Capítulo 121 ao 125


 Capítulo 121

— Irmão, você vai voltar para a base?

Shen Xianjun não explicou. Afinal, não havia nada de errado entre ele e sua esposa — respeito mútuo era mais do que suficiente!

— Eu vou sim, mas você tem uma nova missão. Os superiores te designaram para proteger a Niannian. Ela é extremamente importante nesse momento, especialmente com o que está prestes a fazer. Nem mesmo um pedaço de papel pode cair em mãos erradas.

— Ontem à noite, Niannian passou a madrugada escrevendo e só foi dormir há pouco.

Ao ouvir a missão, Shen Xianjun imediatamente se pôs em posição de sentido. Só depois de escutar todos os detalhes explicou por que estava de guarda na porta.

— Bom trabalho. Um cofre será entregue em breve. Considerando sua posição, isso é conveniente. Além disso, você e sua esposa mal passaram tempo com a criança. Se a Niannian sair — especialmente se deixar o complexo residencial — você deve acompanhá-la.

— Entendido.

— Já que Niannian está descansando, vou me retirar.

Hu Jun não se demorou.

Fan Juan só acordou no meio da tarde. Jet lag era algo que realmente levava tempo para passar. Com receio de dormir ainda mais, levantou-se às pressas para se arrumar. Ainda precisava entregar um relatório antes de sair e comprar algumas coisas também.

Quando Yang Yufen voltou e soube que Niannian ainda dormia, começou a preparar o jantar silenciosamente.

— Mãe, os superiores me concederam licença. Vou ficar em casa por um tempo.

Como não podia mencionar a missão, Shen Xianjun disse apenas que estava de folga.

— Que bom. Já estão casados há anos e parecem dois estranhos. A criança também mal teve tempo com você. Já que está de licença, a partir de agora, quem cozinha é você. Cozinha essas costelas, cozinha esse pato, e salteia os camarões.

Yang Yufen apontou os ingredientes, delegando as tarefas. Havia vantagens em entregar alguém ao exército — até cozinhar eles ensinavam.

Shen Xianjun aceitou o avental que a mãe lhe entregou, em silêncio.

A mãe claramente favorecia a nora, admirando quem era bom nos estudos. Não era à toa que o repreendia na infância por não estudar — suas preferências sempre foram consistentes.

Com as tarefas repassadas a Shen Xianjun e a criança não voltando para o almoço, Yang Yufen pensou um pouco antes de ir até a casa ao lado.

— O que está fazendo aqui a essa hora? Fiquei sabendo que a Niannian voltou.

— Sim, ela voltou. Está se adaptando ao fuso horário em casa. A vida no exterior foi dura — ela comia muito pouco, mas ontem à noite repetiu arroz duas vezes.

— Então por que você está aqui agora? Sabendo como você é, não deveria estar em casa cozinhando para a sua nora?

A Tia Wang provocou.

— O Xianjun está em casa. O casal precisa de tempo juntos. Até o exército deu folga pra ele descansar — por que eu, como mãe, iria atrapalhar?

— Que maravilha, hein? Antes, você se preocupava por estarem separados. Agora que estão juntos, pode relaxar.

A Tia Wang sorriu, puxando um saco de amendoins. As duas começaram a descascá-los juntas.

— É que agora, sem nada pra fazer, me sinto meio perdida.

Yang Yufen percebeu que não precisava mais cuidar da criança. Inconscientemente, já estava ali fazia seis anos — de 1981 até 1987.

— Você só está acostumada a estar ocupada. Não aguenta ficar parada nem por um segundo.

— Quando a criança era pequena, os dias passavam voando, mesmo que parecesse que não fazíamos nada. Agora que ela cresceu e não depende mais de mim, é claro que sinto esse vazio. Com a Niannian de volta, estou pensando em alugar uns terrenos pra plantar.

Yang Yufen achava que cultivar a terra era uma boa ideia. Empreender exigia estar um passo à frente — o que dava lucro antes, agora já estava saturado de tanta gente copiando.

Além disso, ela tinha economias e não temia mais gastos médicos ou com aposentadoria. O imóvel da família estava alugado, e ela não queria depender dos filhos vivendo longe na velhice. O complexo residencial era perfeito — rostos familiares por todos os lados.

— Não pensa demais. A Niannian acabou de voltar — é hora de aproveitar a família reunida. Que coisa boa!

A Tia Wang a tranquilizou.

Yang Yufen riu de si mesma. Tinha ficado só alguns minutos parada e já estava se perdendo em pensamentos. É verdade… conforme a gente envelhece, começa a remoer até o que não precisa.

Mas, depois de algum tempo descascando amendoins, Yang Yufen se lembrou de outra coisa.

Fan Juan, segurando seus documentos de trabalho, entrou sem problemas no complexo residencial do instituto de pesquisa.

— Tia Yang? Niannian?

Ela conferiu o endereço — aquele era, sem dúvida, o pátio certo. O portão estava aberto, mas não havia ninguém à vista. Fan Juan chamou da entrada:

— Yufen, acho que estão te chamando.

