Jiang Zheng olhou para baixo de lado, apenas lançou um rápido olhar e desviou em seguida. Meu Deus! Ela realmente estava de mãos dadas com Ji Muye na frente da câmera ao vivo?
Isso… não era ruim para ela, mas o programa era assustador demais e a fazia perder a noção das proporções.
#Hahahaha Liang Xiaoduan é fã declarada. Ela veio participar do programa ou caçar celebridades?
#Aaaahhh! De mãos dadas em público no programa e ainda dizem que não tem nada entre eles.
#Puro açúcar.
#Calma, irmãs. Jiang Zheng e Ji Muye são namorados no programa. Qual o problema de andarem de mãos dadas?
Ji Muye manteve a expressão firme e continuou segurando a mão de Jiang Zheng, que tentava se soltar:
— Isso não é importante. Vamos sair daqui rápido. Eles devem ter percebido que estamos fora há muito tempo e podem estar nos procurando por toda parte.
Liang Xiaoduan estava chorando — como assim não era importante? Era muito importante! Se ela não estivesse na linha de frente do consumo de açúcar, perderia o título de maior fã do casal.
Ela deu um passo à frente e soluçou:
— Estou com tanto medo.
Aquele lugar fantasmagórico era quieto como um abismo, o ar parado, o som ausente, e ela quase fez xixi de fobia de espaço fechado. Queria muito um abraço... Mas os dois à sua frente estavam de mãos dadas, ombro a ombro, imóveis. Então ela só pôde cruzar os braços ao redor do próprio corpo e tremer sozinha.
Jiang Zheng não aguentou e imediatamente soltou a mão de Ji Muye, avançou e abraçou Liang Xiaoduan:
— Não tenha medo, Xiaoduan.
Ji Muye: “…”
Liang Xiaoduan não ousou bancar a frágil por muito tempo. Rapidamente, os três correram para a cabana marcada mais próxima.
Abriram a porta com a chave e encontraram a garota que havia sido drogada caída no chão. Jiang Zheng correu para levantá-la e apoiou-a em seu ombro.
Liang Xiaoduan tirou dois pequenos frascos de porcelana verde do bolso:
— Eu peguei esses do bolso daquela mulher.
Jiang Zheng ia dizer que não deveriam tomar medicamentos desconhecidos, já que não tinham como saber o que havia ali.
Mas então viu que um frasco estava escrito “veneno” e o outro “antídoto”.
Jiang Zheng: “……”
#HAHAHAHAHA O diretor é venenoso.
#Simples e direto. Claro como água.
#Como o diretor previu que eles pegariam os frascos? Incrível.
#Acho que o diretor preparou vários pontos de trama, e os convidados só tocaram em alguns. Se fossem outros participantes, a história teria se desenvolvido de forma completamente diferente.
Jiang Zheng pegou rapidamente o frasco do antídoto, cheirou e… de repente perdeu a vontade de falar.
Aquele cheiro… Nima, era de confeitos de chocolate.
Ela tirou um e enfiou na boca da garota.
E como esperado, a menina despertou em menos de cinco segundos...
Liang Xiaoduan, sem saber de nada, pulava de alegria:
— Ai, de repente me achei ótima! Quando interpretei uma batedora de carteira, nunca imaginei que minhas habilidades serviriam pra isso!
#Hahaha! Ingênua e adorável Xiaoduan.
#Eu vi o canto da boca da Jiang Zheng se contraindo. Qual será o gosto desse antídoto?
A garota abriu os olhos sonolenta. Quando viu os três em pé à sua frente, caiu no choro.
Achava que estava condenada, mas quem diria que aquelas pessoas realmente tinham conseguido salvá-la?
Ela mal ia agradecer, quando ouviu um barulho lá fora — parecia que muita gente estava se aproximando.
Ela se levantou imediatamente:
— Vamos! Eu conheço outro caminho para descer a montanha.
Antes que o grupo chegasse, Jiang Zheng e os outros já haviam desaparecido na floresta sob a liderança da garota.
Se ignorassem os rastros de seita e violência, a Ilha do Paraíso realmente merecia o título de refúgio exclusivo ideal.
