Os três trocaram olhares entre si, e Ji Muye tomou a dianteira, empurrando a porta e entrando.
Eles haviam se preparado mentalmente, mas Jiang Zheng não esperava encontrar uma cena como aquela na sala de tratamento.
O longo espaço era dividido em pequenos quadrados. Cada quadrado era cercado por cortinas de vidro transparente. Em alguns, pacientes se contorciam de dor, gemendo e chorando. Em outros, havia terapeutas vestindo mantos pretos, tratando seus pacientes.
O estranho era que, nos hospitais, médicos usavam instrumentos e medicamentos para curar doenças. Já os terapeutas ali se valiam apenas de uma das mãos.
Jiang Zheng passou por um dos quadrados e, com apenas um olhar, desviou o rosto — não conseguia encarar diretamente.
A mão do terapeuta batia com força nas costas do paciente. O tapa era tão forte que parecia que ele queria espancá-lo até a morte.
Ele murmurava:
— Pelo oráculo da flor de lótus, toda doença é um demônio, e mil dores são obsessões. Dissipe a dor e expulse a doença, como fumaça e nuvem...
Após recitar, bateu de novo com vigor nas costas do paciente.
Ninguém aguentaria esse tipo de castigo. Aqueles que depositavam sua última esperança no Deus do Lótus só podiam suportar esse espancamento e batismo.
Os três desviaram o olhar e seguiram direto para a parte mais interna da sala.
Felizmente, havia tanta gente precisando de tratamento que os terapeutas estavam sobrecarregados — ninguém teve tempo de se importar com o que faziam.
O quadrado mais interno da sala de tratamento era cercado por paredes e portas de ferro, restando apenas um pequeno buraco no centro para a entrega de comida.
Dois guarda-costas altos e imponentes estavam de pé à porta. Quando viram os três terapeutas de manto preto se aproximando, esticaram os braços para barrá-los.
— Ninguém pode se aproximar sem a permissão do Senhor Deus.
— Viemos buscar a pessoa que está dentro para levá-la até ele.
O segurança os encarou com desconfiança:
— Vocês três são rostos bem desconhecidos.
Jiang Zheng retrucou:
— Terapeutas nunca mostram seus rostos verdadeiros. Como chegou a essa conclusão?
#HAHAHAHAHAHA espirituosa.
#Alguém dá uma marmita pra esse NPC.
#Real demais, grande demônio.
O guarda ficou sem reação por um instante, depois cruzou os braços e se calou. De qualquer forma, não pretendia deixá-los entrar para levar ninguém.
O canto da boca de Jiang Zheng se curvou. Ela estendeu a mão e tirou o véu negro do rosto, revelando um rosto deslumbrante e cheio de glamour.
A Nan entendeu na hora e gritou, repreendendo:
— Vocês realmente não sabem o que é o Monte Tai! Esta é a Santa Mãe escolhida pelo Deus do Lótus! Ela tem o mesmo status que o próprio deus! Qualquer um que a veja deve se ajoelhar! Como ousam impedir a Santa Mãe?
As duas encenaram juntas, e imediatamente acalmaram os guardas.
Embora a identidade da Santa Mãe ainda não tivesse sido anunciada publicamente, os crentes já cochichavam sobre o assunto. Uma nova jovem havia se mudado para a casa de madeira do núcleo de lótus, à beira do Rio do Lótus. Dizia-se que apenas a futura Santa Mãe poderia morar ali. Além disso, a beleza de Jiang Zheng era tão impactante que todos não conseguiam evitar olhá-la com reverência.
Eles entraram na sala de ferro como queriam. O ar lá dentro era espesso e turvo. Uma figura estava sentada no chão; seu cabelo crescia como capim até os pés, quase cobrindo o rosto. A túnica que vestia estava tão suja que já não dava para saber sua cor. Seus braços magros estavam à mostra, parecendo apenas pele sobre ossos. As mãos repousavam sobre os joelhos, imóveis — como um monge asceta em meditação.
Ji Muye arriscou:
— Ming Dongfang?
A pessoa do outro lado abriu os olhos lentamente. Apesar de seu estado deplorável, seus olhos não estavam turvos — havia neles até mesmo um traço de lucidez.
Fazia muito tempo que não falava, então sua voz saiu rouca:
— Faz muito tempo que ninguém me chama por esse nome.
