Capítulo 38: O Reconhecimento do Tranca-Estrelas


 — Eu sei — disse Ming He com um sorriso, deixando de lado todo medo e hesitação. — Também sei que você não está aqui por minha causa, mas por causa do Tranca-Estrelas.

— Você é mesmo esperta — comentou Mu Xuan Ye, satisfeita com a resposta. — Já que entende, deve saber que só tirando sua vida esse artefato espiritual pertencerá completamente a mim.

A mulher de olhos vermelhos como sangue e cabelos brancos desceu graciosamente do alto. O gato preto soltou um miado preguiçoso, sem demonstrar a menor intenção de se mover.

— Está pronta para morrer? — perguntou ela suavemente, o tom quase cortês.

— De jeito nenhum — respondeu Ming He com uma risada audaciosa ao sacar sua espada. A luz da lâmina brilhou mais que o próprio sol no céu. — Me preparar para morrer é algo que eu jamais conseguiria fazer, nem que vivesse mil vidas.

— Amiga, vamos? — disse ela casualmente a Espadachim de Preto, vestido dos pés à cabeça de negro.

A Espadachim de Preto hesitou, ligeiramente surpresa. Após um instante, entendeu:

— Está dizendo que o Tranca-Estrelas quase reconheceu você como sua mestra?

— Talvez — respondeu Ming He, com indiferença. Mesmo que ele tivesse quase escolhido a ela, agora estava nas mãos de Mu Xuan Ye — por isso Kuai, as vinhas vermelhas e as demais bestas estavam sob seu comando.

Ming He lançou um olhar a Kuai, ainda enfurecido como um gigante desajeitado, e compreendeu que Mu Xuan Ye estava se vingando dos milênios em que fora aprisionada.

— Então faça com que o Tranca-Estrelas reconheça você novamente! — instou a Espadachim de Preto. Se conseguissem, talvez não só pudessem selar Mu Xuan Ye, como até matá-la ali mesmo.

A antiga morada havia aprisionado Mu Xuan Ye por milênios, e o predecessor do cultivador usara símbolos de formação e Restrições para subjugá-la, com Kuai como guardião e o Tranca-Estrelas para contê-la. Seu cultivo atual não era nem sombra do que fora mil anos atrás.

— Eu… eu não sei como fazer isso — admitiu Ming He. Ela não fazia ideia de como havia chamado a atenção do Tranca-Estrelas naquela escuridão. Como poderia repetir aquilo?

Quando notou, pela primeira vez, que as vinhas vermelhas não a atacaram, chegou a duvidar da própria sanidade — um artefato espiritual ancestral reconhecê-la como mestra em segredo, sem que ela soubesse?!

— O que você fez antes? — perguntou a Espadachim de Preto, curiosa.

— Eu não sei — respondeu Ming He, perdida. Apenas havia se queimado ao tocá-lo com a mão direita, depois o tomou do gato preto, apenas para ser arrancado dela em seguida. Nada além disso.

— Já terminaram de conversar? — perguntou Mu Xuan Ye, que escutara tudo pacientemente, sem interromper. — Se sim, é hora de encontrarem seu fim.

— Encontrar meu fim? Por que não vai você primeiro? — rebateu Ming He, fria, trocando um olhar com a Espadachim de Preto. Ela tocou levemente a ponta da espada e a impulsionou à frente, rasgando o ar com sua intensificada intenção de espada.

Ativando os Passos Ilusórios, percorreu os poucos metros entre elas em instantes, desferindo o primeiro movimento da Arte da Espada Liu Yun: o Golpe da Nuvem Ascendente!

Com a espada em punho, o olhar de Ming He se tornou gélido. E daí se Mu Xuan Ye era a Emissária Esquerda da raça demoníaca? E daí se fora uma das mulheres do Herói Dragão? E daí se fora uma potência invencível que vagou pelo Continente Tianwu por milhares de anos?

Quem quisesse matá-la, ela mataria de volta!

Do outro lado, a Espadachim de Preto ergueu sua espada e a lançou adiante. O golpe não tinha floreios, mas carregava uma profunda intenção de espada — simples e mortal.

— Só isso? — Mu Xuan Ye lançou-lhes um olhar indiferente, o sorriso se aprofundando. Permaneceu imóvel, erguendo lentamente a mão pálida e deslizando-a suavemente pelo ar.

