— Clang—
O som cortante de uma espada longa rasgando o ar ecoou, enquanto uma luz brilhante de espada cintilava como um arco-íris, sua energia cortando o manto escuro à frente. A luz repentina escorreu pelas pálpebras de Ming He.
Assustada, ela abriu os olhos e viu uma mulher de vestes brancas — que já não eram mais tão puras quanto neve. Surgindo de um caminho invisível por trás das vinhas vermelhas como sangue, ela desceu do alto com uma espada na mão direita, o olhar afiado e imponente. Cercada pela luz da espada, sua figura cintilava na escuridão como uma lua radiante.
— Levante-se! — Qin Chu Yi ordenou com firmeza, sua lâmina varrendo as vinhas vermelhas. A luz da espada ardia intensamente, atravessando camadas de trevas e iluminando a visão de Ming He.
Ao completar o arco de sua espada, Qin Chu Yi mordeu o dedo esquerdo e formou um selo com a palma manchada de sangue, lançando-o em direção às raízes das vinhas. Seu rosto empalideceu visivelmente, mas sua aura explodiu com tal força que dispersou partículas de poeira ao redor, como se ofuscasse o próprio mundo ao redor delas.
Ming He observou enquanto as vinhas que a prendiam recuavam instantaneamente, como se ameaçadas, desaparecendo num piscar de olhos.
Se não fosse pela cena caótica ao seu redor e pela dor persistente em seu corpo, ela poderia acreditar que tudo não passara de uma ilusão. Aquelas vinhas vermelhas haviam surgido num piscar de olhos — e sumido com a mesma rapidez.
— Você está bem? — Qin Chu Yi embainhou a espada e se virou, os olhos brilhantes refletindo a imagem de Ming He, com uma preocupação sutil quase imperceptível em sua expressão.
— Estou — respondeu Ming He em voz baixa, esforçando-se para se levantar e pegar sua espada branca caída no chão. Embora as emoções fervilhassem dentro dela, seu rosto se manteve inexpressivo.
Seu olhar se voltou para a distância, onde Duan Wu, o jovem frio de roupas negras, recuava seus gestos arcanos, apaziguando as energias perturbadas ao redor. As árvores que balançavam e os ventos instáveis denunciavam os efeitos persistentes de sua formação.
Foi essa formação que permitiu a Qin Chu Yi repelir facilmente as vinhas vermelhas e salvá-la.
Não — não foi apenas a formação.
Os olhos de Ming He se estreitaram levemente ao notar o sangue ainda escorrendo do ferimento na mão esquerda de Qin Chu Yi — o sangue usado no selo que fez as vinhas recuarem.
Ela havia assumido que, diante da morte, Qin Chu Yi a abandonaria — uma expectativa perfeitamente razoável. Uma era uma jovem nobre de uma grande família; a outra, uma discípula comum de um pequeno clã. Diante de tamanha disparidade e da ameaça da morte, que peso teria o abandono?
Ela já havia experimentado o amargor do abandono antes.
Isso seria apenas mais uma cicatriz em sua coleção. Já não se abalava com esse tipo de coisa; morrer era apenas... morrer — quem, neste mundo, estava imune à morte?
Ela já havia decidido parar de lutar, pronta para abraçar a escuridão — que no fim, nem era tão assustadora quanto imaginava.
Mas Qin Chu Yi voltou para salvá-la!
Com sua espada, ela cortou a escuridão, permitindo que Ming He visse o amanhecer oculto além. No meio daquele silêncio sem fim, ela surgiu como a lua brilhante no céu noturno — aquele raio de luz distante e frio, cuja luz silenciosa dissipava as sombras com uma graça indiferente.
Enquanto estudava Qin Chu Yi, Ming He percebeu que, embora tivesse aceitado aquela jornada desconhecida sob pressão, boa parte da sua resistência já havia se dissipado.
— Por que a Irmã Qin voltou? — perguntou Ming He, levantando o rosto para encará-la diretamente.
A luz era real. O retorno, também. Qin Chu Yi havia salvado sua vida — mesmo que tivesse hesitado no início. Não houvera determinação absoluta desde o primeiro momento.
Ming He entendia isso perfeitamente, mas esse entendimento não diminuía sua gratidão, nem seu assombro por Qin Chu Yi. E tampouco havia o que criticar. Uma escolha feita após ponderação era, por si só, comovente — por que exigir perfeição? O que importava era o desfecho.
— Eu disse que faria todo o possível para garantir sua segurança — respondeu Qin Chu Yi, vasculhando os arredores com o olhar atento, enquanto falava com uma calma distante.
Nenhuma outra emoção coloria suas palavras — apenas serenidade com um toque de frieza.
Para ela, promessas deviam ser cumpridas. Ming He estava ali por sua causa, enfrentara perigos por sua causa, então salvá-la era apenas uma obrigação.
— Entendo — disse Ming He com um aceno, antes de olhar para sua mão direita ainda enegrecida. — Então vamos.
