Os dois caminharam com a colheita abundante, não encontraram ninguém pelo caminho e retornaram para casa sem problemas.
Eles entraram no quintal e Sun XiuYun disse:
"Jiangang, coloque logo essa cesta no chão".
Ela pensou que ele havia caminhado com uma cesta tão pesada nas costas por todo o caminho e devia estar exausto.
Ele sentiu uma sensação de formigamento ardente sob a tira em que a cesta estava apoiada no ombro. Ele imaginou que deveria estar esfolado e não queria que ela visse e se preocupasse:
"Esposa, estou com sede, pode pegar um copo de água para mim?"
"Ué, não trouxemos água?", perguntou Sun Xiuyun, olhando para a garrafa de água ao lado dele.
"Esta água não está mais morna. Você pode me servir um copo de água morna?" (lembre-se de que os chineses não tomam água à temperatura ambiente.)
"Claro, já venho."
Depois disso, ela foi pegar água. Havia água quente na cozinha, que ela havia fervido de manhã, e ainda estava quente na chaleira, então ela voltaria rápido.
No pátio, quando Yang Jiangang a observou entrar em casa, ele rapidamente colocou a cesta das costas no chão. Ele virou a cabeça e olhou – exatamente como pensava, a área do ombro estava sangrando onde a tira da cesta se apoiou. Estava bem feio.
Ele colocou a cesta no chão e queria entrar em casa o mais rápido possível, pegar uma nova camisa para vestir e cobrir a ferida antes que ela saísse, para não deixá-la ver. Se ela soubesse depois, não estaria tão feio como estava agora.
O plano de Yang Jiangang era bom, mas ele não esperava que ela saísse tão rápido. Ela simplesmente o alcançou com o copo de água assim que ele estava prestes a abrir o armário dentro de casa.
"Você está machucado!"
Ele queria esconder, mas Sun Xiuyun viu a ferida em seu ombro de relance, e seu rosto empalideceu em um instante, angustiado.
Ela entendeu por que ele pediu especificamente que ela despejasse água quente – porque não queria deixá-la ver o machucado.
Yang Jiangang olhou para o rosto pálido dela e suspirou secretamente. Ela ainda a observava. Ele fingiu estar relaxado e disse: "É só um arranhão, ficou feio, mas não dói nada. Não se preocupe com isso. Ficará tudo bem amanhã."
"Como assim, ‘não se preocupe com isso’?"
Ela colocou o copo de água na mão de lado e o arrastou para sentar na cadeira. O ombro dele estava vermelho e inchado, e o sangue escorria.
Ela ficou chateada consigo mesma. Ela deveria ter pensado que a cesta que ele trazia nas costas era muito pesada, e o bambu, muito áspero. Ele tirou a blusa e deu para ela... Quanta dor ele deve ter sentido ao longo do caminho! E ele ficou quieto, assim, trazendo todo aquele peso sem dizer uma palavra, apenas cuidando dela montanha abaixo.
Depois de pensar nisso, as lágrimas dela começaram a rolar. Homem bobo! Para quê sofrer tanto, para quê dar as roupas dele? Por quê ele só cuida dela e não de si mesmo, quando está carregando algo tão pesado?
O rosto dela estava pálido e as lágrimas escorriam por ambos os lados. Olhando para a pobrezinha, Yang Jiangang se sentiu angustiado. Ele realmente não deveria deixá-la ver a ferida. Ele se sentiu desconfortável ao vê-la assim. Esse arranhadinho no ombro não significava nada para ele. Esta dor é menos que um décimo de milésimo de ver as lágrimas dela.
Sun Xiuyun aproximou a mão do ombro dele mas não ousou tocá-lo, então ela só pôde se inclinar para frente e soprar em seu ferimento, "fu-fu", chorando enquanto soprava, como se fosse doer ainda mais.
"Esposa! Você é um saco de choro? Você parece gostar de chorar. Não está doendo agora. Você pensa que assoprar é melhor do que remédio?" Yang Jiangang enxugou cuidadosamente as lágrimas dela com seus dedos ásperos. É realmente um saquinho de choro cheio de água, derramando lágrimas a cada passo.
Ela sabia que ele estava brincando para distraí-la, mas ela estava angustiada: "Você ainda está se mexendo. Você pensa que é de ferro? Você finge que não dói, mas planejava esconder de mim que se machucou. Se eu não descobrisse, você ia me deixar saber?"
Ela perguntou, com raiva, agarrando a mão dele que ainda se movia.