A Tia Wang falou de repente.

— Também ouvi. Vou dar uma olhada.

Yang Yufen se levantou e foi até a frente.

— Juan?

Ela hesitou um pouco.

— Tia Yang! Vim visitar você!

Fan Juan se virou e, ao ver Yang Yufen saindo da casa ao lado, correu alegremente para abraçá-la.

— Você está ainda mais bonita! Vamos, vamos pra minha casa. Vou cozinhar algo delicioso pra você.

Lá dentro, Qin Nian já havia acordado. Shen Xianjun estava instalando um cofre no armário — acabara de terminar.

— A partir de agora, podemos guardar tudo de importante aqui. Estarei de licença por um tempo — minha missão é proteger você.

Shen Xianjun não tocou nos papéis da mesa de Qin Nian, com medo de atrapalhar o trabalho dela.

— Tudo bem.

Qin Nian assentiu, juntando seus rascunhos manuscritos e trancando-os no cofre.

— Niannian.

— Juan.

Qin Nian saiu justo quando Fan Juan entrou, e seus olhares se encontraram.

— Vocês duas conversem um pouco.

Yang Yufen, notando que Shen Xianjun havia saído do quarto, não disse nada e foi direto para a cozinha verificar as coisas. Com uma visita em casa, era uma sorte terem comprado muitos ingredientes antes.

— Juan, tem alguma coisa que você não come?

Yang Yufen voltou para perguntar no meio do caminho.

— Tia, não, eu como de tudo.

— Ótimo, ótimo.

Yang Yufen sorriu e voltou para a cozinha, onde Shen Xianjun já estava ajudando. Embora tivesse acabado de instalar o cofre, não tinha ficado parado — boa parte do preparo já estava adiantada.

— Achei que você levaria mais alguns dias pra vir.

Qin Nian serviu um copo d’água para Fan Juan.

— Não consegui dormir nem um pouco ontem — ainda estou me adaptando ao fuso. Passei a noite inteira escrevendo uma proposta e vim direto pra cá quando acordei.

Fan Juan tomou um gole. Tinha vindo de bicicleta, e a viagem não fora curta — estava realmente com sede.

— Quero colaborar com você. Aqui está minha proposta.

Fan Juan tirou o rascunho escrito à mão de sua mochila. Não era a versão final, mas estava clara o suficiente.

— Sei que sua pesquisa normalmente se aplica a áreas de alta precisão, mas acredito que também é extremamente útil para uso civil. Quanto mais avançada a pesquisa, mais financiamento ela exige — não dá pra depender só do apoio estatal.

Fan Juan explicava enquanto Qin Nian lia a proposta. Shen Xianjun entrou trazendo um prato de frutas lavadas, parando brevemente na porta antes de bater.

— Mamãe pediu pra eu trazer frutas pra vocês.

— Obrigada.

Qin Nian estendeu a mão para pegar.

Capítulo 122

— Acho que o seu plano é viável. Eu forneço as patentes técnicas e você cuida da operação, produção e vendas. Só garanta que os impostos estejam incluídos na minha parte.

Qin Nian revisava cuidadosamente a proposta de Fan Juan. Não se tratava apenas de ganhar dinheiro — ela listava projetos executáveis, que iam de pequenos eletrodomésticos a grandes eletrônicos. Muitos desses itens estavam em falta no mercado interno e precisavam ser importados a preços altos.

O plano incluía até equipamentos industriais, o que mostrava que Fan Juan vinha preparando isso há muito tempo. Várias das máquinas CNC listadas estavam em alta demanda e ainda dependiam de tecnologia estrangeira.

— Estou colaborando com você, mas não apenas com você. O instituto de pesquisa tem muitos talentos de ponta, e o trabalho deles certamente trará invenções inesperadas. O senhor Hu é totalmente dedicado à pesquisa, e eu não quero incomodá-lo. Passar por você é a solução perfeita.

— Uma colaboração ganha-ganha como essa certamente beneficiará o instituto. Vou conversar com meu orientador e depois te dou uma resposta.

— Combinado. Atualmente, estou trabalhando no Departamento Econômico — aqui está o número do nosso escritório.

Fan anotou o número de telefone.

— Talvez eu precise da sua ajuda com mais coisas no futuro. Meu plano é abrir uma fábrica primeiro — isso vai me dar um motivo legítimo para importar maquinário do exterior. Mas eu não tenho fundos suficientes, então queria que você investisse. Isso é separado daquela proposta anterior.

Terminada a parte comercial, Fan Juan mudou de assunto.

— Quanto você precisa?

Qin Nian franziu levemente a testa.

— Eu vou ficar com a maior parte das ações, já que você está ocupada com a pesquisa e não terá tempo de gerenciar. O investimento será proporcional — meu orçamento é de 600 mil. Está apertado, mas já cortei todos os custos possíveis.

Fan Juan tirou outra proposta da bolsa, mas Qin Nian nem chegou a estender a mão.

