Capítulo 39: Matar Mu Xuan Ye


 Naquele instante, sob o impacto de um golpe de espada deslumbrante, Mu Xuan Ye perdeu toda a capacidade de resistir. A Tranca Estelar voou de sua palma, e a espada Estrela Solitária a lançou pelos ares, fazendo-a cair sob uma árvore wutong, próxima ao altar. Suas roupas estavam manchadas de sangue. Ela olhou para Ming He com uma expressão indefinida, mas carregada de intensidade, antes de sorrir — um sorriso enlouquecido e manchado de sangue, como o de uma criança que acabara de encontrar seu brinquedo favorito.

Ming He a observava, e após feri-la, o fluxo de luz que a envolvia se desfez por conta própria, permitindo-lhe ver claramente todos os traços de Mu Xuan Ye.

Com uma beleza estonteante e cultivo formidável, ela era fria, impiedosa, vestindo roupas semelhantes às de Ji Wu Xu, mas de tom mais escuro — um vermelho profundo. Esse vermelho, agora manchado de sangue, havia se tornado mais opaco. Com seu sorriso fúnebre, ela parecia uma carrasca saída do inferno: orgulhosa, inacessível, tratando vidas humanas como ervas daninhas e a crueldade como um jogo.

— E daí se sou? — Mu Xuan Ye se apoiou no chão, ainda exalando um ar de superioridade, mesmo após a derrota. Embora caída e ensanguentada, mantinha a cabeça erguida como sempre.

Ela ainda era a orgulhosa e reverenciada Emissária da Esquerda da raça demoníaca: Mu Xuan Ye.

— Por isso mesmo, vou te mandar de volta — disse Ming He, empunhando sua espada, ciente do princípio de eliminar as ameaças para evitar problemas futuros. Ela lançou um olhar a Espadachim de Preto, que se encostava em um pilar de pedra, com a expressão perdida. — Amiga?

— A intenção de espada do céu e da terra, meio passo de intenção verdadeira, estágio nove do Guiando o Espírito… A Tranca Estelar reconheceu sua mestra! — murmurou a Espadachim de Preto, incrédula. Ao ouvir a voz de Ming He, respondeu um instante depois: — Hã? Você me chamou?

— Quero matar Mu Xuan Ye — disse Ming He, simplesmente. Emissária da Esquerda da raça demoníaca, quase uma imperatriz ao lado do Herói Dragão, seu cultivo era profundo e inalcançável — mas nada disso importava.

Ela queria matá-la simplesmente porque Mu Xuan Ye havia tentado matá-la.

Era pura vingança; ela não deixaria isso passar.

O frio no olhar de Ming He brilhou quando sua voz soou nítida, cheia de uma clareza distante:

— O que acha disso, amiga?

— Certo. — A Espadachim de Preto fez uma pausa, reprimindo momentaneamente outras emoções, e respondeu com seriedade.

A Emissária da Esquerda da raça demoníaca, Mu Xuan Ye, havia liderado inúmeras invasões contra os humanos. Suas ações eram sempre cruéis e impiedosas; para ela, matar era apenas um passatempo.

Alguém assim já deveria ter sido erradicada há muito tempo.

Mas era poderosa demais. Seus antecessores não conseguiram derrotá-la e tiveram de selá-la naquele lugar.

Agora que surgiu a chance de matá-la, não poderiam deixá-la escapar.

— Miau—

O gato preto miou de repente, sem que se soubesse se tinha entendido a conversa ou não. A Espadachim de Preto se mostrou surpresa, mas logo se recompôs — o olhar firme e assassino de Ming He mostrava que ela conseguia suportar melhor a interrupção do que ele própria.

— Os assuntos do mundo são únicos; não há segunda chance. Uma segunda vez não serve de nada — disse Ming He, virando-se para o gato preto. Então saltou no ar, empunhando sua espada em um movimento preciso, mirando diretamente no coração de Mu Xuan Ye, decidida a executá-la ali mesmo.

Foi só ao sacar a espada que percebeu: seu cultivo havia avançado, rompendo para o estágio nove do Guiando o Espírito. A energia espiritual dentro dela estava afiada e condensada — um avanço natural, com até mesmo sinais de alcançar o Reino Xuan Wei.

