Capítulo 49 a 51


 Capítulo 49: Entrando no Palácio Novamente

Mas apenas por aquele momento. Então, Wei Chi Die reprimiu a mágoa que subitamente surgiu em seu coração. Sua expressão voltou ao normal, e Wei Chi Li achou que tinha se enganado, sentindo-se aliviada.

Ela prendeu a respiração e se concentrou profundamente, sentindo o ambiente ao redor mais uma vez. Só então teve certeza de que aquelas pessoas já não estavam mais por perto. Assim, levantou-se e estendeu a mão para puxar Wei Chi Die:

— Irmã, ainda é perigoso aqui. Vamos sair logo da montanha.

Wei Chi Die evitou sua mão e se apoiou lentamente na pedra para se levantar. Mas, ao fazê-lo, franziu a testa e soltou um gemido abafado.

— O que foi? — perguntou Wei Chi Li.

A expressão de Wei Chi Die ainda estava estranha. Ela olhou para a própria perna e tentou manter a calma:

— Nada. Não sei quando torci o tornozelo. Talvez por estar muito tensa durante a luta, não percebi.

Agora que havia relaxado, a dor em seu corpo veio à tona de uma vez.

Ela aguentou firme e continuou andando, dizendo despreocupadamente:

— Não precisa se preocupar com isso. Vamos logo.

Wei Chi Li a olhou com dúvida. Normalmente, Wei Chi Die caminhava de maneira tão graciosa que parecia até estar dançando. Mas agora, seus passos eram cuidadosos e lentos, ocasionalmente tropeçando.

Wei Chi Li suspirou, sem saber o que dizer. Esse jeito de "manter as aparências para esconder a própria dificuldade" era algo que a lembrava de Liu Luo Yi.

Então, deu alguns passos à frente e segurou Wei Chi Die pelo braço.

Wei Chi Die sentiu uma pontada aguda de dor e quase gritou. No mesmo instante, ficou furiosa e estava prestes a xingar quando viu Wei Chi Li se abaixar de repente diante dela. Com um gesto ágil, levantou a barra da saia de Wei Chi Die e tocou suavemente seu tornozelo.

Wei Chi Die não teve tempo de reagir e, por isso, não conseguiu evitar.

— Está inchado. Deve estar torcido, mas como você ainda consegue andar, isso significa que o osso não foi afetado.

— Ah… — Wei Chi Die não soube o que dizer naquele momento e apenas assentiu obedientemente.

Mas, de repente, um fogo desconhecido irrompeu em seu coração. Por que ela deveria escutar Wei Chi Li? Assim que pensou em soltar uma provocação, Wei Chi Li já havia se levantado e, naturalmente, puxado seu braço para apoiá-lo em seu ombro.

Com a ajuda dela, o tornozelo doía bem menos.

— Vamos voltar logo. O ferimento não é sério, só precisamos encontrar um médico para aplicar um remédio e ficará tudo bem. Da próxima vez que sair, lembre-se de levar alguns guardas ocultos. Não os subestime nem superestime suas próprias forças. Mas não precisa se preocupar demais. Dessa vez, acertamos eles em cheio, então vão precisar de um tempo para se recuperar.

— Irmã, se estiver doendo, me avise — disse Wei Chi Li. Seu tom era gentil como sempre, como a brisa da primavera em março, suave nos ouvidos, despertando uma vontade de chorar.

Wei Chi Die virou o rosto e discretamente enxugou o leve brilho úmido em seus olhos, respondendo com um simples "hm".

Enquanto continuavam caminhando, perceberam que estavam um pouco perdidas. A floresta era densa e o terreno, acidentado. No calor da perseguição, mal haviam prestado atenção ao caminho e seguiram cada vez mais para dentro da mata.

— Falta muito? Meu pé está me matando — reclamou Wei Chi Die, amargurada.

Wei Chi Li a ajudou a se sentar sobre uma rocha para descansar. Usando QingGong, foi explorar a área e logo voltou, pousando suavemente no chão.

— De fato, tomamos o caminho errado. Antes, estávamos usando QingGong e não percebemos o quão longe fomos. Esse lugar é pouco explorado. Acho que entramos na parte mais profunda da floresta, o que pode ser perigoso. Precisamos seguir para o leste para sair daqui.

— Eu não reconheço nada. Apenas me guie — disse Wei Chi Die, olhando para o próprio pé com pesar.

Wei Chi Li pensou nos fragmentos de memória e sentiu uma leve culpa. Mesmo que aquela pessoa não fosse realmente ela, afinal, tinham o mesmo rosto.

Ela suspirou e se abaixou, dizendo:

— Vou carregar minha irmã nas costas para sairmos daqui.

— Você está brincando? Você está mesmo disposta a me carregar? — Wei Chi Die parecia incrédula.

Wei Chi Li não queria perder tempo discutindo. Apenas puxou seu braço e a colocou em suas costas, começando a caminhar na direção do sol.

Wei Chi Die resmungou atrás dela:

— Ai, vai com calma, está doendo!

— Se nem com QingGong consegue andar direito, você é realmente inútil.