Jiang Zheng avançou e o encarou de cima:
— A Ilha do Paraíso foi a obra da sua vida. Aquele velho farsante te traiu, tomou seu lugar e agora ocupa o ninho do tordo enquanto te prende aqui. O senhor Ming não quer vingança?
Ming Dongfang fechou os olhos devagar:
— Um dia ele pagará. Meu corpo ainda aguenta.
Nos primeiros anos de vida, Ming Dongfang foi um grande industrial que fez fortuna. Depois, passou a desejar beneficiar o povo. Por isso, liquidou todos os seus bens e construiu vilas de férias, asilos, hospitais e casas de repouso nessa ilha afastada do continente — tudo gratuito, para ajudar os necessitados. No início, ninguém acreditava — achavam que não existiam pessoas tão tolas assim. Pouquíssimos toparam ir até lá.
Mais tarde, alguns sem-teto que não tinham para onde ir vieram experimentar. E realmente conseguiram comida, abrigo e atendimento médico gratuito. Um desses andarilhos era justamente o homem que hoje era reverenciado pela maioria dos crentes. Ninguém sabia seu nome verdadeiro. Ele se apresentava como Hao San.
Hao San era o mais esperto entre os sem-teto e logo conquistou a confiança de Ming Dongfang. Ficou encarregado de divulgar os propósitos da Ilha do Paraíso e selecionar quem poderia viver ali. Embora tivesse aparência honesta, era um sujeito ardiloso e ganancioso até o osso. Começou a desviar fundos de divulgação em segredo, enganando pessoas e embolsando dinheiro — tudo sem cobrar oficialmente por nada.
Mas malfeitos não permanecem ocultos por muito tempo. Ming Dongfang descobriu tudo. Quando estava prestes a expulsá-lo da ilha, Hao San foi mais rápido: o prendeu e declarou que havia sido convocado pelo Deus do Lótus. Transformou-se no “mensageiro” e “deus sagrado”, e converteu a ilha paradisíaca — antes criada para ajudar os pobres — em uma prisão isolada dominada por pensamentos religiosos e perversos.
Quando A Nan chegou à Ilha do Paraíso, foi designada para trabalhar na lavanderia. Um velho que supervisionava o local se embriagou certa vez e se gabou diante de todos, dizendo que já havia dormido no mesmo quarto que um deus e comido arroz com ele. Mesmo sabendo das barbaridades que o tal “deus” cometera, ainda se orgulhava de conhecer um grande segredo sobre o antigo líder Ming Dongfang. Todos riram dele, chamando-o de velho bêbado e delirante. Mas A Nan sentiu, instintivamente, que ele falava a verdade. Então, um dia, arranjou uma garrafa de vinho de boa qualidade, embebedou o velho novamente e conseguiu dele a localização de onde Ming Dongfang estava preso.
Ao ver a aparência de Ming Dongfang, quase como a de um bodisatva vivo, Jiang Zheng não conseguiu conter o sarcasmo:
— Pelos pecados que cometeu, agora paga o preço.
Ming Dongfang não se abalou:
— Imagino que tenham vindo aqui em segredo. Vão embora logo. Se forem pegos por aquele homem, terão o mesmo destino que eu.
Jiang Zheng deu mais um passo à frente:
— As pessoas desta ilha foram lavadas cerebralmente por Hao San. Abandonaram suas famílias, entregaram seus bens e se tornaram seus escravos. Doentes tomam remédios com ingredientes desconhecidos. Doenças leves viram graves, e as graves, incuráveis. Pessoas com espírito fraco perdem totalmente a vontade de viver e se tornam crentes ignorantes desse tal “deus do lótus”.
Nesse momento, ela segurou a mão de A Nan:
— Há meninas como ela que foram entregues ao Hao San por famílias tolas.
A Nan cobriu o rosto e chorou.
— O senhor não soube reconhecer quem era quem e deixou o lobo entrar em casa. No fim das contas, tudo isso é culpa sua. Agora vem dizer que não quer vingança, que prefere esperar que o velho deus morra por conta própria, como um buda vivo? Isso é um baita de um pum!
#Esse discurso sem pausa foi maravilhoso.
#Jiang Zheng se entregou ao papel. Que fala!