Foi por causa da Tranca Estelar? — Ming He se questionou. Mas logo se lembrou de que a Tranca Estelar já havia a reconhecido como mestra. Seu coração apertou, e o humor pesou.

Mu Xuan Ye ainda estava viva.

Ming He reprimiu as emoções, deixou os pensamentos de lado e se concentrou por completo na espada que prestes estava a desferir: era o Brilho Fugitivo, seu golpe mais poderoso — os fragmentos de nível amarelo da técnica de espada encontrada na terceira camada da biblioteca da Seita Liu Yun.

Mu Xuan Ye permanecia sentada, corpo em desalinho, sem esboçar reação — não por falta de vontade, mas por pura incapacidade.

Seus olhos vermelhos fixavam-se em Ming He e na luz brilhante da espada, enquanto uma rara emoção surgia — surpresa e uma seriedade inédita.

Desde que obtivera a Tranca Estelar, ela acreditava que poderia escapar do selo daquela caverna. Mas, no fim, não podia.

Não era porque seu cultivo atual fosse insuficiente para dominar a Tranca Estelar — era porque a Tranca Estelar já havia escolhido uma nova mestra.

Assim, a menos que eliminasse a nova mestra, mesmo mantendo aquele antigo artefato espiritual em mãos, ele seria inútil como sucata.

Ela havia pensado nisso, usando até uma técnica de sondagem. Embora inconcebível, os resultados não mentiam: a mestra escolhida pela Tranca Estelar era de fato Ming He — uma mera cultivadora do nível Guiando o Espírito.

Para matar Ming He, ela não podia sair dali — teria que atraí-la até si.

Por isso declarou que aquela caverna havia sido aberta para Ming He.

Drenou sua energia meticulosamente durante um mês para manifestar a caverna, e depois reduziu seu próprio cultivo para abaixar o requisito de entrada abaixo do nível Xuan Wei.

Mas isso não garantia que Ming He apareceria.

Afinal, quando entrara pela primeira vez naquela caverna, a jovem de azul ainda estava nos primeiros estágios do Guiando o Espírito. Em três meses, ela não acreditava que seu cultivo avançaria o bastante.

Mas, infelizmente, este mundo nunca agia conforme suas expectativas.

Infelizmente, Ming He entrou.

Infelizmente, ela agora estava prestes a morrer.

Mu Xuan Ye fitou Ming He profundamente, gravando seu rosto na alma. Se tivesse que morrer… queria levar alguém junto.

Assim, ao menos, não morreria sozinha.

Ela temia a solidão mais que tudo.

— Clang—

Uma sombra surgiu da escuridão, e num piscar de olhos, Ming He avançou com sua espada como um relâmpago. A ponta da lâmina reluzia com luz fria, ressoando com a grandiosidade do mundo. A luz das estrelas no céu diurno iluminava seu rosto determinado e gelado, enquanto sua espada colidia com a palma de ferro da sombra.

Aquela palma não parecia humana — tão dura quanto ferro profundo. Quando tocou a espada, faíscas voaram. O som de “sshh” ecoou, mas Ming He continuou seu ataque; seus movimentos fluíam como água. Apesar de sua mão estar coberta de sangue, ela permanecia firme.

Ela ouviu a voz do homem à sua frente:

— Por que você é tão forte?

A sombra arfou, abaixou a cabeça e retirou algo do peito, arremessando-o em direção a Ming He. Em seguida, agarrou Mu Xuan Ye e desapareceu na poeira da explosão causada pelo artefato espiritual.

— Emissária da Esquerda, vamos!

Emissária da Esquerda! Um membro da raça demoníaca!

Na nuvem de fumaça, Ming He embainhou a espada com calma e se aproximou da Espadachim de Preto, expressão serena. Seus olhos de flor de pêssego brilhavam, mas nada revelavam. Aquela sombra… era Zhao Zhi Yuan.

Zhao Zhi Yuan, o quarto jovem mestre do Clã Zhao, de Qing Shi. Ela já havia se cruzado brevemente com ele antes.

— Amiga, você está bem? — Ming He o ajudou a se levantar, circulando energia espiritual na palma e pressionando-a contra as costas do espadachim, começando a transferir energia. Tanto ela quanto Mu Xuan Ye estavam feridas — e gravemente.