Aquelas palavras eram sinceras — promessas deviam mesmo ser honradas.
— Roar—
Um rugido distante sacudiu os céus, e no instante seguinte, um poderoso tremor reverberou pelo solo. Aquilo era...
— É o Kuei! — gritou Duan Wu com urgência. — Corram! Ele quebrou a formação ilusória!
— Kuei? — Ming He arfou, surpresa. Se estava certa, aquela criatura de uma perna só que a perseguira incansavelmente por quase meia hora era, na verdade, o Kuei?
A biblioteca da Seita Liu Yun continha o Registro das Feras Demoníacas, onde o Kuei era descrito como uma criatura de uma perna só, parecida com um boi, negra como a noite, sem chifres e com um corpo do tamanho de uma colina. Sustentando-se apenas numa perna, também era chamado de Kuei Perneta.
O Kuei era uma fera feroz registrada em antigos textos, uma das lendárias criaturas demoníacas, cuja presença emitia brilho como o do sol e da lua, acompanhada de rugidos que lembravam trovões.
Aquela caverna ancestral realmente fazia jus à sua reputação perigosa — de abelhas sugadoras de sangue a vinhas escarlates, e agora o temido Kuei. Ming He se perguntava que tesouro Qin Chu Yi poderia estar buscando ali que justificasse tamanho risco.
Enquanto corria desesperadamente, três figuras tropeçavam sem dignidade diante da aproximação da morte, sua fuga caótica criando uma harmonia inesperada em meio ao caos.
— Boom—
Uma bola de fogo passou zunindo por eles a uma velocidade assustadora, atingindo o teto rochoso da caverna. A superfície da pedra começou a rachar e soltar fragmentos, enquanto a bola de fogo cortava o ar com a besta feroz em seu encalço.
— Ela cospe fogo também?! — exclamou Ming He, mais uma vez confrontada com os limites de seu próprio conhecimento. Os registros antigos nunca mencionaram que o Kuei tinha essa habilidade — isso claramente ia além do documentado.
Enquanto protestava mentalmente, ela ativou os Passos Fantasmas, fazendo seu corpo se tornar etéreo enquanto se esquivava das pedras que despencavam.
— Vamos nos separar! — Qin Chu Yi ordenou com firmeza assim que passaram pelas rochas em colapso. — Reencontro na entrada da caverna! — Sua voz agora carregava um peso decisivo.
A fera não conseguiria perseguir os três ao mesmo tempo. Se fosse seguir alguém, que fosse ela — afinal, ela carregava o Trava-Estrelas.
Estavam perto da saída agora. Se apostasse tudo, ainda havia uma chance de vencer.
O Trava-Estrelas era dela. E só poderia ser dela.
— Entendido, Jovem Mestre. Vá em frente — eu vou atrasar as coisas — declarou Duan Wu com seriedade antes de se virar para Ming He. — Senhorita Ming He, siga diretamente para o leste — é a saída da caverna.
Naquele momento de vida ou morte, ele havia sido contra seu Jovem Mestre arriscar a vida por essa mulher, e não se arrependia de sua posição. Mas isso era diferente das circunstâncias atuais — com Ming He ainda viva, ele não tinha motivo para prejudicá-la agora.
— Entendido.
Ming He lançou um olhar surpreso para as costas do jovem que se afastava, depois se orientou para o leste, propositalmente permitindo que Qin Chu Yi se distanciasse alguns passos à frente.
Cercada por árvores imensas, Ming He girou sua espada em um arco preciso, derrubando um tronco gigantesco antes de correr na direção da árvore que caía.
Considere isso como o pagamento por ter salvo minha vida, pensou, sentindo as emoções turbulentas se acalmarem.
A paisagem desconhecida passava em borrões conforme Ming He corria pela trilha que havia escolhido. Embora não fosse totalmente tranquila, a jornada foi mais surpreendente do que realmente perigosa.
O vento cortante uivava enquanto Ming He apertava com firmeza sua espada longa e branca, sentindo um alívio tomar conta ao avistar a entrada da caverna. Finalmente!
Ela atravessou a saída, onde a luz quente do sol dissipou instantaneamente as sombras que ainda a envolviam. O frio penetrante evaporou à medida que a luz dourada banhava os arredores. Ming He semicerrava os olhos diante do clarão repentino, saboreando o calor.
No centro da grande formação estava o velho de cinza, com expressão grave enquanto mantinha os gestos antigos e amplos. Outros estavam posicionados em seus pontos designados — alguns suando intensamente, outros visivelmente exaustos.
Eram eles os responsáveis por manter aberta aquela morada antiga e sombria por uma hora inteira, com o poder da formação.
Os subordinados de Qin Chu Yi.
Após examinar os arredores, Ming He se posicionou em um ponto ensolarado para aguardar a chegada de Qin Chu Yi e Duan Wu.
Ela podia não ser boa em combate, mas escapar? Isso ela sabia fazer. Teria realmente deixado os dois para trás?
