Capítulo 73 a 75


 Capítulo 73: Brocado Shu da Seita Tang

Zhuang Han Yan retirou o grampo de cabelo da cabeça, ainda se agarrando a um fio de esperança. Quando o examinara na mansão, notara que aquele grampo não parecia um objeto comum. À noite, ele emitia uma luz ofuscante e exalava uma fragrância suave. Fu Yunxi, estando em uma posição tão elevada, raramente lhe dava presentes. Aquilo talvez fosse algum tipo de símbolo, então ela decidiu trazê-lo consigo.

Quando o lojista viu o grampo, ficou paralisado, encarando-o com descrença.

— Isto...?

— Então é a Princesa Consorte — uma voz sorridente soou atrás dela. Zhuang Han Yan se virou e viu Jiang Yulou, vestido com roupas luxuosas e acessórios dourados, caminhando em sua direção com um leque dobrável na mão. Ele juntou os punhos em saudação:

— Encontramo-nos novamente, Princesa Consorte.

Em seguida, trocou algumas palavras com o lojista, que imediatamente entendeu e saiu da sala. Restaram apenas Zhuang Han Yan e Jiang Yulou no recinto.

Zhuang Han Yan não perdeu tempo com gentilezas. Lançou diretamente o lenço que tinha na mão em sua direção, dizendo:

— Jovem Mestre Jiang, reconhece isto?

Jiang Yulou pegou o lenço, apertou-o entre os dedos e então examinou cuidadosamente seu conteúdo. Franziu ligeiramente a testa e disse:

— Isto é brocado Shu.

— Brocado Shu? — Zhuang Han Yan ficou surpresa. — Mas parece um pouco diferente do brocado Shu comum.

— Está certa — respondeu Jiang Yulou, olhando para ela pensativo. — Este é um tipo especial de brocado Shu, embebido em medicamento da Seita Tang. Também é chamado de Brocado da Luz Celestial.

Apesar de Zhuang Han Yan ter mais experiência do que a maioria das jovens em assuntos íntimos, ela ainda não conseguia entender completamente o que Jiang Yulou dizia.

— Seita Tang? Brocado da Luz Celestial?

Esses termos lhe eram estranhos. Nunca os ouvira antes. Sabia que Jiang Yulou era viajado e instruído, então, de fato, recorrer a ele naquele dia fora a escolha certa.

Jiang Yulou notou sua confusão e entendeu. Fez um gesto para que ela se sentasse e, pessoalmente, serviu-lhe uma xícara de chá. Depois, abanando o leque com lentidão, começou a explicar:

— Os membros da Seita Tang são especialistas em projetar, inventar e utilizar armas ocultas. Também são mestres em venenos. O fundador da Seita deixou o Livro dos Venenos, cujos ensinamentos afirmam: "Domine todos os venenos e use-os para aliviar o sofrimento do povo." Foi estabelecido que o líder da Seita Tang deve ser um descendente direto da família Tang. Os quatro tesouros da Seita — as escrituras, as vestes, as pérolas e o cajado — devem ser mantidos pelo líder para proteger tanto o mundo marcial quanto a reputação da seita.

— O lenço que você trouxe é um tipo especial de brocado Shu embebido em líquido medicinal pela Seita Tang, conhecido como Brocado da Luz Celestial. No passado, as mulheres da Seita Tang eram conhecidas por sua altivez e exigiam que seus pertences pessoais fossem únicos. O Brocado da Luz Celestial é mais resistente que o brocado comum, com aparência mais lisa e brilhante. Por isso, era muito apreciado pelas mulheres da seita, tornando-se símbolo de sua identidade.

Curiosa, Han Yan perguntou:

— E você sabe o que significa o escorpião bordado no lenço?

Jiang Yulou sorriu e respondeu:

— Não sei ao certo, mas deve ser também um símbolo da Seita Tang. Escorpiões são venenosos, e a Seita Tang é especializada no uso de venenos.

— Então parece que o dono deste lenço é alguém da Seita Tang — murmurou Han Yan, voltando-se para Jiang Yulou. — Já ouviu falar de alguém da Seita Tang com o sobrenome Qiao?

Jiang Yulou soltou uma gargalhada.

— Todos os membros da Seita Tang têm o sobrenome Tang. Como poderia haver alguém com o sobrenome Qiao?

Ao perceber o olhar firme de Han Yan, ele coçou o nariz e acrescentou:

— Posso garantir que nunca ouvi falar de nenhum Qiao na Seita Tang.

Baixando a cabeça, Han Yan percebeu que a situação estava se tornando cada vez mais complicada, envolvendo assuntos do mundo marcial. Se A’Bi é a criada pessoal de sua mãe e sua mãe tem ligações com o Príncipe Dong Hou, esse lenço pode ser uma pista da ligação entre os dois. No entanto, o lenço pertence a alguém da Seita Tang de Sichuan. Seria possível que eu tivesse de viajar até Shu? Isso certamente não é viável... além de Zhuang Shiyang não permitir, como eu atravessaria montanhas tão altas e rios tão largos? Quanto mais pensava, mais aquilo parecia um enigma sem solução, fazendo-a suspirar profundamente.

— O que está acontecendo? — uma voz fria e familiar interrompeu seus pensamentos.

Han Yan, achando estar ouvindo coisas, levantou os olhos e viu Fu Yunxi parado à entrada, olhando fixamente para ela.

O sorriso de Jiang Yulou desapareceu.

— Yunxi, sua esposa veio me procurar por vontade própria. Não escondi nada de você.

Ele se levantou, pigarreou e disse:

— Vou me retirar. Vocês dois podem conversar.

Han Yan balançou a cabeça; aquela loja era dele, e mesmo assim parecia que ela e Fu Yunxi eram os anfitriões, enquanto Jiang Yulou era o convidado. Pelo que ouvira, parecia que ele tinha uma relação próxima com Fu Yunxi. Ergueu o queixo e disse:

— Parece que a relação entre o Príncipe e Jiang Yulou é melhor do que a da maioria.

Fu Yunxi respondeu:

— Ele já me ajudou.

Han Yan se sentia um pouco desconfortável.

— Você não precisa se explicar pra mim; eu só falei por falar.

Fu Yunxi não perguntou o motivo de ela estar ali; em vez disso, aproximou-se e perguntou:

— Quer dar uma volta?

Han Yan piscou, surpresa.

— Uma volta?

Fu Yunxi virou-se e chamou:

— Mu Feng, Mu Yan.

Dois guardas armados apareceram imediatamente.

— Às suas ordens.

Fu Yunxi segurou a mão de Han Yan.

— Pode deixar sua criada com eles. Vamos.

Pega de surpresa por seu gesto repentino, Han Yan ficou um pouco atordoada. A mão dele era fria e comprida, envolvendo perfeitamente a sua pequena mão em sua palma. Ainda que gelada, parecia irradiar um traço de calor.

Guiando-a para fora, eles chegaram até um estábulo onde um cavalo preto de aparência elegante estava amarrado. O animal, com pelagem brilhante e olhos altivos, relinchou animado, empurrando Fu Yunxi com sua grande cabeça. Curiosa, Han Yan estendeu a mão para acariciá-lo, mas o cavalo levantou a cabeça, evitando seu toque, e soltou um relincho longo, assustando-a.

— Zhan Chen — chamou Fu Yunxi.

O cavalo, obediente, abaixou a cabeça, moveu as patas dianteiras e se acalmou. Ele segurou a mão de Han Yan, guiando-a para acariciar suavemente a crina do animal. O cavalo preto pareceu gostar da atenção, relaxando ainda mais e tornando-se menos arisco com Han Yan.

