Todos olharam ao redor. Era um vale silencioso. Um rio passava pelo meio do vale, e as montanhas de ambos os lados eram belíssimas. Os seis participantes estavam reunidos sob uma enorme árvore-de-bengala, coberta de fitas vermelhas de bênçãos. O vento da montanha fazia as fitas balançarem suavemente, como se sussurrassem incontáveis desejos.
Jiang Zheng olhou para baixo, para uma das fitas vermelhas, onde se liam palavras como “segurança, parto tranquilo e saúde”.
Ao contornarem a grande árvore, surgiu diante deles um templo de montanha.
O templo parecia um pouco antigo, com tijolos azuis, telhas pretas e paredes vermelhas. Era uma construção com telhado inclinado, a porta entreaberta, e o interior escuro. Dentro, parecia haver uma estátua de divindade.
#Que susto. Achei que vi a estátua sorrindo.
#Tenho a impressão de que esse templo vai se transformar em um grande macaco a qualquer momento.
#Jiang Zheng é tão corajosa, foi a primeira a atravessar o templo.
#Desculpem, mas minha irmã Zheng é viciada em filmes de terror. Se esse programa não fosse de suspense e susto, talvez ela nem tivesse aceitado participar.
A porta semiaberta do templo foi empurrada por Jiang Zheng. Assim que o rangido ecoou, ouviram um grito assustado de Liang Xiaoduan.
Todos: — “?”
#Ah.
#Nem me assustei com a estátua, mas sim com o grito da sua irmã!
#Fez de propósito.
Ke Cancan também queria gritar, mas Liang Xiaoduan se adiantou. Essa garotinha está claramente tentando roubar a câmera com truques, pensou ela.
Sorrindo, disse:
— Xiao Duan, se estiver com medo, pode vir comigo.
Ela então pegou Jiang Zheng pelo braço e entrou no templo.
Liang Xiaoduan se desculpou envergonhada com os demais, lançou um sorriso tímido a Ji Muye, depois se enfiou entre ele e Jiang Zheng, puxando discretamente a manga da mais corajosa do grupo.
Ji Muye: — “?”
#Hahahaha essa menina vai ser linchada pelos fãs do casal Jiang Ye.
#Ji Muye ficou até confuso. Você ousa tomar minha majestade?
#Ninguém reparou? Desde o início do programa, Ji Muye não desgrudou da Jiang Zheng.
Jiang Zheng deu um tapinha no ombro de Liang Xiaoduan:
— Fique comigo.
Dentro do templo havia uma estátua de uma divindade desconhecida. Era dourada, coberta por um tecido de cetim. Seus traços eram ferozes, com os dois olhos arregalados mirando fixamente a posição do futon.
Jiang Zheng pensou um pouco, mas não conseguiu identificar de que deus se tratava. O panteão chinês de deuses e fantasmas era extremamente complexo. Já que a entrada tinha uma placa com o nome Templo da Montanha, provavelmente era uma divindade do sistema taoísta.
Ji Muye observou:
— Esse batente da porta está completamente liso, sem arestas. Parece que esse templo recebe muitas oferendas.
Xiao Cheng assentiu:
— Olhem quantas oferendas no altar. E frutas nobres também. Cadê as cerejas?
#Hahahaha o orçamento tá forte.
#Mas que cidade é essa? Cadê a cidade?
#Xiao Cheng está engolindo saliva? Vai disputar comida com a estátua? Que ousadia!
#Essa estátua não parece ser coisa boa… Quem adoraria um deus com cara de vilão?
O grupo se dispersou procurando pistas.
Depois de um tempo, He Xiao encontrou um par de botinhas de tigre para crianças no altar. Ke Cancan achou um babador infantil debaixo do altar.
Além das fitas de bênçãos que Jiang Zheng viu, parecia que aquela divindade tinha uma função similar à da Deusa da Misericórdia.
