Capítulo 131 – O Mestre Budista Silencioso (1)
O País Mo era vasto. Duzentos anos atrás, o império havia sido dividido em sete partes, sendo o País Mo o que ocupava a maior extensão territorial. Com um clima agradável e terras férteis, a população local vivia com abundância de recursos.
Isso poderia parecer uma utopia, mas a realidade atual era o completo oposto. Desde que o imperador adoecera gravemente e a imperatriz viúva assumira o controle do governo, os impostos no País Mo aumentaram. Tudo isso para que fosse possível construir um belo palácio imperial temporário para ela. O trabalho forçado tornou-se excessivo, gerando reclamações entre os cidadãos.
Algumas pessoas, insatisfeitas com a tirania de Sua Majestade, escreveram milhares de palavras para zombar dela — uma mulher que usurpava a autoridade. Para eliminar a insatisfação em seu regime, a imperatriz viúva criou uma prisão específica para esses indivíduos e adicionou dezenas de tipos diferentes de tortura, destinados especialmente àqueles que se opunham a ela.
Durante seu governo, ocasionalmente fazia questão de dar exemplos públicos. Agora, sob o peso do medo, ninguém mais ousava dizer uma palavra.
Há pouco tempo, a imperatriz viúva, que vinha sendo uma ditadora por cinco anos, expressou sua insatisfação com o atual título de "Regente".
O único filho sobrevivente do imperador, o príncipe herdeiro, estava desaparecido — seu paradeiro seguia desconhecido. Todos os outros irmãos do imperador já haviam sido eliminados por ela. Neste ponto, quem não entenderia o que a imperatriz viúva estava tentando insinuar?
Ela queria ser uma imperatriz reinante!
Jamais houvera tal precedente. Por isso, a imperatriz viúva queria o reconhecimento de todos, mas ainda encontrava certa dificuldade. Mesmo tendo dedicado grandes esforços para alcançar esse objetivo — e justo quando estava prestes a ter sucesso — uma notícia repentina a pegou de surpresa!
O príncipe herdeiro havia retornado!
O príncipe herdeiro estava de volta — embora a imperatriz viúva tivesse ordenado que ele fosse detido na estação de retransmissão sob a alegação de que sua identidade ainda precisava ser confirmada, os antigos oficiais que aguardavam por ele foram visitá-lo imediatamente, desobedecendo suas ordens.
Ele era o legítimo imperador, e a tatuagem do dragão enrolado nas costas de Mo Linyuan dizia tudo o que precisava ser dito. Por mais que a imperatriz viúva quisesse se tornar imperatriz, com o retorno de Mo Linyuan, sua credibilidade para o trono desapareceria no mesmo instante. E, uma vez que Mo Linyuan reconhecesse oficialmente seus ancestrais, ela teria que devolver parte de seu poder a ele.
Para a ambiciosa imperatriz viúva, isso era mais doloroso do que ter a própria carne arrancada!
No interior do palácio imperial do País Mo, o Palácio Yuan da Dinastia da Fênix, a imperatriz viúva lançou ao chão a xícara que segurava, tomada de fúria. As damas da corte ajoelharam-se imediatamente, e nenhuma delas conseguia conter o tremor de medo.
— Tem certeza de que é o príncipe herdeiro? E não alguém fingindo ser ele?
Sua voz sombria fez até os que estavam do lado de fora se encolherem.
— Com certeza! O tutor imperial e o primeiro-ministro foram pessoalmente verificar e confirmaram que, sem dúvida, é o próprio príncipe herdeiro!
A expressão da imperatriz viúva tornou-se ainda mais feia…
Suas sobrancelhas arqueadas davam a sensação de que os cantos de seus olhos eram afiados como lâminas, seu olhar cortava até a alma. Após um longo silêncio, ela finalmente bufou e zombou:
— Esta imperatriz viúva já mandou tantos assassinos, e mesmo assim não conseguiram matar um pirralho miserável. Contando os anos — ele deve ter dez agora, mas o que uma criança dessa idade pode fazer?
Ela fez uma pausa e então riu:
— Se o príncipe herdeiro morresse antes de reconhecer seus ancestrais, eu estaria aqui, lamentando por ele. Ele se esforçou tanto para voltar para casa, e esta imperatriz nem sequer conseguiu vê-lo uma única vez...