— Seiscentos mil? Tem certeza de que não falou errado?

Qin Nian ficou pasma.

— Sim, 600 mil. Maquinário estrangeiro nunca foi barato, e muitos exigem contatos ou acordos por fora pra conseguir. A menos que a gente desenvolva nossos próprios, mas isso leva tempo. Se conseguirmos amostras, economizamos muito esforço e tempo.

Fan Juan assentiu. Ela não queria que sua fábrica fosse engolida por outros, por isso procurou Qin Nian.

— Eu entro com 400 mil, você com 200 mil. Fico com 51% — só dois pontos percentuais a mais, mas suficientes pra garantir o controle da gestão.

— Onde eu vou arranjar 200 mil?

Se fosse 20 mil, Qin Nian achava que dava conta.

— Garota, você nunca olhou sua conta bancária? Duzentos mil é muito, mas com certeza você tem.

Ao ver a expressão de Qin Nian, Fan Juan logo entendeu.

— Eu realmente nunca olhei... ocupada demais.

Fan Juan respirou fundo. Sempre achou que a calma de Qin Nian fosse indiferença ao dinheiro. Agora percebia — Qin Nian era tão indiferente que nem sabia quanto tinha no banco.

— Vamos ao banco amanhã, às 9h30. Como tudo está em moeda estrangeira, precisamos fazer tudo certinho.

Fan Juan decidiu levar Qin Nian pessoalmente para checar a conta.

— Você ganhou tudo isso em um ano?

Agora foi Qin Nian quem se surpreendeu.

— Não é tanto assim. Se eu tivesse ficado mais alguns meses no exterior, teria multiplicado esse valor várias vezes. O mercado lá é diferente, por isso resolvi me transferir pro Departamento Econômico antes de voltar.

O dinheiro era tentador, mas ela tinha princípios — por isso voltou.

— Duzentos mil representam cerca de dois terços das suas economias. O resto você pode guardar ou usar com outras coisas.

— Você disse que pode conseguir maquinário estrangeiro — poderia também me ajudar a conseguir alguns equipamentos de pesquisa? Eu pago do meu bolso.

Os olhos de Qin Nian brilharam. Quando voltou, até um pedaço de papel era difícil de trazer — ela teve que confiar apenas na memória para lembrar tudo o que aprendeu.

— Me dá uma lista. Não prometo nada, mas vou fazer o possível.

Fan Juan não recusou. Afinal, era sua parceira de negócios.

— Perfeito.

Qin Nian sorriu.

As duas continuaram conversando e alinhando planos até as crianças voltarem.

— Mamãe!

— Mamãe!

As vozes dos gêmeos ecoaram alegremente.

— As crianças voltaram. Continuamos amanhã.

Nem perceberam o tempo passar.

— Lavem as mãos — o jantar já está quase pronto. Temos visita hoje, cumprimentem a tia Fan direito!

Yang Yufen apareceu com uma espátula na mão, enquanto Shen Xianjun carregava uma tigela de sopa.

— Oi, tia!

— Olá, tia Fan!

Hu Zhenghao veio à frente, e os outros seguiram.

— Esse é meu sobrinho, esse é Wang Xing, e esses dois...

— Eu sei — Da Bao e Er Bao! Nossa, como cresceram rápido! Da última vez que vi vocês, ainda estavam no berço — uma fofura! Eu até cheguei a segurá-los.

Fan Juan reconheceu os rostinhos idênticos imediatamente.

— Uau! A tia bonita segurou a gente? Então adivinha — quem é o Da Bao e quem é o Er Bao?

Li Wu piscou com malícia.

— Você deve ser o Da Bao. Acertei?

— Uaaau! Como a senhora sabia, tia?

Li Wu ficou impressionado, e Li Wen também. Não se lembrava dessa tia, mas ela acertou na mosca.

— Você chorava alto quando bebê — igualzinho a como você fala agora. Er Bao sempre foi mais quietinho. Parece que nada mudou.

Fan Juan elogiou Da Bao e depois se virou para Er Bao.

— Não trouxe presentes, mas aqui vai um envelope vermelho pra cada um. Podem pegar.

Ela entregou quatro envelopes vermelhos. As crianças olharam para Yang Yufen, que assentiu, então pegaram felizes e agradeceram.

Todos se sentaram para jantar. Fan Juan achou a refeição melhor que a da cantina.

— Tia, a senhora se superou — esse banquete está delicioso!

— Comam bastante! Nada de cerimônia. Vocês emagreceram — devem ter passado trabalho lá fora.

Vendo que Fan Juan comia delicadamente, Yang Yufen encheu o prato dela com porções generosas.

Depois do jantar, Fan Juan se preparava para ir embora, mas Yang Yufen enfiou uma sacola nas mãos dela.

— Alguns caquis e pepinos da nossa horta, e tiras de batata-doce desidratadas que fiz mais cedo.

— A senhora ainda lembra que eu amo suas tirinhas de batata-doce? Tia, a senhora é demais!