— Ele se chama Zhan Chen? — perguntou ela com um sorriso. — Belo nome.

Enquanto afrouxava as rédeas, Fu Yunxi explicou:

— Foi encontrado no campo de batalha. Criado até esse porte, é um excelente cavalo.

Zhan Chen parecia entender que estava sendo elogiado. Soltou um bufar baixo e se mostrou ainda mais dócil e encantador.

— Mas — Han Yan inclinou a cabeça, olhando para ele —, por que me trouxe aqui?

Sem dar resposta, Fu Yunxi montou no cavalo com um movimento ágil e estendeu a mão para ela. Antes que Han Yan pudesse reagir, ele envolveu um braço ao redor de sua cintura e a segurou com o outro, erguendo-a completamente para cima do cavalo.

Por que Fu Yunxi sempre consegue me surpreender assim, sem nenhum aviso?

Han Yan bateu no próprio peito, lançando-lhe um olhar irritado.

— Por que você sempre faz isso?!

Mas Fu Yunxi apenas riu. Sua expressão normalmente fria e impassível, como um bloco de gelo sem emoções, parecia derreter naquele momento de riso. Ele parecia surpreendentemente encantador e despreocupado — quase como outra pessoa.

— Você... ei! — Antes que Han Yan pudesse terminar, ele estalou as rédeas, e o cavalo disparou em galope. Han Yan se inclinou para trás, as costas pressionadas contra o peito de Fu Yunxi. Assustada, suas bochechas coraram, e ela ficou momentaneamente sem palavras.

Ser segurada por um homem tão bonito enquanto cavalgava a toda velocidade — isso era algo que Han Yan jamais teria imaginado em sua vida anterior. Naquela época, sua existência estava confinada entre as paredes estreitas de casa, sem jamais conseguir vislumbrar o mundo exterior. Mas nesta vida, ela se recusava a desperdiçar essa chance tão duramente conquistada de renascimento. Já havia devolvido os ferimentos que sofreu e estava decidida a viver cada vez melhor!

Um turbilhão de sensações intensas tomou conta dela, dissipando completamente a sombra deixada pelos recentes acontecimentos com A’Bi. Ela se pegou rindo alto, como uma criança despreocupada.

Fu Yunxi ouviu sua risada e se inclinou, justo a tempo de ver os dois coques afastados repousando em seu peito. Os olhos dela, como água outonal, agora estavam semicerrados em forma de lua crescente; mas, diferente de sempre, não traziam aquele frio gélido e sarcasmo cortante. Pelo contrário, emanavam alegria genuína e satisfação, com uma covinha aparecendo no canto da boca. Seus longos cílios tremulavam como asas de borboleta, despertando ternura em quem olhasse.

Ela parecia uma menina comportada, gentil e delicada por fora, mas sua força interior era imensa. Era afiada e implacável, sem deixar espaço para piedade em suas ações. No entanto, seria essa realmente sua verdadeira natureza? Será que ela não deveria rir livremente, viver uma vida saudável e feliz, longe de tramas e intrigas?

O coração que antes desejava tomá-la apenas como consorte pareceu estremecer levemente; seu olhar suavizou-se de forma inesperada. O cavalo diminuiu o ritmo, e ele apertou os lábios antes de murmurar uma única palavra:

— Tola.

Han Yan não ouviu o restante, mas escutou essa palavra claramente e se virou para lançar um olhar fulminante a Fu Yunxi.

— Tolo é você!

Fu Yunxi sorriu com alegria, sem dizer mais nada. Após algum tempo, o cavalo parou em uma montanha ao leste da cidade.

Ao ver as montanhas verdes e águas cristalinas ao redor, Han Yan não pôde deixar de exclamar:

— Que lugar encantador.

Fu Yunxi a olhou de lado.

— Nunca veio aqui antes?

— Já estive aqui? — Han Yan hesitou, depois balançou a cabeça. — Acho que sim, mas não lembro com clareza.

Em sua vida passada, ela seguira todas as regras e raramente saía da mansão depois dos cinco anos. Passava os dias focada nos ensinamentos de conduta feminina e, após o incidente com os bandidos na montanha, viveu atordoada, com as memórias reduzidas apenas à mãe e a Ming Ge’er. Nesta vida, tudo do passado parecia vago demais, como lembranças vazias, tornando impossível recordar os eventos anteriores.

A expressão de Fu Yunxi permaneceu inalterada enquanto apenas murmurava:

— Mm.

Han Yan percebeu uma mudança em seu semblante, mas não conseguiu entender o motivo. Sentou-se à beira do riacho, arrancou uma planta aquática e começou a brincar com a água de forma distraída.

Fu Yunxi caminhou até o riacho, observando que os peixes outrora coloridos haviam desaparecido, restando apenas a água calma, lisa como um espelho. Tudo ao redor parecia inalterado, mas as pessoas haviam mudado.

— Eu voltei — disse ele.

Han Yan perguntou, curiosa:

— O que você disse?

Fu Yunxi olhou para ela.

— Por que procurou Jiang Yulou hoje?

Han Yan pensou por um instante. Em vez de deixar que Jiang Yulou contasse a ele, era melhor falar por si mesma. No entanto, omitiu como havia conseguido o lenço e apenas disse que pertencia a um velho conhecido.

— Você tem um jeito de investigar se há alguém chamado Qiao no Clã Tang, em Sichuan?

— Isso não é difícil — respondeu Fu Yunxi, andando até ela e sentando-se ao seu lado. — Nos próximos dias, é melhor você não sair de casa.

Han Yan olhou para ele.

— Por quê?

— Pessoas da Região Oeste se infiltraram na capital — a expressão de Fu Yunxi tornou-se séria. — Pode haver movimentos significativos; a capital não está segura, nem de dia, nem de noite. Se você sair, pode correr perigo.

Han Yan o encarou.

— Aqueles homens na mansão Zhuang... foi você quem os colocou lá?

Ela já vinha notando há dias que alguém parecia vigiar cada um de seus passos. Naturalmente, pensou em Fu Yunxi, suspeitando que ele os tivesse enviado. Agora que ele havia confirmado, ela ficou momentaneamente sem saber o que dizer e apenas baixou a cabeça, sem jeito.

— Obrigada.

— Não precisa agradecer, Wang Fei — ele pronunciou “Wang Fei” de forma incomumente lenta, como se estivesse lhe lembrando de algo.

Han Yan voltou o olhar para o rosto extraordinariamente belo dele.

— Por que você é tão bom comigo?

(Wang Fei – Princesa/Consorte Principal)

Essa pergunta estava enterrada em seu coração havia muito tempo, mas ela nunca tivera coragem de dizê-la em voz alta, talvez por medo, talvez por hesitação. Agora que o casamento deles estava selado, ele se tornaria seu marido. Como casal, deveriam ser sinceros um com o outro.

Fu Yunxi afagou gentilmente sua cabeça, como se estivesse acalmando um pequeno animal.

— Boba.

Mas não disse mais nada. Depois de ser chamada de tola e boba tantas vezes, Han Yan já não levava mais para o lado pessoal. No entanto, ele ainda não havia explicado o motivo, e ela também não insistiu. Em vez disso, sentiu um leve alívio.

Às vezes, talvez não saber a verdade seja mesmo uma coisa boa — ignorância pode ser uma bênção.

Do outro lado da floresta na montanha, um homem alto, vestindo um manto escuro, permanecia de pé com as mãos para trás.

— Gege. — Uma mulher de vestido amarelo aproximou-se por trás dele.

