil. Com um golpe rápido de mão em forma de faca, acertou-lhe o ombro e, em seguida, deu um chute. Lu Yun Kui gritou e caiu de joelhos.
— Hoje, não depende de você. E nem pense em chamar alguém. Os homens do Quarto Príncipe estão de guarda lá fora — Wei Chi Li sorriu, satisfeita.
— Você não segue a virtude feminina e ainda ousa ter um caso com outros, você… — Antes que pudesse terminar, levou outro chute nas costas e tombou para frente, caindo no chão.
— Quarto Príncipe, ele está acusando você de ter um caso — Wei Chi Li levantou a cabeça e olhou para Chen Chu com uma expressão inocente.
Chen Chu, assustado com a sucessão de ações de Wei Chi Li, começou a suar frio. Instintivamente, deu alguns passos para trás, observando-a com cautela.
— Veja só, agora você até ofendeu o Quarto Príncipe — disse Wei Chi Li com um sorriso, antes de agarrar a mão de Lu Yun Kui à força e pressioná-la violentamente contra o documento de divórcio.
— Não, não, Wei Chi Li! Você quer me arruinar! — Lu Yun Kui rugiu, tentando se levantar, mas foi novamente pisoteado por Wei Chi Li.
Tudo o que ele havia planejado com tanto esforço tinha ido por água abaixo: o dinheiro se foi, as pessoas se foram, a oportunidade de promoção desapareceu.
Lu Yun Kui gritou por um tempo, depois parou, ficando apenas a olhar fixamente para a parede com os olhos vazios.
Wei Chi Li o encarou friamente e bufou. Puxou a orelha dele e disse em voz baixa:
— Eu só queria me divorciar, você não precisava passar por essa surra.
— Mas quem mandou você atormentar Liu Luo Yi? Você sabe o que significa amar alguém? Não, você não sabe. Tratar uma pessoa como objeto e querer possuí-la… você merece isso.
Ao ouvir isso, Lu Yun Kui estremeceu e voltou seu olhar para Liu Luo Yi.
Ele ergueu lentamente a mão em direção a ela.
Liu Luo Yi o encarou friamente, os olhos cheios de ódio. Deu um passo para trás. Chen Chu, vendo nisso uma oportunidade, apressou-se em se colocar à frente dela, radiante.
Wei Chi Li revirou os olhos, avançou e o empurrou de lado, segurando Liu Luo Yi suavemente atrás de si.
Capítulo 20: Administrando o Remédio
Liu Luo Yi abaixou a cabeça, olhando para a mão de Wei Chi Li que segurava delicadamente seu pulso, e naquele instante seu coração disparou.
Ela disse que queria me proteger… será que isso significa que eu poderia ir embora daqui?
E que não precisaria mais ficar trancada nesse galpão dia e noite, nem sofrer em agonia?
— Fique com ela aqui. — Lu Yun Kui lançou um olhar vermelho de raiva para Wei Chi Li. — Ela fica, você pega todas as suas coisas e vai embora.
De repente, o corpo de Liu Luo Yi ficou rígido. O medo daquele pesadelo retornar a envolveu outra vez.
Sim, por que Wei Chi Li iria me ajudar? Ela já recuperou tudo o que era dela. Ela é a nobre princesa do Território do Norte, e eu… não passo de uma escrava.
A luz em seus olhos se apagou. Ela abaixou o olhar e, no fundo do coração, zombou de si mesma por ter superestimado sua importância.
— Sonhe menos. Enquanto eu estiver aqui, nunca vou deixar você tocá-la de novo. — Wei Chi Li falou sorrindo. A mão que mantinha escondida atrás de si, segurando Liu Luo Yi, apertou com firmeza.
— Não tenha medo — murmurou.
Liu Luo Yi sentiu um nó na garganta e tudo diante de si ficou turvo, sua visão tomada pela umidade das lágrimas.
— Wei Chi Li, você vai me roubar tudo? — Lu Yun Kui se apoiou na parede para se erguer, parecendo um cão vadio.
— Não, não. Só estou pegando de volta o que é meu. Quanto a Liu Luo Yi, ela nunca pertenceu a ninguém. Ela pertence a si mesma. — Wei Chi Li não se deu ao trabalho de discutir mais e, com um aceno de mão, puxou Liu Luo Yi para fora da porta.
