Capítulo 56. Dai Sanlang


 Depois de uma noite chuvosa, o sol voltou a brilhar com força.

Du Changqing havia descansado em casa por alguns dias e finalmente se recuperara do resfriado. Logo cedo, vestiu uma túnica de primavera e, ao chegar ao Salão Médico Renxin com Ah-Cheng, viu que Yin Zheng havia colocado muitas flores na entrada.

Eram flores de romãzeira. Raras, mas exuberantes, suas pétalas vermelhas lembravam seda ou tiras de papel colorido espalhadas entre as folhas verde-escuras. O contraste entre o vermelho profundo e o verde vibrante era encantador.

Entre as flores, havia muitos potes de porcelana branca do tamanho da palma da mão. Cada um tinha um bilhete de papel cor-de-rosa preso, parecendo jade cor-de-rosa escondido entre as flores — delicado e adorável.

Du Changqing pegou um pote com desinteresse e perguntou:

— Por que tem tanto pó de arroz e rouge por aqui?

— Não é rouge — respondeu Yin Zheng enquanto pendurava a pintura e a caligrafia na parede. — É o novo remédio feito pela Senhorita.

Desde que a pintura de “Chun Shuisheng” fora rasgada pelo pessoal do Departamento de Medicinas Prontas, a parede permanecia vazia. Agora, Yin Zheng havia pendurado novamente a caligrafia, dando ao salão uma aparência mais distinta.

Du Changqing se aproximou e leu:

Dama graciosa Yan, quinze primaveras. Acostumada a túnicas longas, não caminha com passos delicados. No meio da multidão, basta um olhar para encantar; as cores do mundo se tornam pó.
Esta árvore floresce com graça, mas carece de charme natural. Quis louvá-la, mas as palavras falham. Elogiando a dança da Dama Wu em sua presença, lamento apenas que sua cintura sempre a atrapalhe.

Depois de ler, Du Changqing ergueu os olhos, confuso.

— O que é isso?

Lu Tong abriu a cortina e saiu, colocando o pote de volta na mão dele.

— Isso se chama Xianxian — respondeu.

Xianxian?

— O tempo está quente — disse Lu Tong. — Hoje em dia, as roupas das mulheres estão mais leves. Talvez queiram parecer mais magras. Esse chá medicinal serve para equilibrar o Yin e o Yang, harmonizar os órgãos internos, desobstruir os meridianos e promover a circulação de qi e sangue. Faz muito bem para o corpo e o baço das mulheres.

Yin Zheng sorriu.

— De qualquer forma, é verão, e o número de pessoas incomodadas com congestão nasal caiu bastante. Mesmo que o Salão Médico não tivesse tirado o Chun Shuisheng, ele não venderia tão bem agora.

— É melhor aproveitar a ocasião e lançar o novo remédio. Acho que todas as mulheres de Shengjing são lindas. E elas certamente se preocupam com a aparência. Esse chá medicinal vai vender muito.

— Corpo esbelto? — Du Changqing parecia duvidoso. — As farmácias de Shengjing já venderam chás para emagrecimento antes, mas nunca ouvi falar de algum que realmente funcione. Senhorita Lu, pedi que criasse um novo remédio... por que está fazendo isso?

Ele olhou para os potes de porcelana entre as flores e murmurou:

— Tão enfeitados... Devem ter custado uma fortuna.

— Mestre Du, por que não acredita em nós? — Yin Zheng disse, indignada. — Quem compra o Xianxian é exigente com beleza. Vai colocar o chá num pote de ferro qualquer? Quem compraria assim?!

Enquanto conversavam, a loja de sapatos de seda ao lado também abriu. Lá de dentro, tia Song saudou Yin Zheng:

— Senhorita Yin Zheng, doutora Lu, comeram a carpa preta de ontem?

Yin Zheng não quis discutir com Du Changqing. Rapidamente esticou a cabeça para fora e respondeu com um sorriso:

— Comemos sim. Estava muito fresca. A senhorita e eu comemos bastante. Obrigada, tia Song.