#Hahahaha "esperar o velho dar um arroto e morrer"? Bem popular essa.
O rosto sereno de Ming Dongfang, antes impassível como o de um velho monge, finalmente vacilou.
A câmera então se dividiu em três:
Uma mostrava a conversa com Dongfang na sala de tratamento; outra exibia Liang Xiaoduan, He Xiao e Xiao Cheng indo até o píer buscar o navio de suprimentos; e a última mostrava o interior da igreja.
Dentro da igreja.
O Senhor Deus estava de mãos para trás. Uma flor de lótus dourada surgia diante dele, refletindo seu rosto como um halo de luz budista.
Seus olhos eram profundos, a expressão, complicada. Às vezes, sentia que contara tantas mentiras que até ele próprio havia sido enganado.
— Meu senhor, procuramos por muitos lugares, mas não encontramos a senhorita Jiang.
— Sou o professor Zhang da creche. O novo professor Ji foi até o píer buscar leite em pó, mas desapareceu.
— Os dois administradores designados para a praia também sumiram.
Um grupo de crentes se revezava para relatar as notícias. Mo Ji estava ao seu lado, seguido por Ke Cancan — a única que ainda não havia fugido.
O Senhor Deus se virou lentamente, com a expressão sombria.
Mo Ji virou o rosto e perguntou:
— Senhorita Ke, onde acha que seus companheiros foram?
Ke Cancan deu uma risada seca:
— Eu realmente não sei. Se não tivesse seguido o professor Mo, teria me perdido também. Talvez eles estejam aqui pela primeira vez, não conhecem o lugar… podem ter se desorientado. Não é nada demais.
Droga. Aqueles cinco nunca me incluem em nada. Vou ter pouquíssimo tempo de tela nesse episódio de novo.
O rosto do “deus” se suavizou:
— A Ilha do Paraíso é cercada por água. Mesmo que estejam perdidos, vão aparecer eventualmente. Está tudo bem.
Mo Ji tentou perguntar:
— A cerimônia de iluminação da Santa Mãe acontecerá como previsto?
Ke Cancan arregalou os olhos:
— Cerimônia de iluminação da… Santa Mãe?
Mo Ji respondeu com um ar misterioso:
— Sua companheira, senhorita Jiang, foi nomeada como a Santa Mãe pelo Deus do Lótus. Ela será a porta-voz do deus, junto dos senhores e lords, e trará iluminação aos fiéis da nossa Ilha do Paraíso, levando-os a orar por bênçãos.
Ke Cancan: … Droga. O diretor sempre reserva os enredos mais malucos pra Jiang Zheng.
O Senhor Deus fez um gesto com a mão:
— Será realizada imediatamente. A vontade do Deus do Lótus não pode ser adiada.
Mo Ji rapidamente assentiu.
Enquanto isso, os capangas continuavam a vasculhar as lojas da rua em busca dos cinco foragidos.
A igreja foi novamente decorada. As fitas vermelhas de bênção da cerimônia de iniciação foram penduradas bem alto.
Com rostos de alegria e reverência, os fiéis começaram a chegar à igreja.
Logo o templo estava cheio, mas o silêncio era total — dava até para ouvir uma agulha cair.
A cerimônia foi realizada em um momento auspicioso e, como de costume, um grupo de cantores do coral liderado por Mo Ji começou a entoar músicas de ensinamento.
A divindade parecia calma, e até cantava junto, cheia de emoção. Os fiéis na plateia explodiam em lágrimas, demonstrando seu amor e admiração incomparáveis pelo deus do lótus.
Em seguida, os deuses começaram a ler o “Livro do Tesouro do Lótus” e a vangloriar as maravilhas do deus do lótus, que podia afastar doenças, aliviar dores e conceder felicidade. Contanto que tivessem o deus do lótus no coração, seriam invencíveis, e suas vidas alcançariam a harmonia final.
Mo Ji olhava silenciosamente para a entrada da igreja. Não entendia por que o Senhor Deus insistia em realizar tão às pressas a Cerimônia de Iluminação da Santa Mãe. Nem sequer sabiam onde Jiang Zheng estava escondida. Se ele não pudesse esperar por ela, não estaria tudo perdido?
Os fiéis estavam absortos nos ensinamentos dos deuses e repetiam as chamadas doutrinas com fervor. Muitos choravam e gritavam, oferecendo todos os seus bens em troca da misericórdia do Deus do Lótus.