Ming He sentiu a ponta de sua espada colidir com uma barreira invisível — como se algo bloqueasse seu poder, impedindo-a de avançar.

Como isso é possível?

Ela estreitou os olhos e respirou fundo. Embainhou rapidamente a espada e a puxou novamente, executando o Estilo da Desembainhada!

Ela recordou os movimentos e expressões de Qin Chu Yi no pátio de Chang Ming e, naquele momento, golpeou. Como uma fera enjaulada rompendo as correntes, lançou-se com toda a força, rasgando a escuridão. A luz começou a brotar pelas rachaduras, crescendo até dissipar completamente a noite.

Luz Intermitente!

Naquele instante, Ming He sentiu uma onda de inspiração, compreendendo intuitivamente a essência de Luz Intermitente ao se conectar com sua espada. A luz das estrelas explodiu da bainha, anunciando a alvorada. Ming He avançou com a lâmina, apontando diretamente para Mu Xuan Ye. Um brilho de surpresa passou pelos olhos vermelhos da mulher.

Ela havia rompido o Primeiro Nível da defesa de Mu Xuan Ye.

— Clang—
Um som claro e retumbante ecoou. Ming He olhou surpresa: o Tranca-Estrelas, na mão de Mu Xuan Ye, tremia levemente — como se sentisse algo. Parecia querer se libertar e voar até ela.

Ming He encarou o artefato, atônita. Ela o havia despertado novamente?

A expressão de Mu Xuan Ye mudou sutilmente; seus olhos, sempre serenos, agora cintilavam com uma sombra de apreensão diante de Ming He.

— Clang—

A ponta da espada branca foi agarrada pela mão direita estendida de Mu Xuan Ye, e o peso familiar da opressão desceu sobre ela. Ming He enrijeceu a coluna com esforço, a mão direita tremendo enquanto a energia da espada se condensava na lâmina, irradiando luz. A tensão invisível entre elas começou a crescer.

Ela estava preparada para resistir, para igualar em resistência.

Afinal, não estava sozinha nisso.

Ming He girou levemente a cabeça e lançou um olhar a Espadachim de Preto. Raramente tomava a dianteira contra Mu Xuan Ye, enquanto ela, usando uma técnica de movimentação enigmática, já a havia contornado, fincando bandeiras de formação ao redor.

Cultivo duplo de espada e formação? — ponderou Ming He, uma centelha de expectativa acendendo em seu peito.

A Espadachim de Preto assentiu em resposta ao olhar vibrante dela, os dedos traçando selos para canalizar as forças do céu e da terra. A energia espiritual se acumulava, enquanto as bandeiras tremulavam com o vento, invocando aparições bestiais que investiram contra Mu Xuan Ye.

Aquelas aparições…? Ming He piscou, tentando distinguir as formas em meio à velocidade — Dragão Azul, Tigre Branco, Pássaro Vermelho, Tartaruga Negra…?

Não são essas as quatro bestas sagradas da lenda? Um tremor profundo atravessou o coração de Ming He. Seria possível que a linhagem da Espadachim de Preto superasse até a de Qin Chu Yi?

A narrativa original nunca mencionava as quatro bestas sagradas — tampouco uma mestra de formações tão notável. Esse personagem… não deveria existir.

— A Formação dos Quatro Deuses! — Mu Xuan Ye reconheceu de imediato. — Você realmente tem algum talento.

Ela estendeu a mão direita, lançando Ming He para trás, depois cerrou o punho e desferiu um soco estrondoso, acompanhado de um rugido ensurdecedor que rasgou o ar. As formas espectrais do Dragão Azul, Tigre Branco, Pássaro Vermelho e Tartaruga Negra se dissiparam sob o impacto.

Eles lançaram um último olhar ao mestre, os olhos cintilando com a energia espiritual que se esvaía, antes que a força do golpe lançasse a Espadachim de Preto pelos ares, fazendo-o cair ao lado de Ming He. As bandeiras tremulantes foram partidas por um gesto casual de Mu Xuan Ye, seus fragmentos espalhando-se pela morada.

— É só isso? — repetiu Mu Xuan Ye, com os lábios tingidos de vermelho, os olhos e cabelos encarnando por completo a figura da Emissária Esquerda da raça demoníaca.