Ela era extremamente bela, com olhos grandes e cintilantes que exalavam um charme deslumbrante. Seu corpo era esguio e curvilíneo, e embora sua pele fosse um pouco mais escura, seus traços eram marcantes e refinados. O vestido amarelo que usava era feito de uma gaze fina, e mesmo no inverno, ela parecia não sentir frio. Uma pequena serpente se enrolava na pele exposta, dando-lhe uma aura sedutora, como um banquete irresistível que despertava o desejo de morder.

— Gege, quando vamos agir? — A voz da mulher era melodiosa, e parecia carregar um encanto mágico que instigava o desejo de fitá-la.

— Yi Lin Na, já lhe disse muitas vezes: não aja por impulso — o homem virou-se para ela. Seus olhos verdes eram como os de um lobo solitário, e seu rosto imponente exibia arrogância e ambição. Era Zhuo Qi.

A mulher correu até ele, enlaçando seu braço com o dele e o cutucando de forma brincalhona.

— Yi Lin Na só quer vê-lo logo. Você disse que, ao chegarmos em Da Zhong, poderíamos vê-lo.

— Ele é de uma nação inimiga — disse Zhuo Qi. — Yi Lin Na, é melhor que você se lembre disso.

Seu tom era severo, carregado de advertência.

A mulher entendeu o que ele queria dizer e apressou-se em tranquilizá-lo:

— Gege, eu vou me comportar. Desde que a gente vença, você prometeu que não o mataria e que o traria de volta para a Região Oeste como meu marido.

Zhuo Qi soltou uma risada fria.

— Fu Yunxi, aos catorze anos, liderou dez mil soldados e derrotou cem mil das minhas tropas de elite. Ele é profundo e imprevisível; não será fácil capturá-lo. Não vai ser tão simples assim.

A mulher fez um beicinho, insatisfeita.

— Gege não vai perder. Yi Lin Na só gosta dele; eu só quero me casar com ele.

Ao dizer isso, a imagem daquele jovem belo no campo de batalha, sete anos atrás, surgiu em sua mente — sua expressão fria e indiferente enquanto permanecia imóvel diante de milhares de soldados. Crescendo na Região Oeste, ela vira muitos homens apaixonados tentando agradá-la, mas só se apaixonara por aquele general inimigo que nem ao menos olhava para ela. Em seu coração, ele era o homem mais maravilhoso, e ela nunca o esquecera ao longo dos anos. Zhuo Qi havia prometido que, se tudo desse certo dessa vez e conseguissem capturar Fu Yunxi, ele o traria de volta para a Região Oeste para que se tornasse seu marido.

— Yi Lin Na, não se envolva demais; ele já tem uma Princesa Consorte.

Vendo a mulher perdida em devaneios, Zhuo Qi cruelmente interrompeu suas fantasias.

Yi Lin Na franziu a testa.

— Ela é só uma filha desprezada. Ouvi dizer que nem atingiu a maioridade ainda — apenas uma garotinha.

Um traço de desdém brilhou em seus olhos.

— Ele não iria gostar de uma garotinha sem noção assim. As mulheres de Da Zhong são delicadas; choram por qualquer coisa. Alguém como ele devia estar com uma filha da Região Oeste — ousada e sem amarras, como uma águia — isso sim combina com ele.

Ela acariciou a pequena serpente enrolada ao redor do braço.

— Esse tipo de flor cultivada em estufa realmente não chama atenção.

— Ela não é uma flor delicada de estufa.

Pensando naquele rosto jovem que contradizia a idade, Zhuo Qi curvou os lábios em um leve sorriso.

— Ela é uma víbora.

— Uma víbora? — Yi Lin Na não entendeu bem o que ele quis dizer. — Então vou deixar minha Princesa Venenosa mordê-la até a morte.

Quando Zhuo Qi estava prestes a responder, avistou ao longe um cavalo se aproximando com duas pessoas montadas. Rapidamente, puxou Yi Lin Na para o lado, escondendo-se atrás de alguns arbustos.

O cavalo parou diante deles, e os dois cavaleiros desmontaram. À medida que se aproximavam, ficou claro que eram um homem e uma mulher. A garota parecia uma criança, segurando a mão do homem enquanto caminhavam lentamente em direção àquele lado.

— É ela? — Zhuo Qi ficou levemente surpreso, depois sorriu. — Interessante.

— Gege? — Yi Lin Na o segurou bem no momento em que ele parecia prestes a se levantar. — O que você vai fazer?

— Lin Na, o seu Príncipe Consorte está ali — disse ele.