No entanto, quando foi reconhecida como mestra da Tranca Estelar, uma torrente de energia espiritual a envolveu — não apenas curando suas feridas, como também impulsionando seu cultivo vários níveis acima. A Espadachim de Preto, por outro lado, ainda estava pálida e machucada.

Depois de lutarem juntos, Ming He passou a respeitar sua maestria com a espada e admirava sua coragem diante da morte e disposição para enfrentar os demônios.

— Obrigada por sua ajuda, amiga Ming He — disse a Espadachim de Preto, fazendo uma reverência sincera. Em seguida, falou com expressão grave: — A Tranca Estelar é de grande importância; preciso explicar algumas coisas.

Ela olhou para Ming He, seus olhos escuros e límpidos.

— Se confiar em mim, por favor, entregue a Tranca Estelar por um momento.

Ming He a fitou intensamente, mas a espadachim manteve-se calma sob seu olhar, sem dizer mais nada.

— Tudo bem — respondeu Ming He com um leve riso, preparando-se para entregar a Tranca Estelar… apenas para descobrir que sua mão estava vazia — a espada branca já estava embainhada, em sua mão esquerda. Mas… e a Tranca Estelar?

Ming He pareceu surpresa, sentindo de repente um calor no peito. Afastou o pingente de jade que sua mãe lhe deixara e encontrou atrás dele um padrão em forma de estrela, que ainda cintilava em dourado.

— …Amiga, como posso entregá-la assim?

— Eu te disse: pergunte ao seu coração — disse a Espadachim de Preto, compreendendo de imediato sua dúvida, com uma voz cálida como jade.

Perguntar ao coração…?

Entregar a Tranca Estelar significava revelar sua verdadeira forma.

Ming He mergulhou em pensamento, recordando a sensação de ser envolvida pela luz das estrelas.
De repente, o brilho ao seu redor explodiu, e um artefato espiritual em forma de estrela começou a se materializar lentamente, girando ao seu redor.

Com um toque de surpresa, Ming He observava, sentindo seu coração ressoar naquele instante com o som do Grande Caminho, o ritmo do Dao se desenrolando, alinhando-se com o poder do céu e da terra.

Ninguém podia ver que, sob as roupas azuis manchadas de sangue da jovem, no seu coração, por baixo do padrão em forma de estrela do pingente de jade, um coração batia em sintonia com o ritmo da Tranca Estelar, cuja ponta brilhava em dourado.

A Espadachim de Preto segurava a Tranca Estelar, um sorriso suave surgindo em seus lábios enquanto direcionava um fluxo de energia da espada de seus dedos para a Tranca Estelar. As abelhas sugadoras de sangue e os pardais espectrais pausaram, inclinaram-se para o altar, chamaram algumas vezes e então retornaram à floresta.

Kui ainda jazia sob o altar, seus olhos turvos. A Espadachim de Preto sorriu para ele, sinalizando que se retirasse e voltasse ao seu lugar de origem. As vinhas vermelhas de sangue recuaram discretamente, tão repentinamente quanto haviam surgido.

Os cultivadores de várias seitas, antes presos pelas vinhas vermelhas, escorregaram pelas árvores e ficaram estendidos no chão lamacento, suas consciências ainda atordoadas.

Ji Wu Xu era quem haviam esquecido.

Sem o suporte das vinhas vermelhas, ela permanecia consciente, porém gravemente ferida, apoiada fracamente no tronco de uma árvore, em silêncio, enquanto a luz etérea evocada pela Espadachim de Preto passava por ela.

Ming He notou o rosto visivelmente mais pálido da Espadachim de Preto e fez uma breve pausa.

— Amiga, há mais alguma coisa que queira me dizer?

— Sim — respondeu a Espadachim de Preto, erguendo a cabeça, um leve sorriso em seu rosto pálido. — Quero que me acompanhe a um lugar.

— Agora? — Ming He perguntou diretamente, sem hesitar desta vez.

— Sim, agora.

— Então, por favor, espere um instante, amiga. Preciso fazer algo primeiro — respondeu Ming He suavemente, segurando a bainha de sua longa espada branca.

A Espadachim de Preto parecia curiosa.

