Depois de alguns passos, ela parou de repente.
— Não esquecemos de alguma coisa?!
Wei Liang olhou divertido para sua expressão assustada, inclinando levemente a cabeça, a voz profunda e firme:
— Oh? O que seria?
— Ancião Xing!
Wei Liang soltou um leve “ah” e respondeu com naturalidade:
— Enquanto lutava contra o fantoche de sangue, coletei várias Frutas Protetoras do Coração no fundo do lago. Esse remédio deve ser tomado à meia-noite — então não há pressa.
Lin Jiu o encarou desconfiada — há pouco, aquele “ah” havia deixado claro que ele só se lembrara naquele instante.
Ele ergueu os olhos para a luz da lua atravessando as copas das árvores e disse:
— Se estiver preocupada, posso voltar à seita agora e depois retornar para acompanhá-la na contemplação das lanternas.
A mão quente dele foi, aos poucos, perdendo o calor. Instantes depois, colocou na mão dela uma lasca de gelo não maior que uma palma. Era fria de cortar e pesada ao toque, cristalina, com uma ponta perigosamente afiada que refletia um brilho gélido.
— Esta coisa — disse com um leve sorriso — pode matar até mesmo uma divindade. Tome cuidado com ela — volto em meia hora.
Lin Jiu não sabia se era apenas imaginação, mas a figura dele parecia de repente mais difusa. Ele deslizou pela multidão e, momentos depois, um lampejo de luz passou diante do velho pé de acácia.
Ela apertou a lasca de gelo com força. Instintivamente, sabia que aquele objeto certamente era importante para ele. Apesar do frio cortante, ondas de calor brotavam de dentro de seu corpo, e ela se preocupou de repente que aquilo pudesse derreter em sua palma.
Os transeuntes começaram a se agrupar em pares. Lin Jiu recusou convite após convite com um sorriso educado. A mão que segurava a lasca de gelo pulsava suavemente, lembrando-a de que não estava sozinha.
O ar se enchia de risos e romance. Entre as lanternas deslumbrantes, ela sentia alegria e esperança brotando ao redor. A turbulência emocional trazida pela empatia foi se acalmando, até desaparecer por completo.
A essa altura, já não sofria mais com a dúvida sobre o motivo de Wei Liang ter exterminado a família Wang em nome de Huang Yinyue — porque, se tivesse poder, faria exatamente o mesmo. Com calma, de forma decisiva, faria aqueles assassinos pagar — fosse Ji Yuan, fosse a família Wang.
De repente, uma lembrança surgiu em sua mente — uma cena de muito tempo atrás, quando Wei Liang mostrara uma expressão fria e dissera:
— Depois de obter o Caule Condutor de Aura, iremos ao Reino Secreto de Huang Chuan… matar pessoas e saquear o tesouro.
Matar pessoas e saquear o tesouro.
Não era exatamente isso que a família Wang havia feito em busca da chave? Causa e efeito, retribuição infalível. Foram eles que fermentaram o vinho amargo — e era justo que o bebessem.
Lin Jiu erguia os olhos de tempos em tempos para a lua, que subia firme, calculando mentalmente o tempo. Mesmo na sua maior velocidade, Doulong levava meio dia para ir da Seita Wanjiangui até a Cidade Bibo, mas Wei Liang conseguia fazer o trajeto sozinho em apenas meia hora? Essa velocidade era simplesmente assustadora.
Então… quanto poder ele ainda está escondendo?
Perdida em pensamentos, caminhava sem rumo até que, de repente, viu um amplo clarão à frente, iluminando boa parte do céu. O espetáculo deslumbrante de luzes em movimento lhe deu a estranha ilusão de que havia um portal adiante — um que poderia levar a uma metrópole moderna e agitada.
Atônita, aproximou-se da beira de uma grande clareira. Era uma pequena bacia e, em seu fundo, incontáveis lanternas de flores estavam amarradas umas às outras, formando um vasto mar de luzes.
Ao redor das suaves encostas, jovens casais caminhavam de mãos dadas, avançando com cuidado para amarrar suas próprias lanternas ao mar cintilante.
Camada sobre camada, lanterna após lanterna, cada luz refletindo na outra — brilhantes, infinitas.
— O que eles estão fazendo? — perguntou Lin Jiu casualmente à mulher ao seu lado.
A mulher respondeu:
— Quando todas as lanternas estiverem prontas, o Grão-Mestre fará um ritual para enviá-las ao Palácio da Lua. O Deus das Lanternas abençoará os apaixonados — não importa quão distantes estejam, se reencontrarão sob a lua. E se alguém ainda não encontrou seu amado, o Deus das Lanternas amarrará um fio vermelho e o ajudará a encontrá-lo.