Naquele instante, ela reinava soberana sobre a caverna ancestral.

— Pfft—

Ming He virou o rosto e encarou a Espadachim de Preto. Como num acordo silencioso, cuspiu sangue.

— Amiga, tem mais alguma carta na manga?

— Tenho. E você? — A Espadachim de Preto estendeu a mão, ajudando Ming He a se levantar.

Ela sorriu suavemente, os lábios se curvando com leveza.

— Também tenho algumas.

Com a força dela, ergueu-se. Sua mão direita agarrou a espada com firmeza — como se fosse parte de sua alma — apesar de ter sido arremessada antes.

— As formigas ainda tentam abalar os céus? — Mu Xuan Ye observava as duas, uma de negro e outra de azul, em silêncio. Por um instante, viu nelas reflexos de oponentes que havia derrotado ao longo dos séculos — cultivadores da espada, também mestres em formações.

Como isso é possível? Mu Xuan Ye zombou internamente. Como ousam pensar que podem competir? Eu não posso me permitir perder de novo!

A expressão em seus olhos vermelhos tornou-se turva. Depois de milhares de anos… eu não aceitarei ser derrotada desta vez!

— Mas você não é os céus — murmurou a Espadachim de Preto. — A Formação dos Quatro Deuses foi só o aperitivo.

Dito isso, ela nem sequer olhou para as bandeiras destruídas. Levantou levemente a mão, e sua espada flutuou no ar. A Espada da Estrela do Norte tremeu e se dividiu em sete formas idênticas — cada uma carregando uma intenção de espada distinta.

— A Formação da Espada das Sete Estrelas da Ursa Maior — murmurou Mu Xuan Ye.

— Exatamente! É a Formação da Espada das Sete Estrelas da Ursa Maior! Ascenda! — comandou a Espadachim de Preto, formando selos intrincados com a mão, repletos de uma energia ancestral. — Amiga, use Luz Intermitente com uma espada.

A Espadachim de Preto gritou para Ming He, que permanecia firme no lugar.

— Vamos recuperar o Tranca-Estrelas!

Embora estivesse ocupada preparando a formação, Ming He havia observado atentamente a luta contra Mu Xuan Ye — e certamente não perdera o breve movimento do Trava-Estrelas.

Talvez o Trava-Estrelas já tenha encontrado seu verdadeiro mestre.

Luz Fulgurante, com uma espada só.

Ming He entendeu de imediato o que a Espadachim de Preto quis dizer; a perturbação do Trava-Estrelas havia sido provocada por seu ataque anterior.

Seu movimento havia fluído naturalmente do Estilo do Desembainhar para a técnica Luz Fulgurante.

A espada brilhou, espalhando luz estelar pelo céu.

Trava-Estrelas.

Ming He assentiu. Com as pontas dos pés roçando o chão, ergueu-se no ar. Com sua espada, varreu o espaço à sua frente, deixando um rastro de luz estelar e o poder dos céus. Quando a lâmina desceu, sentiu novamente aquela resistência familiar na ponta — ela estava acima, Mu Xuan Ye abaixo.

À luz que descia de cima, viu seu reflexo nos olhos vermelhos como sangue de Mu Xuan Ye — determinado e inabalável — junto com um leve lampejo de surpresa e um tremor profundo na alma da oponente.

Mu Xuan Ye estava tremendo.

— Whoosh!

O tremor durou apenas um instante — ela agora era invencível.

Mu Xuan Ye soltou uma risada fria e avançou, puxando a matriz de espadas para perto. Com a espada em mãos, lançou-se ao centro da formação.

— Eu já disse: formigas não podem abalar os céus!

— Bang!

A figura vestida de preto foi arremessada novamente, o rosto manchado de sangue, e a Espadachim de Preto caiu imóvel ao chão.

A matriz de espadas desabou num instante, seu brilho desaparecendo. As sombras das espadas se fundiram de volta na Espada Estrela do Norte, que girou sozinha até repousar novamente em sua bainha.

Mu Xuan Ye abaixou a cabeça e cuspiu sangue. Seu rosto estava visivelmente pálido. Olhou para Ming He e sorriu com frieza, acenando com a mão e usando as últimas forças para repelir a jovem, quase tropeçando até se apoiar em um dos pilares de pedra.

