Capítulo 12 Parte 2 – A Vida Está Cinzenta (II)


 Lu Yaoyao estava muito triste. Embora não compreendesse bem por que estar careca a deixava tão abalada, ainda assim estava profundamente triste.

Ela não tinha mais os pequenos coquinhos. Não era mais uma bebê bonita...

Lu Qingyu não tentou se esquivar da responsabilidade. Embora tivesse sido Yao Jiuxiao quem executou o ato, a ideia partira dele. Agora, ao ver a criança naquele estado, ele também estava impaciente. Mal podia esperar para vê-la animada de novo.

Os olhos de Lu Qingyu se iluminaram:

— Vamos levar Zhu’er para passear!

Yao Jiuxiao lançou-lhe um olhar.

— Ela sempre quis sair para brincar.

Normalmente, eles apenas levavam a criança para passear dentro dos limites da casa. Houveram muitas ocasiões em que ela apontava para fora, querendo ir além, mas eles nunca a levaram. Sair da propriedade significava ultrapassar a primeira camada da barreira de restrição. Lu Qingyu e Yao Jiuxiao estavam sempre em alerta um com o outro. Sempre que um saía, o outro permanecia em casa com a criança, o que também limitava o alcance das atividades de Lu Yaoyao.

Se quisessem realmente levá-la para fora, os três teriam que sair juntos. Do contrário, se um dos dois saísse sozinho com ela e, logo após ultrapassar a terceira camada de restrição, entrasse em contato com seus subordinados, o outro não teria tempo de reagir. Por isso, se algum demônio ou humano ultrapassasse a barreira em torno da Montanha Duanping, tanto Lu Qingyu quanto Yao Jiuxiao sentiriam imediatamente. Esse arranjo também impedia que qualquer um deles se comunicasse secretamente com seus próprios seguidores.

Não havia nem uma migalha de confiança entre os dois. Para se precaverem, impuseram diversas restrições em todos os aspectos. Ainda assim, ambos nunca deixavam de tentar roubar a criança quando o outro baixava a guarda. E isso, por sua vez, significava que a liberdade de Lu Yaoyao também era extremamente restrita.

Quando Lu Qingyu fez essa sugestão, a primeira reação de Yao Jiuxiao foi suspeitar de suas reais intenções.

— Vamos sair todos juntos — disse Lu Qingyu. Se apenas um deles saísse com a criança, o outro certamente não ficaria tranquilo. Para esse plano funcionar, os dois precisavam ir ao mesmo tempo.

Yao Jiuxiao olhou para o bolinho quieto no sofá e então assentiu. Deu um passo à frente e pegou a criança nos braços. Sua voz fria trazia um traço imperceptível de ternura:

— Vamos sair para brincar.

Lu Yaoyao encostou-se ao peito do Pai Bonito, apática.

Lu Qingyu os acompanhou, tentando animar a filha com provocações.

Lu Yaoyao ergueu os olhos e lançou um breve olhar ao Papai Bonito, mas logo enterrou o rostinho outra vez no braço do Pai Bonito.

A bebê está triste. A bebê não quer conversar.

Assim que saíram da barreira, a casa atrás deles desapareceu da vista. De dentro da barreira, era possível ver o lado de fora — mas o contrário não era verdadeiro.

Do lado de fora, a paisagem era muito mais bonita. Dentro do terreno deles, tudo o que havia era uma casa de madeira simples e um lago. Fora dali, no entanto, as plantas e flores eram mais exuberantes e variadas.

Lu Qingyu suavizou a voz:

— Zhu’er, olha aquilo!

Como a criança não reagiu, ele insistiu com surpresa forçada:

— Ah! Que flor bonita! Vermelha e verde...

Flor? As orelhinhas de Lu Yaoyao se aguçaram.

Flor bonita!

A curiosidade de Lu Yaoyao foi despertada. Ela virou a cabeça e viu um ambiente totalmente desconhecido. Observou tudo ao redor com olhos curiosos, até avistar o lugar para onde Papai Bonito apontava.

Na encosta ao pé da montanha, flores vermelhas e folhas verdes se agrupavam em arbustos. Crianças naturalmente adoram coisas coloridas. Os arbustos não eram altos e as flores eram comuns, mas para Lu Yaoyao — que nunca tinha visto flores desde que transmigrou — aquilo era maravilhoso. Ela gostou muito.

Yao Jiuxiao levou Lu Yaoyao até lá para ver de perto. Lu Qingyu colheu uma flor e lhe entregou. Lu Yaoyao a olhou por um tempo, mas logo perdeu o interesse e voltou a ficar apática.

Lu Qingyu e Yao Jiuxiao trocaram olhares e continuaram a subir a montanha.

— E agora? — perguntou Lu Qingyu. — A garotinha não parece ter gostado muito.

Yao Jiuxiao: “…”

Ele também não sabia.

Para dois grandes veneráveis, a Montanha Cangshan era um lugar entediante. Seus habitantes, fossem bestas demoníacas ou demônios com sabedoria espiritual, eram como pequenos peixes no oceano — fracos e insignificantes. Além disso, a aura do lugar era escassa, sem nenhum recurso natural de valor. Demônios com um pouco mais de poder desprezavam essa região.

Cangshan não tinha nada com que Lu Yaoyao pudesse se divertir. Diferente da Seita Guiyuan, rica em recursos, cheia de discípulos e com inúmeras coisas que poderiam interessar a uma criança.

Lu Yaoyao sempre quis explorar o mundo exterior. Agora que finalmente teve a chance, olhou ao redor com curiosidade… mas não viu nada que chamasse sua atenção.

Os três caminhavam por uma trilha quando, de repente, os arbustos à frente começaram a se agitar. Um coelho branco e gordo, maior que Lu Yaoyao, saltou de dentro da vegetação. O bichinho pareceu assustado ao vê-los. Suas duas patinhas dianteiras se ergueram, e seus olhos rubi se arregalaram de surpresa.

Lu Yaoyao também se surpreendeu. Seus olhos redondos se fixaram na criatura fofinha e peluda, e um pensamento surgiu em sua mente:

Coelhinho!

Que coelho grande!

— Céus! Os dois demônios de pedra no sopé da montanha finalmente trouxeram a filhotinha deles pra fora! — exclamou uma voz infantil e aguda… vinda da boca do coelho! No instante seguinte, ele virou-se e disparou, gritando para todos ouvirem.

Os olhos de Lu Yaoyao se arregalaram ainda mais.

O coelho fala!!!


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