5 - Ao pôr-do-sol, Yang Jiangang corre para jantar...


 

Capítulo 5

AO PÔR-DO-SOL, YANG JIANGANG CORRE PARA JANTAR...


Ao pôr-do-sol, antes do jantar, Yang Jiangang correu para casa com um coelho. 

Acontece que, quando ele encontrou o coelho, ele ainda estava vivo e chutando. Parecia que o bicho tinha acabado de cair na armadilha que ele deixou na floresta, lutando para sair dela, e ele pensou que, se não tivesse chegado a tempo, o coelho fugiria momentos depois – afinal, essa armadilha era para aves, e não para coelhos. 

Quando ele entrou no quintal, a mãe já havia preparado o jantar e o pai já tinha voltado do trabalho do dia e fumava um cachimbo com tabaco seco sob o beiral da casa. Este era um raro momento de relaxamento para o pai. 

Ao vê-lo voltar, o pai esvaziou o cachimbo em sua mão, levantou-se para encontrá-lo e entrou com ele em casa para jantar. Ao ver o coelho gordo que o filho carregava, ele disse: 

"Este coelho é bem gordo. Prenda-o na gaiola onde você costumava manter os filhotes. É feita de arame farpado, ele não vai fugir." 

"Ok, vou deixar lá para a mãe cozinhar quando quiser comer carne. Agora, vamos entrar para comer." 

Yang Jiangang abriu a gaiola e jogou o coelho lá dentro, fechando a porta. O coelho capturado era branco e gordo e olhou ofendido, tão bonitinho. 

Yang Jiangang caminhou até o portão da Casa Oeste. Seu pai esperava por ele para entrar em casa. 

O velho Yang deu um tapinha no ombro robusto de Yang Jiangang e disse: 

“Jiangang, ouvi sua mãe dizer que você vai num encontro às cegas com uma moça. Depois de comer, vamos dar uma olhada no calendário solar e escolher um bom dia (é uma tradição/superstição oriental, escolher dias e horários ‘auspiciosos’, para que alguns eventos tenham mais chance de dar certo). Torço por você, meu filho. Se vocês se derem bem, vamos marcar logo a data do casamento para vocês nos darem logo um neto." 

Na verdade, ele entende o humor do pai. Na aldeia, os homens adultos basicamente todos têm filhos, mas ele está solteiro aos 26 anos. 

Antes, ele realmente não queria ir aos encontros às cegas, porque magoava as moças e se magoava também, e no processo acabava com as expectativas de seus pais - mas desta vez, se Sun Xiuyun e ele se derem bem, ele fará tudo para ficar com ela e viver a vida juntos. 

Entrando em casa, Yang Caixia, irmã de Yang Jiangang, acompanhava sua mãe pelos cômodos. Vendo que seu irmão havia retornado, ela disse rapidamente: 

"Irmão, você voltou. O jantar está pronto. Vá lavar as mãos e venha comer." 

"Ah, tudo bem. A propósito, eu subi a montanha e colhi morangos silvestres para você. Estão na minha bolsa. Vou à cozinha pegar uma tigela." 

“Eu ponho na tigela para você, pode ir lavar as mãos para comer.” 

"Certo, irmã." 

Yang Caixia sabia que sua mãe queria dar ao irmão a chance de encontrar com Sun Xiuyun. Ela não pensou nada sobre isso.Os casamentos das meninas da aldeia eram todos arranjados pelos pais. Além disso, XiuYun não era mais jovem. Meninas não podem ficar na casa dos pais a vida toda. 

A coisa mais importante, para ela, é que o irmão seja feliz. O irmão sempre foi gentil com ela. Quando ele ganha algum dinheiro, ele sempre lhe dá algum lanche gostoso, compra hidratante e flores para ela. 

Nessa época da história do país, toda família é um pouco patriarcal, mesmo que os pais não digam nada (eles favorecem mais o filho e não a filha). Não é bom para ela, mas o irmão cuida dela com gentileza. Talvez isso possa ser considerado uma compensação. 

Ela faria qualquer coisa que pudesse pelo irmão... E ela ouviu dizer que o irmão de Sun Xiuyun também é muito bonito. Caixia tem uma aparência normal, muito parecida com o irmão, o rosto mais parecido com o de um menino, mas gostaria de encontrar um parceiro bonito. 

Mas esse assunto não pode ser contado ao irmão agora; deixe-o ir primeiro ao encontro e conversar, para ver se vai dar certo ou não. Se o irmão souber com antecedência que seu encontro está condicionado à apresentação posterior dela ao irmão de Sun Xiuyun, ele não irá. 