Tia Song também sorriu e acenou:

— Somos todos da mesma rua. Não precisa agradecer. — Reparou então nos potes de porcelana sobre a mesa do Salão Médico e perguntou, surpresa: — O Chun Shuisheng voltou a ser vendido? Mas esse pote está diferente…

— Esse não é o Chun Shuisheng — explicou Yin Zheng. — É o novo chá medicinal da minha senhorita, o Xianxian. Esse chá nutre o corpo. Depois de beber por alguns dias, o rosto fica como uma flor de pessegueiro e o corpo mais esbelto.

Ela olhou para tia Song e perguntou:

— Tia, por que não leva dois potes para experimentar?

Tia Song tocou o próprio rosto e caiu na risada:

— Pra quê? Já estou velha. Se emagrecer, só vai sobrar ruga! Melhor ser um pouco mais cheinha mesmo.

Ela deu tapinhas no próprio peito.

— Ter um pouco mais de carne deixa a gente mais forte. Senão, de onde tiraria força pra trabalhar?

E então voltou para sua loja para atender os clientes.

Du Changqing observava friamente a conversa entre as duas, de braços cruzados atrás de Yin Zheng. Soltou um leve suspiro sarcástico.

— Eu sabia.

Lu Tong abaixou os olhos e continuou organizando os potes na mesa. Du Changqing se aproximou e sugeriu, com sinceridade:

— Doutora Lu, não quero desanimá-la, mas seu chá medicinal não é tão popular quanto o Chun Shuisheng. Por que não muda?

— Não vou mudar.

Du Changqing ficou encarando-a por um longo tempo, mas Lu Tong não se abalou. Por fim, ele murmurou, irritado:

— Teimosa.

Independentemente de Lu Tong ser teimosa ou não, o Xianxian do Salão Médico Renxin já estava à venda.

Quando as lanternas estavam prestes a ser acesas, a loja de sapatos de seda do outro lado da rua fechou. Tia Song saiu da loja e seguiu rumo ao templo no leste da cidade.

O templo ficava ao lado da peixaria, perto do Açougue da Família Dai, que sempre teve ótimo movimento. O açougueiro, Dai Sanlang, herdara o ofício do pai e vendia carne de porco havia mais de dez anos. Sua carne era fresca, os preços justos e ele nunca enganava na balança. Até a carne moída era picada com capricho. As mulheres do bairro compravam com frequência.

Quando tia Song chegou, já era fim de tarde. Restava apenas um pouco de carne moída. Dai Sanlang limpava a tábua de corte e se preparava para fechar.

Tia Song adorava comprar carne nesse horário — os preços caíam quase pela metade.

— Sanlang — disse ela, com familiaridade —, o de sempre.

— Mm — respondeu ele, embrulhando a carne moída num tecido oleado.

Suas sobrancelhas estavam franzidas, e seu corpo lembrava uma pequena montanha robusta. Por causa do calor, o suor escorria da testa, encharcando sua camisa justa. À primeira vista, parecia um grande bolinho de arroz recém-cozido.

— Sanlang — tia Song comentou, sem se segurar —, você engordou, não foi?

Dai Sanlang não respondeu.

— Assim não dá — continuou ela. — Você come carne todo dia. Quanto mais pesado fica, pior é. Se continuar assim…

Ela se inclinou um pouco mais, baixando o tom:

— Como vai se casar desse jeito?

Dai Sanlang parou de limpar a tábua, e seu rosto ficou vermelho.

O açougueiro Dai gostava da viúva Sun, da loja de arroz na Rua Oeste, fazia tempo. Mas ela preferia homens bonitos, e escolhia mais pela aparência do que por dinheiro ou habilidades. Dai Sanlang estava longe de se encaixar nos padrões de “bonito e corajoso”. Até hoje, nunca chamou a atenção dela, só podia guardar o desgosto no coração.

Ao ver aquele homem honesto cabisbaixo, tia Song pensou em consolá-lo. De repente, lembrou-se de algo:

— Falando nisso, a doutora Lu do Salão Médico acabou de lançar um novo remédio. Diz que ajuda a emagrecer.

Dai Sanlang ficou surpreso.

— Remédio novo?

— Isso. Aquele chá pra congestão nasal que ela fez funcionou mesmo. Por que você não experimenta? É caro, mas talvez funcione.

Tia Song falou por falar — não esperava que ele comprasse. Primeiro, o remédio era muito caro. Um pote custava cinco taéis de prata. Quem compraria só pra emagrecer? Segundo, nunca tinha visto homem se importar com beleza e emagrecimento.