Capítulo 74: A Princesa da Região Oeste
Han Yan tinha vindo até o topo da montanha com Fu Yunxi só por curiosidade, sem esperar encontrar dois visitantes inesperados.
Naquele momento, ela e Fu Yunxi olharam para as duas pessoas à sua frente, franzindo levemente as sobrancelhas.
O homem de manto escuro a cumprimentou calorosamente:
— Menininha, nos encontramos de novo!
Era Zhuo Qi, o assassino que invadira a mansão naquela noite.
Han Yan o ignorou, mas seu olhar foi atraído pela garota ao lado dele. Em suas duas vidas, nunca tinha visto uma menina tão bela, que parecia um espírito brincalhão no mundo, irradiando um charme intoxicante. Ela estava fixada em Fu Yunxi, seus olhos como joias, cheios de um afeto não disfarçado. Instintivamente, Han Yan sentiu um lampejo de desagrado.
Percebendo que Han Yan o ignorava, Zhuo Qi sentiu-se um pouco injustiçado.
— Você se esforçou para salvar minha vida naquela noite, e agora nem me reconhece?
Mal terminou de falar, Han Yan sentiu um arrepio em Fu Yunxi, cuja expressão gentil escureceu ao lançar um olhar frio para o homem à sua frente.
— Fu Yunxi! — exclamou a garota de amarelo ao lado dele, com voz incrivelmente doce e encantadora. — Que bom vê-lo!
Ela deu alguns passos à frente.
Han Yan ficou surpresa, olhando para Fu Yunxi, interrogativa:
— Sua amiga?
Se fosse, significava que Zhuo Qi e Fu Yunxi também se conheciam.
Mas Fu Yunxi respondeu friamente:
— Não.
Yi Lin Na fez uma pausa, confusa com suas palavras. Quando viu as mãos entrelaçadas de Fu Yunxi e Han Yan, perguntou a Han Yan com um tom desagradável:
— Quem é você?
Percebendo pela expressão dela que essa garota excepcionalmente bonita estava apaixonada por Fu Yunxi, e já que Fu Yunxi afirmara que não eram amigos, sua posição ficou clara. Han Yan sorriu levemente e disse casualmente:
— A Princesa Consorte de Xuanqing.
Era a primeira vez que Han Yan reconhecia seu título diante dele. Fu Yunxi não pôde evitar olhar para baixo, vendo Han Yan erguer a cabeça como um cisne orgulhoso. Embora sua postura fosse gentil e educada, seu olhar era bastante altivo. Mesmo que sua beleza não rivalizasse com a da garota encantadora, sua presença firme ofuscava a adversária. Ele inconscientemente esboçou um leve sorriso.
Talvez fosse o traço de indulgência na expressão de Fu Yunxi que chamou tanta atenção, ou talvez a declaração de Han Yan como "Princesa Consorte de Xuanqing" tivesse irritado Yi Lin Na.
Ela ergueu a mão, e a pequena serpente colorida enrolada em seu braço de repente lançou-se em direção a Han Yan.
A expressão de Zhuo Qi mudou, e antes que pudesse agir, viu Fu Yunxi puxar Han Yan para trás de si. Ninguém conseguiu ver como ele se moveu, mas num instante, ele já segurava a serpente em sua mão.
— Minha Princesa Venenosa! — gritou Yi Lin Na, sentindo uma mistura de ciúmes e ódio pela protegida Han Yan, quase pulando de raiva. — Solte minha Princesa Venenosa!
Han Yan puxou decisivamente uma pequena garrafa do bolso e sem hesitar polvilhou seu conteúdo sobre a serpente. Fu Yunxi assistiu confuso enquanto a serpente se contorcia algumas vezes e depois ficou imóvel.
— O que você fez? — os olhos de Yi Lin Na ficaram vermelhos ao ver aquilo. Sua amada Princesa Venenosa tinha sido morta por aquela mulher — isso era imperdoável.
Fu Yunxi relaxou o aperto, e a serpente morta caiu no chão.
Han Yan riu:
— Parece que você não é das Planícies Centrais, então talvez não saiba que aqui temos o costume de usar enxofre para afugentar cobras e insetos venenosos. Infelizmente para você, eu trouxe um pouco de enxofre hoje.
Zhuo Qi assistia à cena com grande interesse. Ele já esperava que essa garota nunca se deixasse manipular facilmente. Yi Lin Na era impulsiva, e era natural que Han Yan lidasse com ela.
No entanto, Yi Lin Na não via assim. Para ela, Fu Yunxi jamais se envolveria com mulheres, mas aquela mulher dizia ser sua Princesa, e ele a tratava com tanto carinho. Isso a deixava ansiosa.
Assim, a garota que ocupava o afeto de Fu Yunxi e que matara sua Princesa Venenosa tornou-se uma inimiga que ela precisava eliminar. Pensando nisso, ela gritou:
— Quero que pague com sua vida!
Com isso, saltou no ar, sacando uma adaga curva da cintura e balançando-a em direção a Han Yan.
A expressão de Fu Yunxi ficou fria.
— Você não sabe quando parar.
Ele avançou com a palma da mão, desferindo um golpe cheio de força imensa. Yi Lin Na percebeu tarde demais que não conseguiria desviar, mas no momento crítico, Zhuo Qi avançou para receber o golpe por ela. Apesar de suas habilidades marciais superiores, Zhuo Qi foi empurrado para trás alguns passos.
Quando se recompôs, olhou para Fu Yunxi:
— Alteza, suas habilidades melhoraram muito ao longo dos anos.
Fu Yunxi lançou-lhe um olhar.
— Você ainda está vivo.
Zhuo Qi riu com vontade.
— Claro que estou! Como já disse antes, Alteza tem talento para realizar grandes feitos. Se você fosse para a Região Oeste...
— Isso é impossível. — Fu Yunxi o interrompeu.
Então Yi Lin Na gritou:
— Fu Yunxi, você realmente gosta dela?
Han Yan ficou surpresa, e então ouviu a voz fria de Fu Yunxi:
— Ela é minha Princesa Consorte.
Ao ouvir essa resposta, Han Yan sentiu uma leve decepção no coração, embora não demonstrasse. Yi Lin Na lançou um olhar de ressentimento para Han Yan:
— O que há de bom nela? Como você pôde escolhê-la como sua Princesa Consorte? O que ela tem que eu não tenha?
Han Yan não pôde deixar de sorrir amargamente. Desde que se tornou a Princesa Consorte de Xuanqing, a coisa mais comum que as pessoas diziam sobre ela era o quanto ela tinha sorte. Ela era apenas filha de um oficial de quinta patente, sem beleza nem talento, e mesmo assim havia se tornado a única Princesa Consorte de Xuanqing.
Ela se perguntava como teria sido vista em sua vida passada, quando era esposa do herdeiro de Wei Rufeng. Naquela época, sua reputação era ainda mais infame, mas ela nunca havia saído do casarão para saber quais rumores circulavam lá fora. Perdida em pensamentos, sentiu calor na palma da mão e percebeu que Fu Yunxi segurava sua mão.
— Aos meus olhos, ela te supera em todos os aspectos.
— Você! — Nunca ninguém havia lhe falado daquele jeito. Por mais mimada que Yi Lin Na fosse, não pôde evitar que lágrimas brotassem, incapaz de entender por que Fu Yunxi tratava aquela mulher com tanto afeto, enquanto era tão duro com ela.
Han Yan ouviu suas palavras e não resistiu a olhar para ele. Fu Yunxi vestia branco, parecendo puro e frio, mas a maneira como a protegia era incrivelmente quente.
— O príncipe e a Princesa Consorte realmente têm um vínculo profundo — disse Zhuo Qi sorrindo, dando um passo à frente e fixando o olhar em Han Yan. — Se não fosse pelo fato de que você já é a Princesa Consorte...
Antes que ele terminasse, seu tom galanteador já fazia Fu Yunxi se sentir incomodado.
— Ninguém ousa tocar na minha Princesa Consorte — falou friamente. — Quem fizer, será morto sem misericórdia.
Yi Lin Na puxou a mão de Zhuo Qi.
— Gege, vamos. Já que eles são tão arrogantes, deixemos que percam de forma convincente antes de puni-los lentamente.
Zhuo Qi sorriu maliciosamente.
— Você está certa.
Ele piscou para Han Yan.
— Princesa Consorte, se você realmente quiser me recompensar com seu corpo, eu não vou negar.
A expressão de Fu Yunxi escureceu ainda mais, e Yi Lin Na gritou para ele:
— Esta princesa sempre cumpre suas promessas! Fu Yunxi, você vai ser meu marido!
Depois de falarem, os dois usaram suas técnicas de leveza e desapareceram da vista de Han Yan. Fu Yunxi os observou partir friamente, sem persegui-los, mas logo percebeu que Han Yan estava estranhamente silenciosa. Curioso, olhou para ela.
Naquele momento, o rosto de Han Yan não demonstrava expressão, mas seu coração parecia estar em turbilhão. Ela falou lentamente:
— Ela... é uma princesa?
Um pensamento inquietante surgiu em sua mente.
Fu Yunxi respondeu:
— A Princesa da Região Oeste, Yi Lin Na.
As palmas de Han Yan ficaram geladas.
Na vida passada, Fu Yunxi havia se casado com essa Princesa da Região Oeste. Naquele tempo, ele estava gravemente doente, e só essa princesa tinha os meios para salvá-lo. Por acaso, Yi Lin Na e seu enviado vieram a Da Zhong e, sob o pretexto de exorcizar má sorte, casaram-se na família real de Xuanqing. O imperador, que havia mimado o próprio irmão desde a infância, sentiu-se impotente e permitiu, já que Yi Lin Na tinha um plano. Para surpresa de todos, depois de apenas seis meses de casamento, a doença de Fu Yunxi melhorou lentamente, e diziam que era a bênção trazida pela Princesa da Região Oeste.
Na vida passada, Han Yan nunca conhecera essa princesa. Embora tivesse suspeitado da identidade da garota que admirava Fu Yunxi, supôs que fosse apenas mais uma entre tantas. Nunca esperou que Yi Lin Na dissesse aquela frase final, que parecia mera provocação, mas fez o coração de Han Yan disparar!
Essa Princesa da Região Oeste realmente havia aparecido!
Ela fora descuidada demais; embora o caminho à frente parecesse tranquilo, esquecera a crise potencial que se escondia no futuro. Tornara-se a Princesa de Xuanqing, mas ignorara a existência de uma Princesa da Região Oeste!
