Capítulo 43 – O Exame Imperial


 O exame imperial se aproximava, e de repente os negócios nas estalagens de Chang’an prosperaram. Até os quartos vagos em casas de plebeus bem localizadas foram rapidamente ocupados, tornando a busca por acomodação o maior problema para os candidatos que chegavam à capital. Felizmente, Xiao Jingduo era natural de Chang’an e não precisava se preocupar com hospedagem. Além disso, aproveitando seu conhecimento local, pôde fazer alguns preparativos antecipados.

Xiao Jingduo já havia enviado suas credenciais acadêmicas e informações familiares ao Ministério dos Ritos. As credenciais acadêmicas eram certificados emitidos pela Academia Imperial, registrando brevemente sua identidade, local de origem e desempenho acadêmico. Já os antecedentes familiares foram escritos pelo próprio Xiao Jingduo, listando os nomes e origens de seus ancestrais até a terceira geração. Após verificar as informações, o Ministério dos Ritos o fez confirmar os dados com outros dois candidatos, registrando sua residência em Chang’an. Só depois de completar esses procedimentos é que Xiao Jingduo foi oficialmente inscrito no exame imperial.

Como Xiao Jingduo havia ido cedo, concluir esses trâmites não foi difícil. No entanto, aqueles que acabaram de chegar a Chang’an ou se atrasaram, inevitavelmente, tinham que enfrentar longas filas diante do Departamento de Assuntos de Estado nestes dias.

No Dia de Ano Novo, Xiao Jingduo, junto a vários outros candidatos, reuniu-se diante dos portões do palácio para serem recebidos pelo imperador. De pé diante do Portão Chengtian, Xiao Jingduo, com mais de mil estudantes, curvou-se profundamente diante do imperador.

Era a segunda vez que Xiao Jingduo via o imperador. Não pôde deixar de lembrar como, anos atrás, em Zhuojun, havia testemunhado o então Príncipe Qin liderar a cavalaria em uma investida pelas planícies. Naquele tempo, Xiao Jingduo sentia apenas admiração. Quem poderia imaginar que um dia eu reencontraria essa figura lendária assim, nessa condição?

O imperador permanecia elevado sobre os muros do palácio, aparentemente oferecendo palavras de encorajamento. Contudo, Xiao Jingduo não ouviu — ou melhor, não precisava ouvi-las. Já posso imaginar que tipo de palavras ele está dizendo.

Após a audiência imperial, Xiao Jingduo e os demais seguiram para prestar homenagem à estátua de Confúcio. A cerimônia foi presidida pela Academia Imperial, a escola de Xiao Jingduo, então ele estava bastante familiarizado com o processo, sem dificuldade alguma.

Quando todas essas atividades terminaram, já era meados do primeiro mês do calendário lunar, com menos de dez dias até o início oficial do exame imperial.

O exame seria realizado no salão do Ministério dos Ritos e duraria dois dias. Para chegar cedo no dia da prova, muitos optavam por se hospedar nas proximidades. Xiao Jingduo também não queria permanecer na Mansão do Marquês de Dingyong, então alugou com antecedência um quarto na área e planejava mudar-se para lá nos próximos dias.

Xiao Jingduo estava prestes a fazer o exame, e embora se mantivesse calmo, os outros no Pátio Qingze estavam tão ansiosos quanto formigas em frigideira quente. Qiuju revisava a bagagem de Xiao Jingduo repetidamente, com medo de que ele passasse desconforto fora de casa. Se Xiao Jingduo não a tivesse interrompido, ela teria esvaziado quase todo o pátio.

— Jovem Mestre, arrumei sua bagagem e a deixei no quarto lateral. Amanhã, quando Xiao Lin chegar, peço que ele carregue tudo na carruagem.

Xiao Jingduo suspirou, sem conter um sorriso:

— Qiuju, eu vou ficar fora só por alguns dias. Não precisa de tudo isso.

Era o exame dele, mas parecia que quem estava mais nervosa era a própria Qiuju.

— Eu sei, mas mesmo sendo um exame, não podemos deixar o Jovem Mestre passar dificuldades... É uma pena eu não poder ir com o senhor. Só espero que aquele idiota do Xiao Lin saiba cuidar bem de você. — No meio da frase, Qiuju exclamou subitamente: — Ah! Esqueci de embalar o conjunto de chá preferido do Jovem Mestre! Vou preparar agora mesmo!

Qiuju saiu às pressas. Xiao Jingduo achou graça, mas deixou que ela fizesse como quisesse.

Todos no Pátio Qingze sabiam que aquele exame era crucial para Xiao Jingduo. Muitas pessoas na Mansão do Marquês de Dingyong estavam esperando para ver o que aconteceria. Se Xiao Jingduo fracassasse, perderia o direito de opinar em vários assuntos — desde casamento até sua carreira. Era justamente por entenderem a importância do exame que Qiuju estava tão ansiosa, andando de um lado para o outro por dias.