Seu tom e suas palavras deixavam claro que, para ela, Mo Linyuan já estava morto. Ninguém ousou dizer qualquer coisa ao ouvi-la — só puderam lamentar pela criança em silêncio, dentro de seus próprios corações.
Capítulo 132 – O Mestre Silencioso (2)
Assim que Mo Linyuan retornou, a primeira coisa que fez foi procurar o Mestre Silencioso. No entanto, esse mestre era evasivo — vivia em reclusão ou trancava-se para meditar em particular. Em outras palavras, era difícil encontrá-lo — não era alguém de fácil acesso. Por isso, Mo Linyuan enviou-lhe várias cartas, explicando a situação e a urgência do caso.
Com o passar do tempo e nenhuma resposta, não restou outra alternativa senão recorrer a outros meios. No terceiro dia após voltar para casa e depois de lidar com os ministros que vieram visitá-lo, Mo Linyuan pediu que alguém o levasse até o mestre.
Na primeira tentativa de visita, o anfitrião se recusou a vê-lo, e Mo Linyuan deixou o local pensando em tentar novamente no dia seguinte. Contudo, na segunda tentativa, foi rejeitado novamente pelo mesmo motivo.
— Benfeitor, o mestre está atualmente em meditação e não receberá visitas por enquanto.
Mo Linyuan olhou para o jovem monge alto e magro à sua frente e, de repente, sorriu.
— E se eu insistir?
O monge demonstrou certa hesitação.
— O mestre disse que não atenderá visitas...
Fazia muito tempo desde a última vez que Mo Linyuan via alguém tão teimoso, e seu sorriso se tornou ainda mais encantador.
— Mesmo que a vida de alguém esteja em perigo, ele ainda se recusará a nos ver? Como é que ouvi dizer que ele salvou uma velha que vendia legumes na rua dias atrás, quando ela implorou por ajuda? Ou será que sou a única pessoa que ele não quer ver?
O monge não sabia como responder ao bombardeio de perguntas de Mo Linyuan.
— Deixe pra lá. Se ele não quer me ver, então eu irei vê-lo. Se tentar me impedir, abrirei caminho à força!
O monge não esperava que Mo Linyuan realmente apelasse para a violência! Em todos os anos que viveu ali, ninguém jamais ousara desrespeitar seu mestre. Até mesmo a imperatriz viúva demonstrava a mais alta reverência por ele — sempre que queria ouvir os ensinamentos budistas, esperava pela permissão do mestre.
Em contraste, esse homem era realmente grosseiro!
Contudo, Mo Linyuan já havia esgotado toda a sua paciência. Ao ver que o outro lado continuava irredutível, virou-se para Wen Feng e disse:
— Vamos.
— Não pode! — Muitos monges correram ao perceberem que a situação estava saindo do controle. No entanto, não eram páreos para a arte marcial de Wen Feng e, em pouco tempo, o confronto se estendeu até o final do nono salão.
Diante daquele caos, finalmente alguém apareceu.
— Amituofo! Por que estão demolindo meu templo?
Apesar de ser um monge, a aparência daquele homem era bela demais para ser descrita em palavras. Sua longa túnica branca arrastava-se pelo chão. Suas sobrancelhas levemente arqueadas e os cantos dos olhos suavemente curvados conferiam-lhe uma aparência mais demoníaca do que pura. Ainda assim, os rosários budistas envoltos em seus pulsos lhe conferiam uma aura estranha, quase divina, como a de uma entidade etérea.
Mo Linyuan curvou-se ao vê-lo e perguntou:
— Posso saber se o senhor é o Mestre Silencioso?
— Sou eu.
— Então, gostaria de pedir sua ajuda para salvar alguém.
As sobrancelhas do outro se contraíram levemente, e ele revelou um sorriso compassivo e sereno.
— Senhor, o senhor veio chutando a porta, ferindo muitos inocentes. No processo, destruiu o templo e agiu com impiedade e pecado neste lugar sagrado... Perdoe-me, mas não desejo salvar essa pessoa.
Diante daquela recusa, os olhos de fênix de Mo Linyuan tornaram-se gélidos, e seu olhar penetrante se fez ainda mais ameaçador.
— Vou lhe dar duas opções.