Se não fossem loucos, não estariam vivos. Ali, todos disputavam para serem os primeiros, com medo que o deus do lótus favorecesse outros e os deixasse de fora.
O Senhor Deus assentiu satisfeito e pediu a Mo Ji que fosse contar as ofertas das pessoas, elogiando a coragem de todos por cortarem os laços mundanos.
Logo após, anunciou o início oficial da iniciação da Santa Mãe.
Mo Ji suava na testa — a Santa Mãe ainda não havia aparecido, como poderia haver iluminação?
Ergueu os olhos para o Senhor Deus e viu que sua expressão era normal, e pensou que suas habilidades de atuação tinham melhorado.
Nesse instante, uma repreensão veio da entrada da igreja:
— Deixem-me ir.
Mo Ji olhou rapidamente; Jiang Zheng estava sendo trazida à força por dois homens fortes, com os braços segurados.
Ele merecia ser o “deus profeta”, até o timing era preciso.
Os fiéis olharam para trás, um a um. Viram Jiang Zheng com uma túnica branca, maquiagem elegante e bonita no rosto, e um coração vermelho na testa. Ela parecia uma bodisatva feminina saída da imaginação deles, então imediatamente se ajoelharam e se prostraram.
Jiang Zheng os olhou sem palavras.
— Aff. Nunca acorde alguém que finge estar dormindo.
— Essas pessoas são ao mesmo tempo lamentáveis e odiosas.
— E o que é felicidade? Felicidade não vem do que está fora, mas da firmeza e da calma no coração. Mesmo em um quarto humilde, pode florescer um coração calmo e feliz.
O Senhor Deus sinalizou para que os dois homens fortes soltassem Jiang Zheng.
Ele falou em voz alta:
— Pratiquem e iluminem-se junto ao lago de lótus, lavem a sujeira e o esnobismo do mundo, deixem que o deus do lótus os guie pelo caminho sagrado, o caminho da inocência, e da boa-fé, conduzam todos ao céu, para gozar a felicidade e alcançar a outra margem.
Jiang Zheng avançou passo a passo pelo longo corredor.
Seus olhos eram firmes, os passos calmos. Para os de fora, estava decidida a se tornar a Santa Mãe da Ilha do Paraíso e, junto com os deuses, guiar os fiéis na estrada da felicidade.
Mas só ela sabia que aquilo era a última loucura antes da destruição.
O Senhor Deus observava Jiang Zheng se aproximar, e não pôde evitar um leve tremor nos cantos da boca, quase dançando de empolgação.
Estendeu a mão para chamar a pessoa que mais gostava e desejava.
Jiang Zheng sorriu e o ignorou, indo direto ao palco e se virando para olhar todos.
O Senhor Deus recolheu a mão, constrangido.
Jiang Zheng ergueu os braços e gritou:
— Há trinta anos, Ming Dongfang construiu a Ilha do Paraíso. Fez um bom desejo de fazer tudo para ajudar os necessitados. Por isso esta ilha do paraíso foi criada.
O Senhor Deus assentiu e concordou:
— Devemos sempre ser gratos ao líder Ming Dongfang.
Jiang Zheng lançou-lhe um olhar e disse com meio sorriso:
— Ele é um empresário e filantropo. Desde quando virou líder?
O Senhor Deus: “!!!”
#Jiang Zheng vai zoom.
#Chegou chegou chegou, ela finalmente chegou.
#Jiang Zheng foi pega de propósito para chamar atenção.
Nesse momento, um canto desceu do céu, sagrado e puro. Todos olharam para o palco, e a flor de lótus dourada que só aparecia em momentos críticos revelou seu verdadeiro rosto lentamente.
A névoa branca pura pairava, gotas de água caiam como uma cortina, e a luz dourada brilhava como um paraíso.
O Senhor Deus encarou Mo Ji e perguntou com os olhos o que estava acontecendo. Sem sua ordem, quem ousaria revelar a flor de lótus dourada assim?
Mo Ji ficou atônito, sem saber o que acontecia.
A flor de lótus floresceu lentamente, quando alguém exclamou:
— Quem?
— Quem é essa?
— Oh meu deus!