O lago Tianchi no topo da montanha era cercado por camadas de pinheiros e ciprestes, e aves desconhecidas cantavam suavemente. A única coisa que destoava era o grupo de figuras correndo pela trilha da floresta.
Enquanto corria, a garota disse que seu nome era A Nan. Seu pai havia sido abandonado pela mãe, depois enganado por um amigo em um golpe de investimento e se tornara um pobre coitado. Perdeu a fé na vida, afundou na bebida e ficou arrasado. Até que ouviu falar por acaso sobre uma ilha paradisíaca onde as pessoas poderiam viver sem preocupações — e levou A Nan para lá.
E de fato, como anunciado, quando chegou à Ilha do Paraíso, parecia mesmo o paraíso. Seu pai parecia ter reencontrado a alma. Desde então, passou a crer no deus do lótus e obedecer apenas às ordens da seita. Quando o velho charlatão pediu que A Nan fosse ao lago meditar, o pai ficou tão feliz que segurou a mão dela e disse: “Você foi abençoada pelos deuses. Agora seu pai pode morrer em paz.”
Mas como Jiang Zheng viu, aquele lago não era um lugar sagrado — era o mais sujo inferno da Ilha do Paraíso.
A trilha secreta por onde A Nan os conduzia era usada antigamente pelos moradores da ilha para subir a montanha em busca de caça ou ervas. O chão era coberto de agulhas de pinheiro, macio e confortável ao caminhar.
Ela corria à frente e virava a cabeça:
— Senhorita Jiang, aquele velho mágico queria que você fosse a Santa Mãe só pra te tomar como esposa. Ele já fez isso antes. A última garota escolhida por ele… desapareceu.
Ofegante, Liang Xiaoduan parou, quase morrendo ali mesmo:
— Aquele velho nojento não se enxerga? Tem coragem de cobiçar minha irmã Zheng?! Se ele encostar um dedo nela, eu, eu… o irmão Ji vai acabar com ele!
Jiang Zheng: “…”
Ji Muye olhou sério:
— Isso mesmo.
#HAHAHAHAHAHHA Liang Xiaoduan queria resolver com as próprias mãos, mas deu chance pro Ji Muye brilhar.
#A consciência da Xiaoduan devia servir de exemplo pra outras fãs do casal.
#Tô me derretendo de tanto açúcar. Que emoção. Não aguento mais.
Liang Xiaoduan se animou:
— A Nan, você tem algum truque pra ajudar a gente a matar esse desgraçado?
A Nan tirou uma presilha de madeira do cabelo. Uma ponta tinha formato de coração de pêssego; a outra, era afiada.
Liang Xiaoduan arregalou os olhos:
— Você vai tocar fogo em tudo?!
A Nan murmurou, com frieza no olhar:
— Matar ele ainda é pouco.
Os quatro seguiram pela montanha enquanto conversavam, atravessando a floresta densa. Havia cada vez menos luz do sol.
Na ilha não havia programas de TV. As pessoas não precisavam estudar ou trabalhar, mas tinham que assistir horas de discursos religiosos por dia. Com o tempo, a lavagem cerebral fazia todos esquecerem a vida fora dali.
Jiang Zheng comentou:
— Aqui não há sinal de celular e é completamente isolado do mundo. Mesmo que enviássemos um pedido de socorro, ele não chegaria ao exterior.
Liang Xiaoduan perguntou:
— A Nan, você disse que já fugiu três vezes. Uma delas até o mar?
Jiang Zheng indagou:
— Mesmo sendo isolada, a ilha ainda depende do mundo externo pra trazer mantimentos. Então, A Nan, você se escondeu num navio de suprimentos e tentou fugir assim, não foi?
A Nan assentiu. Infelizmente, foi descoberta antes de chegar à costa e trazida de volta pra aquela ilha infernal.
Jiang Zheng pensou um pouco e sugeriu que Liang Xiaoduan descesse a montanha depois e procurasse por He Xiao e Xiao Cheng para ver se havia algum barco disponível. Se encontrassem uma forma de chegar até eles, ao menos poderiam chamar a polícia.
