O estalo dos ossos ecoou no ar, e o esqueleto gigantesco desabou com um estrondo!
O coração de Lin Jiu saltou de alegria. Ofegante, ela se concentrou no próximo esqueleto que se aproximava. Naquele instante, um pequeno brilho avermelhado flutuou para fora da pilha de ossos estilhaçados, pousando sobre seu corpo. Um arrepio percorreu sua espinha — ela sentiu de imediato o rancor persistente da vida anterior daquele esqueleto.
“Wu Mengxia… você destruiu minha família…”
Um calafrio subiu pela nuca de Lin Jiu. Wu Mengxia? Não era ele o herói que havia morrido protegendo o Desfiladeiro Qianqi dias atrás? Será que a história não era bem como contaram?
Desviando de uma espada óssea que vinha pela frente, Lin Jiu ponderou — “Será que a facção considerada justa está, na verdade, podre até o âmago? De outro modo, como poderia haver tanto ressentimento?”
Ela teve a nítida sensação de que a espada no topo da montanha branca era o centro de todo aquele ressentimento esmagador das incontáveis almas perdidas!
À sua esquerda, soou o rangido de ossos raspando uns nos outros. Um esqueleto armado com uma espada se aproximou, exibindo um sorriso sinistro, e desferiu um golpe na direção dela.
Lin Jiu tropeçou desajeitadamente para trás, desviando por pouco da lâmina que visava seu abdômen.
Desde que transmigrara para aquele mundo de cultivadores, ela sempre fora protegida por Wei Liang, um cultivador supremo. Observar seu estilo elegante e sem esforço em combate havia lhe dado a falsa ilusão de que ela também era poderosa — até agora.
Aqueles esqueletos, movidos por rancor, tinham força equivalente aproximadamente ao estágio de Estabelecimento de Fundação. Seus ataques não tinham técnica, consistindo apenas em investidas toscas e desajeitadas.
Mesmo assim, Lin Jiu mal conseguia se manter de pé. Estava sendo pressionada, o suor frio escorrendo por suas costas.
Felizmente, os esqueletos tinham uma peculiaridade única: sua memória era ainda mais curta que a de um peixe dourado. Bastava Lin Jiu contornar e aparecer atrás deles, e os esqueletos paravam confusos por um momento antes de retomar a marcha em direção à distante montanha branca. Aproveitando-se disso, Lin Jiu passou a usar táticas de guerrilha, eliminando vários esqueletos carmesins e absorvendo o ressentimento deixado por suas almas em tormento.
“Mãe… me arrependo tanto…”
“Dói! Dói! Não me coma!”
“Wu Mengxia, seu mentiroso!”
“Por favor, poupe-me! Se quiser alguém, leve o Wu Mengxia!”
“Foi tudo culpa sua, Wu Mengxia! Nem na morte te perdoo!”
Desviando dos ataques, Lin Jiu circulava ao redor dos esqueletos para atacá-los por trás. A princípio, era apenas por autopreservação, mas aos poucos, sua curiosidade crescia. Ela queria descobrir o que realmente havia acontecido no Desfiladeiro Qianqi.
Sempre que um esqueleto era destruído, o ressentimento se lançava sobre Lin Jiu como borrifos de sangue carmesim, silenciosamente manchando seu coração.
“Mate, mate, mate…” Em meio ao mar de vermelho, seus olhos começaram a arder, sua visão tingida por um tom ainda mais escuro de sangue…
Justo quando estava prestes a se perder na fúria do combate, uma sensação fresca e suave roçou sua testa. Era como a primeira gota de neve derretendo na primavera, trazendo consigo uma fragrância fria e delicada.
Lin Jiu recobrou a consciência! Sem que percebesse, o ressentimento havia começado a nublar sua mente, empurrando-a a abandonar a defesa em troca de uma luta desenfreada.
Alarmada, invocou imediatamente o lótus do carma. Com um giro, toda a negatividade aderida a ela foi sugada para dentro de seu mar espiritual e devorada pelo lótus.
A sexta pétala do lótus começou a dar sinais de se abrir.
O coração de Lin Jiu disparou. O Reino Secreto de Huang Chuan estava prestes a se abrir, mas a quantidade de malícia necessária para desabrochar a sexta, a sétima e a oitava pétala sempre lhe parecera impossível de alcançar. Aquela era a oportunidade perfeita!
Inspirando fundo, ela apertou a flecha óssea com força e avançou contra o exército interminável de esqueletos.
A sorte estava a seu favor. Mesmo com ataques desajeitados, ela conseguia acertar os alvos e lutar à vontade.
O ressentimento não era algo trivial — ele vinha carregado de veneno, desespero, dor, angústia e ódio, atormentando as almas dos mortos sem descanso. Ao conceder-lhes libertação, elas deixavam para trás o rancor que ajudava o lótus do carma a florescer — um benefício mútuo!
