Capítulo 13 — O Ônibus do Baby


 — Mas eu gosto de rosa~ — Zhong Ruanxing retrucou, fazendo birra de propósito ao ouvir a advertência dele.

— ………… — Song JinXing ficou em silêncio por alguns segundos. Depois se convenceu, mesmo que a contragosto: — Então pode mudar.

Zhong Ruanxing não esperava que ele fosse realmente permitir. Aproveitou a deixa e resolveu testar mais um limite:

— Posso trocar o sofá do seu escritório também? É tão desconfortável deitar ali.

— O escritório também precisa ser rosa? — Song JinXing levou a mão à cabeça, já com dor só de pensar.

Zhong Ruanxing riu, rolando de um lado para o outro no sofá.

Passado um bom tempo, sem saber bem que tipo de batalha interna ele tinha travado consigo mesmo, Song JinXing acabou cedendo:

— Faça como quiser. Fale com o Fu Ling pra cuidar disso.

— Êêêêêêê!

Com a aprovação dele, Zhong Ruanxing já imaginava mentalmente como transformar aquela mansão de luxo inteira. Por um tempo, ninguém disse mais nada. Só o barulho da TV preenchia o ambiente, até que Zhong Ruanxing percebeu que a ligação ainda estava ativa.

— Alô?

— Hm?

— Por que você ainda não desligou?

Song JinXing não respondeu, mas devolveu a pergunta:

— Ainda está com medo?

— Já me acostumei um pouco… não tô mais tão assustada.

Ela bocejou. Song JinXing então falou:

— Vai dormir. Quando chegar no quarto, eu desligo.

Zhong Ruanxing respondeu com um “tá”, pegou o controle remoto, desligou a TV e subiu as escadas. As pantufas eram bem macias. Enquanto ela andava até o quarto, JinXing ouviu o som das luzes sendo acesas, e então disse em voz baixa:

— Pronto. Agora vou desligar. Dorme cedo.

Zhong Ruanxing, de repente, perguntou:

— E se a gente nunca conseguir voltar?

A resposta veio sem hesitação. A voz de Song JinXing era firme e calma:

— Se você concordar, eu escolho me casar com você. É a melhor solução para nós dois.

Ele claramente já havia pensado nisso antes. E, de fato, seria a melhor solução prática para ambas as partes.

Quantas pessoas sonham em casar com alguém de uma família rica? Se um dia ela realmente se casasse com Song JinXing, Zhong Ruanxing podia imaginar o caos que causaria na indústria do entretenimento. As rivais dela iam sangrar de inveja.

Mas, mesmo pensando assim, Zhong Ruanxing não sentia nenhuma felicidade.

Afinal, ela sonhava com amor. Queria uma história perfeita, onde amor leva ao casamento. Não uma vida presa a alguém por causa de um acidente de troca de corpos.

Talvez percebendo o desânimo dela, Song JinXing disse com a voz suave:

— Vai ter uma solução. Peça ao Fu Ling pra contatar um mestre espiritual do meio artístico amanhã. Vamos tentar.

Com a influência da família Song, localizar os mestres mais renomados do país era só questão de um telefonema. Sempre há mais soluções do que problemas. Zhong Ruanxing se animou:

— Tá bom!

Sem perder tempo, assim que desligou a ligação, ela mandou uma mensagem para Fu Ling: pediu que entrasse em contato com o famoso Grande Mestre Pinghe do setor artístico e que, ao mesmo tempo, fizesse um levantamento de todos os mestres de metafísica em alta no país. Se conseguisse contato, chamasse todos.

O Grupo Song tinha negócios no setor de entretenimento, mas não muitos. A maioria era gerenciada pela Huaguang Media, de Song Lecheng.

Fu Ling, que estava prestes a dormir, recebeu a mensagem e ficou em choque por dois segundos.

O que tinha acontecido com o chefe? Sempre tão racional, agora querendo se envolver com superstição feudal? Bem… ele já tinha ouvido dizer que famílias ricas contratam mestres de feng shui e adivinhação. Só não esperava que um chefe formado nas Ivy League acreditasse nessas coisas também.

E com tantos mestres… Será que o chefe finalmente decidiu agir contra aquele segundo jovem mestre problemático?

Com mil dúvidas na cabeça, Fu Ling respondeu:

— Entendido, chefe.