Liang Xiaoduan assentiu:
— E vocês? Vão pra onde?
Jiang Zheng olhou para A Nan:
— Isso depende… A Nan, você sabe onde está o antigo líder?
A Nan sorriu:
— Sei, sim.
#Então era isso. Jiang Zheng já havia percebido que o ponto-chave para quebrar o jogo neste episódio da “Ilha do Paraíso” era o antigo líder Ming Dongfang.
#A Nan parecia uma vítima, mas era peça central do enredo. Ela nunca diria o nome Dongfang por conta própria — só revelaria algo se os convidados descobrissem.
#Minha irmã é demais!
Ji Muye finalmente entendeu:
— Então peça à A Nan que nos leve até ele.
A Nan assentiu.
A trilha ficou subitamente mais íngreme. O grupo se agarrava à encosta, usava galhos e cipós para descer devagar, apoiando-se mutuamente.
Depois de atravessar a floresta, chegaram a um riacho.
Ji Muye foi ver a situação e virou-se:
— Eu te carrego até lá.
Liang Xiaoduan balançou a cabeça feito chocalho:
— Não, não, não! Carregue a irmã Zheng. Eu levo a A Nan!
Tem que criar oportunidade pro chefe!
#HAHAHAHA chorei de rir.
A Nan abanava as mãos para recusar, mas Liang Xiaoduan puxou as calças e disse:
— Tá tudo bem. Minhas pernas são longas.
A Nan olhou para as próprias perninhas e preferiu ficar calada.
Jiang Zheng queria recusar, mas Ji Muye não deu chance — simplesmente se agachou à sua frente e cutucou suas costas.
Ela não podia bancar a difícil agora, então agradeceu e subiu nas costas dele.
A água chegava aos joelhos, e o fundo do riacho era coberto de pedras escorregadias. Um deslize e era queda na certa.
Diga-se de passagem, as pernas de Liang Xiaoduan eram realmente longas. Ela era cantora e dançarina, então tinha força física de sobra, e carregar a magrinha da A Nan foi fácil.
Após cruzarem uma plantação, os quatro se separaram numa bifurcação.
A Nan tinha mesmo muitos contatos. Levou Jiang Zheng e Ji Muye até uma lojinha remota e sussurrou algo para o dono. Ele então trouxe três mantos pretos dos fundos.
A Nan contou que o antigo líder Ming Dongfang estava preso pelo velho farsante num lugar chamado “sala de tratamento” — o porão de onde Jiang Zheng e Ji Muye tinham ouvido gritos antes.
Esse lugar, com nome bonito, era supostamente onde doenças eram curadas para os habitantes da ilha. Além dos fiéis que pediam cura, havia “terapeutas” responsáveis pelos tratamentos. Usavam máscaras e mantos pretos o ano todo, tinham status elevado na ilha e eram respeitados por todos.
Os três vestiram os mantos, deixando à mostra apenas os olhos, e saíram caminhando pelas ruas com imponência.
Vários transeuntes se curvavam para eles.
Sem perder tempo, seguiram direto para a igreja e desceram pela escadaria em espiral à esquerda.
Como um verdadeiro mapa vivo, A Nan guiou Jiang Zheng e Ji Muye rapidamente entre os pilares, até chegarem ao local de antes.
Ainda era possível ouvir gritos e sons de impacto vindos de trás do portão de ferro enferrujado.
Os três trocaram olhares, e Ji Muye foi o primeiro a agir, empurrando a porta para abrir.
Eles haviam se preparado mentalmente para o pior, mas Jiang Zheng não esperava encontrar tal cena na sala de tratamento.
O espaço comprido era dividido em pequenos quadrados. Cada quadrado era cercado por paredes de vidro transparente. Em alguns havia pacientes gemendo e se contorcendo de dor; em outros, terapeutas de manto negro tratavam seus pacientes.
O estranho era que, em um hospital comum, médicos utilizavam instrumentos médicos e remédios para curar doenças. Já ali, os tais terapeutas usavam apenas uma das mãos.
Jiang Zheng passou por um dos cubículos e, após um rápido olhar, não conseguiu continuar encarando.