Liu Luo Yi não desviava os olhos dela, deixando-se ser arrastada.
— Não! — Lu Yun Kui tropeçou, correu e agarrou a mão de Liu Luo Yi. Ela se assustou tanto que quase gritou.
Ao mesmo tempo, duas pessoas se moveram. Lu Yun Kui foi arremessado para trás, bateu contra a parede e rolou pelo chão, tossindo com força.
Wei Chi Li olhou, surpresa, para Chen Chu. Ele apenas riu e coçou a cabeça.
— Este príncipe não conseguiu aguentar mais.
Wei Chi Li lhe lançou um sorriso de compreensão e depois avançou até Lu Yun Kui. Vasculhou seu corpo e, como esperado, encontrou um livreto de escravo dobrado com cuidado.
— Obrigada pelos seus gritos, caso contrário eu teria esquecido. — Wei Chi Li deu um tapinha em sua cabeça. — Muito bem.
Depois disso, o ignorou e se virou, colocando o livreto nas mãos de Liu Luo Yi.
Liu Luo Yi agarrou aquele fino pedaço de papel, mas sentiu como se pesasse mil catty[1]. Mordiscou o lábio inferior e disse suavemente:
— Muito obrigada, princesa.
— E eu? — Chen Chu se aproximou, cheio de expectativa.
Liu Luo Yi desviou os olhos e respondeu com indiferença:
— Muito obrigada ao Quarto Príncipe.
O grupo logo deixou o apertado galpão e seguiu até o jardim do lado de fora.
Wei Chi Li, agora de posse do documento de divórcio, se sentia muito mais leve. Até aquele pátio, que nunca lhe agradara, parecia melhor aos seus olhos.
— Já que a Princesa Wei Chi não precisa mais de nada, retornarei ao palácio. Ordenei que guardassem seus pertences em segurança. A senhorita Xin Ran conhece o local.
— Muitos agradecimentos ao Quarto Príncipe por sua ajuda. — Wei Chi Li sorriu radiante. — Xin Ran, acompanhe o príncipe até a saída.
Durante todo o caminho, Liu Luo Yi não disse uma palavra. Vendo o silêncio dela, Wei Chi Li também não ousou falar demais e passou o trajeto inteiro coçando a cabeça, inquieta.
Depois de um tempo, não aguentou mais e franziu a testa:
— Ei, avózinha[2], pode dizer alguma coisa? Ou será que você realmente gosta daquele tal Lu e não quer deixá-lo?
Liu Luo Yi parou bruscamente, virou-se e ergueu levemente o queixo para encarar Wei Chi Li.
— Naturalmente que não. Eu o odeio. — disse, palavra por palavra, com clareza.
Wei Chi Li ficou surpresa, confusa:
— Então por que você está assim?
Liu Luo Yi desviou o olhar, o rosto levemente corado, o que a deixava ainda mais cheia de vida.
Porque tenho medo… medo de que tudo isso seja apenas um sonho ilusório. Medo de que você me empurre de volta para o abismo.
Com esse pensamento, virou-se e continuou caminhando, sem olhar para Wei Chi Li.
Wei Chi Li ficou ainda mais confusa. Embora não fosse tola, sempre vivera sozinha em sua vida anterior e não tinha a habilidade de compreender os outros.
Entender pessoas, especialmente alguém de mente tão cuidadosa como Liu Luo Yi, era ainda mais difícil.
Wei Chi Li coçou a cabeça, sem saída, e a seguiu.
De repente, sentiu algo estranho. Apoiada na rocha decorativa ao lado, começou a ofegar.
O que tinha que acontecer, aconteceria de qualquer jeito.
Liu Luo Yi percebeu que o som dos passos atrás dela havia cessado. Virou-se e viu Wei Chi Li curvada, apoiada na parede de pedra, com uma expressão dolorosa.
— O que aconteceu com você? — Liu Luo Yi franziu as sobrancelhas e correu instintivamente até ela, com uma ansiedade em sua voz que nunca havia notado antes.
A testa de Wei Chi Li estava coberta de suor frio. Ela cerrava os punhos e rangia os dentes, forçando-se a não emitir nenhum som.
Liu Luo Yi hesitou por um momento, mas decidiu estender a mão para apoiá-la. No entanto, Wei Chi Li a agarrou com força.