— Esquerda, esquerda, esquerda!

Wei Chi Li sentiu que sua cabeça latejava com tanta reclamação. De repente, percebeu que toda a culpa que sentira antes era besteira. A vontade de jogar Wei Chi Die em um buraco e enterrá-la crescia.

Respire fundo. Tenha paciência. Ela repetia para si mesma.

— Espera. Você viu aquilo ali? Foi deixado por caçadores? — Wei Chi Die, de repente, puxou Wei Chi Li pelo pescoço como se estivesse segurando as rédeas de um cavalo para fazê-lo parar.

Wei Chi Li respirou fundo, cerrou os dentes e olhou para a direção apontada. Mas, de repente, sua expressão ficou séria.

Soltou Wei Chi Die e avançou rapidamente para um monte de lenha queimada.

A área era ampla e claramente modificada por mãos humanas. Havia ossadas de animais espalhadas pelo chão.

Jogada ao chão sem aviso, Wei Chi Die gemeu de dor e mancou até o local, irritada.

— Isso não foi deixado por caçadores. Veja, as marcas no chão indicam que alguém tentou acender uma fogueira, mas teve medo de incendiar a floresta. Por isso, usaram um facão para remover a grama e delimitar um espaço.

Ao ouvir isso, Wei Chi Die ficou séria:

— Mas ainda pode ter sido obra de caçadores.

— Sim. — Wei Chi Li assentiu. — Mas essas marcas não foram deixadas por uma única pessoa, e cada uma delas possui força interna. Imagino que, para economizar esforço e apagar os rastros, usaram essa força interna, pois ela também pode afastar a grama e as folhas diretamente.

— Você está dizendo que eles estão por perto? — Wei Chi Die perguntou.

— Ainda lembra da última vez que perseguimos aquelas pessoas de preto? Nós os seguimos até essa montanha, mas não ousamos ir mais fundo. Suspeito que estejam acampados aqui. — A expressão de Wei Chi Li era muito calma, mas suas mãos já estavam suadas.

— Mas acabamos de nos livrar deles. E se formos descuidadas e eles nos encontrarem? O que devemos fazer? — Wei Chi Die se preocupou. Mas no segundo seguinte, ergueu a mão com o espírito de luta renovado. — Quer saber? Vamos dar uma olhada. Eles mesmos vieram até a nossa porta, não há motivo para termos medo!

Vendo-a assim, Wei Chi Li sorriu sem jeito, mas ambas já tinham decidido juntas.

Além disso, se fossem embora, seria difícil encontrar esse lugar novamente.

As duas começaram a procurar ao redor, formando um círculo. Procuraram por um longo tempo, mas não encontraram nada. O sol subia cada vez mais, fazendo o calor se intensificar e o suor escorrer.

Wei Chi Li enxugou o suor e já estava prestes a desistir quando, sem querer, Wei Chi Die colocou peso demais no pé machucado. Ela cobriu a boca e soltou um gemido abafado, tombando para o lado e caindo na grama.

Wei Chi Li revirou os olhos, deu alguns passos à frente e a puxou para fora.

Wei Chi Die saiu, mas a grama afundou, revelando uma cavidade. Ao ver isso, os olhos de Wei Chi Li brilharam de animação. Ela imediatamente se agachou e olhou para dentro. Era escuro e não dava para ver nada, mas definitivamente era uma passagem.

A camada de grama do lado de fora era densa, e se não fosse pela queda de Wei Chi Die, teria sido muito difícil encontrá-la.

— Parece que cair de vez em quando tem suas vantagens. — Wei Chi Die se aproximou e assentiu.

— Espere aqui fora. Se algo acontecer, apenas chame meu nome. — Wei Chi Li disse rapidamente e jogou uma pedra lá dentro. Não notando nada incomum, ela pulou para dentro.

O buraco não era fundo, e logo ela tocou o chão. O local era uma passagem estreita e circular, onde era necessário se curvar para passar.

Wei Chi Li pegou um isqueiro de pederneira. Quando a chama acendeu, ela começou a andar cuidadosamente para a frente. À medida que continuava, o caminho foi se alargando e, ao virar uma curva, o espaço se abriu de repente.

Wei Chi Li ficou tão surpresa que abriu a boca. Diante dela, havia um grande espaço escavado, cheio de armas empilhadas. Havia espadas, lanças, alabardas e várias caixas cheias de flechas.

Ela pegou uma aleatoriamente. O símbolo no canto era familiar. Exatamente o mesmo da flecha que a havia ferido da última vez.

Ela franziu a testa e observou tudo ao redor. Com tantas armas ali, o que estavam planejando? Não parecia apenas uma organização de assassinos comum.

Não havia ninguém guardando o local, e parecia que fazia tempo que ninguém entrava ali. Talvez aquelas armas não fossem tão importantes, ou talvez fossem raras e preciosas.

Ou seja, poderiam existir outros depósitos de armas por perto. O lugar era seco, então as armas podiam ser armazenadas ali por muito tempo.