Jiang Zheng deu a volta por trás da estátua e, de repente, ouviu um rangido. Silenciosamente, recuou um passo.
Liang Xiaoduan tremia:
— Professora Jiang, tenho muito medo desses sons estranhos.
Jiang Zheng sorriu e apontou para o cinegrafista do outro lado:
— Xiao Duan, quando estiver com medo, encare ele. Pelo menos é uma pessoa viva normal.
Liang Xiaoduan olhou para o cameraman — imponente, sério, sem expressão — depois abaixou a cabeça, resignada:
— Melhor eu continuar colada em você.
#Hahahaha onde acharam esse cameraman? Cara feroz de mais! Essa equipe de produção é má.
#“Pessoa viva normal”? Tô passando mal!
#Fãs do casal JiangYe, presente. Tá difícil achar momentos doces num programa de terror.
Ji Muye se aproximou e viu Jiang Zheng agachada, aparentemente procurando algo.
Ele também se agachou, bateu no chão com as mãos em várias direções. O som de eco oco se espalhou. Levantou o pano vermelho que pendia do altar — e ali estava: uma aldrava no chão.
Todos ouviram o som e se animaram.
Ao puxar a aldrava, revelou-se um buraco negro, com uma escada de madeira pendurada.
Inicialmente, Ji Muye ia descer primeiro, mas Jiang Zheng foi mais rápida. Ela sussurrou:
— Professor Ji, esqueceu que no bote de couro você ficou tão pálido de medo?
Ji Muye: — “…” Cair por cair, melhor cair de vez. Fui eu mesmo que cavei essa cova.
Mesmo em pânico, Liang Xiaoduan, como boa fã de casal, captou aquela informação preciosa:
— O quê? O que aconteceu?
A tela foi invadida por interrogações.
Mas os dois envolvidos não quiseram explicar. Ji Muye só pôde seguir Jiang Zheng escada abaixo.
Ninguém esperava que houvesse uma sala secreta sob a estátua. Havia cama, cobertores — alguém claramente vivera ali. A cama estava bagunçada, mas parecia que a pessoa saíra às pressas.
Templos costumavam ser mantidos por monges ou sacerdotes taoístas. Mas aquele templo era pequeno, sem aposentos. Será que moravam escondidos ali embaixo?
Todos começaram a especular, mas ninguém conseguia entender qual era a função daquele quarto escuro.
De repente, Jiang Zheng viu algo no canto da colcha. Esticou a mão e puxou: era um pedaço de papel.
Todos se reuniram para olhar.
Era papel de arroz usado por famílias ricas. Nele havia um poema:
"Assim que o vento da primavera encontra a chuva, você vencerá, mas há incontáveis pessoas no mundo."
#Vento da primavera? Chuva e orvalho? Quarto escuro? Isso tem cheiro de adultério.
#Esse templo é de fertilidade?
#Nada surpreendente. Roteiro típico de novel antiga.
Sem mais pistas, Jiang Zheng guardou o papel, saiu da sala escura, deixou o templo e seguiu pela estrada de tijolos azuis à sua frente.
Enquanto caminhava, olhou para trás — e teve a impressão de que os olhos da estátua estavam se movendo, a encarando fixamente.
Jiang Zheng franziu a testa, virou-se e continuou.
A tela foi inundada:
#QUE SUSTO, MEU DEUS!
#Aaaaaah que roteiro é esse? Não faço ideia do que tá acontecendo!
#Tô com medo. Preciso de escudo de comentários.
Seguindo adiante pelo vale, o rio se alargava, com águas cristalinas correndo. Logo os seis subiram uma encosta e, ao longe, viram uma cidade antiga.
O rio contornava a cidade, as muralhas se erguiam altas, e os portões tinham lanternas vermelhas e bandeiras. O vento da montanha soprava forte, levantando a areia amarela diante da entrada.
Era a famosa Cidade do Terror, o centro do programa Cidade do Terror.