Embora esse fosse um assunto desconfortável, o irmão era um homem muito capaz, mas tinha uma perna e pé ruins. Apesar disso, ele mesmo construiu a casa da família deles, com o dinheiro que ganhou trabalhando. 

Caixia disse a Yang Jiangang para lavar as mãos, colocou os morangos silvestres colhidos em uma tigela na cozinha e entrou em casa para comer. O jantar é macarrão de arroz, pãezinhos cozidos no vapor, berinjela cozida no molho e uma tigela de picles apimentado. Nessa época, essa é uma ótima refeição para uma família. É uma refeição farta e todos ficam felizes.

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Depois de um dia de trabalho, as quatro pessoas da família estão morrendo de fome, então ninguém fica falando à mesa de jantar; todos só querem comer sossegados. 

Depois de comer, a família sentou-se no kang, o pai e a mãe disseram à filha para ver os bons dias deste mês (os chineses escolhem dias de sorte para realizar algumas tarefas e eventos, são os chamados dias auspiciosos), e Yang Jiangang sentou-se na beira do kang, inevitavelmente pensando em Sun Xiuyun. Amanhã ele não tem trabalho programado, então ele irá até a segunda equipe para dar um passeio e, quem sabe, dar uma olhada rápida em como ela era. Ele estava curioso sobre ela. 

"Acho que esse aqui um bom dia, o que você acha?" 

O pai apontava os dias para a mãe. 

"Pai, é daqui a seis dias. Não é cedo, nem tarde demais. Jiangang, o que você acha?" 

Yang Jiangang concordou e, por fim, seu pai tomou uma decisão: o encontro seria dali a seis dias. 

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Yang Jiangang voltou para o quarto leste e deitou-se na cama, pensando em Sun Xiuyun, e acabou sonhando com ela. No sonho, a garota chamava seu nome, enquanto segurava suas roupas, e o nome ‘Jiangang’ saía de sua boca, fazendo o coração dele bater rápido. Ele achou o jeito dela falar muito bonito. Ele não conseguia ver o rosto dela claramente, mas parecia que ele a conhecia e que ela devia ter uma aparência que o fascinava. 

Ele estava relutante em se levantar quando acordou, querendo voltar para esse sonho. Ele, que estava acostumado a acordar cedo, tentou fechar os olhos e dormir um pouco mais para capturar esse sonho. Ele queria ficar com ela por mais um tempo e ouvi-la chamando seu nome, enquanto a abraçava bem apertado. 

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Enquanto isso, Sun Xiuyun está ocupada, experimentando as roupas. Ela experimentou as duas roupas que escolheu, uma a uma. No final, decidiu usar o tom rosa. Seria um desastre para pessoas de pele escura usá-lo - rosa deixa a pele mais morena -, mas sua pele era branca, e a cor a deixava bonita e encantadora. 

Ela queria mudar a gola e a cintura da roupa. A blusinha era muito larga e não delineava seu corpo. Ela queria encantar Yang Jiangang. Então, ela dobrou o pedaço de tecido em sua cintura e fez uma grande prega no tecido, depois o costurou com cuidado. Ela não costurava nada há anos, então teve muito cuidado, com medo de não costurar direito, estragando a roupa e diminuindo sua beleza, atrasando o seu grande plano de conquistar Yang Jiangang. Ela também poderia pedir à sua mãe para costurar para ela, porque o olhar tradicional da mãe definitivamente não apertaria a blusinha do jeito que ela queria, então ela mesma fez a reforma da roupa. 

As roupas foram reformadas dois dias antes do uso, e as calças mudaram bastante. Ela apertou a cintura e as pernas das calças, deixando-as muito mais justas

Depois de costurar, ela experimentou. As roupas mostravam uma cintura com apenas uma volta de largura, e seu peito protuberante fazia um arco, empurrando seus cabelos soltos para a frente. As calças também delineavam suas pernas longas e retas. 

Ela se olhou no espelho novamente, com o rosto corado, e imaginou o que aconteceria com Yang Jiangang se a visse assim. Ele costumava gostar muito de olhar enquanto ela se trocava, dizendo que ela tinha um corpo bonito... Depois implorava que ela o amasse e pedia para que ela lhe desse um filho. 

Naquela época, ela não sentia nada e não tinha sentimentos tão profundos por ele, mas agora ela sente muita falta dele, e o coração dói de saudade. Tudo o que ela quer é atender os desejos dele, amando-o com todas as forças. 

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Por volta das nove horas da manhã, Wang Dani veio chamá-la, dizendo que a levaria até a loja de departamentos do condado para comprar batom, e pediu que ela pegasse o necessário para sair. 