Depois de escolher a carne que restava, tia Song foi embora. Dai Sanlang fechou a loja, mas não voltou direto pra casa como fazia sempre. Ficou parado em frente à porta, pensando por um bom tempo. Depois, ergueu os pés e seguiu rumo à Rua Oeste.

A Rua Oeste não era longe do lado leste da cidade. No verão, os dias eram longos e o céu demorava a escurecer. Quando Dai Sanlang chegou ao Salão Médico Renxin, o céu já estava quase escuro. Fora as lojas de comida ainda iluminadas, a maioria das pequenas lojas já havia fechado.

Justo quando Du Changqing e Ah-Cheng estavam prestes a sair, viram um homem alto e corpulento se aproximando. Ele carregava duas facas grandes na cintura. A gordura em seu rosto tremia a cada passo. Era até assustador.

Du Changqing se alarmou. Reuniu coragem e bloqueou a entrada.

— O que… o que você quer?

Dai Sanlang ergueu os olhos, e Du Changqing sustentou o olhar. Após um instante, o açougueiro desviou os olhos e respondeu, com voz cautelosa:

— Vim comprar remédio.

— Comprar remédio? Que remédio? — Du Changqing perguntou, desconfiado.

— É aquele… — o homem gordo parecia ter dificuldade em dizer — aquele… pra emagrecer…

— O quê? Fala mais alto!

Lu Tong se aproximou por trás de Du Changqing e colocou a lamparina de óleo sobre a mesa.

— Veio comprar Xianxian, certo?

A luz tremeluzia e iluminava o rosto de Dai Sanlang, revelando as grandes gotas de suor em sua testa nervosa. Ele assentiu, envergonhado, e respondeu suavemente:

— Mm.

Du Changqing olhou para Lu Tong, espantado.

Lu Tong tirou um frasco de porcelana branca do armário de remédios atrás de si e disse:

— Um frasco custa cinco taéis de prata. Dá para cerca de meia quinzena. Quantos você quer?

Esse preço era alto para Dai Sanlang, que ganhava a vida vendendo carne de porco. No entanto, ele apenas engoliu seco e respondeu:

— Vou levar dois frascos, por enquanto.

Lu Tong entregou-lhe dois frascos de Xianxian e disse:

— Tome três vezes ao dia, em horários regulares.

Depois de uma pausa, perguntou:

— Você sabe ler?

Dai Sanlang balançou a cabeça.

— Então preste atenção no que eu vou dizer. Remédio tem restrições. Não pode tomar de qualquer jeito, senão não funciona direito.

Ela explicou cuidadosamente as instruções três vezes. Só então Dai Sanlang assentiu, mostrando que havia entendido. Ele não era de falar muito. Depois de comprar o remédio, pegou os frascos e foi embora.

Du Changqing observou as costas largas de Dai Sanlang e murmurou, intrigado:

— Eu realmente não esperava que o primeiro a comprar seu chá medicinal fosse um açougueiro.

Ele havia imaginado que a primeira cliente seria alguma moça esguia e graciosa, ou talvez uma senhora rica e elegante — jamais um açougueiro.

Dai Sanlang guardou cuidadosamente os frascos com papel rosa na cintura. Colocados ao lado da faca de açougueiro, criavam um contraste difícil de descrever.

Du Changqing resmungou:

— Por que um açougueiro iria querer emagrecer?

Yin Zheng seguiu seu olhar e zombou:

— E por que não? Nós, mulheres, somos sempre pressionadas a sermos esbeltas, enquanto os homens são muito mais tolerantes consigo mesmos. Eu acho que esse Irmão Açougueiro é melhor que muitos homens de Shengjing. Pelo menos ele reconhece que não é bonito e quer melhorar.

— Na minha opinião, os homens de Shengjing deviam aprender com ele e cuidar mais da aparência. Do contrário, quando nós, mulheres, andamos pela rua, só vemos homens feios e barrigudos achando que são jovens mestres elegantes. É realmente nojento.

Du Changqing ficou sem palavras.

— Que bobagem é essa que você anda ouvindo? Não se pode julgar um homem só pela aparência.