Enquanto todos estavam nervosos por ele, Xiao Jingduo mantinha-se sereno. Nestes últimos dias, não saía de casa: acordava ao amanhecer, praticava artes marciais e boxe, e depois voltava para o estúdio para estudar. Manteve a mesma rotina da Academia Imperial: pela manhã, revisava os clássicos; à tarde, escrevia redações; à noite, lia antologias e jornais da corte, dormindo pontualmente entre 21h e 23h.

Na verdade, o tempo de preparação de Xiao Jingduo para o exame imperial foi bastante curto. Ele se formou na Academia Imperial em agosto e faria o exame em janeiro — pouco menos de quatro meses. Muito desse tempo foi ocupado com trâmites burocráticos. Considerando a extrema dificuldade do exame imperial, onde apenas um em cada cem passava, as chances de sucesso de Xiao Jingduo eram incertas. Não era de se estranhar que os outros na mansão não tivessem grandes esperanças. O mais frustrante era que, mesmo com o tempo apertado, Xiao Jingduo mantinha seu ritmo habitual, sem a menor pressa ou intensidade, deixando os observadores ainda mais aflitos.

Qiuju, claramente, era uma dessas pessoas aflitas.

Ela correu apressada até o quarto onde estavam as malas, mas parou assim que entrou. Por um momento, ficou olhando sem reação, até que pareceu recobrar a consciência e disse:

— Senhorita, por que está aqui? Essas criadas estão mesmo muito negligentes, nem nos avisaram que a Senhorita havia chegado. Isso é uma grande falta de respeito!

Logo depois de dizer isso, Cheng Huizhen apenas sorriu e assentiu com a cabeça, saindo do local com sua criada. Por algum motivo, Qiuju sentiu-se estranhamente desconfortável. Sacudiu a cabeça com força, tentando afastar pensamentos irrelevantes, depois abriu as malas de novo e forçou o conjunto de chá para dentro.

Passe ou não no exame, o Jovem Mestre não pode passar necessidade. Como vai ter carruagem amanhã, melhor levar o que for possível...

Na manhã seguinte, bem cedo, Xiao Jingduo deixou a Mansão do Marquês de Dingyong a cavalo. Xiao Lin vinha atrás, guiando uma carruagem carregada de bagagens rumo ao norte da cidade.

O palácio imperial ficava ao norte de Chang’an, com seus salões externos e internos exclusivos da família imperial. Fora dos portões do palácio havia outro muro, envolvendo os Três Departamentos e os Seis Ministérios, Nove Cortes e Três Diretorias — onde os funcionários do governo trabalhavam. Essa área era chamada de Cidade Imperial. Fora da Cidade Imperial ficavam as residências dos plebeus e dos altos funcionários. Chang’an era dividida pela Rua do Pássaro Vermelho em partes leste e oeste: a nobreza concentrava-se no leste, e o povo comum, no oeste.

Tradicionalmente, quanto mais próximo do palácio e da Cidade Imperial, mais escassas e prestigiadas eram as residências. Assim, os lares próximos à Cidade Imperial eram, em sua maioria, mansões de príncipes e princesas, seguidos pelas residências de primeiros-ministros e oficiais favorecidos. Já marquises de segundo escalão, como o Marquês de Dingyong, só podiam construir suas casas em locais de terceira categoria.

Por isso, Xiao Jingduo insistia em se mudar para fora. No dia do exame, as ruas estariam lotadas, e a Mansão do Marquês ficava longe da Cidade Imperial — chegar atrasado seria catastrófico.

Muitas pessoas pensaram como Xiao Jingduo. As mansões dos príncipes e princesas, a leste do palácio, eram inacessíveis. Só restava alugar casas de civis a oeste da Cidade Imperial — e os locais com boas condições estavam cada vez mais raros. A vantagem de Xiao Jingduo foi ter agido cedo e pago generosamente, garantindo um quarto com antecedência.

A casa ficava mais para o interior do bairro, exigindo uma caminhada para sair da área, mas era silenciosa, o que compensava o incômodo. Xiao Jingduo parou seu cavalo diante da casa, entregou as rédeas a um criado da mansão e entrou sozinho. Casas pequenas não tinham estábulos, por isso ele trouxera outro criado apenas para levar o cavalo de volta.

Ao vê-lo chegar, o dono da casa correu com um sorriso:

— Jovem Mestre Xiao, chegou! Já preparamos o seu quarto. Vai se hospedar hoje mesmo, senhor?

— Sim. Agradeço pela hospitalidade e lamento o trabalho.