— O que é?

— Vingança! — Ming He desembainhou sua espada e se colocou sobre o altar, apontando para a mulher de roupa vermelha lá embaixo, que quase a fizera cair de um penhasco. — Uma dívida de vida e morte não pode ficar sem resolução.

— Ming He, como ousa! — Ji Wu Xu, apoiada na árvore, ouviu a conversa sobre o altar e ficou surpresa, chocada por Ming He atacá-la mesmo depois do perigo ter passado.

— Ji Wu Xu — chamou Ming He, pulando do altar e se aproximando para ficar diante dela. Segurava sua longa espada, olhando nos olhos da orgulhosa Ji Wu Xu, seu sorriso radiante. — Se eu ouso ou não, você vai descobrir se tentar.

Sob o céu azul e as nuvens brancas, seu rosto manchado de sangue parecia um pouco desarrumado enquanto falava cada palavra clara, suave, mas com firmeza:

— Eu não gosto de guardar rancor.

Os olhos de flor de pêssego de Ming He brilharam com um divertido e frio brilho.

— Porque normalmente eu me vingo na hora.

Ao dizer isso, ela levantou a espada para atacar.

— Ming He, ela não pode morrer — a voz fraca e etérea da Espadachim de Preto a interrompeu pouco antes da espada descer, uma urgência oculta sob seu tom habitual de calma.

— Ji Wu Xu, jovem líder da Raça Demoníaca — a Espadachim de Preto desceu lentamente do altar e se aproximou de Ming He, olhando-a atentamente. — A jovem líder da Raça Demoníaca não pode morrer em território humano.

— Agora, com as raças estrangeiras invadindo e a humanidade em declínio, já estamos em conflito com a Raça Demoníaca. Mu Xuan Ye não morreu; ela foi salva por alguém da Raça Demoníaca. Isso não é questão de vida ou morte?

— Se ela morrer, a Raça Demoníaca quebrará o acordo e lançará um ataque em grande escala contra a humanidade. Se isso acontecer durante outra invasão, não conseguiremos resistir. Se o Portão Marcial cair, o campo de batalha dos céus não será mais a última linha de defesa da humanidade.

A Espadachim de Preto explicou seu ponto com cuidado, o peso das palavras evidente em sua fala.

— Portanto, Ji Wu Xu não pode morrer.

Jovem líder da Raça Demoníaca?

Ming He piscou, recordando as palavras da Espadachim de Preto e finalmente lembrando da identidade de Ji Wu Xu na história original.

Também estava ligada ao harém do Herói Dragão, mas era uma das peças vilãs nos bastidores, tentando atrapalhar os relacionamentos.

A jovem líder da Raça Demoníaca, irmã mais velha da princesa, inicialmente menosprezava o Herói Dragão, mas depois tentou separar seu relacionamento com a sua irmã mais nova. Após ser humilhada, mostrou cada vez mais tendência a entrar para o harém de Su Yu.

Heh! De fato, tinha status nobre, inegavelmente importante.

Ming He encarou Ji Wu Xu, que transparecia orgulho, e riu friamente, sem sentir nenhuma afinidade com ela como outra vilã.

— Então ela simplesmente não pode morrer, certo? — perguntou para a Espadachim de Preto.

— Correto — o olhar da Espadachim de Preto cintilou, com um sorriso sutil.

— Certo — Ming He sorriu também. Nos olhos de Ji Wu Xu, que refletiam compreensão, ela avançou com a espada.

O frio cortante e gélido era afiado e penetrante — Espada Fria!

Puff—

A longa espada cortou sem resistência, perfurando o ombro direito de Ji Wu Xu e quebrando sua defesa. A ponta da espada estava a meia polegada do coração dela. O sangue jorrou, manchando suas roupas vermelhas e adicionando uma mancha viva à sua aparência já cativante.

— Agora estamos quites — disse Ming He suavemente, com a voz firme enquanto encarava o olhar chocado e feroz de Ji Wu Xu. O som da espada voltando à bainha ecoou baixinho.

— Vamos — disse Ming He, virando-se para a Espadachim de Preto.

— Assim, do nada? — a Espadachim de Preto permaneceu imóvel, enraizada no lugar.