Ela esfregou os olhos e voltou pelo mesmo caminho, restaurando silenciosamente o buraco ao seu estado original.

— E aí, o que tinha lá dentro? — Wei Chi Die se aproximou rapidamente e perguntou.

— Armas. Muitas armas. Talvez haja mais por perto. — Wei Chi Li respondeu de forma concisa. Ela carregou Wei Chi Die nas costas e começou a descer a montanha, esforçando-se para memorizar o caminho.

Wei Chi Die ficou em silêncio, percebendo a gravidade da situação.

— E se... — Wei Chi Die começou.

— Não. Isso não pode se tornar público, temo que seremos envolvidas. — Wei Chi Li disse.

Afinal, aquilo era um assunto do Reino de Yan. Como poderiam estrangeiras se meter e arranjar problemas para si mesmas? Além disso, ela se lembrava vagamente da razão descrita no romance original: a queda do Território do Norte aconteceu por causa da guerra com o Reino de Yan. Mas, no livro, essa guerra acontecia muito mais tarde.

Ela temia que essa questão estivesse ligada ao Território do Norte.

Wei Chi Die não disse mais nada. Não sabia ao certo o que pensar, mas Wei Chi Li sabia que ela compartilhava a mesma preocupação.

Enquanto as duas apressavam o passo, algo inesperado acontecia na mansão onde Liu Luo Yi estava.

Na entrada da mansão, Liu Luo Yi escutava a voz aguda do eunuco Li:

— Senhorita Liu, o imperador deseja vê-la e enviou pessoalmente uma carruagem. Você não pode desobedecer ao decreto imperial nem ser desrespeitosa, entendeu?

Ao ouvir isso, Liu Luo Yi ficou muito nervosa. Mas Wei Chi Li ainda não havia retornado, e ela não sabia o que fazer naquele momento.

— Não precisa ficar nervosa. O imperador nunca demonstrou tanto interesse por uma mulher de fora do palácio. Você, hein, foi agraciada por uma bênção. E olha que você realmente tem uma boa aparência. Quando chegar lá, seja obediente, fale de forma doce e, no futuro, não terá mais preocupações. E então, não se esqueça de mim. — O eunuco Li disse, enquanto usava sua mão pálida para dar um tapinha no dorso da mão de Liu Luo Yi.

Liu Luo Yi sentiu um arrepio na espinha e deu alguns passos para trás. Olhou para Xin Ran em busca de ajuda, mas ela parecia ainda mais perdida.

— Liu Luo Yi, hoje a princesa não está aqui, e ninguém pode te proteger. Você não pode depender dela o tempo todo. E ainda dizia que queria protegê-la... Já se esqueceu? — Ela falava consigo mesma em pensamento.

Ela cerrou os dentes e tentou se acalmar. Firmou-se, respirou fundo e pegou um pequeno lingote de prata do bolso. Aprendendo com Wei Chi Li, colocou-o discretamente na mão do eunuco Li.

— Espero que o eunuco Li possa me dar uma pista. Por que o imperador me chamou ao palácio? Assim posso me preparar.

O eunuco Li sorriu satisfeito e aceitou a prata.

— Senhorita Liu, não vou esconder isso de você. O imperador viu a pintura que você fez no Festival da Cidade das Flores. Na verdade, ele a tomou como um verdadeiro tesouro. Você, hein, recebeu uma bênção. Agradeça aos céus.