O Mestre Silencioso o encarou com curiosidade.
— Uma: eu queimo este lugar até virar cinzas. Ou duas: o senhor salva essa pessoa.
Ao ouvirem aquilo, os monges ao redor se encheram de fúria, como se estivessem diante de um herege. Ainda assim, Mo Linyuan não demonstrou o menor receio e continuou encarando o monge à sua frente sem pestanejar.
— Ouvi dizer que monges demonstram compaixão. Supliquei ajuda diversas vezes, e a única resposta que recebi foi o contrário. Acredito que, mesmo que eu queime este lugar, o próprio Buda não me culparia. O que o senhor acha?
Ele disse a última frase com seriedade. Como se, caso o Mestre Silencioso ousasse recusar novamente, ele realmente queimaria o templo sem pensar duas vezes — e procuraria alguém mais digno para substituí-lo.
O tempo passou lentamente e, quando todos pensaram que aquele monge seria teimoso até o fim, ele finalmente cedeu.
— Se deseja que eu salve alguém, tudo bem. Mas, antes, deve reparar os danos que causou a este templo. Depois disso, agirei.
Wen Feng franziu a testa, achando aquele homem pretensioso demais.
No entanto, Mo Linyuan já havia concordado.
— Está combinado.
Capítulo 133 – Pedido (1)
Fiel à sua palavra, o ansioso Mo Linyuan rapidamente encontrou alguém para reparar o templo. No entanto, havia algo em seu íntimo que lhe dizia que havia algo suspeito sobre aquele monge... Por isso, também enviou Wen Feng para investigar em segredo.
— Se esse monge for... — Embora Mo Linyuan não tenha dito muito, o olhar profundo em seus olhos dizia tudo.
Neste ponto, Wen Feng já sabia em seu coração o quanto o Príncipe Herdeiro valorizava a Senhorita Ye, então assentiu com respeito e disse com seriedade:
— Seu subordinado com certeza não deixará pedra sobre pedra!
Satisfeito com a resposta, Mo Linyuan assentiu, seu olhar pousando sobre Ye Mu, inconsciente na cama. Em seus olhos extremamente frios, surgiu um traço de sentimentos complicados.
— Eu preferia que você acordasse e me xingasse como antes.
Ele estendeu a mão e acariciou suavemente a cabeça de Ye Mu.
— Depois de amanhã é seu aniversário. Parece que você vai passar a noite em seus sonhos mais uma vez.
A pequena continuava a ignorá-lo. Seus olhos estavam fechados, e ela parecia apenas em um sono profundo e sereno.
Mo Linyuan suspirou silenciosamente e olhou para o rosto dela mais algumas vezes. Só então se forçou a sair do templo com uma expressão determinada, voltando para o posto de retransmissão para continuar lidando com diversos assuntos.
Testemunhando essa cena em silêncio, a expressão do Mestre Budista Silencioso permaneceu impenetrável. Ele podia ver claramente que aquele frio príncipe herdeiro, que havia reaparecido de repente no país Mo, valorizava muito aquela garota — e mesmo ele não sabia quem ela era de verdade.
Depois de um bom tempo, ele afastou os pensamentos dispersos e começou a examinar a paciente adormecida. Inicialmente estava muito calmo, mas assim que verificou seu pulso, sua expressão se transformou em um choque imenso!
Apesar de a garotinha à sua frente parecer ter no máximo seis ou sete anos, ela havia acumulado mais de cem anos de Qi interno! Tirando a possibilidade de que fosse um monstro antigo em forma de criança, só havia mais uma explicação — ela havia aprendido a Técnica do Exterminador Divino e absorvido à força a energia de inúmeras pessoas. E ainda assim, mesmo diante de tal atrocidade, não morreu ao absorver tamanha quantidade.
Nesse caso, a criança deitada na cama não era uma divindade... mas sim uma encarnação do mal vestida em pele humana?
Ao pensar nisso, sua testa se franziu profundamente.
Wen Feng, que estava ao lado, rapidamente perguntou:
— Mestre, é possível tratar a doença da nossa Jovem Senhorita?
Preso em seus pensamentos, o monge não respondeu. Mas refletia consigo: se a garotinha conseguisse absorver o Qi interno acumulado em seu corpo para seu próprio uso, ela despertaria naturalmente. No entanto, se despertasse cedo demais, os efeitos colaterais poderiam ser ainda piores.