A mão do terapeuta batia com força nas costas do paciente, com tanta violência que parecia querer matá-lo.
Ele murmurava:
— Pelo oráculo da flor de lótus, toda doença é um demônio, e toda dor é apego. Expulsar a dor e banir a doença, como fumaça e nuvens…
Após recitar uma vez, desferia outro tapa vigoroso nas costas do homem.
Ninguém conseguiria suportar esse tipo de espancamento. Aqueles que depositavam suas últimas esperanças no deus do lótus só podiam aguentar em silêncio esse batismo violento.
Os três desviaram o olhar e seguiram direto para a parte mais interna da sala.
Felizmente, havia tantas pessoas precisando de tratamento que os terapeutas estavam sobrecarregados. Ninguém teve tempo de prestar atenção neles.
O cubículo mais interno era cercado por portas e paredes de ferro, restando apenas um pequeno buraco no meio por onde passavam comida.
Dois seguranças altos e fortes guardavam a porta. Quando viram os três terapeutas de manto negro se aproximando, estenderam os braços:
— Ninguém pode se aproximar sem a permissão do Senhor Deus.
— Viemos buscar a pessoa lá dentro para levá-la até ele.
O segurança os encarou desconfiado:
— Vocês três são rostos bem estranhos.
Jiang Zheng respondeu:
— Terapeutas nunca mostram o rosto. Como chegou a essa conclusão?
#HAHAHAHAHAHA Que presença de espírito.
#Alguém dá um lanche pra esse NPC.
#Muito realista. Grande demônio.
O segurança ficou em silêncio por um instante, depois cruzou os braços e fechou a cara. De qualquer forma, não deixaria que levassem a pessoa.
O canto dos lábios de Jiang Zheng se curvou. Ela estendeu a mão e removeu o véu negro, revelando um rosto belo e deslumbrante.
A Nan imediatamente entendeu e repreendeu:
— Vocês realmente não conhecem o Monte Tai. Esta é a Santa Mãe escolhida pelo Deus do Lótus! Ela tem o mesmo status que o próprio deus. Todos que a veem devem se ajoelhar! Como ousam impedir a passagem da Santa Mãe?!
As duas encenaram juntas, acalmando imediatamente os guardas.
Embora a identidade da Santa Mãe ainda não tivesse sido anunciada oficialmente, os fiéis já comentavam em segredo. Uma nova jovem havia se mudado para a casa do núcleo de lótus junto ao Rio do Lótus — e dizia-se que apenas a futura Santa Mãe poderia viver ali. Além disso, Jiang Zheng era realmente deslumbrante, e todos não podiam evitar de olhar para ela com reverência.
Ao entrarem no quarto de ferro, o ar estava pesado e turvo. Havia uma figura sentada no chão, com os cabelos crescendo como mato até os pés, quase cobrindo o rosto. A túnica que vestia estava tão suja que não se distinguia mais a cor. Os braços magros expostos pareciam apenas pele sobre os ossos. As mãos repousavam sobre os joelhos, imóveis, como um monge em meditação.
Ji Muye tentou chamá-lo:
— Ming Dongfang?
O homem abriu os olhos lentamente. Apesar do estado deplorável, seus olhos não estavam embaçados — ao contrário, havia neles um traço de clareza.
Fazia tanto tempo que não falava que sua voz soava rouca:
— Faz muito tempo que ninguém me chama por esse nome.
Jiang Zheng se aproximou e o encarou de cima:
— A Ilha do Paraíso foi a obra da sua vida. Aquele velho farsante te traiu, tomou seu lugar e agora o mantém preso aqui. O senhor Ming não quer se vingar?
Ming Dongfang fechou os olhos devagar:
— Um dia ele receberá sua retribuição. Meu corpo ainda aguenta.
Ming Dongfang, em sua juventude, foi um grande industrial que lucrou bastante e tinha um forte desejo de ajudar os necessitados. Por isso, liquidou todos os seus bens e construiu vilas de férias, asilos, hospitais e centros paliativos nessa ilha isolada para acolher os carentes de forma gratuita. No começo, ninguém acreditava — achavam que não existiam pessoas tão tolas assim. Por isso, poucos ousaram ir até lá.