Fan Juan abraçou Yang Yufen, depois subiu na bicicleta e saiu pedalando com as delícias.

Qin Nian observava as crianças fazendo a lição de casa. Todas aprendiam rápido, a caligrafia era caprichada — ela quase se sentia desnecessária.

— Acabou o tempo — hora do banho!

Assim que Hu Zhenghao terminou de revisar os cadernos, olhou o relógio e levou os irmãos pro banheiro. Como eram todos meninos e era verão, usavam a água aquecida pelo sol no pátio e tomavam banho juntos.

— A mamãe cuida de tanta criança em casa, e ainda assim faz tudo tão bem.

Vendo os pequenos correndo, Qin Nian murmurou sem pensar.

— A mamãe realmente tem jeito com crianças. Vai voltar a escrever?

Shen Xianjun já havia terminado de limpar a cozinha.

— Sem pressa.

Qin Nian balançou a cabeça. Tinha escrito demais na noite anterior — tanto a mente quanto as mãos precisavam de descanso.


Capítulo 123

As crianças saíram do banheiro rapidamente. Qin Nian viu várias delas pegando água por conta própria para lavar as roupas.

— Mamãe, a máquina de lavar quebrou? — Qin Nian olhou para Yang Yufen.

— Não, está funcionando direitinho. É que da última vez essas pestinhas usaram a máquina pra lavar batatas. Depois disso, eu castiguei e mandei que lavassem tudo na mão. Quando perceberem o quanto é difícil lavar roupa, vão pensar duas vezes antes de se sujarem de novo.

Ao lembrar disso, Yang Yufen se recordou das roupas de ontem que mal conseguiram ficar limpas. Felizmente, eram todas peças velhas.

— Ah, entendi — Qin Nian assentiu. Olhando para a máquina, que exigia trocar e drenar a água manualmente, ela pensou que seria uma boa ideia começar por ali. Era muito trabalhoso uma única pessoa lavar a roupa de toda a família. No verão ainda dava, mas no inverno seria complicado.

As crianças chegaram bem na hora do desenho animado. Quando o programa acabou, começou o telejornal. Yang Yufen assistia às notícias enquanto as crianças levavam o rádio para o quintal.

— Mamãe, vem com a gente, vai? — Li Wen puxou a manga de Qin Nian, que o seguiu até o quintal.

Ao ouvir as crianças se comunicando em línguas estrangeiras, Qin Nian ficou bastante surpresa. Especialmente ao notar que Erbao sabia mais de um idioma. Ela ajudou corrigindo a pronúncia deles. Quanto mais tempo passava com as crianças, mais percebia o quanto havia perdido.

Durante os anos em que esteve ausente, o professor e sua esposa assumiram o papel de avós e ajudaram a criar os pequenos.

— Li Wen, não é cansativo aprender tanta coisa? — Qin Nian percebeu que ele estudava mais do que Li Wu. Os dois haviam nascido com pouco tempo de diferença. Enquanto Li Wu estava brincando, Li Wen continuava escutando o rádio.

— Não, é muito divertido — respondeu ele, com Wang Xing assentindo ao lado.

— A única coisa ruim é que quase ninguém pode ajudar a gente. Só quando a vovó está livre é que ela corrige nossa pronúncia e ensina mais. Mas a mamãe é incrível! A mamãe sabe tudo. Já o papai...

Justo nesse momento, Shen Xianjun saiu e escutou aquilo. A boca dele chegou a se contorcer. Estava claro que o filho estava o menosprezando.

Deixa pra lá. Como pai, ele não ia discutir com uma criança. Já estava esgotado só de tentar aprender um idioma, enquanto o filho estava aprendendo três. Só mesmo o sogro e a sogra tinham paciência para isso.

— Já está na hora. Não vai treinar hoje? — Shen Xianjun olhou o relógio. Li Wen imediatamente se levantou e parou de se agarrar em Qin Nian.

— Mamãe, a gente vai treinar com o vovô Liao. Hoje ele vai ensinar como montar armadilhas.

— Vão lá.

Assim que Li Wen terminou de falar, Hu Zhenghao apareceu na porta chamando as outras crianças.

— A vida das crianças é sempre assim cheia de atividades? — Qin Nian não escondeu a curiosidade.

— Virou hábito já. Todo dia eles correm às seis da manhã, têm aula às sete e meia. No almoço, o vovô Liao conta histórias da guerra. A escola termina às cinco, e o desenho começa às seis.

Se a vovó estiver livre às sete, ensina idiomas estrangeiros. Depois, às oito, tem o treino noturno. Às nove, estão de volta pra casa, e às nove e meia vão dormir.

Yang Yufen contou a rotina da casa com um sorriso.

Qin Nian assentiu e gravou tudo na cabeça.

— Mamãe, amanhã tenho que sair pra resolver umas coisas. Não sei a que horas volto. Talvez nem venha pro almoço.

— Tudo bem. As bicicletas da casa estão aí, você pode usar — Yang Yufen assentiu.