Capítulo 50: Queixa
O eunuco Li olhou para o sol e deu um tapa na coxa.
— Eiya, não vou mais conversar com você. Apresse-se e entre no palácio. Se se atrasar ou desrespeitar o decreto, tome cuidado com a sua cabeça.
Assim que terminou de falar, fez um som de "tap-tap" com os pés e partiu.
Liu Luo Yi respirou fundo e ergueu os olhos para olhar para a carruagem estacionada na entrada. Aquela pintura... O que poderia haver nela? Lembrou-se do dia em que ela e Wei Chi Li encontraram aquelas cartas e o retrato, o que a deixou ainda mais preocupada.
— Senhorita Liu, eu irei com você! — disse Xin Ran apressadamente.
— Certo. Peço que a senhorita Xin Ran avise Wen Chang. Diga a ele para ficar de prontidão na porta e, quando a princesa voltar, informá-la de que fui chamada ao palácio pelo imperador. — O rosto de Liu Luo Yi estava sereno.
Xin Ran assentiu e saiu correndo.
Liu Luo Yi colocou a mão sobre o peito e segurou o pingente de jade, apenas para sentir que, antes frio, ele parecia ter ficado repentinamente quente.
Talvez fosse apenas o nervosismo, pensou Liu Luo Yi. Ao avançar, seu olhar se tornou firme e decidido.
A carruagem seguia em grande velocidade, ou talvez Liu Luo Yi estivesse tão nervosa que sentiu como se tivesse chegado aos portões do palácio num piscar de olhos. O cocheiro retirou o token, sacudiu-o e entrou diretamente no palácio.
Liu Luo Yi levantou a cortina e olhou para fora. Os muros vermelhos do palácio erguiam-se altos e imponentes, permitindo que apenas uma pequena porção do céu fosse vista. Ocasionalmente, alguns pássaros passavam às pressas.
Solemne e opressivo.
Da última vez que entrou ali, não havia sentido isso. Talvez porque Wei Chi Li estivesse ao seu lado.
— Senhorita Liu, não tenha medo. Antes de partir, a princesa me disse para protegê-la. Se ousarem fazer algo contra você, mesmo que eu tenha que arriscar minha vida, eu a levarei para fora. — disse Xin Ran ao lado dela.
Liu Luo Yi lhe lançou um sorriso agradecido e o último resquício de medo que sentia desapareceu.
A carruagem parou com um leve balanço, e Liu Luo Yi desceu. À sua frente havia um portão arqueado, e mais adiante ficava o estudo do imperador.
Ela respirou fundo e entrou a passos largos. Os pequenos eunucos à porta anunciaram seu nome, e ela abaixou a cabeça, caminhando até se ajoelhar diante da mesa.
— Esta serva saúda o imperador. — disse, pronunciando cada palavra com clareza.
Chen Hao estava sentado à sua frente, apoiando o queixo em uma das mãos enquanto a examinava dos pés à cabeça, antes de dizer solenemente:
— Levante a cabeça.
Liu Luo Yi obedeceu, mas manteve os olhos baixos.
Naquele instante, a expressão nos olhos de Chen Hao mudou inúmeras vezes. Primeiro, surpresa. Depois, júbilo. E, por fim, uma calmaria assustadoramente profunda.
De repente, ele se levantou, inclinando-se levemente para observar o rosto de Liu Luo Yi mais de perto. Ela se sentiu desconfortável, mas não ousou reagir.
Após um tempo indeterminado, Chen Hao perguntou:
— Você é Liu Luo Yi, filha de Liu Ru?
— Sim. — respondeu Liu Luo Yi.
— Olhe para mim.
Liu Luo Yi não ousou desobedecer e ergueu os olhos para encontrar os dele. No momento em que seus olhares se cruzaram, a expressão nos olhos de Chen Hao a surpreendeu tanto que ela suou frio.
Chen Hao subitamente estendeu a mão na direção dela. Como se tivesse sido atingida por um choque, Liu Luo Yi, ainda ajoelhada, caiu para trás, aumentando o tom de voz:
— Imperador!
Ao ser chamado daquela maneira, a mão de Chen Hao parou no ar. Ele soltou um longo suspiro, endireitou-se e pegou um pergaminho enrolado. Segurando uma das pontas, abriu-o com um movimento rápido.
— Com quem você aprendeu a pintar? — perguntou.
Liu Luo Yi se acalmou e respondeu sem arrogância nem humildade:
— Respondendo ao imperador, o professor da escola ensinou um pouco, e esta serva aprendeu o restante sozinha.
A pintura retratava uma paisagem enevoada. O mar de nuvens e a água corrente fundiam-se em uma vasta extensão de brancura. Um pequeno barco flutuava na névoa, e duas pessoas estavam sobre ele. Uma ligeiramente mais alta, a outra um pouco menor, posicionadas uma de frente para a outra.
