Capítulo 53.1


 Jiang Zheng só achava que aquelas palavras de Ji Muye na frente das câmeras deixariam muitos fãs nervosos, e queria apenas alertá-lo um pouco. No entanto, ele ainda teve a ousadia de admitir diretamente... que tinha alguém com quem pretendia oficializar um relacionamento?

Naquele momento, o rosto de Ji Muye ainda estava manchado pelas cinzas do corredor do túmulo, todo sujo como um filhote de cachorro, mas seus olhos brilhavam intensamente. E ao dizer aquilo, seu tom era extremamente sério, e seu olhar, extremamente firme.

O coração de Jiang Zheng disparou, e ela desviou rapidamente o olhar, sem querer se afogar naquele par de olhos que pareciam um céu estrelado.

— Não acredita? — Ji Muye perguntou, com um sorriso de canto de boca.

Jiang Zheng virou-se de lado e lançou um olhar às vastas dunas, sentindo o coração, o fígado e os pulmões fervendo. Um incômodo tomou conta de si.

Ji Muye mordeu o lábio inferior.

— Quer saber? Eu posso te contar. — Embora o momento não fosse nada romântico, as palavras já haviam chegado à garganta, e ele já não conseguia mais segurá-las. Estava prestes a falar quando...

Jiang Zheng bateu nas próprias coxas e se levantou num pulo:

— Bom... então... está tão quente aqui, vou tomar um picolé pra refrescar.

E desapareceu num piscar de olhos, como se estivesse sendo perseguida por um fantasma.

Ji Muye estendeu a mão com uma expressão perdida, à la Erkang[1].

A primeira tentativa de declaração... fracassou.

O terceiro episódio de Cidade do Terror terminou perfeitamente, e a audiência continuava subindo — cinco pontos percentuais a mais que os dois episódios anteriores. Além do tema de roubo de tumbas, que estava em alta, os cenários realistas do programa geraram discussões acaloradas.

Internautas invadiram o Weibo do diretor para tirar dúvidas:

#Como vocês criaram o efeito do vento e da areia soprando sobre a cidade?

#Como fizeram a pedrinha da Jiang Zheng acertar a testa do chefe dos saqueadores?

#Como construíram um túmulo tão lindo debaixo da terra?

#Ainda tem saldo na conta de produção de vocês?

De fato. Ao contrário de alguns programas lentos que já começavam a ser exibidos só com uma casinha construída, Cidade do Terror já vinha trabalhando na construção dos prédios temáticos de cada episódio desde seis meses antes. Afinal, cada episódio era uma cidade. O diretor era teimoso até os ossos. Para dar aos convidados uma experiência imersiva e ao público uma forte sensação de substituição, ele construiu a cidade, criou o cenário, costurou o enredo e até selecionou e treinou os figurantes pessoalmente.

O episódio três, Cidade Chiyou, usou as tecnologias mais avançadas de IA e VR. Foi assim que conseguiram criar uma cidade coberta de areia amarela, que causava sufocamento, opressão e medo por meio de simulações entre o real e o virtual.

Nas cenas grandiosas, o diretor usou a técnica de projeção com alternância de lentes, inserindo imagens de longa distância gravadas previamente em momentos cruciais, o que causava um impacto psicológico ainda maior. Foi o que aconteceu na cena final, com a pressão da areia.

Além disso, a cena em que Jiang Zheng jogava pedras era um truque. Não importava para onde ela jogasse — a pedra sempre acertaria a testa do chefe dos saqueadores.

A areia voando na frente de Jiang Zheng também era uma projeção feita por IA na frente dos convidados. Caso contrário, como criar suspense e fantasia?

O diretor respondeu às dúvidas dos internautas uma por uma. Para provar, ainda publicou imagens da construção da cidade, efeitos de produção e testes com IA.

Um dos comentários foi:

"Realmente, dá pra ver a diferença entre algo feito com amor e algo feito de qualquer jeito."

Depois de gravar o terceiro episódio, Jiang Zheng descansou por dois dias em casa. O efeito do programa foi excelente, mas ela emagreceu tanto que parecia ter perdido duas camadas de pele.

Naquela manhã, ao levantar, finalmente encontrou Jiang Ran na cozinha — não o via fazia vários dias.

E em poucos dias longe, seu irmão parecia até mais animado, com um leve sorriso no canto dos lábios, e já não exibia aquele olhar de quem implorava por uma surra.