Fu Yunxi percebeu que ela silenciara assim que ouvira o título da Princesa da Região Oeste, sua expressão mudando de forma imprevisível. Normalmente calma, ele sentiu uma leve angústia no coração de Han Yan naquele instante. Após um breve silêncio, ele estendeu a mão e acariciou delicadamente sua cabeça.
— Não tenha medo.
Han Yan sentiu um sorriso amargo se formar no peito. Ela não temia essa Princesa da Região Oeste. Contudo, se a história se repetisse, Fu Yunxi logo adoeceria gravemente, e o casamento deles enfrentaria obstáculos. Qual era exatamente a doença dele? A ideia de alguém tão notável ficando cada vez mais fraco a deixava inquieta. Se ele adoecesse novamente e só aquela Princesa da Região Oeste pudesse salvá-lo, o imperador provavelmente ordenaria pessoalmente o casamento.
E quanto a ela? Será que realmente aceitaria deixar Fu Yunxi ir e ver outra mulher se tornar sua Princesa Consorte?
O olhar de Han Yan ficou um pouco melancólico.
Talvez percebendo a mudança em seu humor, Fu Yunxi tomou as rédeas do cavalo e sinalizou para que voltassem ao casarão. Os dois permaneceram em silêncio durante o trajeto; Han Yan se encostou em seu peito quente, sentindo o calor da respiração dele perto do ouvido. Comovida, falou:
— Alteza, você deve sempre ser cauteloso.
Fu Yunxi não entendeu suas palavras, pausou por um momento e respondeu com um simples:
— Mm.
Han Yan então acrescentou:
— Nem mesmo aqueles ao seu redor podem ser confiáveis; você não deveria deixar ninguém tocar na sua comida.
Se a doença de Fu Yunxi realmente fosse causada pela Princesa da Região Oeste, certamente ela poderia resolvê-la. Han Yan pensava que, se quisesse evitar o cenário de ele adoecer, precisaria prevenir as circunstâncias que levaram a isso. A comida era o meio mais fácil para envenenamento; se tivessem cuidado, talvez pudessem evitar a tragédia futura.
Esquemas e enganos — ela poderia evitá-los, planejar com antecedência, virar o jogo e revidar sem mover um músculo. Mas nascimento, envelhecimento, doença e morte são calamidades do destino humano, inevitáveis e incertas.
Fu Yunxi não respondeu às suas palavras, apenas perguntou:
— O que há de errado?
O comportamento incomum de Han Yan durante todo o trajeto o deixou desconfiado. Aquela seria supostamente a primeira vez que ela encontrava Yi Lin Na, mas ao saber que ela era a Princesa da Região Oeste, a expressão chocada de Han Yan indicava que algo acontecera. Será que ela... conhecia Yi Lin Na?
Como uma jovem bem criada como ela teria qualquer ligação com a Princesa da Região Oeste? Sem contar a distância entre seus dois países, ele mesmo só tinha encontrado Yi Lin Na uma vez no campo de batalha. Han Yan nunca saíra da capital, e Yi Lin Na nunca visitara Da Zhong; o nome Princesa da Região Oeste não era muito conhecido. Mas a expressão de Han Yan lhe dizia que ela conhecia Yi Lin Na.
Isso o fez querer investigar mais a fundo. Han Yan parecia igual a outras filhas da capital, mas, se havia alguma diferença, era sua calma assustadora e sua astúcia que não combinavam com sua idade. Quanto mais ele se aproximava dela, mais sentia seu mistério. Às vezes, até parecia que seu olhar refletia alguém que já vira tudo, observando silenciosamente a repetição dos velhos eventos.
Yi Lin Na não conhecia Han Yan, mas Han Yan conhecia Yi Lin Na. Fu Yunxi entendeu que Han Yan não era alguém que se envolvia em assuntos triviais. Tudo o que ela fazia tinha forte propósito. Muitas vezes, suas ações pareciam inexplicáveis, mas pavimentavam seu próximo movimento. Então, que segredo havia entre ela e Yi Lin Na?
Han Yan percebeu o olhar investigativo dele e sorriu:
— Parece que pessoas da Região Oeste infiltraram-se em Da Zhong. Você, como Príncipe, também deve estar em perigo. É sábio ser cauteloso.
— Aquele sujeito é um Príncipe da Região Oeste — respondeu Fu Yunxi.
Han Yan ficou surpresa.
— Você quer dizer Zhuo Qi? — Ao perceber que havia deixado escapar o nome, entendeu que, ao pronunciá-lo, Fu Yunxi saberia que eles já se conheciam. Então explicou: — Ele foi o assassino que invadiu a mansão naquela noite.
Fu Yunxi disse:
— Fique longe dele daqui para frente.
Han Yan assentiu.
— Mas por que pessoas da Região Oeste estão em Da Zhong? Se fossem cidadãos comuns, até faria sentido, mas por que estão aqui como Príncipe e Princesa reais? Isso levanta suspeitas sobre suas intenções.
— A Região Oeste está em tumulto interno — respondeu Fu Yunxi, com expressão sombria. — Eles vieram a Da Zhong para escapar da perseguição e buscar refúgio da guerra entre as duas nações.
Han Yan franziu o cenho. O governante atual da Região Oeste era um homem chamado Tu’er Mu. Seria uma disputa pelo poder envolvendo Zhuo Qi? Se ele estava sendo caçado, seria um decreto de Tu’er Mu? Se estavam em Da Zhong, os assassinos realmente seguravam um pouco; não era à toa que haviam fugido para cá. Lembrando das cicatrizes de Zhuo Qi daquela noite, começou a entender. Mas outra dúvida surgiu: naquela noite, as autoridades afirmaram claramente que houve uma tentativa de assassinato contra o imperador.
Uma pessoa caçada, que esconde o paradeiro, jamais seria tola de tentar matar o imperador e se expor assim. A única explicação é que o verdadeiro assassino não era Zhuo Qi, mas alguém que jogou toda a culpa nele, com o governo participando dessa conspiração.
Se Zhuo Qi fosse capturado, quem mais se beneficiaria seria Tu’er Mu, mas Tu’er Mu está longe na Região Oeste, o que sugere que alguém da grande seita o está ajudando.
Parece que pessoas da grande seita estão conspirando com os da Região Oeste, e quem manda no governo deve ocupar cargo alto!
Embora Han Yan considerasse sua própria situação emaranhada e complicada, não podia perder tempo com isso agora. Se pessoas da Região Oeste conspiravam com aquelas na corte, a grande seita estaria em grave perigo. Quando o ninho desaba, como haveria ovos intactos? Suas próprias mágoas pareciam insignificantes diante das inimizades nacionais!
Pensando nisso, ela compartilhou tudo com Fu Yunxi.
Depois de ouvir, Fu Yunxi olhou para ela com uma mistura de apreço e complexidade. Sempre soubera que ela era sábia para a idade, mas se surpreendia com seu entendimento claro dos assuntos do governo e como ela rapidamente apontara a raiz do problema. Desembaraçando os fios, havia descoberto pistas sutis — algo que até seus colegas da corte, que serviam há anos, talvez não notassem.
— Quem é exatamente essa garota?
Pela primeira vez, duvidou de sua identidade. Uma filha comum de família nobre poderia compreender o quadro geral, mas dificilmente analisaria as coisas com tamanha perspicácia.
Desde que soube que Han Yan era a garotinha de sete anos atrás, ordenou investigar a casa Zhuang e descobriu que ela não era favorecida, sofrendo opressão das concubinas. Embora ficasse quieta, bordando e estudando, seu entendimento sobre assuntos da corte era surpreendentemente profundo.
Deixando os pensamentos de lado, Fu Yunxi olhou para Han Yan e disse pensativo:
— É verdade. Tenho investigado isso nos últimos dias. As pessoas da Região Oeste têm más intenções, então você deve tomar cuidado.
Han Yan assentiu, então lembrou de Yi Lin Na, e seu tom ficou estranho:
— Você também deve se proteger. Aquela Princesa parece gostar muito de você. Se ela realmente levar você para a Região Oeste como consorte…
— Ciumenta? — Ele arqueou a sobrancelha, olhando para Han Yan com um sorriso provocador, claramente divertido.
Han Yan retrucou:
— Que besteira é essa que você está falando?
Ele riu baixinho, e a irritação dela diminuiu um pouco diante da brincadeira.
Enquanto isso, na casa Zhuang, a Concubina Mei estava aninhada junto a Zhuang Shiyang. Sua barriga já começava a aparecer por causa da gravidez, mas, ao contrário de outras mulheres grávidas, sua pele permanecia vibrante e radiante. No entanto, Zhuang Shiyang estava cauteloso com a gravidez e não se atrevia a consumar o relacionamento há vários dias.
Concubina Mei disse docemente:
— Mestre, minha barriga está crescendo cada vez mais. Você prometeu que, se eu lhe desse um filho, eu seria a dona desta casa. Por que não fala mais nisso? É sério ou não?
Ao ouvir isso, Zhuang Shiyang hesitou. Era verdade que Concubina Mei carregava seu filho, e se fosse um menino, isso seria benéfico. Mas o status dela ainda era baixo, e elevá-la à posição de esposa principal, especialmente sendo uma mulher Hu, provavelmente traria zombaria.
Vendo sua expressão mudar, Concubina Mei fez bico:
— Mestre, você está mesmo me enganando! Ai, a criança na minha barriga pode ouvir você — como dói…
Agora, Zhuang Shiyang via a criança na barriga de Concubina Mei como seu maior desejo. Entrou em pânico e correu para chamar um médico, repetindo:
— Desde que você me dê um filho, prometo que será a esposa legítima desta casa!
Infelizmente, essa conversa foi ouvida pela Concubina Zhou, que acabara de entrar no quarto. Ela congelou por um momento, e raiva e ressentimento rapidamente tomaram seu rosto. Cerrou os dentes e saiu.