Ming He desabou mais uma vez ao lado da Espadachim de Preto, o rosto manchado de sangue, assim como suas roupas azuis e a espada longa branca.

— Amiga… ainda está vivo? — sussurrou Ming He com fraqueza, olhando para a cultivadora imóvel.

— Por pouco… mas não morri — veio a resposta fraca.

Apoiando-se uma na outra, as duas tentaram se levantar, trocando um olhar com Mu Xuan Ye antes de se encostarem no pilar atrás delas.

As três estavam feridas.

— Ei, Ji Wu Xu, se eu te soltar, vai nos ajudar? — perguntou Ming He, com a voz cansada, virando o rosto em direção à única figura consciente ali.

Os demais cultivadores já haviam desmaiado fazia tempo, enredados pelas vinhas vermelho-sangue e arrastados pelo caos da batalha, seus destinos incertos.

— O que você acha? — Ji Wu Xu, que havia testemunhado toda a luta, estava impressionada com o brilho dos dois. O nome da enviada da raça demoníaca, Mu Xuan Ye, era conhecido. A origem da Espadachim de Preto era um mistério, mas Ming He… Ming He era a mais surpreendente.

Seu domínio com a espada era tão deslumbrante que até Ji Wu Xu — que nem sequer praticava a espada — conseguia sentir sua elegância.

Uma cultivadora de espada de talento incomparável, Ming He parecia encarnar os heróis antigos de quem sua mãe costumava falar, cuja existência outrora iluminara o Continente Tianwu.

Agora, Ming He havia provado que era digna de renascer das cinzas.

Mas, por mais impressionante que fosse… ainda precisava da ajuda dela!

Ji Wu Xu sorriu, seu orgulho como jovem líder intacto. Ignorou completamente o fato de quase ter causado a morte de Ming He ao empurrá-la de um penhasco. Seu sorriso era astuto e radiante, como se uma cauda de raposa estivesse balançando atrás dela, exibida com orgulho.

— Se recusar, vamos morrer juntas — disse Ming He, sorrindo da mesma forma por um instante. Ela não era do tipo que se deixava ameaçar.

— Você… — Ji Wu Xu ficou sem palavras, encarando alguém imune às suas manobras pela primeira vez. — Me solte dessas vinhas, e eu mato ela.

— Todos vocês parecem achar que já estou morta — interrompeu Mu Xuan Ye, a voz arrastada e penetrante, cortando a conversa como uma lâmina.

— Tem mais algum truque? — Ming He perguntou, apoiada em sua espada, o tom firme.

Apesar de não entender completamente a matriz da Espadachim de Preto, podia sentir sua força imensa, capaz de abalar os céus.

Para ter levado Mu Xuan Ye a esse impasse, a Espadachim de Preto tinha suportado a maior parte da batalha — e sofrido os ferimentos mais graves.

Por isso, Ming He não acreditava que Mu Xuan Ye ainda escondesse alguma carta na manga.

— Que olhar confiante mais adorável — Mu Xuan Ye provocou com um sorriso torto, erguendo a mão direita e revelando, de surpresa, um artefato espiritual em forma de estrela — o Trava-Estrelas!

Ela guiou o olhar de Ming He até as vinhas vermelho-sangue e a besta feroz, Kui, que rugia sob o altar com triunfo e arrogância. Quando Ming He percebeu, suas pupilas se contraíram lentamente, e ela ouviu Mu Xuan Ye gritar:

— Kui!

Chamou o nome da fera ancestral:

— Devore-os todos!

Então ergueu o Trava-Estrelas e traçou um pequeno arco com ele no ar. Um brilho suave emanou do artefato, e, no instante seguinte, uma enorme e sombria criatura com chifres avançou em direção ao altar, estremecendo o chão enquanto marchava rumo a Ming He e a Espadachim de Preto.

Ji Wu Xu, que havia escapado das investidas de Kui sob o altar, suspirou aliviada; mesmo que a morte fosse certa, era melhor morrer de uma vez do que esperar.

Um beco sem saída.

Ming He se apoiou na espada, sem conseguir pensar em uma forma de quebrar aquela situação, e esboçou um sorriso amargo.

— Nunca pensei que morreria aqui ao lado da minha amiga… Qual é o seu nome?