Os traços eram poucos e vagos, mas a vivacidade da cena era tamanha que se percebia claramente que ambas eram mulheres. A composição era sutil, e a paisagem simples, mas a concepção artística era profunda.
— A pintura é profunda e infinita. Você tem talento. Se eu ordenar que permaneça no palácio, você estaria disposta? — Chen Hao perguntou repentinamente, sem pensar.
— Esta serva não está disposta. — Liu Luo Yi respondeu de imediato, com firmeza e decisão.
Nos olhos de Chen Hao não houve surpresa. Ele caminhou lentamente de volta à mesa, sentou-se e disse em tom grave:
— Posso decretar que você seja isenta da escravidão. Pense bem. Se ficar ao meu lado, poderá desfrutar de glória e riquezas sem fim. Se desobedecer ao decreto...
Sem saber de onde tirou coragem, Liu Luo Yi ergueu a cabeça e olhou diretamente para Chen Hao, destemida:
— Não importa as consequências, esta serva não está disposta.
Ela pensou na mãe e, ao olhar novamente para Chen Hao, sentiu um profundo asco em seu coração.
Chen Hao ficou ligeiramente atordoado. O olhar de Liu Luo Yi era determinado e obstinado. Muito parecido com o de uma falecida...
E aquele desprezo incontrolável.
Quando Liu Luo Yi já havia endurecido seu coração e se preparado para um desfecho trágico, Chen Hao repentinamente acenou com a mão e disse:
— Pode se retirar.
Liu Luo Yi ficou um pouco surpresa, mas não disse nada. Levantou-se rapidamente e recuou até sair pela porta. Somente quando a luz do sol tocou seu rosto ela soltou um suspiro de alívio.
Passou a mão pelo rosto e sentiu que estava completamente suado.
Dentro do aposento, após a figura de Liu Luo Yi desaparecer, Chen Hao afundou-se na cadeira, parecendo ter envelhecido dez anos naquele instante. Toda a emoção que demonstrara momentos antes havia desaparecido sem deixar vestígios, restando apenas um corpo tomado pelo desânimo.
Ele pegou a pintura sobre a mesa e a ergueu diante dos olhos, observando-a atentamente. Sabia que Cheng Qi Qi tinha dois filhos, mas não sabia que Liu Luo Yi era tão parecida com ela.
E aquela postura fria e inquebrantável… Ele se distraiu, sentindo que ela estava ali, herdando cem por cento do talento de sua mãe na pintura.
Ele chegou a nutrir outras ideias, mas não esperava que Liu Luo Yi tivesse um temperamento ainda mais ardente e franco que Cheng Qi Qi.
Chen Hao se levantou e olhou para os muros distantes do palácio, sentindo que aquela imensa construção se tornava cada vez mais uma gaiola. Não conseguia manter ninguém ali, e o que chamavam de conforto e tranquilidade não passava de opressão.
Pegou a xícara de chá ao lado e a lançou ao chão, sentindo que a frustração em seu coração ainda não havia sido aliviada. Ele simplesmente varreu todos os objetos da mesa para o chão. O barulho atraiu todos do lado de fora, que entraram correndo e caíram de joelhos.
— Quem ofendeu a majestade do dragão a ponto de deixar o imperador tão furioso? — Eunuco Li ajoelhou-se e rastejou para frente, dizendo isso enquanto se prostrava.
Chen Hao, tomado pela raiva, chutou o ombro do eunuco, derrubando-o de costas, e ordenou severamente:
— Transmita minha ordem. Chamem Zhou Qing e os outros imediatamente. Tenho algo importante a discutir.
— Sim, sim, sim! — respondeu o eunuco Li repetidamente e saiu tropeçando.
Ao mesmo tempo, Liu Luo Yi caminhava apressada em direção ao portão do palácio. Quando entrou, havia uma carruagem e todos lhe davam atenção, mas, na saída, a carruagem havia sumido, e ela só podia contar com suas próprias pernas. Nem ao menos se lembrava do caminho dentro do palácio.
Xin Ran perguntou a várias pessoas, mas as duas ainda estavam perdidas.
— Perdidas? — uma voz soou acima de sua cabeça, calma, mas com um tom levemente rouco.
Ela virou-se e viu um homem de meia-idade parado à sua frente. A postura dele era indiferente. Embora não fosse jovem, não tinha a aparência comum de um velho decadente; ao contrário, havia nele um ar tranquilo e erudito.
Ele apontou para a bifurcação ao lado e disse:
— Siga por ali direto, e chegará ao portão sul do palácio.
Liu Luo Yi ficou surpresa e abaixou a cabeça rapidamente em agradecimento:
— Muito obrigada, senhor.
— Meu sobrenome é Zhou, e meu nome é Zhou Qing. Sou um velho amigo do senhor Liu. Não foi nada, não precisa agradecer. — O homem balançou as mangas largas, sorriu e virou-se educadamente para partir.