— O senhor não precisa dizer isso! — respondeu o dono, coçando a cabeça com uma risada honesta. E ele realmente falava sério. Xiao Jingduo havia pago o depósito cedo e com generosidade, quase sem negociar. Muito mais agradável do que lidar com outros candidatos. O proprietário o recebeu com entusiasmo — se pudesse, receberia mais dez como ele. Aquela era a hora de fazer boa cara.

Desde que a corte imperial criou o sistema de exames, para dizer o mínimo, aquilo se tornara uma boa fonte de renda para os plebeus do lado oeste da Cidade Imperial. No primeiro ano do exame, alguns perceberam a oportunidade e prepararam cômodos para alugar a candidatos, lucrando bem. No segundo ano, muitos seguiram o exemplo, e com o aumento dos estudantes, a demanda superou a oferta. Assim, aquela região passou a reservar quartos para aluguel de forma recorrente, sendo muito procurada do décimo segundo mês até o terceiro mês do ano seguinte.

O dono daquela casa também aderiu à tendência. A família inteira se espremia em um canto da casa, enquanto limpavam o salão principal e dois quartos laterais, que estavam em melhores condições, para alugar aos estudantes. Xiao Jingduo alugara o salão principal e um dos quartos laterais.

Xiao Lin estacionou a carruagem na entrada e começou a descarregar os itens. O dono, vendo aquilo, foi ajudar:

— Uau, Jovem Mestre Xiao, trouxe bastante coisa!

Enquanto Xiao Lin e o dono se ocupavam com as bagagens, dois outros inquilinos no pátio notaram e comentaram baixinho, com desdém:

— Mais um filhinho de nobre que só quer conforto...

Quem falava era Dong Peng, um estudante vindo de fora de Chang’an para fazer o exame. Ele vinha de uma família comum e havia estudado por anos para passar nos exames do condado e da prefeitura, conquistando finalmente o direito de vir à capital para o exame imperial. Ao chegar em Chang’an, embora impressionado com a grandiosidade da cidade, também começou a sentir um forte senso de injustiça.

Esses humildes estudiosos como eu lutam por anos para conseguir um lugar aqui. E em Chang’an, há tantas famílias nobres cujos filhos nem precisam passar por exames — muito menos pelo imperial — para conquistar altos cargos e subir na vida... Que mundo injusto.

Agora, um exemplo claro dessa injustiça surgia bem diante dos olhos de Dong Peng. Ele observava discretamente Xiao Jingduo, que aparentava ter por volta de dezessete anos, com feições justas e elegantes, viajando com uma carruagem e servos — claramente um filho da nobreza, provavelmente de uma família muito boa. Em contraste, Dong Peng tinha vinte e sete anos, ainda sem qualquer cargo oficial, sem estar casado nem estabelecido em uma carreira. E agora, precisava competir no mesmo exame com um jovem dez anos mais novo que ele. Que ironia.

Dong Peng sorriu com amargura, não querendo mais assistir àquilo. Justamente nesse momento, Wu Tai o chamou de dentro, e Dong Peng se virou e entrou de volta.

Xiao Jingduo não gostava de dividir alojamentos com outras pessoas. Embora não tivesse escolha na Academia Imperial, agora que tinha recursos, naturalmente não se privaria de conforto. Assim, alugou prontamente dois quartos — o principal e um lateral. Ele ficaria no quarto principal, enquanto Xiao Lin ocuparia o quarto lateral.

Enquanto Xiao Jingduo se familiarizava com seu alojamento para os próximos dias, de repente ouviu uma voz familiar do lado de fora:

— Xiao Jingduo, é você?

Xiao Jingduo se virou ao ouvir e viu um colega da Academia Imperial parado no portão. Ele sorriu e caminhou rapidamente até ele.

— Irmão Zhao, você também está hospedado nesta área?

— Sim, para chegar cedo ao local do exame, precisamos ficar por perto. Irmão Xiao, faz tempo desde que nos separamos na Academia Imperial. Por que você não apareceu no encontro de colegas do ano passado?

Embora Zhao Lang não tivesse ingressado na Academia no mesmo ano que Xiao Jingduo, ele já ouvira falar da reputação do rapaz. Estava apenas dando um passeio casual e ficou animado ao encontrar um rosto conhecido, puxando conversa com Xiao Jingduo imediatamente.

Enquanto Xiao Jingduo conversava com o colega do lado de fora, Xiao Lin se ocupava diligentemente em mover os pertences para dentro, caminhando com leveza para não atrapalhar o diálogo.

Ao carregar uma caixa da carruagem, Xiao Lin viu um homem de aparência erudita parado no batente da porta, espiando para dentro.

— O que você está fazendo?

Assustado pela voz súbita atrás dele, Dong Peng se virou rapidamente e viu Xiao Lin o encarando com desaprovação.

Dong Peng bateu no peito e suspirou:

— Por que você falou de repente? Que falta de educação.