O corpo de Liu Luo Yi estremeceu como se tivesse levado um choque. Tentou puxar a mão de volta, mas a força da outra era intensa demais.
Era como se aquele corpo quisesse se vingar. Vingar-se de Wei Chi Li por tê-lo traído.
Ela sentia como se tivesse sido lançada ao fogo para ser queimada. A dor sem fim parecia cobrir o céu e a terra, prestes a engoli-la inteira. Com mãos trêmulas, tentou reunir forças para suprimir a agonia, mas foi inútil.
Vendo-a daquele jeito, Liu Luo Yi também entrou em pânico. Mas forçou-se a manter a calma:
— Espere aqui, vou chamar o médico agora.
Ela se virou para sair, mas foi puxada de volta por uma força intensa. Pressionada violentamente contra a parede atrás, arfou de surpresa e, assustada, encarou Wei Chi Li.
— Desculpe, eu… eu não consegui me controlar… — Wei Chi Li rangeu os dentes enquanto explicava. Seu corpo amoleceu e de repente se apoiou em Liu Luo Yi.
Liu Luo Yi ficou rígida. O leve aroma de ervas a deixou tonta, e o corpo quente de Wei Chi Li encostado nela, junto da respiração quente, fez seu corpo tremer levemente.
A posição em que estavam naquele momento a deixou nervosa.
Wei Chi Li pressionou seu ombro com uma mão, enquanto a outra se apoiava na parede de pedra, quase envolvendo-a por completo em seus braços.
Com respirações apressadas, Wei Chi Li aproximou os lábios de seu ouvido e sussurrou:
— Não faça disso algo público. Me leve para fora, qualquer lugar serve, seja na estalagem ou na clínica, não importa. O dinheiro está no meu bolso.
Liu Luo Yi olhou para ela, franziu os lábios e assentiu.
De repente, Wei Chi Li ergueu o canto da boca e sorriu levemente. Em transe, levantou a mão suavemente e acariciou o rosto de Liu Luo Yi, enxugando as lágrimas nos cantos dos olhos.
— Você passa o dia toda indiferente, mas por que gosta tanto de chorar? Se eu realmente morrer, divida essas coisas com Xin Ran e encontre um lugar onde Lu Yun Kui não possa te achar… e viva bem.
Embora relutante, riquezas eram apenas posses mundanas, e Liu Luo Yi era alguém em quem se podia confiar.
Se algo acontecesse com ela, pelo menos poderia voltar para casa em paz.
Pensando assim, Wei Chi Li fechou os olhos e parou de se mover.
Ela podia ouvir, vagamente, alguém soluçando em seus ouvidos, de forma triste.
Esse sono foi excepcionalmente longo. Wei Chi Li sentia que às vezes flutuava no vazio, outras vezes revivia a queda de um penhasco, ou aparecia novamente naquele sonho aterrorizante, vendo Liu Luo Yi cravar uma faca em seu coração repetidamente.
Em seguida, grandes segmentos de memórias inundaram sua mente como marés. Ora cavalgava na imensidão sem fronteiras, ora sentava-se junto a uma fogueira devorando cordeiros assados, ou via um jovem forte e gentil levantando-a até o céu cristalino e claro.
— Isso não é minha memória… — pensou, atônita.
Parecia que alguém a havia levantado da cama, depois colocando uma colher rígida em sua boca. Wei Chi Li se sentiu desconfortável e desviou a cabeça para evitar.
Após um tempo, a colher voltou. Wei Chi Li simplesmente fechou a boca e não se moveu.
Ao perceber que não havia mais movimento, relaxou novamente, decidida a voltar ao seu sonho.
Nesse momento, outra coisa suave tocou-a delicadamente. O coração de Wei Chi Li tremeu violentamente. A colher fria foi colocada abruptamente em sua boca.
A sopa amarga e picante desceu pela garganta e, sufocada pelo cheiro, Wei Chi Li abriu os olhos de repente.
— Tosse, tosse, tosse… — ela se espalhou na cama, tossindo até sentir o alívio na garganta.
— Princesa, princesa, finalmente acordou! — Xin Ran gritou, correndo até ela. — Você sabe que dormiu três dias e três noites? Quase morri de susto, pensei que tivesse morrido!
Wei Chi Li se sentia fraca, incapaz de falar, então apenas estendeu a mão para afastar Xin Ran de seu rosto.