Liu Luo Yi, no entanto, ficou paralisada no lugar.
Não é à toa que sentia aquela familiaridade. Então era ele.
Naquele momento, seu coração se encheu de sentimentos conflitantes. Ao pensar na hipocrisia daquele homem, que havia incriminado seu pai e o jogado na prisão, a raiva amarga cresceu dentro dela. Mas, ao mesmo tempo, sentiu que ele parecia diferente do que havia imaginado. Isso a fez suspeitar de que talvez houvesse algo mais por trás da história.
Ela cerrou os punhos e ficou em silêncio por um instante antes de se virar e caminhar com determinação na direção indicada por Zhou Qing.
Independentemente do motivo pelo qual ele apareceu de repente diante dela, se o inimigo não agia, ela também não deveria agir. Acima de tudo, não poderia se deixar levar pelo pânico.
Ele apontou o caminho certo. Depois de caminhar por um tempo, ela finalmente avistou o imponente portão vermelho escuro do palácio. Ao se aproximar, um guarda armado com uma espada a impediu de passar.
O guarda olhou para Liu Luo Yi, uma jovem vestida de forma simples, e adotou um tom feroz e impaciente:
— Precisa de um passe para sair do palácio. Se não tem, caia fora e não bloqueie a passagem.
Liu Luo Yi franziu a testa, pegou o passe da mão de Xin Ran e o estendeu diante do guarda, falando friamente:
— Abra o portão.
Para sua surpresa, o guarda riu com desdém, ergueu a mão e afastou a dela. Seu olhar ficou ainda mais duro ao dizer:
— Esse é um passe de entrada, não de saída. Saia logo daqui antes que eu e meus irmãos percamos a paciência com vocês, mulheres.
— Mas que inferno, que abuso! Desde quando precisamos de dois passes? — Xin Ran ficou furiosa. Endireitou-se diante de Liu Luo Yi e gritou de volta para o guarda.
— Heh, essas duas escravazinhas são bem atrevidas, hein? Sabem onde estão? Melhor tomarem cuidado, ou este vovô aqui vai cortar vocês! — O guarda ergueu a espada e a aproximou do rosto de Liu Luo Yi.
Liu Luo Yi rangeu os dentes, mas não recuou. A raiva acumulada dentro do palácio ao ver aquelas pessoas repugnantes explodiu de vez. Num movimento ágil, sacou a espada de Xin Ran da bainha e apontou a lâmina diretamente para a garganta do guarda, sua voz gelada:
— Pois tente, se for homem!
O guarda não esperava que aquela mulher frágil tivesse tanta coragem. O susto o fez recuar imediatamente. Sua intenção era apenas intimidar, não lutar de verdade na entrada do palácio.
Agora que Liu Luo Yi o ameaçava de maneira tão feroz, ele simplesmente não sabia o que fazer.
Nesse momento, o portão do palácio começou a se abrir lentamente. Do outro lado, uma figura surgiu. Era Wei Chi Li, suando profusamente, com os cabelos colados à testa pelo suor. Pelo estado dela, dava para ver que havia usado Qinggong para saltar sobre telhados e correr pelas paredes.
Ela avançou rapidamente e viu Liu Luo Yi.
— Pequena Liu’er, você está… — murmurou, atônita.
Momentos atrás, ela finalmente havia arrastado Wei Chi Die, que estava como um cachorro morto, de volta para a mansão. Mas, assim que chegou, Liu Wen Chang lhe contou que Liu Luo Yi havia sido chamada pelo imperador.
Isso era um péssimo sinal. Sem hesitar, ela girou nos calcanhares e correu na velocidade máxima para o palácio. Quem diria que, ao chegar, se depararia com essa cena?
Sua Pequena Liu’er segurava uma espada com firmeza, forçando um guarda corpulento a recuar.
Liu Luo Yi também olhou para Wei Chi Li, surpresa. Uma estava do lado de dentro, a outra do lado de fora, os olhares se encontrando. Ela sabia que Wei Chi Li viera procurá-la, e naquele momento, tudo ao redor perdeu a importância.
Um enorme sentimento de angústia tomou conta de Liu Luo Yi, e ela largou a espada. Lágrimas brotaram de seus olhos, e, num piscar de olhos, ela começou a soluçar, parada no lugar, completamente indefesa.
Vendo isso, a surpresa inicial de Wei Chi Li desapareceu completamente. A raiva ferveu dentro dela. Num movimento rápido, ela avançou e desferiu um chute direto no guarda, que ainda estava ali, parado feito um idiota.
O homem rolou no chão, gemendo de dor, mas seu olhar permaneceu fixo em Liu Luo Yi, espantado. Um instante atrás, aquela jovem era fria e feroz. Como pôde mudar tão rápido?
Xin Ran também ficou chocada, a boca escancarada em espanto.