Mais tarde, alguns sem-teto que não tinham mais para onde ir decidiram tentar. E, para sua surpresa, realmente recebiam alimentação, abrigo e cuidados médicos gratuitos. Um desses andarilhos era o homem que hoje era venerado por todos os crentes. Ninguém sabia seu nome real, mas ele se apresentava como Hao San.
Hao San era o mais esperto entre os sem-teto e logo conquistou a confiança de Ming Dongfang. Suas tarefas principais eram divulgar os objetivos filantrópicos da ilha e selecionar candidatos para habitá-la. Embora parecesse honesto, Hao San era ardiloso e ganancioso até o último fio de cabelo — começou a desviar dinheiro da divulgação e a enganar pessoas em segredo.
Mas o mal não fica escondido para sempre. Ming Dongfang logo descobriu a verdade. Quando estava prestes a expulsar Hao San da ilha, o farsante agiu primeiro: prendeu Ming Dongfang e anunciou que havia sido “convocado pelo Deus do Lótus” para liderar. Hao San se transformou no "mensageiro sagrado" e "deus encarnado". A ilha do paraíso virou uma prisão isolada, dominada por uma seita.
Quando A Nan chegou à Ilha do Paraíso, foi mandada para a lavanderia. Havia um velho encarregado que, bêbado certa vez, se gabou diante de todos de ter dormido no mesmo quarto que um deus e dividido uma panela de arroz com ele. Apesar de tudo que sabia sobre os podres do tal “deus”, ainda se vangloriava dizendo conhecer um segredo gigante sobre o antigo líder, Ming Dongfang. Todos riram e o chamaram de velho louco. Apenas A Nan sentiu que havia algo de verdadeiro naquilo. Então, certa vez, arrumou uma garrafa de vinho, embebedou o velho novamente, e conseguiu dele a localização do esconderijo de Ming Dongfang.
Olhando para a figura do velho como um bodisatva esquecido, Jiang Zheng não pôde evitar uma risada irônica:
— Pelos pecados que cometeu, agora paga o preço.
Ming Dongfang continuou impassível:
— Imagino que vocês vieram escondidos. Vão embora logo. Se forem pegos por aquele homem, acabarão como eu.
Jiang Zheng deu mais um passo à frente:
— As pessoas dessa ilha foram lavadas cerebralmente por Hao San. Abandonaram suas famílias, doaram todos os bens, e vivem como escravos dele. Doentes tomam remédios de composição desconhecida, doenças leves viram graves e graves se tornam incuráveis. Pessoas fracas de espírito desistem da vida e se tornam crentes cegos do tal “Deus do Lótus”.
Nesse ponto, ela segurou a mão de A Nan:
— Há meninas como ela, entregues de bandeja por suas famílias insensatas a esse homem.
A Nan cobriu o rosto e chorou.
— O senhor não soube escolher as pessoas certas, trouxe o lobo pra dentro de casa. No fim das contas, a culpa é sua. E agora quer pagar de monge budista dizendo que não quer vingança? Que vai esperar o velho deus morrer de velho? Isso é um baita de um pum!
#Esse desabafo em um só fôlego foi maravilhoso!
#Jiang Zheng entrou no papel mesmo. Perfeita.
#Hahahaha "esperar o deus dar um arroto e morrer"? Que forma de falar!
O rosto sereno de Ming Dongfang, semelhante ao de um velho monge, finalmente mudou.
A câmera então passou a exibir três quadros:
Um mostrava a conversa com Dongfang na sala de tratamento; o segundo, Liang Xiaoduan, He Xiao e Xiao Cheng indo até o píer para procurar o barco de suprimentos; o terceiro mostrava o interior da igreja.
Na igreja.
O “Senhor Deus” estava de mãos para trás. Uma flor de lótus dourada surgia diante dele, refletindo sua face sob uma luz que lembrava a de um buda.
Seus olhos estavam profundos, a expressão, complicada. Em certos momentos, achava que havia mentido tanto que até ele próprio começava a acreditar.