Yang Jiangang tossiu levemente e explicou, com a consciência pesada: "Eu não ia esconder. Eu só estava procurando remédio...”
Xiuyun o encarou sem piscar. A expressão dele era culpada.
"Ok, esposa, eu prometo que não farei isso da próxima vez, eu definitivamente não esconderei de você no futuro, tá bem...?"
Yang Jiangang não suportava os olhares dela e estava derrotado, então ele só podia garantir honestamente.
Quando Sun Xiuyun o viu assim, não disse mais nada; então quis rapidamente passar um remédio nele. A pele das costas dele, onde as tiras tinham esfregado, estava completamente esfolada.
"Vou encontrar uma pomada para passar em você."
Yang Jiangang deu um suspiro de alívio e concordou rapidamente:
"Ok, vou ficar aqui sentado, esperando você me dar o remédio." Contanto que ela não chore, ela pode fazer qualquer coisa.
Sun Xiuyun encontrou um frasco de poção amarela na gaveta. Naquele momento, não se vendiam cotonetes, nem mesmo gaze. Ela se virou, abriu o armário e cortou um pijama branco que ela mesma havia feito. O pijama era feito de puro algodão. Ela nunca o usou e, por isso, estava limpo.
Yang Jiangang olhou para a esposa, cortando as roupinhas sem pestanejar. Ele realmente queria perguntar: eu realmente preciso de uma atadura para essa feridinha? Amanhã vai ficar tudo bem! Mas ele não disse nada. A esposa também estava cuidando dele, e por ele, ela não economizava nem o que tinha. Mesmo que ele achasse desnecessário, ele deveria valorizar o amor dela.
É claro que nunca, de jeito nenhum, ele ficou quieto porque tinha medo da esposa, absolutamente não!
Yang Jiangang: "..."
A esposa aplicou o remédio com uma expressão severa e, finalmente, usou o pano cortado para envolver cuidadosamente a área machucada.
Enquanto ela se concentrava em aplicar o remédio, ele a olhou atentamente. Como ele era sortudo por ter uma esposa que se importava tanto com ele.
Depois de passear a manhã toda, Sun Xiuyun estava um pouco sonolenta. Yang Jiangang queria dormir com ela por um tempo, mas Sun Xiuyun não o fez. Ela não queria machucar o ombro dele, então segurou sua mão, se encostou nele e adormeceu.
Yang Jiangang manteve os olhos fechados até ouvir sua respiração constante e saber que ela estava dormindo. Então, gentilmente, trouxe a cabeça dela para seus braços e adormeceu ouvindo sua respiração.
Na tarde de outono, o vento soprava suavemente pela janela aberta, refrescando o ambiente. Sun Xiuyun sentiu um pouco de frio durante o sono e, em silêncio, aninhou-se em seu abraço caloroso, no peito generoso e quente que resistia ao frescor trazido pelo vento outonal.
O que a Mãe Yang viu do lado de fora da janela foi a imagem acolhedora do jovem casal tirando um cochilo abraçados. Ela queria ir até lá e ver se os dois tinham voltado. Quando chegou, viu uma cesta de yaman e um faisão no quintal. Então, não esperou para entrar em casa. Vi os dois tirando um cochilo no kang bem na janela. Estima-se que Xiuyun estivesse cansada. Ela sorriu e não os perturbou. Ela apenas carregou o faisão e voltou para o pátio para cuidar dele.
Com certeza, ter uma esposa muda tudo. O filho dela, que nunca havia tirado uma soneca antes, agora dorme com a esposa. Mas, quanto mais doces forem, melhor. Quanto mais perto estiverem, mais cedo o neto virá!
A Mãe Yang limpou o faisão e, quando terminou, deixou-o para Xiuyun preparar à noite, para que pudessem dormir um pouco mais.
Quando Yang Jiangang acordou, Xiuyun ainda não estava acordada, ela dormia com o rostinho assoprando nos braços dele. Ela envolveu os braços em volta da cintura dele e jogou as pernas sobre ele, amarrando-o com força, nem lembrando de que não queria machucá-lo antes de ir para a cama.
Ele não queria acordá-la, então só conseguiu se mover um pouco.
Sun Xiuyun ainda não havia acordado completamente com os movimentos dele e sua consciência não havia se recuperado completamente. Ela apertou a cintura dele e perguntou:
"Você ainda não dói mais?"
"Não dói mais, graças à minha esposa, que me ama e me deu remédios."
Ele se sentou e a abraçou, tocando sua cabecinha como se estivesse segurando uma criança.
