Capítulo 34.1


 Ao ver que aqueles convidados não seguiam o roteiro nem um pouco, o criado ficou engasgado por um bom tempo, sem saber como reagir.

Ji Muye apontou para Jiang Zheng:

— Ela é minha esposa. Vocês estão enganados.

Os criados: “…”

O estranho era que os criados estavam ali para prender alguém, enquanto o banquete de um mês continuava normalmente do outro lado. A terceira senhora, com um bebê nos braços e um sorriso orgulhoso no rosto, sequer olhava para eles. Era como se o espaço ao redor tivesse sido completamente isolado.

Jiang Zheng, de repente, percebeu um ferimento roxo-avermelhado e grotesco brilhando por um instante no pescoço de um dos criados à sua frente. Agora fazia sentido os colarinhos deles serem tão altos.

Aqueles criados, com aparência humana, eram zumbis de alto nível.

Liang Xiaoduan não conseguia acreditar no que ouvia. Buaaa… não devia me culpar por ter aceitado isso pelo cachê… mas hoje valeu cada centavo! Mesmo sem entender o motivo, o casal que ela tanto torcia estava ali, se chamando de marido e mulher bem na frente dela. Se fosse por mim, eu pagava o cachê dos dois agora mesmo!

A seção de comentários estava dividida: uma parte comemorava loucamente por ter recebido um “momento doce”, a outra elogiava a manobra genial de Jiang Zheng, que quebrou o roteiro original do programa e criou uma nova oportunidade para o grupo.

E de fato, enquanto o criado ainda pensava no que responder, Jiang Zheng o empurrou de repente, agarrou o pulso de Ji Muye e saiu correndo com ele.

Os outros os seguiram.

Liang Xiaoduan choramingava ao ver as costas de Jiang Zheng e Ji Muye se afastando. Por quê? Por que nos deixaram pra trás de novo?!

Com aquela correria repentina, o banquete virou uma bagunça. Os criados gritavam tentando prender os intrusos, os convidados corriam feito galinhas sem cabeça.

O diretor vomitou sangue: AAAAAAHHHH! Que alguém me mate! Minha trama do banquete foi completamente arruinada!

Jiang Zheng puxou Ji Muye porta afora e correu por um longo corredor. O pátio era profundo, havia uma piscina sob o alpendre, bambuzais silenciosos e paredes brancas e serenas.

Jiang Zheng se virou enquanto corria, olhou por cima do ombro de Ji Muye e viu que, por ora, ninguém os perseguia. Aliviada, soltou um suspiro e sorriu para ele.

As pontas dos cabelos esvoaçavam, seus olhos e sobrancelhas se curvavam, o suor delicado na testa brilhava junto ao sorriso decidido e vibrante. O coração de Ji Muye deu um salto.

#Mamãe do céu, que cena linda.
#É a primeira vez que vejo Jiang Zheng sorrindo tão suave e docemente.
#Diretor, cadê a câmera focando na cara do Ji Muye? Quero ver a reação dele!
#Será que tô vendo errado? Até a grande demônia pode ter um momento tão fofo?
#Meu Deus, doce demais. Quem disse que não dá pra ter romance num programa de terror? Amo esse contraste entre o medo e a doçura.
#Tô tão empolgado que até minhas axilas suaram!

Os seis convidados tinham destruído completamente o plano do Banquete de Um Mês. Segundo o roteiro do diretor, os criados deveriam prender Ji Muye como genro do senhor da cidade. Mas com a intervenção de Jiang Zheng, acabaram levando Xiao Cheng e Ke Cancan no lugar. Depois que Liang Xiaoduan foi “abandonada”, He Xiao a resgatou, e os dois fugiram da mansão correndo.

O diretor pediu desesperadamente que o assistente dividisse as gravações em três frentes. Felizmente, estavam preparados: os três cinegrafistas principais logo se separaram conforme instruções. Ao mesmo tempo, câmeras nos cruzamentos da mansão transmitiam as imagens dos três grupos de convidados para manter o programa sob controle.

A Mansão do Senhor da Cidade era imensa, com pelo menos cinco pátios diferentes, cada um com cenários distintos sob os alpendres. Estranhamente, o lugar estava completamente vazio — não havia viva alma por lá.

Os dois fugitivos corriam muito rápido. Os criados gritavam atrás deles, mas não conseguiam alcançá-los. O diretor, só sentado diante dos monitores, já estava exausto. Era por causa do cachê baixo dos figurantes? Do almoço sem carne? Ou será que aqueles dois são atletas mesmo?!

Jiang Zheng falou enquanto corria:

— Precisamos encontrar o quarto da filha mais velha.