— Eu vou visitar a tia Guixiang amanhã. À noite...

— Mamãe, a gente volta de tarde — Qin Nian a interrompeu rapidamente.

— Mamãe, deixa que eu faço o jantar — Shen Xianjun completou.

— Está bem, então deixo a casa com vocês.

Yang Yufen foi dormir cedo depois de se lavar. Na manhã seguinte, era Shen Xianjun quem preparava o café.

Antes, suas folgas eram curtas, mas como essa estava sendo longa, ele se voluntariava a ajudar em casa.

— Vou cortar os alhos-porós e depois visitar sua tia Guixiang. Lembra de dar comida às galinhas.

— Mamãe, não vai tomar café da manhã? — Shen Xianjun já estava acostumado com os avisos da mãe, mas ainda se surpreendia com o costume dela de não tomar café em casa.

— Acha que sua tia vai negar um prato de comida pra mim?

Yang Yufen pegou o cesto e foi aos fundos colher os alhos-porós antes de sair.

— Já veio trazer alho-poró de novo? Vou preparar um macarrão pra você.

Assim que Gui Xiang viu Yang Yufen, logo colocou os macarrões na panela.

O negócio da lanchonete de Gui Xiang ia cada vez melhor, e ela também ganhava um dinheiro cultivando hortaliças no campo. Seguindo o conselho de Yang Yufen, contratou alguém pra ajudar: sua sobrinha divorciada.

Era uma história triste. Na verdade, nem casada de fato ela era — nunca teve certidão. O homem tinha um gênio horrível e batia nela quando bebia. Estava grávida na época, mas perdeu o bebê.

O irmão mais velho de Gui Xiang ligou dizendo que a filha estava naquele estado. Trouxe a moça de volta pra casa, mas a situação por lá também não era boa. O filho e a nora moravam junto, e a convivência não era fácil. Então ele pediu ajuda à irmã.

Gui Xiang prometeu que arranjaria um trabalho, sem entrar em detalhes. O importante era que a sobrinha pudesse se sustentar. Quando a moça chegou, Gui Xiang ficou chocada com sua aparência abatida.

Era filha de um relacionamento anterior, e mesmo tendo trinta e poucos anos, parecia mais velha que Gui Xiang, que já passava dos cinquenta.

A sobrinha era habilidosa, acostumada à lida no campo, forte e resistente. Agora que a lanchonete abria o dia inteiro e tinha muitos fregueses fixos, ela era uma grande ajuda.

Yang Yufen ficou ali metade do dia e nem conseguiu ajudar na hora mais movimentada.

Só depois das duas da tarde a loja ficou mais tranquila.

— Ué, como é que você tem tempo livre hoje pra ficar aqui? — Gui Xiang sentou-se ao lado de Yang Yufen.

— Qin Nian voltou, e Xianjun está de férias. As crianças agora não precisam tanto de mim. Então vim espairecer um pouco.

— Ah, Qin Nian voltou? Que maravilha! A família reunida de novo!

Gui Xiang ficou sinceramente feliz por ela.

— É, só quero voltar pra ver o velho. Faz anos que não tenho tempo.

Yang Yufen suspirou.

— Está com medo de atrapalhar a vida dos dois? — Gui Xiang pensou no próprio filho mais velho.

— Estou, sim — Yang Yufen assentiu discretamente.

— Ah, para com isso! É só conversar com eles e ver como se organizam. Também estou pensando em levar o Ershun e os outros pra visitar esse ano.

O marido dela ainda cuidava da plantação, então não podia sair.

— Changshun ligou outro dia falando da escola das crianças. Quer que elas estudem aqui.

— E você concordou?

Yang Yufen a encarou.

— Não. Criança tem que ficar perto dos pais. Além disso, os três filhos do meu mais velho nem gostam de estudar. Na verdade, eu sei o que meu filho e a nora querem: cuidar da própria família. Eu entendo. Mas na época em que o Ershun estava naquela situação e eles quiseram dividir a casa, aquilo me magoou.

Agora que a situação melhorou, não sou contra ajudar meu filho mais velho. Mas o caso do Ershun é especial. A gente não sabe até quando vai conseguir cuidar dele. Precisamos garantir que a Qingqing cresça bem.

Nós, velhos, já percebemos que Qingqing é uma menina carinhosa e estudiosa. Se a gente educar direitinho e economizar, no futuro arranjamos um bom genro que venha morar com ela. Assim, o Ershun não precisará se preocupar com o futuro.

Capítulo 124

— Conversei com o velho. Mais tarde vamos trazer umas sementes de melancia e de melão para que nosso filho mais velho plante em casa. Vai render mais que plantar na roça. Os melões daqui são mais doces que os de lá — deve ser por causa das sementes.

Gui Xiang contou os planos do casal.

— Que ótima ideia! Enquanto você tiver coragem de tentar, o sucesso vem junto. Me deu até vontade de plantar também.

Yang Yufen concordou com a cabeça.