Dizia-se que cultivar a Técnica do Exterminador Divino tornava a pessoa mais impaciente e agressiva. Se ela acordasse antes do tempo, com o Qi interno ainda não estabilizado, seu temperamento poderia se tornar ainda mais brutal. Ao mesmo tempo, correria um grande risco de enlouquecer por completo.
Depois de pensar com cuidado, ele girou silenciosamente as contas do rosário em sua mão com solenidade. Só depois de muito tempo disse:
— É possível tratar... mas levará algum tempo.
A Técnica do Exterminador Divino era um tipo de arte marcial que permitia ao praticante roubar o Qi interno de outras pessoas. À primeira vista, parecia um atalho promissor para romper os níveis de cultivo à força, mas se fosse realmente algo bom, todos já estariam seguindo esse caminho.
Isso porque ela possuía efeitos colaterais terríveis — tão apavorantes que a maioria das pessoas simplesmente não conseguia aceitá-los.
Além de tornar o cultivador de gênio explosivo, havia dias no mês em que o praticante se tornava particularmente sedento por sangue sem motivo algum. Se não derramasse o sangue de algumas pessoas — qualquer pessoa — seu corpo inteiro ficava em extremo desconforto, como se milhares de agulhas o estivessem perfurando.
Além disso, quem cultivava esse método precisava absorver Qi interno com certa frequência. Como carregavam Qi demais em seus corpos, precisavam constantemente de energia externa para balancear. No entanto, isso se tornava uma faca de dois gumes: quanto mais Qi ingeriam, mais instável se tornava seu temperamento. E quanto mais irritados ficavam, mais Qi alheio precisavam absorver para manter a estabilidade.
Dessa forma, criava-se um ciclo vicioso.
Em geral, apenas aqueles que não se importavam com a vida alheia ousavam aprender esse tipo de arte marcial. Afinal, como alguém com princípios e moral poderia permitir-se tornar um demônio em carne que mata os seus por razões tão abomináveis?
Ainda mais considerando que esses cultivadores lutariam até o fim pela própria sobrevivência — sua humanidade se apagaria aos poucos. Até que nem mesmo aqueles em quem confiam... seriam poupados.
Capítulo 134 – Pedido (2)
Ao pensar nisso, o Mestre Silencioso Budista recolheu a mão que segurava uma agulha, que estava prestes a inserir em Ye Mu. A energia interior que ele cultivava era a Fórmula de Purificação do Coração — um tipo de técnica extremamente estimulante para a Técnica do Exterminador Divino. Sendo assim, se Ye Mu fosse entregue a outra pessoa para tratamento, seria muito difícil para ela acordar nas mãos de outrem.
No entanto, para o Mestre Silencioso Budista, aquilo era apenas um assunto trivial.
Mas... se ele a despertasse cedo demais, seria o mesmo que acelerar a evolução de um demônio. Estaria ele realmente disposto a cometer algo tão catastrófico?
Orando à benevolente Bodisatva, a pele entre suas sobrancelhas se enrugou silenciosamente. Por fim, ele colocou a agulha de lado e deu a Ye Mu apenas um pouco de sopa medicinal.
Do outro lado, não muito tempo após o retorno de Mo Linyuan à estação de correio, ele foi emboscado.
A outra parte claramente nutria um desejo incessante de matá-lo, a ponto de que, mesmo que suas ações cruéis fossem descobertas, ela preferiria morder um saco de veneno e cometer suicídio. Assim, não hesitou em mandar seus subordinados causar confusão para Mo Linyuan.
Depois que todos os assassinos foram eliminados, ficou evidente que o tutor que havia vindo visitar Mo Linyuan estava muito abalado com a situação desfavorável.
— Isso não pode continuar assim... Vossa Alteza deve entrar no palácio o quanto antes. Porque, uma vez que sua identidade for reconhecida, o exército imperial poderá ser mobilizado por Vossa Alteza. Dessa forma, a Imperatriz Viúva não poderá mais agir como bem entender.
Enquanto ele dizia isso, Mo Linyuan, por outro lado, já havia recebido uma resposta da carta que havia enviado anteriormente.
— Grande Tutor, fique tranquilo.