Xiao Lin bufou friamente:

— Hmph, você está espiando o quarto do nosso jovem mestre sem permissão e ainda fala de falta de educação?

— Que espiando o quê? Quanta grosseria! — Dong Peng sacudiu a manga com nojo e franziu a testa ao recuar, como se não quisesse estar no mesmo lugar que Xiao Lin. — Uma pessoa tão rude não merece conversa.

Xiao Lin revirou os olhos mentalmente, sem vontade de continuar lidando com aquele sujeito. Continuou levando os objetos para dentro, enquanto Dong Peng permanecia parado à porta, aparentemente relutante em ir embora.

— Ei, vocês alugaram dois quartos? Meu amigo Wu Tai e eu estamos dividindo apenas um quarto lateral, e vocês ocupam dois com toda essa pompa. Que absurdo!

Xiao Lin, mantendo o rosto impassível, disse de forma mecânica e monótona:

— Por favor, afaste-se. Você está bloqueando meu caminho.

Dong Peng estava furioso, mas achou indigno discutir com um servo. Assim que Xiao Lin saiu, Dong Peng cuspiu com desprezo nas costas dele:

— Inculto.

Depois dessa maldição silenciosa, Dong Peng se sentiu um pouco melhor. Estava prestes a sair quando de repente seus olhos se fixaram em algo:

— Ei, o que é isso?

Quando Xiao Lin voltou, Dong Peng já não estava mais na sala principal. Xiao Lin finalmente soltou um suspiro de alívio. Foi então que notou que o baú de livros de Xiao Jingduo havia sido jogado perto da porta. Apressadamente, largou o que carregava e levantou com muito cuidado o baú, reorganizando os livros com esmero.

— O Jovem Mestre valoriza muito esses livros. Não podemos deixá-los se danificar.

Xiao Jingduo finalmente conseguiu se despedir do colega tagarela e voltou para o quarto. Descobriu que, no curto tempo em que estivera fora, muitos objetos haviam sido colocados no cômodo.

As sobrancelhas de Xiao Jingduo se contraíram.

— Por que tem tanta coisa aqui?

— Eu também não sei. A Qiuju mandou trazer tudo — respondeu Xiao Lin com sinceridade.

Após um longo silêncio, Xiao Jingduo esfregou a testa:

— Eu devia ter impedido ela. Estou aqui para fazer o exame, não para passear. Que impróprio trazer tanta coisa.

— O conjunto de chá e a roupa de cama até vão, mas para que trazer aquecedores de mão e incenso? — Xiao Jingduo estava exasperado. — Deixe os livros, leve todo o resto. Coloque no seu quarto por enquanto.

Xiao Lin obedeceu em silêncio, retirando os itens desnecessários do quarto principal, enquanto Xiao Jingduo abria espaço, pretendendo sentar-se para revisar seus livros.

Ao tocar o baú de livros, franziu a testa subitamente:

— Xiao Lin, alguém mexeu no meu baú de livros.

— Sim, fui eu. Reorganizei um pouco quando fui mover os livros.

Entendendo agora, Xiao Jingduo assentiu e deixou o assunto de lado, concentrando-se na leitura.

Com o exame se aproximando, estudar clássicos e antologias poéticas já não era útil. Xiao Jingduo focava principalmente em dissertações políticas e atualidades. Seus anos de acúmulo eram suficientes; ele não precisava de uma maratona de estudos de última hora. Pegava os livros mais por hábito, para manter o raciocínio afiado.

Agora, ele finalmente compreendia por que o Mestre Chu não lhe dissera com antecedência quais textos cairiam no exame. O exame imperial selecionava oficiais com base na escrita, buscando recrutar indivíduos talentosos para servir na corte, e não estudantes que apenas memorizavam clássicos. O exame valorizava o conhecimento acumulado, não o desespero de decorar textos relevantes. Focar apenas nisso era pôr a carroça na frente dos bois.

Num piscar de olhos, chegou o dia do exame.

Xiao Jingduo levantou-se cedo, caminhando em direção ao salão de exames ao som dos tambores da alvorada. Um grupo de estudantes já se reunia diante do prédio, conversando em voz baixa em pequenos grupos.

À medida que o sol subia, mais e mais estudantes chegavam. Após longa espera, as portas do salão finalmente se abriram lentamente. Oficiais do Ministério dos Ritos posicionaram-se nos degraus e anunciaram em voz alta:

— O exame imperial está prestes a começar. Estudantes convocados, por favor, venham à frente. Após a verificação de identidade, poderão entrar. Todos, por favor, mantenham silêncio agora. Quando seu nome for chamado, aproxime-se imediatamente. Su Nuo, da Província de Huainan!

Houve um burburinho na multidão. Um a um, os estudantes se dirigiam à frente, e assim, o exame imperial do nono ano de Qiyuan começava oficialmente.




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