— Te digo uma coisa: terra está muito disputada hoje em dia. Conseguimos uma área depois de comprar a casa. No começo, alugamos por alguns anos, mas vendo a concorrência, renovamos por mais vinte. Quando o velho não puder mais trabalhar, o Ershun assume.

— Ainda tem terra para alugar? — perguntou Yang Yufen, curiosa.

— Não sei em outros lugares, mas aqui perto está tudo tomado. Se quiser alugar, vai ter que procurar longe.

Gui Xiang balançou a cabeça.

Ao ouvir isso, Yang Yufen desistiu da ideia. Se fosse longe demais, não conseguiria cuidar direito das crianças. Se algo acontecesse, não daria tempo de chegar.

Sentindo que já era hora e sabendo que Gui Xiang precisava se preparar para a tarde e descansar, Yang Yufen se levantou e foi embora.

Sem um destino certo, foi para a loja de departamentos.

— Tia Yang!

— Pequena Li, quantos meses de gravidez você tem?

Yang Yufen percebeu logo a barriga de Pequena Li.

— Seis meses, tia. Faz tanto tempo que não nos vemos.

Pequena Li a cumprimentou calorosamente, com o rosto mais cheio — sinal claro de felicidade.

— Vai com calma, querida. Eu mesma posso pegar o banquinho.

Yang Yufen estendeu a mão rapidamente.

— Não precisa. O que a trouxe aqui hoje, tia? O ouro está subindo como louco. Você já comprou bastante.

— Só vim dar uma volta. Você está bem, pelo jeito.

— Hehe, a vida está boa. Com um exemplo como você, na hora de escolher marido fui olhar os sogros direito. Os dois trabalham, me tratam bem, e eu também tenho emprego. No mês passado, meu marido até ganhou uma casa.

Pequena Li brilhava de alegria.

— Ah, que maravilha! Meninas inteligentes como você são as que vivem felizes.

Yang Yufen conversou um pouco com Pequena Li até que um cliente chegou, e então ela foi olhar outras coisas.

Como não faltava nada em casa, não precisava comprar nada. Depois de se cansar de olhar, pegou o ônibus para voltar.

Qin Nian ficou pasma ao ver o saldo da conta — ela realmente tinha todo aquele dinheiro.

Dessa vez, Fan Juan preparou todos os contratos, e os fundos foram transferidos logo após a assinatura.

— A empresa vai se chamar Forward Appliances. Eu cuido do registro e arrumo o lugar para a fábrica. Deve levar uns dois meses.

Dois meses já era considerado rápido.

— Certo, não vou atrapalhar. Vou tentar finalizar os designs o quanto antes.

Qin Nian entregou para Fan Juan a lista de materiais que precisava. Depois do almoço, voltou ao instituto de pesquisa para pegar alguns suprimentos.

No caminho, Yang Yufen encontrou o professor Wen.

— Yufen.

O professor chamou-a.

— Professor Wen.

Yang Yufen parou e se virou.

— Que coincidência! Está livre amanhã? Organizamos um passeio ao Palácio de Verão. Você já está aqui faz tempo e, além da universidade, nunca levamos você para outro lugar. Com Qin Nian e Xianjun em casa, você não precisa se preocupar com as crianças. Que tal vir com a gente?

O professor fez o convite caloroso.

— Sou só uma caipira, e vocês todos são intelectuais.

Yang Yufen ficou meio sem jeito.

— Somos todos gente como você, e é só para relaxar. Lembro que você gosta de carpintaria e arquitetura. O Palácio de Verão é o jardim imperial mais bem preservado, misturando paisagens naturais com a arte clássica chinesa. Você não vai se arrepender.

O professor recomendou com entusiasmo.

— Bom... então tá.

Depois de pensar um pouco, Yang Yufen aceitou. Ela já era adulta — não se perderia. Se não gostasse, poderia explorar sozinha.

— O que devo levar?

Como seria um passeio, achou que devia perguntar.

— Uns lanchinhos e bebidas. O Palácio de Verão é enorme e você pode acabar ficando com fome ou sede enquanto anda.

Yang Yufen assentiu.

— Mamãe, você voltou.

Qin Nian estava no quintal, desenhando o projeto da máquina de lavar. Olhou para Yang Yufen ao ouvi-la chegar.

— Sim. Acabei de encontrar a esposa do seu professor. Ela me convidou para ir ao Palácio de Verão amanhã.

Yang Yufen olhou em direção à cozinha, onde ouviu o barulho da faca — Shen Xianjun estava cozinhando.

— Que ótimo! Não se preocupe, mamãe. Queria poder ir com você, mas tenho trabalho.

— Tudo bem. Queria conversar com você e com o Xianjun. Já falamos antes sobre visitar o túmulo do pai dele, mas vocês estão muito ocupados. Se não conseguirem arrumar tempo, posso ir sozinha.

Yang Yufen tocou no assunto.

Qin Nian lembrou-se de repente, sentindo uma pontada de culpa. Estava demorando demais.

— Vou falar com o Xianjun hoje à noite.

— Tudo bem, sem pressa.