— Ah, não? E por que você vive trocando de roupa e passando pó no rosto? — Yin Zheng o provocou. — Além disso, não vejo muitos homens talentosos nas ruas de Shengjing. Se não têm boa aparência, ao menos deveriam ter conhecimento.

— Não vou discutir com você. — Du Changqing se virou para Lu Tong. — Mas doutora Lu, esse remédio funciona mesmo? E se ele tomar por um tempo e continuar igual, e depois, irritado, nos picar com uma faca? — Acrescentou rapidamente: — Já vou avisando: eu não conseguiria enfrentá-lo.

Lu Tong abaixou os olhos.

— Se ele quiser, ele consegue resultado.

— O que você quer dizer com isso?

Lu Tong não respondeu de imediato. Depois de um tempo, disse:

— Para ele, vai funcionar.

… …

O tempo sempre passava depressa.

O sol brilhava intensamente. Era o quinto dia do quinto mês — o Festival Duanwu.

Em todas as lojas da Rua Oeste, ramos de artemísia fresca haviam sido pendurados nas portas para espantar os maus espíritos. O marido da tia Song comprou vinho de Realgar, e sua irmãzinha colheu folhas de bambu, planejando celebrar o festival em casa.

A irmã mais nova chamou da cozinha:

— Irmã, não tem carne salgada em casa!

Tia Song respondeu alto:

— Deixa comigo, eu vou comprar.

A carne salgada era essencial para os bolinhos de arroz. No entanto, Dai Sanlang, o açougueiro, havia voltado para sua cidade natal um mês atrás, dizendo que sua mãe idosa estava doente e que precisava cuidar dela. Tia Song poderia comprar carne em outro açougue, mas sempre achou a carne da loja dos Dai melhor. Como ainda era cedo, decidiu passar lá para ver se a loja já havia reaberto.

Assim que saiu, deu de cara com uma mulher carregando um cesto de bambu.

A mulher tinha cerca de trinta anos. Usava uma gola de cetim verde com bordados dourados e azuis, e uma saia plissada branca como neve. O cabelo estava preso num coque de mulher casada, e a pele era clara. Usava dois brincos dourados pendurados nas orelhas. Embora não fosse propriamente bela, era bastante charmosa.

Tia Song parou e chamou:

— Irmãzinha Sun!

A mulher era a viúva Sun. Uma figura singular. Filha de um comerciante de arroz da Rua Oeste, casara-se aos dezoito anos com um pequeno funcionário que sofria de uma doença incurável e sabia que não viveria muito. Enquanto viveu, o marido mimou-a em tudo. Até passou para seu nome as escrituras da fazenda e da loja. Como os sogros já haviam falecido, deixou-lhe várias casas e caixas de joias em ouro e prata.

Com sua filha pequena, a viúva Sun herdou tudo e voltou a viver na Rua Oeste. Tinha dinheiro e uma aparência agradável. Ao longo dos anos, muitos homens se interessaram por ela, mas todas as propostas de casamento enviadas pelas casamenteiras foram recusadas.

O motivo era simples: viúva Sun não se importava com dinheiro nem talento — só gostava de homens bonitos.

Quando uma casamenteira batia à porta, ela a recebia com chá e dizia:

— Não quero mais nada, só alguém com bom caráter.

"Bom caráter" parece algo simples, mas cada pessoa tem um padrão diferente. O “bom caráter” da viúva Sun certamente não era o mesmo que o das casamenteiras. Para elas, se o homem tivesse olhos e nariz, já servia. Mas a viúva Sun obviamente pensava diferente. Por isso, depois de alguns anos, nenhum candidato havia agradado.

Ela desprezava os jovens vaidosos que queriam viver às custas de uma mulher, achando-os afeminados e infantis. Já os mais velhos, que à primeira vista pareciam confiáveis, ela achava rudes, e dizia que nem mesmo usavam um saquinho de fragrância — inadequados aos seus olhos.

Alguns anos atrás, até se interessou por Du Changqing. No entanto, como ele não queria ser genro por casamento, recusou educadamente e o noivado foi desfeito.

— Irmãzinha Sun, tão cedo já está de pé — saudou tia Song, calorosamente.

A viúva Sun sorriu e assentiu. Com o dedo bem cuidado, apontou delicadamente para a frente e disse, com voz suave:

— Quero comprar uns pãezinhos de carne e bolinhos de arroz.