Capítulo 51: Incapaz de Compreender Sentimentos


Assim que Wei Chi Li estendeu a mão, a espada que havia caído no chão momentos antes voou até sua palma, e ela a segurou firmemente. Girando o pulso, apontou para o guarda e disse em voz baixa: — O que você fez com ela? O guarda ficou extremamente assustado com sua ação e recuou rapidamente, franzindo a testa enquanto explicava: — Nobre senhora, este humilde servo realmente não fez nada. Se não acredita em mim, pergunte a eles. — Princesa, eles só estão dificultando as coisas para nós por causa do nosso status baixo e não nos deixaram sair do palácio de propósito. — Xin Ran de repente saltou para frente e falou. Ao ouvir isso, Wei Chi Li deu dois passos à frente e colocou a lâmina diretamente sob o pescoço do guarda. Os olhos do homem reviraram, e ele quase desmaiou. Ele guardava o portão do palácio quase todos os dias e reconhecia aqueles que tinham certo status. Algumas pessoas até lhe davam prata ao sair. Então, quando viu aqueles dois jovens servos vestidos com roupas simples, achou que eram novatos e quis ensiná-los a "etiqueta". Inesperadamente, acabou esbarrando na ponta da espada. — Eu não sabia que eles eram seus! Foi uma falha minha em reconhecer alguém tão importante. Ofendi a princesa! Por favor, tenha misericórdia! — O guarda rolou duas vezes no chão e depois se ajoelhou diante de Wei Chi Li, tremendo. Ao vê-lo tão apavorado, Wei Chi Li não se deu ao trabalho de dizer mais nada e jogou a espada para Xin Ran. Em seguida, caminhou rapidamente até Liu Luo Yi, sentindo-se um pouco perdida. — Olha, eu já bati nele por você, então não chore mais. — Wei Chi Li coçou a cabeça e limpou suas lágrimas. Liu Luo Yi fungou e se sentiu um pouco envergonhada. Cobriu o rosto e saiu pelo portão do palácio. Na verdade, ela não era tão frágil. Quando não via Wei Chi Li, sentia seu coração forte. Apesar das injustiças e do medo que sentiu por causa do imperador, acreditava que conseguiria suportar. Mas, por algum motivo, assim que viu o rosto de Wei Chi Li, toda a sua vulnerabilidade veio à tona. Como se não pudesse suportar nada e não conseguisse se conter. Realmente, muito embaraçoso. Wei Chi Li a seguiu apressada, sentindo-se ansiosa. Enquanto caminhava, inclinou-se para perguntar: — O que foi? Foi por causa daquele cara? Ou o imperador disse algo para você? De repente, sua expressão mudou. Ela agarrou Liu Luo Yi, virando-a completamente, e perguntou: — Ele fez alguma coisa com você? Eu vou entrar no palácio agora mesmo! Liu Luo Yi a deteve rapidamente: — Não, o imperador não fez nada. Mas me perguntou se eu queria ficar no palácio, e eu recusei. Só então Wei Chi Li soltou um suspiro de alívio. Quando ouviu que Liu Luo Yi tinha ido ao palácio, ficou realmente chocada. Se um imperador, em sua posição elevada, decidisse algo, ninguém poderia impedir. — Foi por causa da sua mãe? Liu Luo Yi assentiu. A raiva subiu ao coração de Wei Chi Li. Aquele velho nojento, que já devia ter a idade do pai dela, ainda pensava nessas coisas? Acostumado demais com o seu harém para sequer ter vergonha. No entanto, ao ver Liu Luo Yi novamente, seu coração se suavizou. Usando o dorso da mão, limpou as marcas de lágrimas no rosto dela e disse suavemente: — Não se preocupe. No pior dos casos, fugiremos do Reino de Yan. Não importa o quão poderoso seja o imperador daqui, uma vez que sairmos, ele não poderá nos alcançar. O mundo é vasto, a terra é imensa. Onde quer que estejamos, podemos viver felizes. — Mesmo sendo o imperador, se ele realmente tiver qualquer intenção indecente com você, eu, Wei Chi Li, não vou deixá-lo impune. — Wei Chi Li abaixou a voz e se inclinou para mais perto de Liu Luo Yi. O ar quente soprou atrás de sua orelha, fazendo Liu Luo Yi tremer. Então, ela olhou para a mão de Wei Chi Li e murmurou suavemente: — Está doendo. Wei Chi Li soltou um grito surpreso, olhou para baixo e rapidamente a soltou. Estava tão ansiosa que nem percebeu. Ela então pegou a mão de Liu Luo Yi e começou a massageá-la suavemente, a cabeça baixa, seu olhar sério. O coração de Liu Luo Yi disparou novamente. Para ela, Wei Chi Li parecia ter algum tipo de magia. Mesmo um simples toque de sua mão sobre seu braço fazia seu coração e sua mente tremerem. Dentro de si, algo gritava para que desse um passo à frente. Qualquer coisa que fizesse seria suficiente. Mesmo que apenas encostasse levemente nela, já seria o bastante para deixá-la extasiada. Seu desejo por Wei Chi Li era como o veneno mais forte, queimando suas entranhas e consumindo tudo dentro de si. Liu Luo Yi fechou os olhos com força, tentando suprimir esse sentimento, e continuou caminhando ao lado de Wei Chi Li pelas ruas da cidade imperial. Naquele momento, não era um horário movimentado para os oficiais, então as ruas estavam quase vazias. Apenas as duas caminhavam juntas. De longe, as silhuetas esguias — uma vermelha, outra branca — se destacavam. As pedras molhadas do chão refletiam suas imagens, criando uma cena que parecia saída de uma pintura. Linda e serena. Liu Luo Yi de repente desejou que aquela rua se estendesse para sempre. — Depois que você recusou, o imperador não disse mais nada? — Wei Chi Li perguntou. — Não, depois disso fui liberada. Mas encontrei aquele homem no palácio… Zhou Qing, o Lorde Zhou. — Zhou Qing? — Wei Chi Li franziu a testa, mordendo o lábio inferior. — Ele veio falar com você? — Sim… E ele não parece ser do tipo que faria algo assim, mas, pensando bem, isso é ainda mais assustador. — Liu Luo Yi respondeu. — Verdade. Se ele