As pessoas ainda se lembravam de que Jiang Zheng e Ji Muye haviam levado para casa três troféus cada um no Prêmio Linghua.
Mas, em menos de quinze dias, surgiu um boato de que o casal — recém-oficializado como o par dos deuses — estava... suspeitamente separado.
A maior "prova"? No Dia dos Namorados, 14 de fevereiro, os dois não tiveram nenhuma interação.
Essa postagem foi parar na internet, e imediatamente alguém apareceu para rebater:
— Você dorme na cama dos dois pra saber que não interagiram no Dia dos Namorados?
— Ambos são pessoas reservadas. Se não gostassem tanto um do outro, como teriam feito um anúncio tão chamativo e interagido de forma tão íntima na festa de premiação do Linghua?
— Tenho medo de vocês. Os dois não têm nada a ver com escândalo algum e ainda assim são alvo de boato de separação todo dia.
Alguns fãs do casal JiangYe estavam preocupados com um possível término e foram até o Weibo de Liang Xiaoduan perguntar.
Ela costumava postar doces indícios que ninguém mais percebia e era bem ativa, mas seu Weibo não era atualizado havia duas semanas, e aquele chororô familiar desaparecera.
Dessa vez... a situação parecia um pouco ruim.
Os repórteres não conseguiram registrar o momento do anúncio do relacionamento, então agora precisavam capturar o vídeo da separação.
Com isso, eles colocaram em prática todas as suas habilidades investigativas para encontrar alguma pista.
Mas acabaram descobrindo que os empresários de Jiang Zheng e Ji Muye... também estavam namorando.
Droga! O que é isso? Beijando escondido e não contando nada?
Se até os empresários estavam juntos, como os artistas iriam se separar?
Não satisfeitos, os repórteres cercaram o CEO da Zhewei na porta da empresa e empurraram o microfone na frente de Jiang Ran:
— Estão dizendo por aí que Jiang Zheng e Ji Muye terminaram porque você, irmão da Jiang Zheng, não aceita o Ji Muye. Isso é verdade?
Com o rosto fechado, Jiang Ran arrancou o microfone e respondeu:
— De qual jornal ou revista você é? Se não sabe falar, eu te ensino!
Repórteres: "..."
Japão. Quioto.
A primavera no Rio Kamo era linda e pitoresca. O rio fluía do norte para o sul num leito largo, emoldurado pelas montanhas.
Era a temporada de flores de cerejeira. Muitos turistas lotavam os templos de Quioto, mas poucos iam até o rio Kamo — o que deixava a cidade antiga ainda mais tranquila.
Han Yi estava sentado num dos degraus gramados, entediado, puxando as pontas de uma erva-dos-cães.
Saudade dela, saudade, muita saudade.
Se continuar assim e eu não voltar pra China, posso acabar voltando à vida de solteiro.
Dentro do rio, uma silhueta delicada se curvava para catar pedrinhas. Uma após a outra — redondas, ovais, irregulares, triangulares e até uma em forma de coração.
A pilha de pedras acumulada na margem era toda obra dela.
Han Yi suspirou. Queria mesmo perguntar o que tinha de tão interessante nas pedras do rio Kamo pra Jiang Zheng ficar agachada ali a tarde inteira.
Dito isso, não deixava de doer no bolso. Um minuto de uma pessoa comum talvez valha 1 ou 10 yuans, mas o minuto dela valia no mínimo 100, certo?
Tudo isso era dinheiro jogado fora.
Jiang Zheng já estava em Quioto havia mais de duas semanas.
Visitara todos os templos nas margens do Kamo — e se fosse durante o dia, ela também precisava ir à noite, "para admirar Quioto sob outra perspectiva".
Han Yi já estava farto de ver cerejeiras em Arashiyama[1], e também cansado de comer wagyu[2].
A única coisa em que conseguia pensar agora era no abraço e no beijo de Jing Meini.
Naquele momento, um grupo de crianças com uniforme escolar e mochilas corria rindo pela margem do Kamo. De tempos em tempos, pétalas de cerejeira caíam em seus ombros.
Ao ouvir o barulho, Jiang Zheng levantou a cabeça e os lábios se curvaram num sorriso.
Uma das crianças a viu e acenou animadamente.
Jiang Zheng riu. Que idade linda. Mesmo que você não se lembre disso no futuro, ainda assim vai sentir a felicidade dessa época.
Ela se deteve e franziu levemente o cenho.
Vagou pelas margens do Kamo até o anoitecer, só então voltou ao hotel.
Sem apetite para o jantar, foi direto para a piscina de águas termais por quinze minutos e depois se enrolou num cobertor no sofá para assistir televisão.
Passavam programas cômicos e de pegadinhas, típicos do Japão. Jiang Zheng ficou sorrindo para a tela por um tempo, até que, ao mudar de canal, de repente se viu ali.
Ah... "Dongnu Country" tinha sido traduzido para o japonês e também estava sendo transmitido por lá — e ainda em horário nobre.
Depois de recuperar a memória, Han Yi dissera que seria bom ela assistir ao drama entre ela e Ji Muye. Isso poderia ajudá-la a resgatar partes perdidas da memória.
Mas Jiang Zheng não teve coragem. Nem mesmo se atrevia a procurar nada online.
Desde aquele dia em que recuperou suas memórias, não só Han Yi, mas também sua mãe, tia e irmão, disseram que Ji Muye era seu namorado.
Ela ficou em choque, e então... sumiu de vergonha.
Estava escondida em Quioto havia mais de quinze dias, mas ainda não ousava encarar essa realidade.
Estava prestes a mudar de canal quando Ji Muye apareceu na tela.
Vestido com uma túnica preta, ele pulava num galho de pereira e sorria:
— Que tal sentarmos juntos para admirar as flores?
O sorriso dele parecia acionar um gatilho secreto. O coração de Jiang Zheng clicou — como se tivesse sido destrancado por algo — e uma sensação indescritível veio à tona, invadindo seu rosto, fazendo-a querer fugir dali...
Jiang Zheng franziu os lábios e desligou a TV com decisão.
Se enfiou debaixo das cobertas e tentou forçar o sono. Tinha um talento especial: não importava quão irritada, chateada ou frustrada estivesse, conseguia dormir em segundos.
Não há nada que um bom sono não resolva.
Mas naquela noite... o sono não vinha de jeito nenhum.
Depois de se revirar até a meia-noite, ela bufou, levantou-se, ligou o celular como se estivesse possuída e começou a assistir ao primeiro episódio de "Dongnu Country".
Desde o momento em que a Rainha conheceu Cui Ling, passando por quando ele descobriu sua verdadeira identidade e, mesmo ciente do perigo, decidiu protegê-la e levá-la para a cidade real. Como a Rainha foi, pouco a pouco, se sentindo atraída por Cui Ling e o manteve no palácio quase à força. Aos poucos, Cui Ling também abriu seu coração, e os dois passaram a nutrir afeição mútua. A Rainha se esforçou para convencer o mundo de que Cui Ling era digno de ser o marido de uma rainha.
Na noite de núpcias, os dois se beijaram docemente. Depois do casamento, trocavam carinhos, tocavam-se com ternura, presenteavam-se com afeto...
●❯────────「⊙」────────❮●
Notas:
[1] Arashiyama é o segundo distrito turístico mais importante de Quioto. É repleto de templos e santuários, mas a atração principal é o famoso Bosque de Bambu.
[2] Wagyu é o nome coletivo das quatro principais raças de gado bovino japonês, conhecidas por sua carne extremamente marmorizada e saborosa.
0 Comentários