O pensamento lhe arrancou um sorriso passageiro, que logo se transformou numa careta quando uma nova dor atravessou seus ferimentos. O sangue ainda escorria das feridas, e sua mão direita latejava sem trégua.
Um olhar para suas roupas azuis rasgadas fez com que desviasse os olhos. Esses ferimentos precisam ser tratados adequadamente em casa.
Ming He suspirou baixinho, com o olhar voltado para a entrada da caverna, a preocupação crescendo. A hora estava quase no fim — onde estavam Qin Chu Yi e Duan Wu?
Considerando seus níveis de cultivo e origens, mesmo com contratempos, não deveriam estar tão atrasados assim. Será que algo deu errado?
O coração de Ming He se apertou com um pressentimento sombrio — e a voz que se seguiu confirmou suas suspeitas.
— Senhorita Ming He, o Jovem Mestre ainda não saiu? — A Figura Negra surgiu das profundezas da caverna, a expressão se fechando ao ver Ming He sozinha do lado de fora. Sua voz era áspera de urgência, e suas roupas pretas estavam manchadas de sangue.
Qin Chu Yi ainda não havia saído!
Ming He abriu os lábios para explicar que havia saído sozinha, mas as sobrancelhas franzidas do jovem mostraram que ele já havia deduzido a verdade.
— Será que o veneno de frio do Jovem Mestre… — murmurou Duan Wu, incapaz de concluir o pensamento terrível.
Virando-se para Ming He, falou com voz rouca:
— Agradecemos sua ajuda, Senhorita Ming He. Como o Jovem Mestre ainda está lá dentro, preciso voltar para buscá-la. Está livre para partir agora.
Livre para partir.
A mensagem era clara — ela podia escolher ir embora.
A compreensão amanheceu em Ming He enquanto observava Duan Wu mergulhar de volta na escuridão que consumia tudo.
Ela deveria ir embora?
A hesitação a envolveu. Ela havia cumprido sua promessa a Qin Chu Yi, entregando pessoalmente o artefato em suas mãos. O que acontecesse depois disso já não era sua responsabilidade.
Seu olhar percorreu o grupo de anciãos, como o Ancião Lin, e os demais, inteiramente concentrados em manter a grande formação. Estavam imóveis, mas exalavam uma ansiedade palpável.
O céu acima, embora ainda azul, começava a escurecer. Quase uma hora se passara — logo a caverna afundaria de volta na terra, desaparecendo sem deixar rastro.
Fitando o abismo negro da caverna, Ming He imaginou formas monstruosas à espreita, prontas para prendê-la. Aquela escuridão sempre fora seu medo mais profundo, e ainda assim...
Diante daquele vazio, sua mente subitamente recordou-se da luz brilhante da espada — cortando as trevas como o brilho de uma galáxia. Aquela faixa luminosa iluminara os horrores da escuridão, banindo-os num instante.
Muito bem — uma última aposta!
Voltando-se com determinação para o Ancião Lin, Ming He declarou:
— Eu vou procurar seu Jovem Mestre. Mantenham a formação o máximo que puderem.
Uma hora não bastaria — todos teriam que ultrapassar seus limites.
— Entendido — respondeu o Ancião Lin com voz áspera, formando um selo arcano com a mão esquerda. Energias invisíveis se elevaram dele, fundindo-se com a grande formação acima, cujos padrões translúcidos começaram a ganhar solidez.
Ming He sorriu com amargura, engoliu várias pílulas e avançou com a espada à frente, seu manto azul se dissolvendo na escuridão.
Nas profundezas enegrecidas da caverna, ela voava por paisagens sombrias com velocidade de furacão — agora não mais fugindo pela vida, mas correndo para salvar alguém.
Depois de um tempo imensurável, chegou à encruzilhada familiar, onde árvores imensas jaziam derrubadas por sua espada — o ponto em que ela e Qin Chu Yi haviam se separado durante a fuga.
Qin Chu Yi devia estar... por ali?
Saltando sobre a árvore caída, Ming He correu pela outra trilha enquanto rugidos bestiais cresciam de sussurros para trovões.
A fúria estridente dos sons fazia seus ouvidos latejarem — estariam sangrando de novo?
A figura azul deslizou até parar diante de uma silhueta imensa, revelando uma cena surreal: uma borda de penhasco flutuante ligada esporadicamente por pedras negras acima do vazio.
No centro de uma das pedras, Qin Chu Yi estava ajoelhada, a cabeça inclinada sobre o artefato espiritual em forma de estrela, vindo do palácio.
As vestes outrora brancas estavam agora sujas de sangue e terra, os cabelos negros caindo como uma cascata, criando uma ilusão de fragilidade incomum.
Mas frágil? Qin Chu Yi? A enigmática Jovem Mestre de uma grande família, especialmente uma como a dela?
Aquela beleza fria como a lua, da primeira vez em que se encontraram — ela seria capaz de baixar tanto seu orgulho a ponto de parecer tão vulnerável assim? Talvez apenas diante de Su Cheng Feng?