"Você vai se levantar agora?"
A pessoinha em seus braços segurou sua mão e a esfregou: "Não vou mais dormir, senão, não dormirei à noite. Vou arrumar as coisas que trouxemos."
Yang Jiangang se levantou com ela, encontrou uma peça de roupa e a vestiu. Não havia nada de errado com ele. A atadura da esposa era muito grande, e ele tinha que explicar à família para que eles não se preocupassem.
Os dois foram até o quintal. As yaman que eles tinham colhido foi colocada no celeiro. O faisão havia desaparecido.
"Acho que a mãe pegou para limpar para nós."
"Eu estava com muito sono, esqueci do faisão. Felizmente, a mãe limpou para mim, senão ia acabar estragando."
Ela ficou irritada. Como ela pôde ficar tão cansada que esqueceu todas essas coisas.
"Vocês dois já se levantaram?"
Mãe Yang tinha acabado de sair de casa e os viu parados no pátio.
Sun Xiuyun passou pelo muro baixo:
"Mãe, você ainda não cozinhou, não é?"
"Não, eu só limpei o faisão. Eu estou velha e não consigo ver as penas com clareza. Meus olhos ficam embaçados quando as penas das galinhas foram arrancadas." Mãe Yang esfregou os olhos.
"Mãe, da próxima vez não se incomode, não faça isso, deixe para mim."
"Ok, da próxima vez a mãe te chama. Você quer frango cozido com cogumelos? Como você não colheu, nós temos alguns secos em casa", disse a Mãe Yang.
"Mãe, quero cogumelos! Hoje trouxemos peras na cesta. Pegamos muitas. A gente provou, mas elas são muito azedas. Quero fazer peras secas. É um lanche no inverno. Podemos guardá-las para o Ano-Novo Chinês."
Sun Xiuyun teve vergonha de dizer à sogra que não colheu cogumelos porque tinha medo de aranhas, então destacou que voltou com uma cesta de peras.
A Mãe Yang não se importa com o que eles trazem de volta. Os dias de lua-de-mel deles são para o que eles quiserem fazer. Eles não vão querer se misturar com os mais velhos, por isso que ela disse para o filho construir um muro.
"A galinha está limpa. Está em casa. Vá buscá-la. A mãe vai encontrar cogumelos para você. Eu vou levá-los para você mais tarde."
"Mãe, você já acendeu o fogo em casa hoje? Se ainda não, eu vou cozinhar na sua casa, aproveito e esquento o kang para você." (O sistema de kang é uma cama alta de alvenaria ligada a um fogão a lenha. Quando acende o fogão, a fumaça passa por baixo do kang antes de sair pela chaminé, e a alvenaria esquenta. Nos lugares gelados da China, isso é a diferença entre a vida e a morte no inverno.)
O tempo está um pouco frio ultimamente, não tão quente quanto no verão, e ela está com frio. Agora, ela também estava com medo de que a Mãe Yang acabasse congelando.
"Faça isso no seu quarto. Seu pai e eu vamos matar galinhas hoje, e sua irmã está fervendo água, então eu não tenho medo do frio."
Mãe Yang pensou consigo mesma que sua nora é realmente atenciosa, e esse pequeno detalhe foi um sinal de consideração. As palavras da nora a fizeram se sentir muito confortável.
Sum Xiuyun ouviu a sogra dizer que o kang estava aquecido, então ela levou o faisão de volta.
O campo depende do kang para aquecimento. Agora está frio; se o kang não estiver quente, é desconfortável para dormir.
Yang Jiangang está arrumando as coisas no quintal. Depois do casamento, há dois dias, as coisas ficaram bagunçadas. Ele tinha tempo para limpar, não é certo deixar tudo para a esposa. E daqui a dois dias ele irá trabalhar, não vai deixar tudo para ela arrumar. Ele se sentiria mal de fazer isso.
"Seus ombros estão machucados e você ainda está trabalhando! Não sabe cuidar de si mesmo?"
Sun Xiuyun correu com o faisão na mão. Mas que homem sem juízo! Não sabe se cuidar?
"Só esfolou a pele, não tem problema, é rapidinho." Depois de dizer isso, Yang Jiangang abaixou a cabeça, aproximou-se do ouvido dela e sussurrou: "Quero que você cuide de mim à noite!"
Olhando para os olhos ardentes dele, Sun Xiuyun lembrou-se do dia anterior:
"Seu safado! Não vou mais me importar com você!”
Então ela pegou o faisão na mão e correu para a cozinha como um buscapé.

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