Virou a cabeça e viu Liu Luo Yi sentada ao lado, fria, segurando a tigela de remédio e mexendo a colher com desconforto.
Seu rosto pálido carregava um leve rubor, parecendo um pouco estranho.
Wei Chi Li lembrou-se do toque suave anterior e ficou surpresa. Seu coração se sentiu entorpecido instantaneamente; abriu bem os olhos, olhando para Liu Luo Yi. Será que…
Liu Luo Yi percebeu a suspeita de Wei Chi Li e corou ainda mais, desviando o olhar:
— Princesa, você entendeu errado, fui eu, Xin Ran.
Xin Ran, ao lado, imediatamente veio feliz:
— Fui eu, fui eu! Fui eu quem planejou dar o remédio assim para a princesa, mas…
Antes que pudesse terminar, Wei Chi Li se esticou na beirada da cama e começou a vomitar.
Xin Ran: ………
Liu Luo Yi virou-se, de costas para ela. Sua expressão era de repulsa, mas o canto da boca se ergueu involuntariamente.
Talvez por não ter se alimentado há muito tempo, Wei Chi Li não conseguiu vomitar nada. Quando o desconforto passou, deitou-se de novo.
— Vou buscar algo para comer. — Liu Luo Yi disse, colocando a tigela suavemente, levantando-se e saindo.
Wei Chi Li olhou para o teto. Devem estar em uma estalagem; o local era simples, com mesas, cadeiras e cama de madeira. Ela franziu o cenho, sentindo que algo estava diferente.
Muitas memórias da dona original surgiam de repente. Além disso, seu corpo estava mais disposto, uma sensação maravilhosa.
Era como uma novata que acabara de tirar a carteira de motorista, mas que de repente se torna uma veterana ao volante da noite para o dia.
— Quando estive inconsciente nos últimos dias, como estava a situação? — Wei Chi Li tossiu e perguntou.
— O entusiasmo na capital foi despertado. Agora há rumores por toda parte dizendo que a princesa é indomável e teimosa, forçando Lu Yun Kui a assinar o divórcio. Além disso, embora você tenha dito para não contar a ninguém, afinal é território de outrem. O imperador enviou alguém há alguns dias, mas ao ver que a princesa estava inconsciente, não disseram nada e ainda deram alguns suplementos, dizendo para você se recuperar com calma.
Wei Chi Li assentiu. Felizmente, não causara grandes distúrbios e o imperador de Yan não a repreendera.
Presumivelmente, isso se devia ao prestígio do Território do Norte.
— Princesa, vou falar com sinceridade. — Xin Ran disse com seriedade. — Sinto que a Srta. Liu é bastante competente. Se ela não tivesse implorado ao médico divino mais famoso da capital, você poderia realmente ter morrido desta vez.
— Hã? — Wei Chi Li não reagiu de imediato.
— Dizem que o médico divino era alguém que até o imperador não poderia convidar. Não sei de onde vem o poder mágico da Srta. Liu, mas quando quis convidar essa pessoa, conseguiu de fato. Então, princesa, por que não mantém a Srta. Liu aqui? Embora a tenha detestado no passado, percebi que ela tem um rosto frio, mas um coração quente. Não soa agradável, mas…
— Espere. — Wei Chi Li cobriu a boca. — Quem disse que eu queria mandá-la embora?
Xin Ran piscou, surpresa:
— Então por que a Srta. Liu continuava arrumando suas coisas, dizendo que queria partir?
[1] Catty (ou jin): unidade de massa tradicional usada no Leste e Sudeste Asiático. 1000 catty equivalem a 600 kg (cerca de 1322 libras).
[2] Gu Nai Nai (姑奶奶): literalmente “tia-avó paterna”. Aqui é usado como gíria, para se referir a uma mulher com atitude altiva ou superior.