— Meu senhor, procuramos por toda parte, mas não encontramos a senhorita Jiang.
— Eu sou o professor Zhang da creche. O novo professor Ji saiu para buscar leite em pó no píer e também desapareceu.
— Os dois administradores designados para a praia também sumiram.
Um grupo de crentes se revezava trazendo relatórios. Mo Ji estava ao lado, com Ke Cancan atrás dele — a única que não havia fugido.
O Senhor Deus se virou lentamente, com o rosto nada agradável.
Mo Ji se voltou para Ke Cancan:
— Senhorita Ke, onde acha que seus companheiros foram parar?
Ke Cancan forçou uma risada:
— Eu realmente não sei. Se eu não tivesse seguido o professor Mo, estaria perdida também. Talvez eles sejam novatos e tenham se desorientado. Não é nada demais…
Droga. Aqueles cinco nunca me incluem em nada. Aposto que quase não aparecerei nesse episódio também.
O semblante do “deus” suavizou:
— A Ilha do Paraíso é cercada por água. Mesmo se estiverem perdidos, acabarão aparecendo. Tudo bem.
Mo Ji perguntou com cuidado:
— A cerimônia de iluminação da Santa Mãe ocorrerá conforme o previsto?
Ke Cancan arregalou os olhos:
— Cerimônia de… iluminação da Santa Mãe?
Mo Ji respondeu com ar misterioso:
— Sua companheira, senhorita Jiang, foi escolhida como Santa Mãe pelo Deus do Lótus. Ela será porta-voz do deus, junto com os senhores e lords, para pregar e iluminar os crentes da nossa ilha.
Ke Cancan: “…”
Droga. O diretor sempre reserva os enredos mais conflitantes para a Jiang Zheng.
O Senhor Deus acenou com a mão:
— Será realizada imediatamente. A vontade do Deus do Lótus não deve ser adiada.
Mo Ji assentiu rapidamente.
Enquanto isso, os capangas continuavam vasculhando as lojas da rua em busca dos cinco foragidos.
A igreja foi redecorada. Fitas vermelhas de bênção foram penduradas em honra à cerimônia de iniciação.
Com rostos alegres e reverentes, os crentes começaram a chegar.
Logo o templo ficou lotado, mas ninguém fazia barulho. O silêncio era absoluto, a ponto de se ouvir uma agulha caindo.
A cerimônia ocorria na hora auspiciosa. Como de costume, um coral liderado por Mo Ji começou a entoar os cânticos sagrados.
O “deus” parecia tranquilo, cantava junto com entusiasmo. Muitos crentes choravam no auditório, demonstrando amor e adoração absolutos pelo Deus do Lótus.
Em seguida, ele começou a recitar o Livro do Tesouro do Lótus, exaltando as maravilhas do deus: que curava doenças, aliviava dores, trazia felicidade. Bastava tê-lo no coração, e seriam invencíveis, alcançando a harmonia final da vida.
Mo Ji olhava para a entrada da igreja com nervosismo. Não entendia por que o Senhor Deus insistia tanto em fazer a cerimônia da Santa Mãe com tanta pressa. Nem sabiam onde Jiang Zheng estava. E se ela não aparecesse?
Os fiéis estavam mergulhados na doutrina, repetindo os ensinamentos com fervor. Muitos choravam e gritavam, dizendo que entregariam todos os seus bens em troca da misericórdia divina.
Se não forem loucos, não estão vivos. Todos ali competiam para serem os primeiros — com medo de que o Deus do Lótus favorecesse os outros e os ignorasse.
O Senhor Deus assentiu, satisfeito, e mandou que Mo Ji contasse as oferendas. Estava radiante, elogiando o desapego corajoso dos crentes.
Em seguida, anunciou o início oficial da iluminação da Santa Mãe.
Mo Ji suava frio. A Santa Mãe nem apareceu! Como realizar a cerimônia?
Ele ergueu os olhos em direção ao Senhor Deus e viu que seu semblante permanecia calmo — talvez seus dotes de atuação estivessem mesmo melhorando.
Nesse instante, uma voz de repreensão ecoou da entrada da igreja:
— Me soltem!
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