O deus virou a cabeça de repente e viu uma pessoa sentada no núcleo do lótus, sagrado e imaculado.
Com cabelos longos até os pés e rosto abatido, parecia alguém sugado de toda a alma pelos anos. A pessoa que deveria estar na sala de consultas do porão apareceu ali!
Tudo era culpa dele, que havia embelezado Ming Dongfang como líder anterior para melhorar a ortodoxia de sua teocracia. As fotos de Ming Dongfang estavam na primeira página do “Livro do Lótus” que todos os fiéis carregavam.
Embora tivesse longos cabelos sobre os ombros e bochechas fundos, alguns fiéis o reconheceram.
— O antigo líder não estava morto? Como poderia estar vivo aqui?
Vozes desconfiadas encheram a igreja.
O Senhor Deus entrou em pânico. Lançou um olhar duro para Jiang Zheng e ergueu a mão para acalmá-la:
— Todos, não entrem em pânico. Hoje é um momento importante para a Santa Mãe entrar no Tao, então o Deus do Lótus convocou o Mestre Ming para vir celebrar conosco.
Ao ouvir aquilo, Jiang Zheng riu.
O Senhor Deus piscou para Mo Ji, que veio imediatamente querendo puxar Jiang Zheng para baixo.
Jiang Zheng deu um passo para trás:
— Senhor Ming, é hora de mostrar sua verdadeira voz.
Ming Dongfang levantou-se devagar, com o cabelo caindo até os pés, e saiu do núcleo do lótus.
Muitos fiéis ouviram as palavras dos deuses e se ajoelharam reverentes.
Ao ver aquela cena, Ming Dongfang ficou muito chocado. Durante os anos de prisão, será que todos ali tinham se tornado escravos que não sabiam discernir bobagens, como Jiang Zheng dissera?
O Senhor Deus deu um passo à frente, fingindo se curvar:
— Agradecemos ao Deus do Lótus por nos permitir homenagear o Mestre Ming novamente, e pedimos que ele transmita nossa admiração ao Deus do Lótus.
Ele estendeu a mão para tentar segurar a de Ming Dongfang. Nesse instante, outra figura saiu do núcleo do lótus e pisou nas costas do deus...
Todos os fiéis exclamaram — aquilo ultrapassava sua compreensão.
Quem ousaria chutar o deus supremo? Quem mais teria coragem de se esconder na incomparavelmente sagrada flor de lótus dourada?
Ji Muye pisou nas costas do deus:
— Hao San, seus dias de glória acabaram.
Mo Ji tentou correr para salvar o deus, mas Ke Cancan agarrou sua perna com força.
#Ai, a sexta convidada finalmente entrou em cena.
#Ke Cancan está roubando a cena na marra.
#A luta de Mo Ji é falsa demais. Provavelmente ele não queria salvar o velho deus, só fugir. Resultado: hahahaha.
Ming Dongfang começou a contar como planejou construir a Ilha do Paraíso, como foi enganado pelo deus — ou melhor, por Hao San — e como foi trancafiado na sala de tratamento por Hao San, sem ver o sol durante todos aqueles anos.
Os fiéis não conseguiam acreditar que o deus do lótus e os deuses em quem confiavam eram farsas. Eles abandonaram família e filhos, entregaram suas propriedades; tudo para satisfazer os desejos egoístas desse sujeito.
— Não, não, não é assim!
Alguns choravam:
— Mentira! Tudo é mentira!
— Mestre Deus, diga alguma coisa!
— Diga que não nos enganou!
— Diga que o Deus do Lótus realmente vai nos salvar do mar do sofrimento!
Ming Dongfang ficou atordoado — não esperava que eles não acreditassem nele. Continuou gritando:
— Ele está mentindo para vocês. Eu não sou nada, só uma pessoa querendo fazer o bem. Não sou nenhum ex-líder, essa história foi inventada por Hao San para melhorar seu status.
As pessoas começaram a chorar, e os lamentos aumentaram.
#Alguns são resgatados da lavagem cerebral e voltam em minutos. Foram doutrinados a ponto de não terem mais saída.
#Os convidados podem libertá-los fisicamente, mas não das amarras da alma.
Ji Muye puxou o Senhor Deus do chão, e depois lhe enfiou uma toalha na boca, mandando-o calar e proibindo que falasse bobagens.