Jiang Zheng sorriu e se aproximou, tocando o braço dele:

— Quando vai trazer minha cunhada pra casa?

Jiang Ran deu de ombros:

— Sua cunhada é tímida. Vai demorar uns dias ainda.

Na verdade, embora ele tivesse ocupado a sala da casa de Bai Xuan à força, ainda não conseguira entrar no quarto dela. Mas, pelo menos agora, Bai Xuan não fazia mais cara feia ao vê-lo — e até o recompensava com alguma comidinha caseira, de vez em quando.

Jiang Zheng inclinou a cabeça:

— Vi grupos de fãs chamando você de "marido" no Weibo. Se minha cunhada visse, imagina o que ia pensar?

Jiang Ran deu um gole no café, sorriu e disse:

— Eu também vi. E multidões de fãs chamam o Ji Muye de "marido" no Weibo. Você gosta disso?

Jiang Zheng virou o rosto, hesitante:

— …Sou só fã da carreira dele, ok? Enquanto ele não atrapalhar a carreira namorando, eu não me importo.

Jiang Ran ainda se lembrava: dois dias atrás, no aeroporto, Ji Muye ficou até vesgo ao vê-lo, achando que ele tinha algo com Jiang Zheng e ainda o chamou de cafajeste.

Heh. Todo mundo já entendeu as intenções de Ji Muye. Só não sabia se sua irmã era realmente ingênua... ou se fingia não saber.

Ele riu, com um olhar provocador:

— Sério? Então por que sua voz tá tremendo?

Jiang Zheng:

— …Tchau!

Jiang Ran a segurou rápido:

— Tenho dois ingressos pra um show. Pode ir ou dar de presente.

Jiang Zheng pegou e viu: era um show de Lu Tianyi.

Um verdadeiro titã do cenário musical. Dez anos atrás, era vocalista e líder da banda Qiang Qiang. Levou o grupo a vencer o prêmio musical mais cobiçado da época. Um pilar para os fãs. Uma pena que, com o tempo, os membros da banda se afastaram, se casaram e se aposentaram. No fim, só Lu Tianyi permaneceu na ativa — embora "ativo" significasse apenas fazer um show a cada dois anos.

Por isso, os ingressos sumiam em segundos. Jiang Ran conseguiu dois super VIPs de uma vez, e Jiang Zheng passou a respeitar muito o irmão.

Mas, quando Jiang Zheng foi até Han Yi com os ingressos, ele a lembrou de algo cruel: ela já tinha falado mal de Lu Tianyi antes, dizendo que ele só sabia gemer como se estivesse doente.

Jiang Zheng:

— ??? Eu falei mal do meu próprio ídolo? Tô muito convencida. Não se lembrava de nada depois dos 18 anos, mas sabia que tinha sido muito fã da banda Qiang Qiang — especialmente da voz de Lu Tianyi. Sabia cantar quase todas as músicas.

Depois de muita insistência, Han Yi explicou que fora um mal-entendido.

Três anos antes, um compositor famoso escreveu uma canção. Estava em dúvida se deveria oferecê-la para Jiang Zheng ou para Lu Tianyi. Quando Jiang Zheng soube, disse com franqueza que a música não combinava com a voz dele. Mas alguém mal-intencionado espalhou que ela dissera que Lu Tianyi não sabia cantar com emoção — só sabia gemer sem estar doente.

Jiang Zheng revirou os olhos:

— Fica com os ingressos pra você. Não vou incomodar meu ídolo.

Ao ver Jiang Zheng se afastando cabisbaixa, Han Yi suspirou. Abriu o Moments e deu de cara com Jing Meini, que implorava por ingressos para o show de Lu Tianyi.

Ele riu, tirou uma foto dos ingressos e mandou para ela, junto com duas palavras:

[Por favor!]

Jing Meini respondeu em segundos. Han Yi só olhou uma vez... e trancou o celular com rapidez.

A mulherzinha respondeu com um biquinho nojento:

Irmão Han, me dá um ingresso...

Que mulher mais maleável.

Han Yi revirou os olhos, mas no fim mandou alguém entregar os ingressos o mais rápido possível.

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[1] Referência ao personagem Erkang, do drama chinês “Huan Zhu Ge Ge”, que frequentemente estendia a mão para Ziwei com expressão angustiada.


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