Tia Song ficou atônita. Não era de se admirar que a viúva Sun tivesse feito o marido, já moribundo, colocar seu nome em todas as escrituras. Não apenas os homens — até uma mulher como ela sentia as pernas bambas ao ouvir aquela voz doce.

Ela olhou para o traje cuidadosamente escolhido da viúva Sun e pensou no corpanzil de Dai Sanlang. Por mais que Sanlang seja um bom homem, é mesmo um sapo sonhando com a carne do cisne…

As duas caminharam juntas em direção ao templo no lado leste da cidade. Tia Song, sempre animada, fez a viúva Sun rir o caminho inteiro. Quando se aproximavam, avistaram de longe a porta da loja no beco entreaberta, com alguém cortando ossos lá dentro.

— Ah, Sanlang voltou! — exclamou tia Song, feliz. — Hoje vou conseguir comprar carne boa de novo.

Pensando na viúva Sun ao seu lado, deu-lhe uma cutucada maliciosa e cochichou:

— Vai querer comprar também? Ele sempre te dá mais carne do que pra gente.

— Que bobagem é essa! — a viúva Sun deu um empurrão leve na tia Song, fingindo irritação. — Não o zombe.

— Sanlang é mesmo honesto e de bom coração — disse tia Song, assentindo.

— Só tem a aparência meio bruta — suspirou a viúva Sun.

— Verdade — concordou tia Song. — Se ao menos fosse mais bonito… Ei, espera. Aquilo ali não é o Sanlang?

Elas estavam quase na entrada do Açougue da Família Dai. O sol já brilhava forte. Um homem estranho estava em pé diante da tábua de corte.

Era alto, de ombros largos e cintura fina. Por causa do calor, usava apenas uma jaqueta de tecido branco, revelando a pele bronzeada. Os braços expostos eram fortes e musculosos. Quando olharam para o rosto, viram sobrancelhas espessas, olhos grandes e feições bem definidas. Não era tão bonito quanto os jovens mestres, mas tinha um ar másculo e selvagem.

Ele brandiu a faca de cortar ossos que tinha nas mãos. Gotas de suor escorriam por sua testa, deslizavam pelo pescoço e sumiam na gola da jaqueta. O tecido estava úmido e brilhante. Inexplicavelmente, fazia com que as pessoas sentissem como se uma névoa de fogo se acendesse em seus corações.

Tia Song encarava aquele homem, pensando que o calor do verão devia estar realmente forte. Do contrário, por que eu estaria me sentindo tão quente mesmo vestindo roupas leves?

A viúva Sun também o observava há muito tempo. Só quando ele parou de brandir a faca e olhou em sua direção, ela voltou a si.

O sol escaldante parecia lançar um feitiço silencioso sobre eles, e apenas o canto distante das cigarras rompia aquele silêncio. A viúva Sun parou por um instante, ergueu delicadamente uma mecha de cabelo que escapara atrás da orelha e a colocou de volta no lugar. Caminhou com graça em direção ao homem, só levantando o rosto quando já estava diante dele. Sorriu e perguntou:

— Esse jovem tão bonito me parece um estranho. Nunca o vi por aqui antes. Quem é você na família do irmão Dai?

— Eu… — O homem parecia não esperar que a viúva Sun lhe dirigisse a palavra. Por um instante, ficou atônito. Fitava o rosto dela sem dizer nada, como se tivesse ficado sem voz. A viúva Sun sentiu-se satisfeita. Notou que o rosto dele estava ficando cada vez mais vermelho, como um camarão cozido. Se eu continuar provocando, acho que ele vai acabar fugindo.

Segurando o riso, disse:

— Vejo que você e o irmão Dai têm olhos parecidos. São parentes? Irmão mais novo? Sobrinho? Por que ele nunca falou de você?

O rosto do homem ficou ainda mais vermelho. Depois de uma longa pausa, ele disse:

— … Senhora Sun, eu sou o Dai Sanlang.

O sorriso no belo rosto da viúva Sun congelou.

A voz estrondosa de tia Song ecoou por todo o lado leste da cidade:

Dai Sanlang? Você é o Dai Sanlang?!

O açougueiro virou um homem bonito (≧▽≦)/


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