#Um episódio, uma cidade. Estão torrando o orçamento.
#Gente! Vocês ouviram? Parece cidade fantasma.
#Não tem um guarda no portão. Como compram coisas? Entram e saem por onde?
Esperaram o vento acalmar um pouco e então desceram até o portão.
As muralhas tinham mais de vinte metros. Havia tudo: ameias, torres, entradas duplas. Só não havia um único guarda.
De repente, uma folha de papel colada na muralha quase se soltou com o vento e chamou a atenção de todos.
Era tradicional, mas legível.
Descobriram que a cidade se chamava Wuyou. O dono da cidade tinha uma filha belíssima e queria recrutar um bom genro. A assinatura era do próprio senhor da cidade, datada de três meses atrás.
Pelo desgaste do papel, parecia ter sido vermelho — mas o tempo o deixara branco.
Informações importantes: Cidade Wuyou, senhor da cidade, filha única, busca por genro.
Ji Muye comentou:
— O senhor da cidade não deveria ter um filho? Só assim precisaria de um genro pra herdar os negócios.
Ke Cancan elogiou:
— A análise do Muye faz muito sentido.
Ji Muye olhou novamente para o papel.
Xiao Cheng opinou:
— Meu instinto diz que a filha é a pista principal.
He Xiao completou:
— Talvez o genro recrutado fosse um lobo ingrato que matou todo mundo!
Liang Xiaoduan olhou ao redor, e quanto mais olhava, mais medo sentia.
Primeiro, porque vermelho era a cor perfeita para terror. Segundo, porque a cidade estava silenciosa demais. E quanto mais silêncio, mais estranho parecia.
— Ei — disse com a voz trêmula ao cinegrafista —, onde é o banheiro?
O homem a filmava com o rosto impassível.
Liang Xiaoduan estava à beira do choro. Só a ganância por dinheiro me trouxe até aqui! Como tive coragem de aceitar esse tipo de programa?
Jiang Zheng deu um tapinha em sua mão:
— Vamos entrar na cidade. Lá deve ter banheiro.
Ao passarem pelo portão e atravessarem o Wengcheng, surgiu uma rua reta diante deles.
Mas a rua estava um caos. Legumes, frutas, panos, lenha, aves e peixes espalhados pelo chão. Mesas e bancos tombados por todo lado.
As portas das lojas estavam escancaradas, negras como bocas monstruosas.
Os seis se agruparam e caminharam juntos pela rua.
Mesmo sabendo que era um programa, o realismo dos cenários fazia com que todos mergulhassem no ambiente. As expressões eram sérias.
De repente, uma torre de tijolos manchada de sangue surgiu à frente.
Liang Xiaoduan ia gritar, mas Jiang Zheng foi mais rápida e tapou sua boca com a mão.
#AAAAAAAAH QUE MEDO! Cadê o príncipe valente pra proteger?
#Chegou. Finalmente chegou.
#Caramba! Que som foi esse?
Jiang Zheng se assustou. Havia algo se mexendo atrás da torre de sangue. O som… parecia alguém comendo.
Liang Xiaoduan sussurrou:
— Posso chorar?
Nesse momento, um grupo de zumbis apareceu cambaleando por trás da torre, atraídos pelo som.
#Aaaaaah. Zumbis antigos?
#Esse NPC tá bom demais.
#Me segura, meu Deus.
Todos ficaram apavorados e correram em pânico.
As pernas de Liang Xiaoduan fraquejaram. Ela tentou correr para abraçar Jiang Zheng, mas, antes que estendesse os braços, viu Jiang Zheng protegendo Ji Muye e o puxando para trás dela.
Os braços de Liang Xiaoduan ficaram tremendo no ar.
A autora tem algo a dizer:
Hahahahahahahahahahahahahahaha! Espero que tenham gostado. Atualizei tarde hoje. Me curvo em desculpas.
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