Observando-a, Ming He se perguntou — como seria o amor em alguém como Qin Chu Yi?
Essa mulher viva e radiante não tinha qualquer semelhança com a figura esboçada às pressas no conto original.
— Jovem Mestre! — o grito distante quebrou os pensamentos de Ming He.
Ela avistou Duan Wu correndo ao longe e, de repente, se lembrou do verdadeiro motivo pelo qual havia retornado à caverna — buscar Qin Chu Yi. Ming He bateu na própria testa enquanto procurava a presença da besta.
O Kui de uma perna andava inquieto diante da beirada do penhasco, seus movimentos agitados interrompidos por rugidos ocasionais que ecoavam pelo ar.
Muito estranho.
Qin Chu Yi permanecia ajoelhada, imóvel por motivos desconhecidos. A besta poderia facilmente capturá-la com um único passo — fosse esmagando-a sob o pé ou obliterando-a com uma bola de fogo, a distância era insignificante.
Contudo, aquele passo nunca era dado. Havia algo de estranho naquele penhasco?
Observando como os olhos turvos de Kui demonstravam cautela ao olhar para o precipício atrás de Qin Chu Yi, Ming He confirmou sua suspeita. O que quer que houvesse além daquele penhasco, não era algo comum.
E o incomum muitas vezes significava uma chance de fuga — uma possível salvação.
Kui pisoteou com força, percebendo uma presença desconhecida se aproximando. Um brilho feroz surgiu em seus olhos escuros ao notar o artefato espiritual em forma de estrela nas mãos da mulher ajoelhada. No fim, seu propósito instintivo superou o medo.
A criatura colossal começou a investida pesada em direção a Qin Chu Yi, determinada a esmagar aquela ladra humana que havia roubado o artefato de seu mestre.
Qin Chu Yi continuava imóvel, cabeça baixa, ou alheia ao perigo ou exausta demais para reagir enquanto a besta se aproximava.
— Duan Wu! Segure a besta enquanto eu tiro sua Jovem Mestre daqui! — gritou Ming He, reconhecendo que aquele era um momento de vida ou morte. Surgindo de trás de árvores imensas, ativou os Passos Fantasmas, seu corpo se tornando etéreo enquanto passava por Kui como uma sombra, indo em direção à Mulher de Branco.
Os olhos de Duan Wu se arregalaram brevemente ao ver Ming He surgir de repente, mas ele logo assentiu, girando para enfrentar a besta com determinação desesperada.
Sua vida pertencia à Jovem Mestre — ele a sacrificaria com prazer por ela. Ela precisava sobreviver, ao menos até meu último suspiro!
— Irmã Qin! — Ming He alcançou instantaneamente a mulher de vestes pálidas. Ao segurá-la pelo braço, um frio antinatural invadiu seus dedos, fazendo sua antiga queimadura causada pelo artefato espiritual pulsar de dor.
Não importa — a prioridade agora é sobreviver.
Ming He ergueu Qin Chu Yi com força, chocada com sua palidez mortal. Os lábios da mulher haviam perdido todo o rubor, suas sobrancelhas estavam cobertas de uma camada branca como a geada, transformando-a numa beleza fria e etérea.
Literalmente fria!
Aquilo era... uma recaída de algum veneno antigo?
Ming He afastou os pensamentos aleatórios e passou o braço pela cintura de Qin Chu Yi, seus longos cabelos negros se derramando sobre o ombro. Ativando os Passos Fantasmas, avançou para o lado oposto do penhasco e desapareceu.
Voltar significaria enfrentar Kui — impossível com Qin Chu Yi naquele estado.
O outro lado do penhasco guardava perigos desconhecidos, talvez até piores que Kui. Mas humanos sempre preferem apostar no desconhecido a encarar a morte certa.
Ming He, sendo humana até o último fio de cabelo, não era exceção.
Quanto a Duan Wu... Ming He lançou um último olhar enquanto desaparecia na floresta densa. O jovem de preto vomitava sangue, lançado pelos ares pela bola de fogo de Kui e jogado contra os escombros — seu destino era incerto.
Ele teria que se virar sozinho. Salvar uma pessoa já era mais do que ela podia dar conta.
Ming He apertou os braços em torno do corpo gelado e mergulhou floresta adentro, sem olhar para trás, afastando-se pouco a pouco do território da besta.
A floresta profunda fazia jus ao nome — árvores densas bloqueavam todos os raios de luz, intensificando a escuridão natural da caverna. Um silêncio sinistro pairava no ar, carregado de ameaças invisíveis.
Ming He avançava com esforço, mapeando mentalmente rotas de fuga por entre o terreno irregular até a saída da caverna.
— Haaah—!
Ela soltou um suspiro forçado. Insuportável! O frio só aumentava — Qin Chu Yi parecia mais uma escultura de gelo do que uma pessoa, quase entorpecendo seus braços.