Antes de morrer, talvez fosse bom ao menos saber o nome e a origem da pessoa ao seu lado. Ainda que fosse esquecer tudo depois de beber a sopa do esquecimento no submundo, saber ou não saber… no fim, era irrelevante.

Ming He sentiu o coração afundar num desespero silencioso, esperando, mais uma vez, pela morte.

Será que a barriga daquela fera fede? — ela franziu o nariz com desgosto.

— Ainda há uma saída — disse a Espadachim de Preto, roucamente.

— Bang, bang, bang!

O coração de Ming He disparou, e ela a olhou com os olhos brilhando de esperança.

— Qual saída?

Diante da morte, ninguém era completamente destemido.

— Faça o Trava-Estrelas reconhecê-la como mestra — disse a Espadachim lentamente. — Kui é o guardião da caverna e do Trava-Estrelas. Neste momento, ele só obedece a Mu Xuan Ye porque o artefato está com ela… e ela fez algo com ele.

— Se fizer o Trava-Estrelas reconhecer você como sua mestra, o impasse se quebrará naturalmente.

A Espadachim de Preto a encarou com firmeza.

— Ouvi dizer que seu nome é Ming He.

— Ming He, você consegue! — encorajou-a, com os olhos brilhando como estrelas.

— Eu… — Ming He hesitou, sem saber o que dizer.

A Tranca Estelar de fato havia mostrado algum movimento antes, mas quando ela usou novamente o Brilho Fugitivo, não houve qualquer reação.

Ela não sabia o que fazer.

— Se você não sabe, pergunte ao seu coração — disse a Espadachim de Preto.

Perguntar ao coração…?

Ming He fechou os olhos lentamente, olhando para Kui, que estava tão próximo, e perguntou ao seu coração.

Seu coração não queria morrer; ela não queria morrer; ela queria viver!

Viver, continuar!

Num instante, uma centelha de esperança por sobrevivência irrompeu dentro dela. Ming He fechou os olhos, sentindo a escuridão infinita, e recordou-se da luz cintilante da espada de Qin Chu Yi que cortava a galáxia.

Estilo da Lâmina Desembainhada.
Brilho Fugitivo!
Liu Yun.
Seu coração.
O instinto de uma cultivadora da espada.
Arte da Espada da Nebulosa.

O céu estava repleto de luz estelar, uma lua crescente e fria — a única luz na escuridão.
Agora havia apenas trevas; e nas trevas, ela era a única esperança, a única luz.

Somente ela podia se salvar.

Ming He repetiu isso em seu coração, incontáveis visões emergindo — fragmentadas, arrebatadoras, sem limites… até que todas se convergiram em uma única luz na ponta de sua espada.

A segunda forma da Arte da Espada da Nebulosa: Estrela Solitária!

Ming He brandiu sua espada com um som metálico ressonante; a lâmina se moveu, revelando a galáxia. Sob o Brilho Fugitivo, as estrelas cintilavam com esplendor. Ela permanecia de pé no limiar entre a escuridão e a luz do dia — desorientador, mas perigoso, vasto e profundo.

A ponta da espada girou com força, e a luz estelar desvaneceu-se. Uma estrela começou a se elevar lentamente das profundezas da escuridão infinita, sua luminosidade crescendo até iluminar todo o céu estrelado.

Uma estrela surgiu — e então incontáveis outras a seguiram, formando um vasto mar de estrelas, com inúmeros pontos de luz florescendo na escuridão, irradiando o brilho mais intenso.

Pisando na luz das estrelas, ela flutuou acima do solo, erguendo-se dentro daquele resplendor.
Naquele instante, a Tranca Estelar explodiu em luz, voando da mão de Mu Xuan Ye como se desejasse, ansiosamente, abraçar Ming He.

Kui parou a várias dezenas de metros do altar, um lampejo de confusão cruzando seus olhos turvos, e então se deitou tranquilamente sob o altar, ao lado de Ming He.

No mar estelar, em meio à luz infinita das estrelas, Ming He abriu os olhos devagar para encarar Mu Xuan Ye, sua expressão calma e serena.

— Quem disse que formigas não podem abalar os céus?

— Quem disse que formigas não podem abalar os céus? Quem disse que formigas… não podem mover os céus?

Ming He pousou graciosamente sobre o altar, desta vez erguida bem alto.

— Você não é os céus — declarou a cultivadora de espada de vestes azuis —, e nós não somos formigas.

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