Agora com a mente estável, Lin Jiu passou a golpear com precisão.
O tempo se esvaía pelos cantos invisíveis do campo de batalha. Sem perceber, seus movimentos tornaram-se mais fluídos. Enquanto desviava dos ataques, ela se pegava ajustando a postura de forma natural.
A aura espiritual fluía facilmente pela flecha óssea em sua mão. Ela a canalizava por diferentes partes da arma, executando com precisão técnicas de estocada, corte, perfuração e golpe. Como uma enguia escorregadia, deslizou por debaixo da caixa torácica de um esqueleto especialmente alto, girou o punho e o partiu ao meio com um golpe limpo.
Com um leve impulso do pé esquerdo, evitou uma espada que descia do alto. Um sorriso discreto se formou no canto de seus lábios ao saltar sobre a lâmina larga da espada óssea, lançar-se ao ar com elegância e, num giro veloz, decepar a cabeça do inimigo.
Enquanto seu corpo descia suavemente, a imagem de Wei Liang segurando-a em seus braços ao pousar veio à sua mente.
“Wei Liang…”
Apertando a flecha óssea em mãos, Lin Jiu pensou em silêncio: “Dei a você e à Liu Qingyin a chance perfeita de ficarem sozinhos — um homem e uma mulher, em um espaço fechado e escuro. Façam bom uso disso e não me decepcionem!”
…
O decepcionante Wei Liang, naquele exato momento, mantinha uma expressão serena enquanto virava ligeiramente a cabeça, encarando o rosto corado de Liu Qingyin. Seu dedo indicador direito estava pressionado contra o centro da testa de Lin Jiu, onde uma tênue luz branca cintilava suavemente no ponto de contato.
Liu Qingyin fixava o olhar na mão de Wei Liang, sua respiração ofegante, acrescentando uma atmosfera indefinível ao túmulo subterrâneo silencioso.
— M-Mestre… — ela balbuciou, com a voz rouca.
Pouco antes, demônios haviam invadido o túmulo pelo corredor aberto por Wei Liang. Como ele estava completamente focado em proteger a consciência espiritual de Lin Jiu, Liu Qingyin teve que sacar sua espada e lidar sozinha com os inimigos.
Eliminar uma dúzia de demônios do Reino do Nascimento não foi problema. No entanto, ela não esperava que um demônio do encanto fingisse estar morto e a pegasse desprevenida com uma névoa rosa-pêssego.
Liu Qingyin inalou toda a névoa de uma vez.
Depois de eliminar os corpos e selar o corredor, correu de volta até Wei Liang para meditar e regular a respiração. Mas o veneno do encanto era forte demais. Por mais que se esforçasse para esvaziar os pensamentos, sua mente era invadida por imagens dela e de seu mestre entregues ao prazer. Lutou para resistir, até que não conseguiu mais conter-se e abriu os olhos — apenas para ver o dedo de Wei Liang pousado na testa de Lin Jiu.
Os dedos dele eram longos e belos, brancos como o mais puro jade, exalando uma aura fria.
O calor dentro do corpo de Liu Qingyin aumentava cada vez mais. Só de imaginar aqueles dedos frios deslizando por sua pele macia, seu corpo inteiro tremia, e o desejo atingia o auge.
Uma vez que o pensamento surgiu, ela não conseguiu mais contê-lo. Tremendo, Liu Qingyin caminhou até Wei Liang. Ele se virou para encará-la, o olhar frio e impassível.
— Mestre… por favor, me ajude — ela suplicou com esforço. — Esta discípula… esta discípula não consegue neutralizar o veneno do demônio do encanto. Se tentar forçar isso sozinha, eu… eu…
Wei Liang mal moveu os lábios.
— E se você forçar?
— Se eu forçar… — Liu Qingyin mordeu o lábio. — Se tentar reprimir sozinha, posso danificar minha raiz emocional e, a partir de então… a partir de então…
Era difícil pronunciar tais palavras, mas envenenada e confusa, sua urgência superou a vergonha. Cerrando os dentes, ela completou:
— Se tentar reprimir à força, posso perder para sempre qualquer desejo por assuntos entre homens e mulheres!
Ao dizer isso, seus olhos marejados encararam Wei Liang com anseio.
Mas a expressão de Wei Liang não se alterou. Sua voz permaneceu fria e indiferente como sempre.
— Cultivar o Dao exige um coração puro e isento de desejos. Esse resultado seria o ideal.
Liu Qingyin: “…”
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Nota da Autora:
Liu Qingyin: “Buááá… O Mestre é tão frio e asceta… Ninguém neste mundo jamais conseguirá conquistá-lo!”
Lin Jiu (em pânico): “???!!!”
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