Após uma batalha feroz, Mo Linyuan chegou a exibir um sorriso ao ler o conteúdo da carta.
— Não vai demorar muito para que a estimada Imperatriz Viúva venha pessoalmente me convidar para o palácio imperial.
Ele disse isso com muita confiança — mas como aquilo seria possível?
Todos sentiram que Mo Linyuan estava apenas se gabando. Com apenas dez anos de idade, além de alguns membros do clã imperial e alguns ministros que apoiavam seu sangue real, ele não possuía mais nada. Era algo extremamente improvável que a imperatriz viúva se desse ao trabalho de lhe enviar uma mensagem convidando-o, principalmente agora, quando ela desejava mais do que tudo vê-lo morto.
E mesmo que a tatuagem nas costas de Mo Linyuan pudesse provar sua identidade, ele não poderia simplesmente tirar a roupa e mostrá-la aos outros!
Ao ouvirem as palavras do Grande Tutor, todos os ministros sentiram-se apreensivos. Parecia que os antigos oficiais como eles teriam que encontrar uma maneira plausível — o príncipe herdeiro ainda era realmente muito jovem.
E conforme o esperado por todos, Mo Linyuan permaneceu na estação de correio por meia quinzena, com a imperatriz viúva continuando a ignorar completamente sua presença. Era evidente que ela não queria reconhecê-lo como o príncipe herdeiro do país de Mo. Por isso, os velhos ministros aplicavam pressão constantemente através de cartas formais, mas a imperatriz viúva apenas usava diversos métodos para atiçar ainda mais as chamas, enviando mais soldados da morte para assassinar pessoas na estação.
Contudo, um dia, um relatório vindo da fronteira abalou o coração de muitos. Mas o semblante carregado da imperatriz viúva finalmente se iluminou ao ler aquele boletim de guerra.
Esses ministros velhos não param de insistir para que eu traga o príncipe herdeiro de volta?
Ótimo! Se vocês o querem de volta com tanta urgência, então eu o trarei!
O relatório nada mais dizia do que o país de Yue havia enviado tropas contra o país de Mo. E, com velocidade relâmpago, já haviam conquistado duas cidades fronteiriças do país de Mo.
O invasor era o novo imperador do país de Yue. Para demonstrar sua força, ele queimou a bandeira do país de Mo diante de inúmeras pessoas e ainda zombou do fato de que não havia ninguém no país de Mo disposto a se levantar e defendê-lo.
No entanto, todos sabiam que o Imperador estava doente havia anos e vivia recluso. Como poderia ele aceitar tal desafio em seu estado físico?
Mas, naquele momento, havia apenas outro candidato adequado.
A imperatriz viúva havia calculado tudo muito bem. Com tantos ministros pressionando-a para trazer de volta o príncipe herdeiro, seria impossível segurá-lo por muito tempo.
Entretanto, com o recém-ascendido imperador do país de Yue batendo às portas do reino, exigindo abertamente que o Imperador do país de Mo fosse à guerra...
Então... ela que seguisse o fluxo, e trouxesse Mo Linyuan de volta!
Capítulo 135 – Não Suporto Me Despedir (1)
Cidades situadas na fronteira eram uma circunstância completamente diferente. Mesmo que ela manipulasse levemente as tropas nessas cidades, e não na capital, e Mo Linyuan morresse, ninguém suspeitaria dela por isso. Depois, ela lideraria o exército para derrotar o país Yue e recuperar o território perdido! Com uma vitória tão grandiosa, quem ousaria dizer qualquer coisa contra ela quando desejasse se tornar imperatriz?
Aquilo era realmente uma oportunidade gigantesca, especialmente para uma mulher como ela, que desejava de todo coração ascender ao trono do dragão!
Além disso, o que poderia haver de tão difícil em marchar um pouco e travar uma batalha unilateral? Seu País Mo era mais rico que o país Yue — então, desde o começo, como ela poderia perder essa guerra?
Pensando assim, ela atirou o relatório de batalha diante de todos na manhã seguinte e, por fim, concordou com o pedido dos ministros para que o príncipe herdeiro retornasse ao palácio. Ela própria o fez atestar como o novo imperador!
Essa reviravolta repentina deixou todos sem saber se deveriam comemorar ou se preocupar.