— Mamãe, aqui está o livro de poupança. Este é—

Qin Nian lembrou do talão no bolso e entregou.

— Eu tenho dinheiro, querida.

Yang Yufen devolveu o talão. Antes poderia precisar, mas agora, com o lucro da lanchonete e o aluguel, tinha dinheiro suficiente — mesmo que a maior parte tivesse sido convertida em ouro.

Além disso, Shen Xianjun agora entregava a mesada toda para ela, diferente de antes do casamento.

— Vocês dois terão que criar os filhos sozinhos. Guardem o dinheiro para a família. Quando eu estiver velha e não conseguir me mexer, aí sim vocês cuidam de mim. Agora ainda consigo.

— Mamãe... você pretende voltar para o interior?

Qin Nian se tensou e largou os desenhos.

— Não, não. Sei que vocês estão ocupados. Só vou visitar e volto logo.

— Mamãe, Xianjun é seu único filho. O interior fica longe demais. Você nos ajudou a criar as crianças todos esses anos — não dá pra ficar sem você.

Qin Nian não conseguia imaginar a confusão que seria se sua sogra fosse embora. Ao olhar melhor, notou que o cabelo de Yang Yufen já começava a ficar grisalho. Ela nem lembrava o aniversário da mãe — Yang Yufen nunca comemorou.

— Mamãe, seu registro domiciliar está no meu nome agora. Se você for para o interior, vai ter que transferir de novo — é muita burocracia. Meu professor não precisa de mim no instituto agora e eu posso trabalhar em qualquer lugar. Vou com você, e a gente volta junto.

Qin Nian tomou sua decisão. Seus rascunhos eram escritos em símbolos próprios — mesmo que se perdessem, ninguém conseguiria decifrá-los. Ela podia organizá-los rápido e traduzir depois.

— Espera, quando foi que o registro da mamãe passou pro seu nome?

Shen Xianjun saiu vestindo um avental e ouviu o começo da conversa.

Capítulo 125

— O registro domiciliar meu e dos dois filhos está tudo no meu nome.

Qin Nian falou, e Shen Xianjun sentiu como se o céu tivesse desabado. Então, toda a família tinha seus próprios registros, e ele era o único sozinho — quando foi que ele se tornou uma figura solitária? Durante todos esses anos, ninguém jamais lhe contou!

Shen Xianjun lançou um olhar acusador para a mãe.

— Você nunca perguntou. Além disso, a culpa é toda sua. Você que devia se olhar no espelho. Tá bom, vou organizar umas roupas — amanhã vou ao Palácio de Verão com sua sogra.

Yang Yufen deixou o casal para trás e entrou na casa.

— Xianjun, mamãe está com saudades de casa. Vamos acompanhá-la para visitar os túmulos? Você pode ver se podemos sair?

Qin Nian não pensava em mais nada no momento. Ela esperava que a sogra ficasse, mas se fosse só para prestar respeito, não afetaria muito. Só que ela sabia que as autoridades levavam essas coisas a sério — não podiam sair sem permissão e tinham que pedir autorização.

— Tá bom, vou fazer o relatório depois.

Shen Xianjun não deu muita importância à saudade da mãe por casa ou ao desejo dela de visitar o túmulo do pai dele.

— Xianjun, a mamãe tem mais familiares?

Qin Nian percebeu de repente o quanto sabia pouco sobre o passado da sogra.

— Não. Os parentes mais próximos que temos são a família da tia Guixiang e o chefe da vila.

— Então a mamãe criou vocês sozinha?

— É. Desde que me entendo por gente, nunca vi ninguém do lado dela. Dizem que uma nevasca destruiu a casa deles, e todo mundo sumiu.

Depois de falar isso, Shen Xianjun ficou em silêncio.

Algo que ele nunca tinha reparado antes, agora mencionado pela esposa, fez-o perceber o quanto a mãe tinha lutado para criá-lo. A avó dele fora dura com a mãe, mas porque ele era homem, a avó o mimava. Naquela época, ele só sentia irritação e confusão.

Instintivamente, ele evitava confusão, enquanto a mãe sempre se mantinha firme, aguentando tudo sem nunca reclamar com ele.

O casal ficou em silêncio por um longo tempo, até que as crianças voltaram.

Qin Nian se remexia na cama, sem conseguir dormir. Shen Xianjun sentou-se e acendeu a luz.

— O que foi?

Talvez porque ele também tinha algo na cabeça, Shen Xianjun não dormira bem. Sentindo o nervosismo de Qin Nian, decidiu sentar.

Qin Nian também se sentou, olhando para Shen Xianjun por um tempo antes de falar de repente.

— Cadê toda sua mesada militar durante esses anos?

— Hã? Minha mesada? Eu dava para a mamãe. Quer dinheiro? Vou pedir para ela.

Durante o dia, Shen Xianjun só cuidava da segurança de Qin Nian e não perguntava o que ela e Fan Juan andavam fazendo.

— Você não tem nenhum com você?

Qin Nian franziu um pouco a testa.