Ao encontrar uma área relativamente segura, Ming He se viu forçada a colocar sua carga no chão. Seu plano original — carregar Qin Chu Yi até a saída e jogá-la nos braços dos subordinados — tinha sido excessivamente ambicioso.
Sua energia espiritual estava se esgotando, apesar das várias pílulas nutritivas espirituais inatas que havia consumido mais cedo. A saída da caverna ainda parecia impossivelmente distante.
Pensando nas dez pílulas nutritivas espirituais inatas que havia no pequeno frasco de porcelana — três já usadas por causa de Qin Chu Yi — a garota de azul fez uma careta de desagrado antes de retirar o frasco e engolir mais quatro.
Não havia outra escolha. Sem energia espiritual, ela não conseguiria levar Qin Chu Yi para lugar algum — nem mesmo escapar sozinha.
Ming He estudou a mulher, cujas sobrancelhas estavam cobertas de cristais brancos densos como geada. Após hesitar brevemente, recordou-se da breve luz de espada que certa vez iluminara seu caminho e suspirou baixinho. Sacudindo o pequeno frasco de porcelana, despejou duas das três pílulas restantes e as colocou entre os lábios de Qin Chu Yi.
As pílulas inatas se dissolviam ao toque, não era preciso se preocupar com a deglutição.
Colocando a mão esquerda sobre o peito da mulher deitada, Ming He canalizou energia espiritual para dentro de seu corpo. Após manter a transferência por um tempo, retirou a mão.
A geada, a palidez, a energia espiritual estagnada — junto com a lembrança da fonte termal que encontraram nos arredores da seita externa — passaram pela mente de Ming He enquanto ela refletia sobre o estado de Qin Chu Yi. Seus pensamentos voltaram às palavras murmuradas pelo jovem de preto do lado de fora da caverna mais cedo. Embora sua voz estivesse fraca demais para ser ouvida com clareza, seus lábios formaram nitidamente as palavras... veneno do frio?
Veneno do frio? O que seria isso?
Ming He piscou, afastando as especulações. A partir de hoje, os assuntos de Qin Chu Yi não a diziam mais respeito.
Bem... a menos que ela cruzasse o caminho de Su Cheng Feng no futuro. Aí talvez houvesse alguma conexão.
Ela se perguntou se poderia lucrar com tal encontro. O pensamento do status de Qin Chu Yi como Jovem Mestre de um grande clã despertou por um momento a ambição de Ming He — mas ela logo afastou a ideia.
Afinal... essa era a mãe do Herói Dragão. Melhor não conspirar contra ela.
— No que está pensando? — uma voz fraca e ofegante surgiu abaixo.
Ming He se sobressaltou ao olhar para baixo e ver a bela mulher fria desperta, observando-a com olhos âmbar escuros e inquisitivos.
— Irmã Qin, você acordou? — respondeu Ming He, surpresa e um tanto envergonhada. Coçou o nariz sem responder de imediato — ser pega criticando alguém mentalmente era... bastante embaraçoso.
— Mmm. — Qin Chu Yi não parecia se importar com os pensamentos dela. Erguendo-se com esforço, examinou o entorno. — Onde está Duan Wu?
— Duan Wu foi atrair as feras. Combinamos de nos encontrar fora da caverna — respondeu Ming He, de forma concisa. — Você está bem o suficiente para caminhar? Devemos partir imediatamente, se possível.
Ficar naquele lugar perigoso era apostar a própria vida.
Embora Ming He achasse a adrenalina empolgante, sua força atual ainda era fraca demais — o risco de morrer era grande demais. Melhor esperar ficar mais forte antes de se aventurar livremente.
Sim... melhor me conter por enquanto.
— Eu consigo aguentar. Vamos. — Qin Chu Yi percebeu a contenção de Ming He ao não questioná-la sobre suas circunstâncias, e um leve brilho de aprovação surgiu em seus olhos escuros.
Talvez essa garota realmente se tornasse uma cultivadora da espada extraordinária algum dia.
Os olhos de Qin Chu Yi se curvaram levemente, com uma ternura que resistia mesmo à geada que cobria suas sobrancelhas. Apoiada em Ming He, levantou-se de forma instável — apenas para tropeçar após alguns passos. Ming He a segurou rapidamente.
— Deixa pra lá, Irmã Qin. Caminhar está exigindo demais de você agora — eu vou carregá-la. — Já havia se passado uma hora, e ninguém sabia por quanto tempo mais o velho de cinza conseguiria resistir. Quanto mais rápido escapassem, melhor.
Sem cerimônia, Ming He a ergueu nos braços e retomou a jornada pela floresta profunda.
O movimento repentino desestabilizou Qin Chu Yi — nunca antes havia sido carregada daquela forma. Fosse em treinamentos ou em expedições a reinos secretos, sempre estivera cercada por guardas. Aquela viagem com Ming He à antiga morada da caverna era, sem dúvidas, a experiência mais perigosa de sua vida.