Mo Linyuan estava prestes a ser trazido de volta, mas muito em breve, a imperatriz viúva iria empurrá-lo para morrer em batalha!
Naquele momento, o príncipe herdeiro inevitavelmente morreria na fronteira. Depois, os outros apenas diriam que suas habilidades eram de fato inferiores às dela, e que ele merecia morrer para que o verdadeiro imperador pudesse surgir. De qualquer forma, sua morte jamais recairia sobre a imperatriz viúva.
O primeiro-ministro estava desconfiado. Afinal, ele sabia que o país Yue havia acabado de passar por uma guerra civil. Como poderia ter tempo de sobra para provocá-los, sendo eles uma nação muito maior?
Mas o relatório de batalha afirmava que o exército de Ye Li havia sido completamente tomado por esse novo imperador. Depois, o novo imperador liderou um imenso exército de cem mil homens, capturando duas cidades fronteiriças em apenas três dias.
O que eles não sabiam era que... os portões dessas duas cidades haviam sido abertos por alguém do País Mo. Com essa notícia inesperada, os homens do primeiro-ministro queriam correr de volta para relatar à imperatriz viúva, mas, quando retornassem, já seria tarde demais.
No mesmo dia, a imperatriz viúva levou pessoalmente Mo Linyuan ao palácio imperial e o fez ascender apressadamente ao trono o mais rápido possível. Mo Linyuan agiu como um jovem ignorante e tolo; mesmo quando a imperatriz viúva o forçava a ir ao campo de batalha para lutar contra cem mil soldados, ele ainda parecia não entender absolutamente nada. Não importava o que ela dissesse, ele apenas assentia com a cabeça, agindo como um fantoche sob sua vontade absoluta.
A imperatriz viúva se sentia extremamente orgulhosa de sua mente astuta. De fato, quão inteligente poderia ser uma criança que nunca havia recebido qualquer forma de educação?
E diante dessa artimanha cruel, todos os ministros veteranos apenas podiam torcer as mãos de frustração.
Isso não era enviar o imperador para o campo de batalha — era claramente enviá-lo para a morte!
A imperatriz viúva estava fazendo Mo Linyuan liderar apenas uma tropa de soldados contra um exército de cem mil... Se eles deixassem a capital, as consequências seriam catastróficas.
Ainda assim, por mais traiçoeira que fosse, ela não fez nada para remediar. A imperatriz viúva se aproveitou da antiga tradição do País Mo, que exigia cortar todas as rotas de fuga para a ascensão do imperador, forçando Mo Linyuan a jurar seus méritos diante de todos.
Foi nesse mesmo dia que a imperatriz viúva também enviou Mo Linyuan para fora da capital. Sobre os portões da cidade, sob o olhar de inúmeros oficiais e do povo, Zhao Yunqin puxava Mo Linyuan consigo enquanto encenava seu papel como imperatriz viúva.
— Ele acabou de voltar e já está partindo... Meu neto real, esta avó real realmente não suporta me despedir de você.
Mo Linyuan, vestindo uma túnica de batalha imperial com um dragão bordado em dourado sobre um tecido branco, sorriu ao ouvir isso. E por ainda ser jovem, apesar de sua aparência encantadora, sua expressão transmitia uma aura inofensiva ao sorrir.
— Você realmente não suporta se despedir de mim?
A voz jovem e elegante pegou Zhao Yunqin de surpresa. Apesar da idade, ela mantinha traços marcantes — um traço de intenção assassina passou por seu rosto ao ouvir aquilo. No entanto, suas sobrancelhas erguidas logo se suavizaram enquanto ela falava num tom sincero:
— Eu realmente não suporto me despedir de você. Afinal, você acabou de voltar, e esta imperatriz viúva sequer teve tempo de observar direito o neto perdido. O campo de batalha já é traiçoeiro demais, e se algo acontecer com você... esta imperatriz viúva não consegue imaginar o quão miserável isso seria.
Depois de terminar de falar, ela cobriu o rosto com a manga, como se estivesse chorando. A criança diante dela estava prestes a morrer, e mais do que isso, morreria como seu trampolim.
Ao ouvir isso, Mo Linyuan riu baixinho, seus olhos amendoados se estreitando para ela, como se estivesse extremamente contente.
— Então não precisa ficar triste.
0 Comentários