Capítulo 21: Fique
“Partindo?” Wei Chi Li franziu a testa. “Ela é apenas uma pequena dama, trazendo consigo um jovem, para onde ela pode ir?” “A princesa esqueceu que essa escrava é mais velha que você?” Uma voz agradável veio da porta, como a água da nascente da montanha pela manhã, fria e leve. Vestida de branca, Liu Luo Yi estava friamente na entrada com uma pequena caixa de refeição. Um par de mãos brancas e macias colocadas em cima dela era agradável aos olhos. Wei Chi Li de repente sentiu sua boca um pouco seca. Liu Luo Yi olhou para ela e então rapidamente desviou os olhos enquanto dava alguns passos para frente apressadamente, colocava a caixa de refeição em seus braços e dizia rigidamente: "Ei, coma." Nada gentil. Wei Chi Li pensou. “Ouviu de Xin Ran que você quer ir embora?” Wei Chi Li colocou a caixa de refeição de lado e não a abriu. A expressão de Liu Luo Yi era um pouco artificial, usando seus dedos finos para mexer na cintura e dizer "en" em voz baixa. “Por quê?” Wei Chi Li ficou intrigado. “A princesa vai me manter aqui, como uma escrava?” Liu Luo Yi perguntou em voz baixa. “Como isso é possível?” Wei Chi Li deu um tapa na cama. Liu Luo Yi assentiu compreensivelmente, mas sua expressão era mais solitária: “Já que a princesa deixou a Mansão Lu, então definitivamente voltarei para o Território do Norte. E eu sou apenas uma escrava, então serei um fardo se seguir a princesa.” Ao ouvir isso, Wei Chi Li percebeu que havia entendido mal e explicou rapidamente: “Não, o que eu quis dizer foi...” “A princesa não precisa dizer mais nada, esta escrava entende e sairá daqui amanhã de manhã.” Liu Luo Yi se levantou lentamente, fez uma saudação educada e saiu apressadamente. Suas costas estavam frias e esqueléticas. “Eu disse! Tosse Tosse Tosse…” Talvez tenha sido muito precipitada ou outra coisa, Wei Chi Li disse no meio do caminho e o resto ficou preso em sua garganta. Ela se esparramou na beirada da cama e tossiu por um tempo antes de se sentir melhor. Quando ela levantou a cabeça, Liu Luo Yi já havia partido. “Você disse que essas moças estão pensando no quê!” Wei Chi Li ficou frustrada enquanto se virava e apontava para Xin Ran. Xin Ran segurou a caixa de comida, estupefata. Ela entregou a caixa de refeição para Wei Chi Li e gaguejou: “Princesa, coma, coma alguma coisa.” “Eu não estou comendo, me apoie.” Wei Chi Li suspirou pesadamente enquanto calçava os sapatos descuidadamente. Quando ela encontrou o quarto de Liu Luo Yi, ela viu Liu Wen Chang carregando uma pequena bagagem nas costas enquanto saía pela porta, franzindo a testa. Quando viu Wei Chi Li, ele correu para frente e quase se ajoelhou. Felizmente, com um olhar rápido e uma mão hábil, Wei Chi Li agarrou sua gola traseira e o puxou para cima. “O que vocês, irmão e irmã, estão fazendo?” Wei Chi Li segurou sua testa. Liu Wen Chang abaixou a cabeça com os olhos levemente vermelhos e disse suavemente: “Eu imploro à princesa para ficar com Ah Jie. Ela tem sido fraca desde jovem e sofreu tanto na Mansão Lu, ela é realmente lamentável. E agora ainda somos escravos e foi uma ordem do próprio imperador, então mesmo que tenhamos o livreto, ele não tem utilidade. Com sua aparência, é difícil evitar ser cobiçada e eu não poderia protegê-la agora.” "A princesa a mantém aqui, deixá-la ficar ao lado da princesa como uma serva também está bom, Wen Chang implora a você." Com isso dito, ele dobrou os joelhos novamente. Wei Chi Li mais uma vez o levantou rapidamente e disse impacientemente: “Quando eu disse que não vou ficar com ela! Diga, onde está sua irmã!” “Ela saiu agora mesmo, dizendo para aliviar o tédio.” Wei Chi Li suspirou apressadamente, então saiu correndo. Depois de correr alguns passos, ela retornou e enfiou a cabeça pela porta de entrada e disse: “É melhor vocês também ficarem aqui, eu salvei vocês dois, então como vocês podem dizer que querem ir embora!” O território do país Yan era vasto. E caminhar de leste a oeste na capital teria de 3 a 4 tipos diferentes