O coração de Peijin continuava a bater acelerado mesmo depois que ela se sentou, com uma expressão de confusão no rosto.
O que significavam as últimas palavras de He Xun: “Eu ainda sou uma pessoa bastante confiável”?
Por que isso fez com que ela, inexplicavelmente, pensasse nos machos do reino animal? Quando os machos no reino animal estavam cortejando, eles faziam de tudo para exibir suas melhores qualidades e conquistar o favor do sexo oposto. Será que ela estava pensando demais ou He Xun realmente quis dizer isso?
No entanto, naquele momento, ela era um “homem”.
Será que He Xun já tinha descoberto sua verdadeira identidade como garota ou ele gostava de garotos? Peijin ficou imediatamente atordoada, perdida em seus pensamentos.
Por outro lado, assim que He Xun voltou para o seu lugar, Zheng Li lhe mostrou um joinha. Não era à toa que ele era seu irmão, simplesmente ninguém conseguia superar essa execução impecável!
De bom humor, He Xun ergueu levemente o canto dos lábios.
— Com um pequeno movimento, logo surgirão histórias sobre mim e ela.
Zheng Li riu.
— Certo, Ah’Xun. Se você tivesse sido tão proativo antes, já teria namoradas o suficiente para dar uma volta no planeta.
He Xun soltou um riso irônico, girando a caneta preta entre os dedos.
— Eu precisava tomar iniciativa no passado?
Se quisesse, He Xun poderia trocar de namorada todos os dias sem repetir por um ano inteiro. Falar sobre namoros ou ter várias namoradas era algo que não poderia ser mais fácil para ele.
Havia muitas garotas correndo atrás dele.
Por nunca ter sido muito competitivo em relação a relacionamentos, ele nunca teve interesse em amor, chegando até a achar isso entediante.
Agora, pela primeira vez, ele gostava de alguém e queria namorar essa pessoa. Naturalmente, ele se dedicaria por inteiro.
Zheng Li cresceu junto com He Xun e sabia o quanto ele era popular entre as garotas. Mas ao lembrar que Peijin era um homem, Zheng Li suspirou internamente. Ele deu um tapinha no ombro de He Xun e desejou em voz baixa:
— Ah’Xun, espero que você consiga realizar seu desejo logo.
Assim que os dois alunos desceram do palco, Yang Meili se juntou aos aplausos.
— A apresentação desses dois alunos foi excelente, eles realmente têm sintonia. Se houver uma próxima oportunidade, vocês deveriam se apresentar juntos novamente.
Ao ouvir isso, Peijin gritou desesperadamente em sua mente: Nunca mais! Ela não queria subir no palco e atuar nunca mais.
Essa professora de língua estrangeira adorava brincar e tinha um espírito especialmente romântico. Embora Peijin tivesse assistido a poucas aulas dela, já dava para entender sua personalidade como se fosse óbvia. A cena reproduzida dessa vez estava dentro do aceitável, mas se Yang Meili escolhesse um trecho mais picante e mandasse os alunos encenarem, o que ela poderia fazer?
Naturalmente, Peijin não respondeu nada, mas nunca imaginou que He Xun, lá no fundo da sala, fosse dizer:
— Sem problemas.
Assim que ele disse isso, Yang Meili sorriu.
— Ótimo, então vou lembrar disso.
A professora tinha uma memória excelente e nunca deixaria He Xun escapar depois que ele mesmo se ofereceu para atuar. Da próxima vez, quem sabe que tipo de cena ela faria eles interpretarem?
Peijin sentiu imediatamente que sua vida não fazia mais sentido.
Depois da aula de inglês, veio a aula do professor responsável pela turma. Ele mencionou a prova que aconteceria na semana seguinte.
Só então Peijin percebeu, assustada, que já fazia quase três meses desde que havia transmigrado. No último ano do ensino médio, havia muitas provas: simulados, testes mensais, exames de colocação e, depois, o primeiro e o segundo simulado oficial.
A prova de colocação não era o mais importante para ela no momento. Mas havia um assunto extremamente importante que ela precisava resolver imediatamente!
A última aula do dia era um período de autoestudo. Pegando sua carteira, Peijin saiu discretamente da sala vinte minutos mais cedo.
Ela não estava fora há muito tempo quando recebeu uma mensagem de He Xun.
[Grande Rei Demônio: Peipei, onde você está?]
[Pequeno Cinco: Irmão Xun, tenho um assunto para resolver hoje. Depois eu volto para a sala.]
[Grande Rei Demônio: O que você vai fazer?]
Peijin segurou o celular, um pouco hesitante. Deveria responder?
Provavelmente por ter notado que ela demorou a responder, seu colega de quarto, o Grande Rei Demônio, enviou outra mensagem.
[Grande Rei Demônio: Hm? Não pode me contar?]
Peijin mordeu os lábios antes de responder:
[Pequeno Cinco: Não é isso. Estou indo ao supermercado comprar umas coisas.]
[Grande Rei Demônio: Ok, entendi.]
Após ver essa mensagem, Peijin pegou o celular e o guardou.
Ela sentiu que seu colega de quarto, o Grande Rei Demônio, estava um pouco curioso sobre onde ela estava indo, então ele havia enviado uma mensagem para perguntar. Depois de responder, Peijin o deixou de lado em seus pensamentos.
O colégio masculino ficava no coração da cidade. O transporte era conveniente e as diversas instalações afiliadas eram todas muito bem equipadas.
Havia vários shopping centers nas proximidades e muitos supermercados grandes.