Nesse momento, alguém gritou na porta da igreja:
— Polícia!
— Todos levantem as mãos!
O Senhor Deus ficou envergonhado.
Jiang Zheng respirou aliviada, sorriu e olhou para Liang Xiaoduan, He Xiao e Xiao Cheng, que chegaram com a polícia.
#Parabéns, o resgate foi um sucesso!
#Parabéns por zerar a missão.
#O segundo episódio é deprimente e assustador, mas a mensagem de alerta é muito importante. Vale a pena assistir.
#Diretor Ollie!
#Ansiosa pelo terceiro episódio.
#Cadê o romance? Fiquei vidrada no enredo, mas não teve nenhum doce.
#No Bilibili já tem fãs que criaram roteiro de romance para Jiangye neste episódio. Corre lá na Yijian Sanlian.
A câmera se alongou e cobriu todas as cenas da igreja.
Os fiéis foram levados pela polícia para registrar seus dados básicos, classificados e enviados para suas cidades natais, asilos ou hospitais psiquiátricos. Mo Ji e os outros capangas foram presos, mãos algemadas. Quanto ao culpado, Hao San, o deus, foi detido e enfrentaria a punição mais severa da lei.
Os seis convidados ficaram diante da Flor de Lótus Dourada e agradeceram ao público junto com o diretor.
O segundo episódio de “Cidade do Terror” — “Ilha do Paraíso” — terminou oficialmente.
Liang Xiaoduan gemeu e puxou o braço do diretor:
— Diretor, você é realmente talentoso. Um enredo tão horrível me assustou tanto que não vou conseguir dormir direito por uns dias.
O diretor sorriu seco:
— Não pude evitar. É só pra garantir meu sustento.
Liang Xiaoduan:
— Pode revelar o tema do próximo episódio? Vai ser sangrento ou espiritual?
O diretor apertou os olhos:
— Vocês vão saber em cinco dias. Não fiquem ansiosos.
Do outro lado, Jiang Zheng autografava o caderno da garota que fez A Nan. Enquanto escrevia, disse:
— Gao Zhuoer? Você mandou bem.
Gao Zhuoer ficou tão emocionada que quase chorou:
— Obrigada, professora Jiang, pelo elogio. É minha primeira atuação, ainda tenho muito a melhorar, por favor, tenham paciência comigo.
Wuwu. Quem disse que Jiang Zheng era um demônio frio e pouco falante? Ela era tão gentil no privado.
Jiang Zheng devolveu o caderno sorrindo e acenou para Han Yi.
Han Yi se aproximou.
— Han Yi, não disse que tem o papel de criada no meu próximo filme? O produtor ainda não escolheu ninguém. Esse papel é bem importante. Diga a eles que, quando puderem, ela é boa. Pode fazer o teste e ver o resultado.
Gao Zhuoer não esperava que Jiang Zheng a recomendasse sem avisar. Que fada sênior era essa?!
Han Yi sorriu e concordou.
Ji Muye pegou a garrafa térmica de Jing Meini e tomou um gole d’água para molhar a garganta.
“Cidade do Terror” realmente não era para qualquer um. Testava o QI, a resistência à pressão e a perseverança dos convidados. Camada após camada de suor lhe escorria pelas costas durante o percurso.
Um suor foi interrompido quando Jiang Zheng chamou:
— Irmão Mu.
Ele virou-se para Jing Meini em voz baixa:
— Vá organizar os ingressos dados aos fãs antigos na estreia de “Wang Shan”.
Jing Meini:
— ?
Ji Muye olhou para as costas de Jiang Zheng, não muito longe, e disse, com calma:
— Quero provar algo...
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O autor tem algo a dizer: Irmã Zheng: tremendo e se cobrindo com o colete.
Alguns anjinhos acharam “Cidade do Terror” assustadora demais, e não um enredo para o mundo dos Cookies. É a primeira vez que escrevo um programa desse tipo, então foi um desafio novo pra mim, e tem vários pontos que não controlei bem. Desculpem. Já estou retirando a propaganda. Se algum anjinho não gostar, pode deixar mensagem que mando um envelope vermelho devolvendo o dinheiro da assinatura. Curvo-me e peço desculpas. Para agradecer, todos os comentários deste capítulo receberão envelopes vermelhos.
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