consegue agir assim sem deixar nenhuma brecha, isso torna as coisas ainda mais complicadas. — Wei Chi Li suspirou. — Minha irmã também disse que é quase impossível descobrir todos os movimentos desse homem. Isso mostra que ele é um oficial íntegro, muito bem visto pelo imperador. Sem vícios, sem escândalos, nem sequer frequenta bordeis. — Princesa, estou pensando… Se não podemos resolver o problema pela raiz agora, por que não mudamos nossa abordagem? Podemos começar pelo caso que incriminou meu pai. Se conseguirmos resgatá-lo, tudo virá à tona. — Liu Luo Yi sugeriu. — De fato, minha pequena Liu’er, pensando igual a mim. — Wei Chi Li de repente passou o braço sobre os ombros de Liu Luo Yi. O corpo sob seu braço enrijeceu imediatamente, e ela deu um sorriso sem graça antes de soltar. Liu Luo Yi sentiu uma súbita sensação de perda. — Foi meu erro. Por causa do assassinato de Lu Yun Kui, fiquei obcecada em encontrar o culpado. Embora tenhamos tido alguns avanços, esse homem não deixa nenhuma falha. Mas mandei alguém investigar as circunstâncias exatas em que Lorde Liu foi incriminado. Acredito que em breve teremos uma pista. — Wei Chi Li disse, sorrindo. Liu Luo Yi desviou o olhar rapidamente e murmurou um "hum", depois acrescentou: — Mas só de já sabermos a verdade sobre isso, já é algo muito bom. Essa questão envolve muitas pessoas e há resistência por toda parte. A princesa não precisa se culpar. — Além disso, talvez esses pequenos acontecimentos tragam boas surpresas no futuro. Wei Chi Li de repente beliscou seu rosto e riu alto e despreocupadamente: — Como pode minha pequena Liu’er falar como um velho sábio? — Velho é você! — Liu Luo Yi se afastou, irritada. Ela disse isso porque, ao olhar para trás, sentia que todas as dores e sofrimentos que passou pareciam ter acontecido apenas para que pudesse conhecer Wei Chi Li. Se naquela época lhe perguntassem se aceitaria passar por tanto sofrimento, teria recusado sem hesitação. Mas agora… agora, hesitaria. Hesitante, o que deveria fazer se nunca mais visse Wei Chi Li nesta vida? No entanto, Wei Chi Li estava rindo, balançando-se para frente e para trás. Ao retornar para a mansão, ela levou Liu Luo Yi de volta ao seu quarto e só então foi para o seu próprio. Tomou um banho quente e confortável, lavando a sujeira de seu corpo. Não teve coragem de contar a Liu Luo Yi que havia acabado de ser emboscada. Embora soubesse que isso não era certo, temia que Liu Luo Yi ficasse preocupada. Wei Chi Li mergulhou a cabeça na água e permaneceu ali, quieta, por um tempo. Só quando não conseguiu mais prender a respiração, levantou a cabeça repentinamente, fazendo a água respingar. Alguém se aproximou e, como a água entrou nos olhos de Wei Chi Li, ela não conseguiu abri-los por um momento. Estendeu a mão e disse: — Xin Ran, me passe uma toalha. Uma mão macia pousou sobre sua palma. E, depois de deixar a toalha, puxou a mão lentamente. Parecia relutante em se afastar. Não era tanto um recuo, mas sim um toque. Wei Chi Li sentiu um arrepio percorrer seu corpo e rapidamente usou a toalha para secar o rosto. Só então abriu os olhos e viu Wan Ji, que não aparecia havia muito tempo, de pé ao lado, com a cabeça baixa. — Como assim é você? Onde está Xin Ran? — Wei Chi Li rapidamente mergulhou na água e se cobriu com a toalha. Embora não se importasse tanto com essas coisas, depois de passar tanto tempo ali, ainda se sentia um pouco envergonhada. — Respondendo à princesa, ela não estava se sentindo bem e pediu para que esta serva a substituísse — disse Wan Ji suavemente, aproximando-se e estendendo a mão para apoiar Wei Chi Li. — Princesa, esta serva ajudará você a se levantar. — Não, não, não! Fique para trás e não se aproxime! — Wei Chi Li ficou tão assustada que até gaguejou. Wan Ji ergueu os olhos para Wei Chi Li. Aquele olhar enevoado estava carregado de decepção enquanto ela recuava delicadamente. Wei Chi Li suspirou aliviada, mas ao perceber que não havia mais ninguém por perto, disse: — Esquece, apenas pegue minhas roupas e saia. Wan Ji entregou as roupas a Wei Chi Li, mas não soltou facilmente. Em vez disso, aproveitou a oportunidade para tocar o braço de Wei Chi Li e, com as mãos úmidas, deslizou os dedos para baixo, percorrendo sua pele aos poucos. Aquele gesto e aquele olhar... Se alguém não tivesse uma mente firme, não conseguiria se controlar. Mas Wei Chi Li nem cogitou isso. Levantou a mão e empurrou Wan Ji para fora, pegando as roupas logo em seguida. Então disse, naturalmente: — Pronto, você já fez o que tinha que fazer. Pode sair. Falou com tanta naturalidade, como se não tivesse sentido nada. Wan Ji foi pega de surpresa com o empurrão. Contrariada, deu dois passos à frente. Suas vestes, que já não eram muito firmes, deslizaram por seu corpo, revelando ombros brancos e delicados. Ela se inclinou sobre a borda da banheira, seus olhos repletos de uma adulação descarada: — Princesa, deixe esta serva ajudá-la a secar o corpo. Wei Chi Li a encarou fixamente por um momento, então, de repente, saiu da banheira. Levantou a mão, vestiu-se e, sem hesitar, agarrou o dudou de Wan Ji e a jogou porta afora. O movimento foi ágil, preciso e sem rodeios. Wan Ji foi empurrada de surpresa, quase perdendo o equilíbrio. Ainda com um mínimo de consideração, Wei Chi Li pegou a roupa fina como asas de cigarra e a jogou para fora antes de voltar para a banheira. — Como o corpo nobre desta princesa pode ser visto tão facilmente por qualquer um? — revirou os olhos.

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