— Você não tem medo de retaliação? — ela perguntou, cruzando olhares com Ming He.

— O que mais eu poderia fazer? — respondeu Ming He, com um sorriso carregado de amargura. Matar Ji Wu Xu não era opção, então feri-la gravemente era o máximo que podia.

Quanto à retaliação, ela de fato tinha medo, mas apenas o medo não mudaria nada.

Não tinha ninguém em quem confiar. Seu Mestre não era páreo para a jovem líder da raça demoníaca, e a Seita Liu Yun não podia ajudar. Ela estava sozinha.

Talvez ainda houvesse Qin Chu Yi?

Os pensamentos de Ming He vagaram até a mulher de branco, pura como a neve, e seu coração se agitou. Mas o peso da Tranca Estelar pressionava sua mente. Qin Chu Yi desejava a Tranca Estelar, mas ela fora escolhida como mestre. O que ela faria?

O que as esperava quando saíssem da propriedade?

Perdida nesses pensamentos, Ming He sentiu uma onda de frustração.

— Você pode fazer muito mais — a Espadachim de Preto interrompeu gentilmente seus pensamentos. — Apenas observe.

Com essas palavras, ela avançou em direção a Ji Wu Xu, olhando-a de cima com sua estatura imponente. Sua postura calma e serena, de algum modo, fez Ji Wu Xu sentir um perigo inexplicável.

— O que você está planejando? — Ji Wu Xu estreitou os olhos, tentando discernir a identidade da Espadachim de Preto. O sangue continuava a escorrer de seu ombro, perfurado pela espada de Ming He, mas ela permanecia altiva e orgulhosa, sem traços de seu charme habitual ou de sua brincadeira.

— Fazer um Juramento de Sangue perante o céu e a terra. Até que a cultivação de Ming He alcance o reino do Mestre do Vento, ninguém da raça demoníaca, incluindo você, poderá buscar vingança contra ela — declarou a Espadachim de Preto.

— E se eu recusar? — as pupilas de Ji Wu Xu se contraíram, sua atitude desafiadora evidente, oscilando entre a resistência e a submissão.

A  Espadachim de Preto não deu atenção à sua resistência.

— Você testemunhou a batalha. Sabe que sou cultivadora da espada e também mestra de formações. Pode imaginar os métodos que tenho à disposição.

— Você— — a expressão de Ji Wu Xu mudou, uma incerteza cruzando seu rosto. Ela olhou para Ming He, um sorriso frio e sedutor curvando seus lábios. — Que o céu e a terra sejam testemunhas. Ji Wu Xu jura um Juramento de Sangue: se a cultivação de Ming He não alcançar o reino do Mestre do Vento, não buscarei retaliação pelo que houve hoje.

A mulher de vermelho falou baixinho, sua voz ecoando suavemente. Ao pronunciar a última palavra, um hexágono se materializou ao seu redor, circulando três vezes antes de desaparecer — um sinal de que o juramento fora selado.

— Vou me lembrar de você, Ming He~ Amiga — disse Ji Wu Xu, o tom carregado de uma mistura de ameaça e divertimento. Sem mais palavras, virou-se e desapareceu nas profundezas da floresta densa.

Um Juramento de Sangue.

Ming He olhou para a Espadachim de Preto, sua expressão um misto de gratidão e apreensão. Sabia o peso de um Juramento de Sangue — um voto feito ao céu e à terra, amarrado pelas leis da natureza. Quebrá-lo significaria aniquilação.

Ainda assim, ela nunca exigira tal juramento de Ji Wu Xu.

Como jovem líder da raça demoníaca, Ji Wu Xu era orgulhosa e intocável. Ming He não tinha poder para obrigá-la a fazer esse voto. Mesmo que pudesse, as consequências de provocar a ira de Ji Wu Xu seriam catastróficas, capazes de devastar toda a Região Oriental.

Então, ela não podia.

Ao forçar Ji Wu Xu a fazer o juramento, a Espadachim de Preto assumirá metade da fúria da raça demoníaca em seu lugar. Um gesto de solidariedade, talvez nascido da batalha que enfrentaram juntas.

Ming He sorriu, sua expressão calorosa e radiante, como o sol no começo da primavera.

— Vamos — disse ela novamente, com voz firme e resoluta.

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