Shen Xianjun hesitou, levantou-se e remexeu o guarda-roupa. Depois de um tempo, virou-se e entregou o dinheiro para ela.

— Isso é tudo que tenho — 106 yuan e 50 centavos. A mesada deste mês já está com a mamãe. Se precisar, pega isso. Eu fico com os 6 yuan e 50 centavos.

Era tudo que ele conseguiu juntar ao longo do tempo.

Qin Nian olhou as notas e moedas espalhadas, surpresa.

— Na verdade… você pode ficar com isso.

Ela empurrou o dinheiro de volta.

— Você perguntou, e eu não tenho muitas despesas. Se faltar, peço para a mamãe. Desde que voltei, entrego toda minha mesada para ela — não escondo nada. Ela cuida das crianças para nós, afinal. Eu entendo isso.

Shen Xianjun ficou só com os 6 yuan e 50 centavos.

Depois de pensar, Qin Nian pegou mais 10 yuan da pilha.

— Vou ficar com esses 90 yuan. Não fala nada para a mamãe.

Ela tinha decidido não pegar nada, mas as palavras de Yang Yufen voltaram, e ela acabou ficando com os 90 yuan.

Depois de pegar o dinheiro, Qin Nian deitou e logo adormeceu. Shen Xianjun, porém, ficou pasmo — agora não conseguia dormir. Os 16 yuan e 50 centavos restantes teriam que durar até o próximo mês, e a mãe dele não lhe dera dinheiro para mantimentos!

Ele não havia pensado nisso antes.

Mas já tinha dado o dinheiro para a esposa. Que tipo de homem seria se pedisse de volta agora? Ia perder a cara! E ainda tinha que ser grato por ela ter deixado dez yuan a mais.

Na manhã seguinte, o professor Wen chegou. Yang Yufen vestia as roupas que Qin Nian comprara para ela, carregava uma cesta, e as duas partiram juntas.

— Todo mundo aqui? O passeio pelo jardim hoje está cheio — não foi só a nossa escola que organizou, outros lugares também.

— Está bem animado. Deixa eu ver… todo mundo chegou.

O professor Wen olhou ao redor. Os que disseram que viriam estavam todos presentes, alguns com sacolas, outros com cestas como Yang Yufen.

Enquanto isso, Qin Nian e Shen Xianjun estavam em casa com as crianças, que depois iriam ao palácio das crianças, mas não tão cedo.

— Pai, dinheiro.

Dabao piscou os olhos grandes e estendeu a mão para Shen Xianjun.

— Que dinheiro?

Shen Xianjun ficou confuso por um momento.

— A gente não vai voltar para o almoço — vamos comer fora. E também precisa para o ônibus, e está calor, então para o sorvete.

Dabao contou nos dedos. Shen Xianjun colocou a mão no bolso, conferiu o dinheiro que tinha, e tirou dois yuan.

— 50 centavos cada um. Zhenghao, você fica com isso.

Seus 16 yuan e 50 centavos viraram 14 yuan e 50 centavos.

— Vou preparar uns lanchinhos para vocês.

Quando viu Dabao prestes a dizer mais, Shen Xianjun guardou o resto do dinheiro, foi até o quintal pegar tomates e pepinos, e encheu a cantilha militar com água.

— Tá bom, crianças não devem desperdiçar. Sejam econômicos. Vai logo, ou vão perder o ônibus.

Shen Xianjun foi entregar seu relatório, enquanto Qin Nian ficou em casa, continuando a anotar as ideias na cabeça. Mas ainda estava muito lento, então ela foi ao instituto de pesquisa ver seu professor.

— Professor, arrumei alguém para trazer um computador de fora. Posso pedir internet em casa? Vai acelerar as coisas.

— Claro. Mas temos nossos próprios computadores — por que comprar um de fora? Isso demora pelo menos quinze dias e custa caro. Você tem dinheiro suficiente?

O reitor Hu entregou a ela um formulário de pedido.

— Pode deixar, professor. Tenho os fundos. Nossos computadores estão defasados, então quando o novo chegar, você e a equipe podem ver também.

Qin Nian explicou.

O computador não era barato — passar pela alfândega e pagar propina custaria quase o preço de uma casa. Mas ela realmente precisava. Entre isso e os outros equipamentos do laboratório, metade do dinheiro da conta já tinha ido embora. Até alguém dedicado como Qin Nian tinha que admitir — dinheiro importa. Muito.

— Professor, Xianjun e eu estamos planejando visitar a cidade natal dele. Desde que casamos, minha sogra veio do interior cuidar de mim e das crianças — faz seis anos, e ela não voltou. Mas não se preocupe, não vou atrasar meu trabalho por muito tempo.

Enquanto isso, Shen Xianjun também relatou a situação. Depois que Hu Jun enviou o pedido para cima, a aprovação saiu. Hu Jun arrumou um carro e designou Liao Yuanjie para acompanhar Shen Xianjun — os dois sabiam dirigir.


Postar um comentário

0 Comentários