Lin Jiu soltou um suave “ah” e olhou para a própria mão. Segurava apenas a lasca de gelo que Wei Liang lhe dera para proteção — nenhuma lanterna.
A mulher riu baixinho, pegou uma pequena lanterna do homem ao seu lado e ofereceu a Lin Jiu.
— Aqui, fique com esta!
Lin Jiu: — ?!
Os olhos da mulher se curvaram em um sorriso caloroso.
— Meu marido e eu trouxemos cada um uma lanterna. Vou lhe dar a minha — ficaremos com apenas uma.
Lin Jiu se mostrou intrigada:
— Nós mal nos conhecemos. Por que está sendo tão gentil comigo?
A mulher lançou um olhar furtivo ao homem ao seu lado e baixou um pouco a voz:
— Porque você é uma boa pessoa.
Lin Jiu: — ? Desde quando distribuir “cartões de boa pessoa” à primeira vista virou moda?
A mulher corou levemente.
— Meu marido é bonito, e eu sou apenas comum. Hoje, inúmeras mulheres tentaram flertar com ele. Mas você — tão bela, e sozinha — o ignorou completamente e falou apenas comigo.
Lin Jiu: — … Desculpe, sinceramente nem notei que havia um homem ao seu lado.
Ela se virou e finalmente reparou em um homem alto, de porte robusto, com feições marcantes entre os mortais. Claro, não chegava nem perto de Wei Liang.
Ao ver Lin Jiu, o homem congelou por um instante, um brilho de assombro passando por seus olhos.
Lin Jiu lhe deu um sorriso, juntou as mãos em cumprimento e se curvou.
— Agradeço a ambos pela lanterna. Agradeço também em nome do meu marido — que envelheçam juntos e vivam em paz e alegria.
O homem despertou do transe, abaixou o olhar rapidamente e se virou para ver sua esposa sorrindo docemente, os olhos cheios de ternura. Juntos, retribuíram a reverência de Lin Jiu, insistindo que não havia necessidade de agradecer e desejando a ela e ao marido harmonia e felicidade.
Lin Jiu avançou e amarrou a lanterna presenteada ao vasto mar de luzes. Um desejo tênue e difuso cintilou em seu coração — um que ela não tentou agarrar. Com uma pontada de timidez, deixou-o escapar como um peixe.
Ela podia sentir claramente que aquele mar luminoso estava repleto de incontáveis pensamentos alegres. Estar ali era como mergulhar em um oceano de calor e suavidade, transbordando de votos puros e gentis.
Depois de fixar a lanterna, levantou-se e ouviu o casal ainda cochichando sobre ela.
A mulher disse baixinho:
— Essa garota não é cem vezes mais bonita do que aquelas que vivem se jogando em cima de você? Perto dela, elas não são nada.
O homem respondeu com uma risada suave na voz:
— Você está exagerando. Aquelas mulheres são apenas freguesas habituais — só estavam brincando. Mas em termos de beleza, minha esposa é naturalmente a melhor. Você e essa garota estão em pé de igualdade, e o resto nem se compara.
A esposa sabia que era uma mentira piedosa, mas mesmo assim seu coração se encheu de alegria.
De longe, Lin Jiu ainda conseguiu ver o casal trocando palavras doces, quase se aconchegando um no outro.
A multidão aguardava com ansiedade a chegada do mítico Grão-Mestre. Sem nada melhor a fazer, Lin Jiu se juntou a eles na encosta suave, misturando-se ao povo para assistir às lanternas serem lançadas.
O momento em que o mar de lanternas subisse ao céu certamente seria deslumbrante. Ela mesma sentia um leve traço de expectativa.
Mais ou menos o tempo de queimar um incenso depois, um grande grupo de soldados abriu caminho pela multidão.
— O Grão-Mestre chegou! — a multidão aclamou em uníssono, e então silenciou, prendendo a respiração em expectativa.
Apenas Lin Jiu franziu levemente a testa. Sua percepção era muito mais aguçada do que a de uma pessoa comum e, no instante em que seus sentidos espirituais tocaram aqueles soldados, ela sentiu algo estranho.
O Grão-Mestre surgiu à vista. Tinha aparência comum, vestia uma túnica branca até o chão bordada com padrões dourados — e era um cultivador do estágio inicial do Núcleo Dourado.
Lin Jiu não pôde deixar de se surpreender. O mundo mortal era chamado de mundo mortal justamente por sua grave escassez de aura para a prática. Raríssimos cultivadores aceitavam viver ali a longo prazo, e para um cultivador se curvar a um rei mortal — só a menção já traria vergonha à sua família e à sua seita.
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