Peijin havia saído sorrateiramente da escola vinte minutos mais cedo para ir ao supermercado comprar absorventes.
Para evitar encontrar alguém conhecido, ela fez questão de procurar o supermercado grande mais distante do colégio masculino.
Peijin teve sorte. Pouco depois de sair da escola, um ônibus chegou ao ponto. Ela subiu e se sentou, descendo três paradas depois.
Não havia muitos alunos do colégio masculino que iam até esse supermercado. A maioria deles preferia o supermercado mais próximo da escola, pois era mais conveniente. Para Peijin, isso era uma boa notícia.
Ela já havia planejado de antemão que, assim que chegasse ao supermercado, iria direto à seção que vendia "pãezinhos" (1) e pegaria alguns para passar no caixa.
(1) Eufemismo para absorventes.
É claro que, para não chamar atenção demais aos "pãezinhos", ela também compraria alguns sacos grandes de salgadinhos para disfarçar.
Tudo parecia perfeito. No entanto, Peijin subestimou o tamanho daquele grande supermercado.
Ela havia procurado o supermercado mais distante da escola que vendia "pãezinhos", mas nunca imaginou que ele fosse, na verdade, o maior e mais luxuoso supermercado da cidade. Ao chegar, quase se perdeu. Felizmente, conseguiu encontrar um funcionário e perguntar onde ficavam os absorventes.
O funcionário, muito calmo e profissional, apontou o caminho sem fazer perguntas sobre o motivo de um "garoto" estar comprando produtos femininos.
Peijin percorreu várias seções do supermercado até que, finalmente, encontrou as prateleiras exclusivas para absorventes.
Então surgiu outro problema.
Ela nunca tinha visto aquelas marcas antes, e os absorventes que ela conhecia antes de sua transmigração também não estavam ali.
Então, qual dessas marcas era a melhor?
Peijin sentiu que, embora os mais caros nem sempre fossem bons, os mais baratos definitivamente não podiam ser comparados a eles. "Você recebe pelo que paga" não era um ditado sem fundamento. De qualquer forma, dinheiro não era um problema para ela no momento, então pegou um pacote do mais caro.
Inicialmente, ela queria pegar mais pacotes, mas, primeiro, comprar muitos chamaria muita atenção para seu objetivo. Em segundo lugar, um pacote para emergências já seria suficiente. Com esse pensamento, acabou pegando apenas um pacote de "pãezinhos".
Depois de pegar os "pãezinhos", era hora de comprar alguns pacotes de salgadinhos.
Segurando os "pãezinhos" nas mãos, Peijin saiu da seção de absorventes. Mas, ao passar pela seção de lenços de papel, viu, a uma distância de sete a oito metros, alguém que conhecia.
Nada menos que seu atual colega de quarto, o Grande Rei Demônio, He Xun!
No momento, He Xun caminhava com uma das mãos no bolso, com uma postura casual.
— Como assim o He Xun também veio aqui?
Será que ele sabia que ela estava neste supermercado? Ou será que ele simplesmente veio fazer compras? Mas havia tantos supermercados perto da escola… Mesmo que ele estivesse ali para comprar algo, não precisava escolher exatamente o mesmo supermercado que ela, certo?
Peijin lamentou amargamente em seu coração.
Felizmente, He Xun ainda não a havia visto. Peijin rapidamente enfiou o pacote de absorventes no bolso e, com uma velocidade comparável à de uma tartaruga, começou a se virar lentamente, pouco a pouco, movendo-se para a direita.
Se conseguisse chegar atrás da prateleira, estaria segura.
Peijin rezou internamente: "He Xun, por favor, não olhe para mim. He Xun, por favor, não olhe para mim."
Ela repetia isso mentalmente. Aos poucos, finalmente conseguiu virar completamente de costas para He Xun. Estava quase segura! Mas, naquele momento, os olhos afiados de He Xun a notaram de repente.
— Peipei!
O som desse chamado foi como um trovão em um céu limpo. Peijin ficou tão assustada que suas pernas quase cederam.
Ela não sabia o que estava pensando, mas sua primeira reação foi fugir. Ainda havia um pacote de absorventes supergrandes em seu bolso. Aqueles "pãezinhos" eram muito chamativos. Ela jamais poderia deixar He Xun vê-los. Se ele visse, ela seria exposta em minutos.
Com esse pensamento, Peijin acelerou e começou a se esgueirar por entre as prateleiras. No meio do caminho, temendo que He Xun percebesse algo estranho, ela secretamente jogou os "pãezinhos" do bolso.
Por sorte, os "pãezinhos" caíram atrás dos pacotes de salgadinhos. Se ninguém mexesse nos sacos de salgadinhos e olhasse com atenção, não daria para ver nada.
Peijin soltou um leve suspiro de alívio. Sem os "pãezinhos" em sua posse, não havia mais nada a temer.
Agora que não tinha nada comprometedor com ela, Peijin foi diminuindo o ritmo da corrida. Ao sair do corredor dos salgadinhos, olhou instintivamente para trás.
Para sua surpresa, a figura de He Xun não estava em lugar nenhum nos últimos metros.
Será que ela já tinha despistado He Xun?
Com esse pensamento, Peijin estava prestes a parar de correr e passar a andar. Mas, naquele instante, foi inesperadamente puxada para um par de braços quentes e envolvida em um abraço.
A voz sorridente de He Xun soou em sua cabeça:
— Que entusiasmo é esse? Se jogando em mim desse jeito.

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