Capítulo 75: Conversinhas Doces
Ao ouvir a promessa de Zhuang Shiyang de tornar Concubina Mei sua esposa legítima, Concubina Zhou ficou tomada de ciúmes e voltou para o Jardim Furong. Lá dentro, Lady Zhou cochilava no pátio. Ao ouvir a voz de Concubina Zhou, levantou a cabeça e perguntou:
— O que houve?
Concubina Zhou sentou-se ao lado dela, cada vez mais furiosa:
— Ele quer fazer daquela mulher baixa sua esposa legítima!
Lady Zhou entendeu imediatamente a quem ela se referia e sorriu:
— Finalmente está com medo?
Concubina Zhou tocou a barriga e disse:
— Eu também carreguei o filho dele uma vez. — Os olhos se encheram de amargura. — Mas meu filho morreu por causa dele. E ele nem sente culpa, ainda quer elevar aquela mulher baixa à posição de esposa!
Lady Zhou lançou-lhe um olhar sedutor e falou suavemente:
— Nenhum homem é bom, já te disse isso antes. Mas você não precisa se preocupar demais com essa mulher Hu. O status dela é muito baixo. Se Zhuang Shiyang realmente quisesse torná-la esposa, já teria feito isso há muito tempo.
Concubina Zhou respondeu ansiosa:
— Mas as coisas são diferentes agora; ela está grávida. Se ela tiver um filho...
Os olhos de Lady Zhou brilharam com um toque de malícia.
— E se for um filho? Só precisamos garantir que ela não dê à luz.
— Você está sugerindo... — Concubina Zhou sentiu o coração disparar.
— Zhuang Han Yan está cada vez mais arrogante — continuou Lady Zhou. — Seria perfeito usar a mão dela para eliminar a criança na barriga daquela mulher Hu.
Concubina Zhou hesitou:
— Mas ela agora é Princesa Consorte. Mesmo que quiséssemos agir, o Mestre não ousaria fazer nada contra ela.
Lady Zhou sorriu:
— Talvez ele não possa fazer nada contra ela, mas se aquela criança na barriga da mulher Hu sumir, ela perde seu trunfo e naturalmente não ameaçará sua posição. — Abriu as mãos, examinando as unhas feitas. — Quanto a Zhuang Han Yan, quando vazar que ela conspirou contra o filho de uma concubina do pai, esse rótulo vai grudar. Na capital, será impossível para ela viver em paz.
Naquela época, a reputação de uma mulher valia mais que tudo; um bom nome era mais importante que beleza ou talento. Se uma filha bonita de família rica manchasse sua reputação, seria incrivelmente difícil casar-se bem. Mesmo sendo Princesa Consorte de Xuanqing, se circulassem boatos de que Han Yan tramou contra uma concubina do pai, seria vista como maliciosa. Se isso chegasse ao imperador e à imperatriz viúva, conhecidos por serem exigentes quanto ao casamento do Príncipe Xuanqing, certamente desprezariam o caráter de Han Yan e talvez ordenassem a Fu Yunxi que a dispensasse antes do casamento.
— Esse assunto não podemos resolver — disse Lady Zhou, com os olhos estreitos brilhando astutamente. — Que a Princesa Consorte de Xuanqing cuide disso.
— Então o que devemos fazer? — Neste momento, Concubina Zhou confiava plenamente em Lady Zhou, acreditando em cada palavra. Lady Zhou levantou-se e mandou as criadas que estavam por perto saírem.
— Tenho uma ideia.
Enquanto isso, Zhuang Shiyang estava em seu escritório redigindo um documento oficial. Desde que fora rebaixado para um oficial de quinta classe, tinha que cuidar pessoalmente de todas essas tarefas triviais, o que o deixava irritado e relutante. As coisas andavam mal; sua filha Han Yan, que sempre desprezara, havia se casado com a família real rival de Xuanqing, irritando o herdeiro da família Wei. Felizmente, ainda havia Yushan, que entrara na família Wei como consorte secundária.
Ele suspirou profundamente, observando a criada carregando doces enquanto se movia ao seu lado. Seu olhar caiu sobre a figura graciosa dela.
Desde que Concubina Mei ficou grávida, ele não dividira mais a cama com ela. Concubina Wan fora negligenciada por anos, mas isso era outra história. Quanto à Concubina Zhou, após seu aborto, seu desprezo por ela só aumentou. Numa mansão tão grande, nem havia uma companheira de cama para aquecer.
Pensando nisso, puxou de repente a criada, que se abaixava para pegar os doces, para um abraço apertado.
A jovem tinha uns quinze ou dezesseis anos, pele clara e delicada, mas faltava-lhe charme. Zhuang Shiyang inicialmente quis se entregar ao seu fascínio, mas ao ver seus movimentos desajeitados, lembrou da graça sedutora habitual de Concubina Mei e perdeu o interesse. Soltou-a dizendo:
— Pode ir agora.
Pensou consigo mesmo que deveria pedir ao mordomo para comprar umas criadas bonitas nos próximos dias; antes não sentia isso, mas agora percebeu que suas concubinas realmente estavam faltando.
A criada, solta por Zhuang Shiyang, ficou momentaneamente atônita. Achava que ele gostara dela e queria agradá-lo para subir de posição. Inesperadamente, foi afastada, ficando confusa.
Vendo-a ali parada, zonza, Zhuang Shiyang ficou ainda mais irritado. Baixou a voz:
— O que ainda está fazendo aí? Saia.
Com os olhos cheios de lágrimas, a criada corou e recuou. Zhuang Shiyang, aborrecido, bateu com força o pincel na mesa.
Nesse instante, a porta rangeu e se abriu novamente. Sem olhar, Zhuang Shiyang jogou um prato de doces na intrusa, gritando:
— Não ouvi que mandei você sair?
O prato caiu no chão, e uma voz suave, um pouco aflita, chamou:
— Cunhado...
Ao ouvir aquela voz, Zhuang Shiyang ergueu o olhar de repente e viu, parado na porta, ninguém menos que Lady Zhou.
Hoje, Lady Zhou usava um vestido leve cor de rosa claro, transparente, que destacava sua pele clara de forma ainda mais delicada. Seus lábios eram naturalmente rosados, as sobrancelhas sem maquiagem, mas encantadoras, o rosto como uma placa de prata e os olhos em formato de amêndoas, suaves e graciosos. Enfeitada com um grampo de cabelo em forma de fênix, feito de pérolas do Mar do Sul, irradiava beleza. Comparado às roupas anteriores, estava claro que ela caprichara mais na aparência. Já era uma mulher excepcionalmente linda, e assim vestida parecia quase celestial.
Diferente da criada seca de antes, embora agora fosse mãe, exalava um charme incrível, com uma sedução que faltava às moças jovens. Zhuang Shiyang sempre fora fascinado por Lady Zhou e, após tanto tempo se contendo, ver sua mulher dos sonhos quase o fez pular para frente.