de dialetos. Wei Chi Li passou por alguns becos e se perdeu. Ela ficou parada no meio da rua e começou a coçar a cabeça. “Ei, por que você está aqui?” Uma voz clara, mas um tanto orgulhosa, soou atrás. Wei Chi Li se virou para ver que era Qiu Wen Jin. Vestida com roupas brancas hoje, mas os lábios estavam tingidos de vermelho como cerejas, fazendo-a parecer imprudentemente óbvia. “Por que a capital é comandada pela sua família?” Wei Chi Li não teve tempo para falar com ela, pois se virou e perguntou a um tio que passava: “Você viu uma mulher bonita vestida de branco?” O tio coçou a barba, pensou um pouco e apontou para a pessoa atrás de Wei Chi Li: "Não é ela?" Wei Chi Li se virou para olhar e aconteceu de encontrar o olhar de Qiu Wen Jin. Ela ficou em silêncio por um momento, então se virou e disse: “A moça que estou encontrando é muito mais bonita do que ela. Você tem alguma impressão?” “Wei Chi Li, você!” Qiu Wen Jin colocou uma mão na cintura e apontou para Wei Chi Li enquanto gritava. O tio pensou novamente e disse: “Havia uma senhora que tinha ido lá, que tal você ir dar uma olhada?” Depois que Wei Chi Li agradeceu ao tio, ela trotou na direção que ele havia apontado. Qiu Wu Jin a seguiu, sentindo-se perturbada e exasperada. “O que não tem de bonito em mim! Wei Chi Li, diga-me claramente! Além disso, houve rumores se espalhando por toda a capital dizendo que você havia se divorciado, é verdade?” Wei Chi Li estava preocupada com Liu Luo Yi, então por que ela se incomodaria em falar com ela, já que ela disse casualmente: “Eu não disse que você não é bonita. Você é bonita, a mais bonita do mundo.” Havia muitas pessoas indo e vindo nas ruas lotadas, então não foi fácil encontrar alguém. Wei Chi Li ficou mais ansiosa enquanto procurava ao redor. Liu Luo Yi, que constituição azarada, era fácil encontrar coisas azaradas. Se algo tivesse acontecido, o que ela deveria fazer. Ela finalmente decidiu salvá-la, seria muito inútil se ela a perdesse. Nesse momento, Wei Chi Li passou por um beco, usando a luz restante para ter um vislumbre do grupo de homens sem camisa cercando alguém. Ela parou abruptamente e olhou para dentro. Qiu Wu Jin, que a seguia de perto, bateu a cabeça nas costas dela. Quando ela estava prestes a dizer algo, Wei Chi Li cobriu sua boca. A mão quente pressionando levemente seu rosto fez Qiu Wu Jin enrijecer seu corpo. A expressão dos olhos de Wei Chi Li não continha mais a provocação imatura inicial, em vez disso, era uma ferocidade completamente desconhecida. Coexistindo com gentileza. No segundo seguinte, a palma em seu rosto desapareceu de repente. Antes que Qiu Wu Jin pudesse descobrir o que tinha acontecido na frente dela. Ela viu a figura de Wei Chi Li disparando como uma flecha. Algumas sombras vagas balançaram, e os homens grandes gemeram enquanto caíam no chão. Wei Chi Li também ficou surpresa com a integração repentina desse corpo, como se pertencesse completamente a ela. Ela correu para olhar para a mulher de branco, mas ficou atordoada por um momento. Essa foi uma Da Niang(!) graciosa. (!)大娘 Da Niang: dialeto do norte que se refere à tia ou aos filhos se referiria às concubinas como Da Niang, ou um título honorífico para mulheres mais velhas. (Eu mantive o HanYu PinYin para isso porque ele será usado em capítulos posteriores e seria fácil de explicar.) Ela estava muito ansiosa agora, então não olhou mais de perto. Ela só tinha visto uma figura de costas que era como Liu Luo Yi e presumiu que ela estava sendo intimidada. “Princesa?” Uma voz familiar viajou por trás. Wei Chi Li se virou apenas para ver uma confusa Liu Luo Yi. Ela estava ali friamente, vestida de branco da cabeça aos pés, mas era chocantemente linda. “Socorro! Alguém venha! Alguém está roubando no meio da rua, venha logo, pegue esse fanático ousado!” Da Niang de repente cobriu o rosto e gritou. Wei Chi Li reagiu extremamente rápido enquanto inconscientemente deu alguns passos para trás e correu para longe. Ao passar por Liu Luo