Ela rapidamente trocou sua blusa rosa-pink por outra azul-celeste, colocou outra calça preta, olhou-se no espelho e ajeitou o cabelo. Não há necessidade de arrumar muito; os fios repicados das costeletas deixam seu rosto menor, e ela sairá sem qualquer maquiagem. 

A família tem uma bicicleta que foi comprada com um bilhete que seu irmão enviou para casa quando ainda estava no exército, dois anos atrás (a compra de alguns bens era reservada como um privilégio para algumas pessoas, principalmente militares; a bicicleta era um desses bens). Sua mãe, Wang Dani, já havia empurrado o veículo até a porta. Quando a viu saindo, pediu que subisse na bicicleta e a levou para o condado. 

Sun Xiuyun sentou-se no banco de trás da bicicleta. O vento balançava seus cabelos e seu rosto branco ficava mais belo sob o sol. 

Assim que elas saíram da aldeia encontraram a Tia Zhang, a casamenteira. Tia Zhang acenou para Wang DaNi. 

Ela parou o carro rapidamente ao vê-la: 

"Comadre (era comum as mulheres se chamarem assim, mesmo sem nenhum afilhado), o que você está fazendo?" 

"Comadre, eu vim trazer um recado. A Família Yang disse que, no dia 21 deste mês, é um bom dia para os meninos se encontrarem. Eles pediram para te avisar."

"Ah, ainda faltam alguns dias. Eu estou levando a minha menina para o condado, para comprar um regalinho, mas Wenjun está lá dentro. Você pode tomar um gole de água antes de ir embora." 

"Ok, comadre, não se preocupe comigo. Não vim para dar trabalho. Pode ir com a sua menina para o condado." 

Sun Xiuyun também abriu a boca e disse: 

"Tia, não é trabalho nenhum. Meu irmão está em casa. Vá tomar uma água e descansar, antes de voltar." 

"Ah, Xiuyun, obrigada por se preocupar. Que boazinha! A tia agradece. Pode ir tranquila para o condado com sua mãe." 

Sun Xiuyun sorriu, envergonhada, e puxou o cabelo esvoaçante atrás das orelhas. Ela não sabia que Yang Jiangang, em quem ela estava pensando, estava escondido atrás da árvore e olhando para ela! Ele olhava para Wang Dani, que guiava a bicicleta, e Sun Xiuyun, no banco do passageiro. 

Yang Jiangang saiu de trás da árvore. Tia Zhang, a casamenteira, segurava uma grande folha de abóbora na beira da estrada, servindo como leque. Ela viu Yang Jiangang sair e disse:

"O garoto bobo veio ver a garota antes do encontro. Por quê não veio comigo? Você veio olhar se ela é do seu gosto e se combina com você, né? Pessoalmente, acho a mãe mais bonita, a menina é muito aguada." 

"Tia, não me provoque." 

Tia Zhang observou o rubor de Yang Jiangang e sabia que ele estava constrangido porque foi pego no pulo. Ela sorriu e não disse nada. 

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Quando Sun Xiuyun e sua mãe chegaram à loja de departamentos, só havia batom vermelho, mas o tom era muito bonito. Ela olhou para a vendedora e para os frequentadores com mochilas nas costas, sentindo que as pessoas e as coisas desta época eram mais sinceras, assim como as lanternas e chaleiras daquela época - tinham valor a vida inteira. 

Ele, também... Na vida passada, Yang Jiangang foi sincero e dedicou seu amor a ela, mas ela foi só uma mulher sem-vergonha. 

As duas não compraram nada além do batom para ela, voltando para casa em seguida. A mãe estava acostumada a ser econômica e não compraria nada a mais do que havia se proposto a comprar. Que pena, Sun Xiuyun queria comprar outras coisas, mas não tinha dinheiro…

Ela voltou do futuro. Embora conhecesse a tendência de desenvolvimento futuro (e a independência feminina), ela não queria se tornar uma mulher forte. Ela não queria trabalhar e ganhar muito dinheiro, apenas queria viver com Yang Jiangang. 

No futuro, o país se desenvolverá rapidamente, e os setores imobiliário e de informática serão os mais lucrativos. Yang Jiangang vai se destacar no setor imobiliário. Ela sabe que ele é um homem capaz. Ele teve sucesso na vida anterior e pode dar uma boa vida a ela. 

Nesta vida, ela queria ser uma orquídea apoiada na grande árvore que é aquele homem, amá-lo, dar-lhe calor, ser sua mulherzinha, ter filhos para ele e retribuir a espera desesperada e carinhosa que ele viveu em sua vida anterior. 

Era apenas essa a felicidade que ela desejava.

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