Mesmo assim, conseguiu reprimir o impulso e levantou-se educadamente:
— O que a traz aqui?
Lady Zhou sorriu suavemente, os olhos cheios de preocupação:
— Soube que você anda mal de saúde recentemente, por isso vim ver como está.
— Lan’er... agradeço sua preocupação. — Zhuang Shiyang se sentiu lisonjeado com o cuidado dela.
Lady Zhou baixou a cabeça e sussurrou:
— Claro que me preocupo com você.
Como não havia mais ninguém fora do escritório, Zhuang Shiyang, comovido pela atitude doce dela, se aproximou e disse:
— Lan’er, eu realmente gosto de você.
Suas palavras eram meio sinceras, meio falsas; ele sempre preferira mulheres gentis, e o que inicialmente o atraíra em Concubina Zhou fora sua atenção. Mas, comparada a Lady Zhou diante dele, Concubina Zhou parecia insignificante. Lady Zhou parecia feita de água, cada sorriso e cada franzir de testa pingava sedução. Zhuang Shiyang nunca encontrara mulher que o mexesse assim e, mesmo ela sendo a concubina favorita do Grande Tutor Zhang, sentiu vontade de se entregar à traição.
Ele abraçou Lady Zhou com força, chamando:
— Lan’er...
Vendo que ela só se debatia levemente, sem resistência, sentiu-se exultante e a carregou para a grande cama atrás do escritório.
Após a união, Lady Zhou se aninhou suavemente nos braços de Zhuang Shiyang e disse:
— Cunhado...
Zhuang Shiyang não corrigiu o tratamento; na verdade, essa conotação proibida o fazia sentir um prazer extra na traição. Ele inclinou-se, inalou o cheiro do cabelo perfumado dela e, com voz rouca, perguntou:
— O que houve?
— Lan’er tem um pedido. — Lady Zhou olhou para ele, os belos olhos cheios de esperança e vulnerabilidade.
O coração de Zhuang Shiyang acelerou, pronto para conceder qualquer desejo.
— Qual é? Enquanto eu puder, ajudarei você.
Lady Zhou sorriu e falou:
— Por favor, não faça de Concubina Mei a esposa principal.
Zhuang Shiyang jamais esperara esse pedido e ficou momentaneamente surpreso. Vendo isso, Lady Zhou rapidamente envolveu seus braços jadeados ao redor do pescoço dele e falou suavemente:
— Minha irmã pode ser um pouco teimosa às vezes, mas continua uma pessoa atenciosa e compreensiva. Se você fizer de Concubina Mei a esposa principal, temo que isso parta o coração dela. Sei que não tenho direito de falar, mas não suporto vê-la chorar todo dia. Espero que leve isso em consideração.
Ao ouvir suas palavras, Zhuang Shiyang não pôde deixar de exclamar:
— Lan’er, você pensa nos outros tão profundamente; é mesmo uma mulher de bom coração.
Depois de um momento, acrescentou:
— Agora que te considero minha querida, vou atender seu pedido. Prometo que não farei Mei’er a esposa principal.
Lady Zhou sorriu, mas logo a expressão se tornou sombria novamente. Zhuang Shiyang percebeu a mudança e perguntou imediatamente:
— Tem mais alguma coisa que te incomoda, Lan’er?
— Agora que temos esse laço, — Lady Zhou baixou o olhar e disse — eu te admiro, mas já sou concubina de outro. Gostaria que tivéssemos nos conhecido antes do meu casamento. Depois desta noite juntos, só espero que você esqueça, e que não tenhamos mais nenhum vínculo.
Zhuang Shiyang ficou alarmado:
— Como assim? Lan’er, eu só quero você.
Lágrimas brilhavam nos olhos de Lady Zhou:
— Mas nosso relacionamento não pode ser visto por ninguém. Nunca poderemos aparecer juntos publicamente. Nem mesmo desejo isso; como suportaria esse tipo de afeto?
— Lan’er — disse Zhuang Shiyang, relutante em se separar de uma beleza assim — se quiser, encontrarei a coisa mais especial do mundo como símbolo do nosso amor, algo que te lembre de mim sempre que olhar.
Lady Zhou o olhou:
— Você fala sério?
— Absolutamente — respondeu ele com firmeza.
Só então Lady Zhou sorriu entre as lágrimas:
— Não preciso da coisa mais especial do mundo; só quero a coisa mais especial da mansão Zhuang.
Vendo o sorriso dela, Zhuang Shiyang suspirou aliviado:
— Se é isso que deseja, qualquer coisa estará ao seu alcance.
Lady Zhou disse brincando:
— Quero que coloque todos os tesouros da mansão Zhuang diante de mim, para que eu escolha meu favorito. Cunhado, você toparia?
Enquanto falava, os olhos dela brilhavam como uma raposinha encantadora, e Zhuang Shiyang já estava cativado, incapaz de resistir ao movimento no peito, murmurando:
— Claro, claro.
Com isso, mais uma vez a envolveu ternamente.
Não demorou para chegar o dia do retorno de Zhuo Yushan para casa.
Quando Han Yan foi chamada para o salão principal por Zhuang Shiyang, logo avistou Zhuang Yushan, aninhada ao lado de Wei Ru Feng, sorrindo de forma encantadora.
Ao vê-la entrar, Zhuang Yushan chamou calorosamente:
— Quarta Irmã.
Han Yan ergueu o olhar para ela; comparada à aparência na residência antes, Zhuang Yushan parecia muito mais radiante agora. Hoje, vestia um robe de brocado vermelho suave, bordado com penas, e a cabeça cheia de enfeites em formato de olho de gato, contas de coral, e as mãos adornadas com várias pérolas e peças esmaltadas. Ao se mover, seus acessórios tilintavam elegantemente, exalando opulência. Parecia que Wei Ru Feng a tratava muito bem. Han Yan sorriu e disse:
— Irmã Yushan, cunhado.
O termo “cunhado” soou particularmente desagradável para Wei Ru Feng. Seu olhar pousou em Han Yan, que parecia ter crescido um pouco, mas ainda usava dois coques redondos no cabelo. Trazia no pescoço um colar de joias pendentes, um único bracelete no pulso, um grampo de jade azul no cabelo, e vestia uma jaqueta em tom pêssego, um colete rosa e uma saia plissada branca — bem simples e sem adornos, parecendo uma boneca de porcelana. Quem diria que ela era a Princesa Consorte de Xuanqing?
No entanto, seus olhos sorridentes eram curiosamente tranquilos, e embora seus lábios se curvassem num sorriso, havia um ar de escárnio. O sutil orgulho que exalava era verdadeiramente digno do título “Princesa”. Wei Ru Feng não pôde deixar de encará-la, meio hipnotizado.
Zhuang Yushan percebeu o comportamento incomum de Wei Ru Feng, e seu coração se apertou. Olhou para Han Yan com um olhar afiado e, entrelaçando seu braço ao de Wei Ru Feng, disse brincando:
— Mestre, vou levá-lo para conhecer minha mãe.
Concubina Zhou, que agora estava acamada, raramente saía do Pátio Gongtong. Wei Ru Feng sorriu gentilmente:
— Tudo bem.
Sua voz estava excepcionalmente quente, e sua atitude para com Zhuang Yushan era íntima, pintando claramente a imagem de um casal apaixonado. Lady Zhou e Zhuang Shiyang, parados ao lado, assentiram satisfeitos. Wei Ru Feng lançou um olhar para Han Yan, notando sua indiferença, como se ela não o considerasse nem um pouco, o que o irritou. Ele bufou friamente e saiu apressado.
Sentindo-se aborrecida ali parada, Han Yan decidiu voltar para seu próprio Pátio Qingqiu.
Ji Lan comentou:
— O herdeiro antes estava tão empenhado em se casar com a senhorita, mas agora que a segunda senhorita entrou na casa, veja só o resultado. É realmente desanimador.
Shu Hong franziu levemente a testa.
— Melhor não falar demais. A jovem senhorita ainda não se casou com ele, não é? Se o herdeiro fosse do tipo volúvel, quem sofreria seria a segunda senhorita.
Ji Lan ficou indignada.
— Você não viu a expressão da segunda senhorita? É só uma concubina secundária; ela realmente se acha alguém especial. Os olhos quase alcançam o céu, e ainda ousa menosprezar nossa jovem senhorita. Será que ela não sabe que nossa jovem senhorita é a Princesa Consorte de Xuanqing e nem é tão ostensiva quanto ela? O que há para se orgulhar?
Shu Hong achou a situação ao mesmo tempo divertida e irritante.
— Por que comparar nossa jovem senhorita com ela?
— Exatamente. — Ji Lan lançou um olhar para Han Yan, que não demonstrava intenção de interrompê-la, e continuou: — Não foi só por causa do relacionamento físico com o herdeiro que ela entrou na residência Wei? Tsc! Que vergonha.
A conversa das duas criadas pouco incomodava Han Yan, mas ela estava intrigada. Wei Ru Feng antes demonstrava desprezo por Zhuang Yushan, mas agora encenava um amoroso disfarce na residência Zhuang. Ele claramente não temia Zhuang Shiyang, então quem estaria tentando impressionar?
Han Yan pensou: será que ele está tentando impressionar a mim?
Ela não pôde deixar de rir baixinho. Se era mesmo para impressioná-la, estava muito enganado. Se Zhuang Yushan queria usar a ligação com Wei Ru Feng para provocá-la, Han Yan sorriu levemente — então era hora de apressar o casamento da filha do Ministro Direito, Li Jia Qi.
Ao voltar para o Pátio Qingqiu, Han Yan despediu-se de Ji Lan e Shu Hong, que foram cuidar de outras tarefas. Ela se recostou meio de lado em um pequeno sofá no pátio, preguiçosamente tomando sol enquanto trabalhava em um bastidor de bordado.
De repente, passos soaram atrás dela. Han Yan parou e viu uma sombra alta se alongando à luz do sol. Pensando que fosse Fu Yunxi aparecendo sem avisar, ela se virou, só para ficar surpresa:
— Como é que é você?
Wei Ru Feng olhou para ela friamente.
— Você realmente me odeia tanto assim?
Han Yan sentiu-se ao mesmo tempo divertida e exasperada. O que ela havia feito para merecer seu ódio?
— Você está se escondendo aqui, sem querer me ver. É porque ainda me guarda ressentimento por causa daquela coisa entre você e sua irmã? — Wei Ru Feng deu um passo adiante, tentando ler alguma emoção no rosto de Han Yan.
Infelizmente, ela apenas recuou um passo.
— Irmã e cunhado são feitos um para o outro. Eu deveria estar os parabenizando, não os odiando. — Mas em seus pensamentos, ela achava a mente de Wei Ru Feng cada vez mais difícil de entender. Será que ele realmente achava que ela guardava rancor por causa do relacionamento íntimo entre Zhuang Yushan e ele?
Ao ouvir suas palavras, a expressão de Wei Ru Feng mudou, e depois de um momento, disse:
— De fato, você e Fu Yunxi devem estar juntos há bastante tempo.
Ele falar assim sobre si mesmo já era uma coisa, mas ao mencionar Fu Yunxi de forma tão depreciativa, Han Yan se irritou inesperadamente. Respondeu friamente:
— Suas palavras estão fora do lugar, herdeiro. Meu noivado com o Príncipe é algo que o Imperador decretou pessoalmente. Você está questionando a decisão do Imperador? Se for esse o caso, posso ajudar você a pedir esclarecimentos ao Grande Inquisidor na audiência de amanhã pela manhã. Posso representá-lo para pedir uma explicação ao Imperador.
Suas palavras foram firmes, não dando a ele chance de respirar. Naturalmente, Wei Ru Feng não tinha intenção alguma de questionar o Imperador, e o que Han Yan disse o deixou sem palavras. Ver que ela não tinha nenhum afeto por ele despertou uma raiva inexplicável em seu coração.
— Então você gosta mesmo é do Fu Yunxi!
— Se você só veio aqui para me questionar sobre meus sentimentos pelo Príncipe, deixe-me esclarecer de uma vez por todas para que pare de insistir. — Han Yan o encarou, com o tom resoluto. — Ouça com atenção: eu compartilho um vínculo profundo e leal com o Príncipe Xuanqing. Somos devotos um ao outro para a vida toda, até ficarmos velhos. Admiro sua coragem, sua beleza excepcional, seu caráter íntegro — ele é quem procurei a vida inteira. Eu o amo mais do que qualquer homem neste mundo.
Ela pronunciou essas palavras ousadas sem hesitar, sentindo um pouco de vergonha por declarar as virtudes de outro na frente de alguém. Mas como Fu Yunxi não estava presente, sentiu-se livre para dizer o que quisesse.
Vendo o leve rubor dela, Wei Ru Feng interpretou como timidez diante do nome de Fu Yunxi.
— Agora entendeu, herdeiro? — Han Yan perguntou, pronunciando cada palavra claramente.
— Entendi! — As palavras saíram entre dentes cerrados, cheias de ressentimento. Sua amada declarava abertamente seu amor por outro homem bem na sua frente, o que lhe pareceu uma humilhação — algo que não podia aceitar. Como era justo? Zhuang Han Yan deveria ser sua esposa por direito!
Então Han Yan sorriu de lado.
— Já que entendeu, a irmã Yushan deve estar esperando por você. Vá em frente, herdeiro.
Wei Ru Feng sentiu que se ficasse mais um instante, seu orgulho seria destruído por completo. Bufou friamente e se foi. Mal Han Yan suspirou aliviada, finalmente se livrando do incômodo, ouviu uma voz masculina profunda atrás dela dizer:
— Bem falado.

Postar um comentário

0 Comentários