Naquela situação entre a vida e a morte, ser carregada já não parecia algo tão indigno — estavam ambas apenas tentando sobreviver.
Seu olhar se deteve no perfil de Ming He. Entre todas as belezas que Qin Chu Yi já conhecera, os traços de Ming He eram apenas comuns. No entanto, agora, manchada de sangue e sujeira, havia nela uma dignidade inesperada, uma teimosia firme em não se render ao destino.
Qin Chu Yi a observava com uma suavidade incomum no olhar. Afinal, Ming He havia salvado sua vida.
Duas situações de vida ou morte em um único dia — cada uma salvando a outra. Extraordinário.
Hmm? Por que paramos?
Qin Chu Yi ergueu os olhos, intrigada, e viu Ming He fitando-a com uma seriedade incomum.
Ming He baixou o olhar para Qin Chu Yi, sua voz pesada:
— Irmã Qin, são as vinhas vermelho-sangue.
Bloqueando o caminho estavam as vinhas escarlates — as mesmas que haviam quase ceifado sua vida antes de serem cortadas pela espada de Qin Chu Yi e recuarem diante do sangue.
— Coloque-me no chão primeiro — disse Qin Chu Yi suavemente, ainda em seus braços.
— Entendido. — Ming He a abaixou com cuidado, ao mesmo tempo em que sacava a espada e a apontava para as vinhas, assumindo uma postura defensiva, como se estivesse diante de um inimigo formidável.
Qin Chu Yi ficou de pé com a espada cravada no chão para apoio, o rosto gélido, enquanto a mão esquerda formava uma marca de palma suspensa, pronta para atacar.
— Numa situação de vida ou morte como esta, devemos priorizar nossa própria sobrevivência. Você não precisa se preocupar mais comigo. — O coração de Qin Chu Yi doía ao ver as roupas da garota encharcadas de sangue, mas sua determinação permanecia firme. Se fosse absolutamente necessário, arriscaria até a reversão do sangue para escapar com o Trava-Estrelas.
Nas profundezas da floresta...
A mulher acorrentada sobre o altar vermelho-sangue soltou uma risada sombria:
— O Trava-Estrelas! Os céus não me abandonaram, afinal!
— Vento que Corre, traga-o para mim — ordenou, apontando para o gato preto que se espreguiçava preguiçosamente sob a luz solar artificial.
Se Ming He estivesse presente, teria notado que o brilho e o calor daquele "sol" pareciam estranhamente pequenos e artificiais.
Com um miado descontente, o gato preto chamado Vento que Corre levantou-se com relutância, espreguiçando-se longamente antes de partir com passos elegantes e despreocupados.
Clang—
Ming He concentrou a energia da espada na ponta da lâmina e cortou limpidamente uma vinha que se aproximava. Aproveitando a brecha, avançou com graça fantasmagórica, movendo-se como uma enguia entre a quase completa barreira de vinhas serpenteantes.
Ao girar e se contorcer pelo caos, Ming He percebeu que sua compreensão dos Passos Fantasmas inatos havia se aprofundado bastante. Aquela técnica de movimento alinhada à escuridão realmente lhe caía bem — especialmente em ambientes sombrios.
Com mais um golpe, abateu outra vinha que investia contra ela. Só percebeu que havia escapado do cerco quando avistou as árvores altas mais adiante.
Mas... onde estava Qin Chu Yi?
Virando-se, viu Qin Chu Yi de pé no centro da formação de vinhas, postura ereta e olhar congelante. Com a espada firmemente apoiada no chão e a marca de palma pairando pronta, ela mantinha o impasse tenso com as vinhas vermelho-sangue, aguardando qual lado atacaria primeiro.
Concentrando-se com atenção, Ming He percebeu que as vinhas pareciam mais interessadas no artefato espiritual em forma de estrela do que nelas mesmas. Sua fuga não fora mérito de espada ou agilidade superiores — apenas porque não era o alvo principal.
Franziu os lábios, sentindo a sensação de vitória se desfazer em irrelevância. Observou com atenção, aguardando o primeiro movimento das vinhas, na esperança de aprender algo com o confronto iminente.
Screech—
A tensão no ar aumentava visivelmente. As vinhas vermelho-sangue claramente não eram atacantes impulsivas. Infelizmente, o gato observador via pouca utilidade em impasses prolongados — por que não simplesmente pegar o prêmio e fugir?
O gato preto moveu-se como sombra na escuridão, quase invisível ao saltar sobre o ombro de Qin Chu Yi. Escorregou suavemente por seu braço em direção ao artefato em forma de estrela, emitindo um rosnado de advertência ao sentir resistência.
— Miiiaaauuu! —
Apesar de não ser particularmente alto, o som fez o sangue de Ming He congelar. Um terror primitivo brotou de sua alma, um pavor gelado subindo da sola dos pés até o topo da cabeça. Estava paralisada, completamente à mercê do predador.
Qin Chu Yi também pareceu afetada, permanecendo imóvel enquanto o gato fugia com o tesouro — até que despertou de repente.