Fu Ling era eficiente, então Zhong Ruanxing foi dormir tranquila.

A noite passou sem incidentes. Quando a luz do dia começou a invadir a cidade, a vida urbana começou a despertar. Lembrando do aviso de Song JinXing no dia anterior, Liu Cai chegou antes das oito da manhã com sacolas de mantimentos frescos. Viu a bela mulher se espreguiçando na varanda e elogiou com um sorriso:

— Bom dia, senhorita Zhong! Comprei bastante coisa. Que tal almoçarmos em casa hoje?

Song JinXing tinha acabado de terminar seu treino matinal de core. O corpo de Zhong Ruanxing era bem flexível. Ele estava com as pernas apoiadas no corrimão, fazendo alongamento. Como sempre, respondeu friamente:

— Não precisa. Vou sair daqui a pouco.

O pai de Zhong também estava de folga. Quando Song JinXing terminou o banho e trocou de roupa, já havia uma tigela de macarrão com ovo e tomate, feita por ele, sobre a mesa.

Enquanto lavava os legumes, Liu Cai comentou animada:

— Irmão Zhong, o dia está tão bonito! Que tal sair com a irmã Lin pra dar uma voltinha e depois voltam pro almoço?

Mas o pai de Zhong era reservado e antissocial. Só assentiu com a cabeça e voltou pro quarto. Liu Cai ficou sem graça e calou-se.

Depois de comer, Song JinXing estava prestes a sair quando um macaquinho se agarrou à sua perna.

Olhando pra baixo, viu Zhong You com os olhos grandes e úmidos, olhando pra cima com aquela carinha pidona:

— Irmã, pra onde você vai? YouYou também quer ir!

— Desce.

— Só desço se você deixar! — Ela esfregou a cabeça contra a perna dele. — Leva eu! Leva eu! Faz tanto tempo que a gente não sai pra brincar juntas!

Song JinXing tentou chacoalhar a perna, mas não conseguiu se livrar dela.

Depois de um tempo, cedeu:

— Tá bom, desce. Eu levo você.

Zhong You imediatamente pulou no chão, pegou o dedo dele e gritou animada:

— Êêê! YouYou ama a irmã mais do que tudo!

Ao calçarem os sapatos, Song JinXing notou o chaveiro do Doraemon pendurado perto da porta. Ao olhar a chave do carro, teve um mau pressentimento. E, de fato, ao descer até o subsolo, vaga 167, ficou mudo ao ver o veículo parado ali: um baby bus todo enfeitado com adesivos rosa da Hello Kitty.

A voz de Zhong Ruanxing da noite anterior, toda orgulhosa dizendo que tinha um carro, ainda ecoava na mente dele.

Ao olhar para o baby bus diante de si, Song JinXing teve vontade de voltar pra casa na mesma hora.

Mas, claro, Zhong You não deixaria.

Ela pegou a chave da mão dele com agilidade, apertou o botão de destravar e pulou feliz pro banco do passageiro:

— Vamos sair pra passear no carro!

Resignado, Song JinXing assumiu o volante.

Logo que saíram do condomínio, Zhong You olhou ao redor, curiosa:

— Irmã, a gente vai passear onde?

— Comprar um carro.

Zhong You arregalou os olhos:

— Mas a gente já tem um! — Ela deu um tapinha no banco. — Eu adoro quando a irmã me busca na creche com esse carro! Irmã, quero colar outro gatinho no teto!

Song JinXing pisou fundo no acelerador.

Ao chegarem na concessionária, Zhong You, que passou o caminho inteiro tagarelando e se mexendo, ficou subitamente quieta. Grudou no vidro com uma expressão solene, olhando para o saguão luxuoso diante deles.

Song JinXing estacionou e se inclinou para soltar o cinto dela. Zhong You então falou baixinho:

— Irmã, vamos embora.

— Hm?

Ela estava séria:

— Os carros daqui devem ser muito caros! A irmã não tem dinheiro… YouYou também não. Vamos sair rápido.

Song JinXing não esperava que uma garotinha de quatro anos fosse tão sensata. Um sentimento difícil de descrever passou por seu coração. Ele saiu do carro com ela nos braços e, caminhando em direção ao saguão, disse com calma:

— A irmã tem dinheiro.


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