Yi, ela agarrou sua mão e correu junto. Depois de correr por um longo tempo, não havia mais ninguém atrás deles. Só então Wei Chi Li parou de ofegar, mas Liu Luo Yi ainda estava ofegante violentamente. Seu rosto corou e ela estava se apoiando na parede. “A princesa está tão pobre agora que você tem que roubar no meio da rua.” Liu Luo Yi ofegou levemente. “Porque eu queria te encontrar. Embora Da Niang pareça desleixada, sua figura era tão boa quanto a sua. Parece magra, mas curvilínea, e presumi que você foi presa por aqueles gangsters.” Enquanto dizia isso, Wei Chi Li enxugou o suor do rosto, sentindo um pouco de remorso, imaginando quando ela havia se tornado tão imprudente. “Princesa, fale com cautela!” O rosto de Liu Luo Yi ficou mais vermelho, mas seus olhos piscaram. “Ei, por que você é tão difícil? Estava tudo bem, então por que você disse que queria ir embora? Só alguém como eu, que é excessivamente simpática, estaria disposta a cuidar de você. Quando você vai para outro lugar e é intimidada, ninguém vai te ajudar.” Wei Chi Li queria estender a mão para dar um tapinha no ombro de Liu Luo Yi, mas foi evitada por ela abruptamente. “Eu não sou essencial, então por que eu cortejaria uma rejeição? A princesa salvou minha vida; então, eu sou incrivelmente grata.” Quando Liu Luo Yi levantou a cabeça novamente, sua expressão era muito calma. Wei Chi Li nunca tinha estado tão desamparada antes. Ela estava em uma situação terrível quando se virou e com uma ideia brilhante repentina, ela jogou um fio de prata na mão de um vendedor próximo. Trocando-o por um grampo de cabelo de madeira esculpido com lótus. Ela mal fez amigos antes, mas ambas eram meninas, então, ela sabia que mulheres podem gostar de coisas pequenas como grampos de cabelo. Não importa o que, manter a pessoa ao seu lado primeiro antes que ela pudesse considerar outras coisas. Para ser honesta, ela estava relutante em se separar de Liu Luo Yi. “Eu queria dizer agora mesmo, você não pode ser uma escrava. Ninguém deve ser inferior aos outros. Além do mais, você é uma pessoa orgulhosa, definitivamente não uma mulher que deveria ficar presa no canto do universo.” Os cílios de Liu Luo Yi tremeram levemente. Desde que ela caiu na classe baixa da sociedade, ela quase acreditou no fato de que ela é de um status baixo. A chamada indiferença, a chamada arrogância desapareceu lenta e cuidadosamente naqueles ansiosos dia após dia. O que restou foi apenas uma camada de proteção. Ela levantou os olhos para olhar para Wei Chi Li. Seus olhos estavam levemente úmidos. Sendo pega por tal olhar, o corpo inteiro de Wei Chi Li fica quente. Ela tossiu algumas vezes e tirou o grampo de cabelo de trás e o enfiou acima da cabeça de Liu Luo Yi, sem se importar se parecia bom ou não. “Este grampo de cabelo será considerado um pedido de desculpas. Eu disse que te protegerei, então não quebrarei minha promessa. Eu quero que você fique não por caridade, mas porque eu queria que você ficasse ao meu lado.” Liu Luo Yi estendeu a mão para pegar o grampo de cabelo enquanto esfregava o padrão nele. Ela suprimiu a vontade de chorar, pois não queria chorar muitas vezes na frente de Wei Chi Li. Wei Chi Li estava um pouco preocupada se ela tinha dito algo errado. Ela nunca tinha considerado suas palavras tão cuidadosamente antes. “Oh.” Liu Luo Yi disse enquanto segurava o grampo firmemente na palma da mão até sentir dor. “Eu vou te ajudar a fazer isso direito.” Wei Chi Li pegou o grampo de sua mão e deu 2 passos para frente, inserindo-o gentilmente no centro de seu cabelo preto azeviche. Liu Luo Yi olhou para a abertura de Wei Chi Li, suas lágrimas finalmente escorreram, pingando silenciosamente nos sapatos de Wei Chi Li. Embora ela ainda não saiba por que Wei Chi Li mudou. Apesar de poder ser um sonho criado por alguém, ela queria continuar a ficar confusa com isso. Wei Chi Li, mesmo que você tivesse mentido para mim, eu aceitaria. Ela pensou
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