— Absurdo! — explodiu Qin Chu Yi, recobrando o controle. A marca de palma em sua mão esquerda lançou-se violentamente contra o gato fugitivo, enquanto ela o perseguia, forçando a reversão do fluxo de sua energia espiritual apesar dos riscos.
Ela havia viajado incontáveis milhas até a Seita Liu Yun, sobrevivido a provas mortais naquela antiga caverna em busca do Trava-Estrelas. Agora que estava ao seu alcance, não permitiria que ninguém — humano, besta ou esse gato insolente — o tirasse dela!
Abandonando a espada, Qin Chu Yi formou uma marca de palma idêntica com a mão direita — essa brilhando no mesmo vermelho-sangue sinistro das próprias vinhas.
— BOOM —
A marca de palma vermelho-sangue disparou, e o corpo do gato preto congelou por um instante no ar antes de tentar fugir novamente em velocidade total.
Tentando escapar?
Qin Chu Yi curvou os lábios num sorriso gélido, levantando a mão para lançar uma técnica de restrição que paralisou o gato no ar. Com um gesto, o Trava-Estrelas voltou para sua palma.
— Mrrrow— —
O gato preto imobilizado contorcia-se inutilmente, incapaz até mesmo de mover as patas, forçado a assistir, impotente, enquanto a mulher retomava o artefato cintilante. Soltou um miado lastimoso para o céu.
Lá atrás, Ming He imediatamente levou as mãos aos ouvidos. Suas pobres orelhas já haviam sofrido o bastante naquele dia — não suportaria outro ataque. Mais alguns daqueles, e estaria surda para sempre.
Hmm... A imagem mental de uma cultivadora da espada toda séria, dizendo “O quê?” o tempo todo, seria quase engraçada.
Para seu desconcerto, apesar da precaução, nada aconteceu. O miado do gato era apenas... comum. Nada de ondas sonoras dilacerantes dessa vez.
Hã-hã. Nada de constrangimento aqui. Melhor prevenir do que remediar!
Ming He revirou os olhos, aliviada por apenas ela e Qin Chu Yi estarem presentes para testemunhar aquilo. Sem plateia, sem vergonha.
— Que criatura engraçada! — nas profundezas da floresta, uma mulher acorrentada em ferros sorriu brevemente sob sua frieza arrogante. — Que gato estúpido... completamente inútil.
Seu olhar se voltou para a mulher altiva de branco.
— Sangue do Clã Qin? Que desperdício.
— Mas a reversão de sangue não é algo a se usar de forma imprudente — seus olhos rubros como sangue tornaram-se gélidos enquanto ela traçava uma linha no ar antes de recostar-se no pilar de pedra negra. — Especialmente diante de mim.
Qin Chu Yi se preparava para agir quando, de repente, a sensação familiar de perda de controle retornou. Sua reversão de sangue cessou bruscamente, deixando-a impotente — mal conseguia respirar.
Que força era essa? Um covil ancestral...?
A fúria queimava em seu peito ao ver o gato preto fugir com o artefato espiritual. Aquela sensação frustrante de impotência... mais uma vez!
— Irmã Qin! — Ming He gritou, recuperando a mobilidade justo a tempo de ver a mulher de branco desabar outra vez, o artefato agora nas patas do gato. A criatura ainda teve a ousadia de lançar um olhar zombeteiro para trás.
Inaceitável! Como esse gato se atreve a me ridicularizar?!
Aquele artefato espiritual em forma de estrela quase custara a vida de Ming He no palácio. Ela ainda se lembrava da expressão radiante de Qin Chu Yi ao recebê-lo — de jeito nenhum deixaria um gato qualquer roubá-lo!
Com um miado indignado, o gato preto desviou com facilidade dos Passos Fantasmas dela, fundindo-se às sombras que serviam de refúgio.
Droga!
Após várias trocas infrutíferas, Ming He já havia consumido metade de sua energia espiritual sem sequer arranhar um único fio de pelo. O olhar do gato mudara de desprezo sutil para escárnio descarado.
Calma. Composição.
Ao perceber que havia sido feita de boba por um gato, Ming He repetiu seu mantra interior. O gato era negro — as trevas o protegiam. Para vencê-lo, ela precisava conquistar a escuridão.
Conquistar a escuridão.
Esse pensamento evocou uma memória: ser enredada pelas vinhas rubras, aquela luz brilhante que atravessara suas pálpebras fechadas — a lâmina de Qin Chu Yi vindo em seu socorro.
Opor-se às trevas.
Luz Cintilante!
A espada saiu da bainha, liberando um céu cheio de luz estelar!
Ming He empunhou sua espada longa quando, de repente, uma clareza iluminou sua mente, como se uma bênção divina lhe houvesse tocado. As dúvidas que a assombravam por quase um mês se dissiparam naquele instante.