#kopedi chegou. Nos tempos antigos, o “quarto de donzela” ficava sempre no fundo da residência.
#Jiang Zheng é muito esperta. Já sabe que tem que procurar no pátio mais interno.
#Na vista aérea que passou agora há pouco, vi um prédiozinho de dois andares lá no fundo da mansão. Deve ser o quarto da filha.

Jiang Zheng riu:

— O diretor da primeira temporada não devia pegar tão pesado com a gente. Ou então, quem vai querer participar depois?

O diretor, que foi citado: ??? Irmã, por favor… me poupe!

A seção de comentários gargalhava. Vários deixaram mensagens com pena do diretor e da equipe de produção.

Os dois entraram ofegantes no quinto pátio, contornaram uma escada e subiram até o segundo andar do prédio.

Lá dentro, não havia ninguém. E o ambiente era bem diferente do que Jiang Zheng imaginava. O quarto era todo branco. Cortinas, roupas de cama, tudo em branco. Havia várias faixas de pano branco penduradas do teto, e um vaso de porcelana branca sobre a mesa de madeira, com uma única flor de ameixeira. Ao abrir o armário, encontraram vários conjuntos de roupas de luto.

O pessoal da equipe de cenografia claramente preparou aquele ambiente para fornecer pistas.

#Parece que a jovem estava de luto. Mas por quem? Pela mãe ou pelo pai?
#Com certeza a mãe da filha mais velha não é a terceira senhora. Deve ser filha da primeira ou da segunda.
#Isso tudo tá estranho. Até agora o senhor da cidade não deu as caras. Será que também virou zumbi?
#Acho que tem algo errado com essa terceira senhora.

Enquanto os comentários fervilhavam de teorias, Jiang Zheng e Ji Muye faziam novas descobertas no quarto.

Havia um bilhete dobrado escondido no gancho da cortina. Ao abrir, havia um poema:

“Mãe parte e deixa o filho, filho parte e deixa a mãe, lágrimas vazias derramam amargura silenciosa. Chegam os novos, os antigos se vão, não há mais pássaros ou andorinhas a voar.”

No final, havia um selo com duas palavras: Tan Wu.

Tan Wu era o nome da filha mais velha?

Jiang Zheng franziu a testa e refletiu por um momento:

— Esse é um verso em homenagem à mãe. Talvez a mãe da jovem tenha morrido, e o pai se casou novamente. Ela lamentava a mãe falecida e ressentia a frieza do pai.

Ji Muye assentiu:

— Faz sentido. Essa caligrafia é da filha. Ou seja, não foi ela quem escreveu o poema no templo da montanha. A letra dos dois bilhetes é diferente.

Jiang Zheng concordou:

— Certo. Deve ter outra pessoa envolvida com o pessoal do templo. Antes, achei que a filha estava insatisfeita com o pai por estar escolhendo um genro, e então algo deu errado e transformou Wuyou numa cidade de zumbis. Mas parece que não é isso.

Os dois então encontraram uma escritura escondida num compartimento secreto da cama.

O documento dizia que Tan Wu havia comprado um pátio um mês atrás. Mas por que a filha solteira do senhor da cidade compraria uma casa em segredo?

Ji Muye comentou que esse pátio ficava no quarto beco da Praça Ping’an, em Wuyou.

Jiang Zheng ergueu o polegar e o elogiou. Que memória!

Até então, ela estava preocupada, pois o mapa estava com He Xiao. Mesmo sabendo da existência do local, sem o mapa não conseguiria achá-lo. Mas com Ji Muye lembrando tudo, o problema estava resolvido.

Justo então, gritos vieram do lado de fora. Os criados finalmente os haviam alcançado.

Jiang Zheng correu até a janela e espiou discretamente. Seu rosto mudou e ela murmurou:

— Os corpos deles… mudaram.

Os criados, que pareciam humanos antes, agora estavam quase irreconhecíveis — com sangue nos pescoços e bocas. O rosto torto e deformado já não era diferente dos zumbis que vagavam pelas ruas.

Ji Muye apontou em silêncio para a janela no beiral do quarto, indicando que deviam escapar por ali.

#Hahahaha esse programa não vai parar até matar os participantes!
#Irmão, isso é o segundo andar! Não se machuca, não!
#Esses NPCs evoluem mais rápido que celular novo.

Ji Muye abriu rapidamente a janela, arrancou uma faixa branca pendurada na viga, deu nós com habilidade, prendeu uma ponta no armário e jogou a outra pela janela.

Era tarde demais. Os criados-zumbis já haviam subido as escadas e avançavam ferozmente.


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