Na escuridão infinita, pela primeira vez, Ming He não sentiu nenhum traço de medo. Fechou os olhos e visualizou aquela luz repetidas vezes. Ergueu sua espada e avançou — a lâmina brilhante cortou a escuridão como um rio prateado. Dentro de sua espada, havia galáxias; seus olhos cintilavam com luz de estrelas.
— Clang—
Sob o brilho celestial, a forma do gato preto foi revelada. Ming He avançou com um só movimento, agarrou a criatura pelas patas traseiras e a ergueu de cabeça para baixo, ao mesmo tempo em que circulava energia espiritual para bloquear sua audição.
— Te peguei! — Ming He murmurou com a voz rouca, seu tom triunfante totalmente desprotegido.
— Miau! — Como esperado, o gato tentou sua velha artimanha, mas com a audição selada, nada podia fazer contra ela.
Ming He lançou um olhar para a escuridão acima antes de se abaixar e recuperar o artefato espiritual em forma de estrela que o gato segurava com as patas.
— Miau— — o gato cobriu o rosto com as patinhas, soltando um lamento lastimoso.
— Que lixo inútil! — A mulher de olhos vermelhos endireitou-se, o rosto tomado por desprezo. No instante seguinte, fechou os olhos — seu corpo permaneceu imóvel, sem fôlego, sem movimento.
— Pequena criatura... você é bem interessante. — Uma voz serena como o vazio eterno ecoou do alto.
Ming He ergueu os olhos a tempo de ver um brilho vermelho desaparecer. Quando retomou os sentidos, tanto o gato quanto o artefato espiritual haviam sumido.
Mas que diabos foi isso...?
Ming He franziu o cenho, confusa, mas imediatamente se preparou para perseguir.
— Jovem Mestre, Senhorita Ming He — a caverna será selada em quinze minutos. Por favor, saiam imediatamente.
A voz em sua percepção espiritual soou mais clara a cada repetição, insistente.
Droga!
Ming He cerrou os punhos de frustração, mas não ousou agir de forma imprudente. Não podia garantir que conseguiria recuperar o artefato e escoltar Qin Chu Yi até a saída a tempo.
Ela só podia imaginar a decepção de Qin Chu Yi ao despertar e descobrir que o artefato espiritual havia desaparecido!
Com um suspiro contido, Ming He cuidadosamente pegou a inconsciente Qin Chu Yi nos braços e iniciou a retirada.
As vinhas rubras haviam recuado com o aparecimento do gato preto. Sem as vinhas, sem o felino e sem a misteriosa presença vermelha, o restante da jornada foi tranquilo.
— Aqui está seu Jovem Mestre. — Ao sair da caverna, Ming He entregou seu precioso fardo a Duan Wu, o jovem de roupas negras.
Duan Wu a recebeu e passou Qin Chu Yi para uma elegante mulher de verde ao lado.
— Chu Yi, leve o Jovem Mestre para tratamento.
Após dar as instruções, o jovem voltou-se para Ming He.
— Devemos nosso sucesso a você, Senhorita Ming He!
Ele fez uma reverência profunda — não apenas em agradecimento pela ajuda, mas por ela ter voltado para resgatar o Jovem Mestre.
— Não foi nada. — Ming He respondeu com modéstia, os olhos brilhando de expectativa. Afinal, tendo salvado o Jovem Mestre, alguma recompensa viria, certo?
Hmm... Ming He convenientemente ignorou o fato de que Qin Chu Yi também havia salvado sua vida antes.
— A virtude da Senhorita Ming He realmente brilha. Fui descortês antes. — A admiração de Duan Wu transbordava enquanto ele elogiava.
Ming He: “…”
(Bem feito por continuar sendo subordinado! Bem feito por fazer avanço e retaguarda! Bem feito por ser perseguido por feras!)
Nas profundezas da floresta dentro da caverna, no altar tingido de sangue:
A mulher de olhos vermelhos espreguiçou-se preguiçosamente contra um pilar de pedra.
— Gato estúpido, tomando sol o dia inteiro... não consegue nem lidar com uma novata em Guiamento Espiritual. Por que eu ainda te mantenho?
— Miau~ — o gato preto respondeu, apresentando o artefato espiritual em forma de estrela com as patinhas.
— Tsc. Fui eu quem recuperei isso. O que tem a ver com você? — A mulher sorriu de lado, ao mesmo tempo sedutora e perigosa, entre luz e sombra.
— Miau— — o gato protestou.
— Tá bom, só põe isso em algum lugar. — Ela fez um gesto displicente, seu olhar carmesim perdido ao longe, mergulhado em pensamentos.
— Miau. — O gato balançou o rabo, e após alguma consideração, levou o artefato para trás de um pilar de pedra e se acomodou em seu ponto favorito de sol.
Nenhum dos dois notou a gota de sangue que escorria pelo artefato em forma de estrela conforme o gato o movia. Quando atingiu o centro, o sangue desapareceu abruptamente. Um breve brilho percorreu o artefato, sinalizando uma transformação sutil.
Aquela gota de sangue pertencia a Ming He.
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