— Merda!
— Merda!
— Merda!
Todos levaram as mãos ao peito e gritaram.
Basta imaginar: você acabou de trancar um monstro que não é nem humano nem fantasma dentro de um caixão, e de repente uma voz humana explode bem atrás de você... podia ser fatal.
Ji Muye estava parado calmamente na porta da câmara principal, seguido por Liang Xiaoduan, He Xiao, Ke Cancan e Xiao Cheng.
— Vocês não sabem que tem gente que gosta dessas coisas estranhas. Dá pra vender por um preço bem alto — disse Ji Muye, falando besteira com a maior naturalidade.
Ele já tinha ouvido falar de pessoas que colecionavam múmias, mas quanto aos zongzis gigantes... Bem, o mundo era vasto, com todo tipo de excentricidade. Então era provável que existissem colecionadores disso também.
O chefe dos saqueadores amaldiçoou o secretário de partido em silêncio, pensando que um negócio não devia ser vendido duas vezes — e, no entanto, mais um grupo de "colegas" havia aparecido.
Ele deu um risinho.
— Tudo bem. Se quiserem o caixão, podem levar... se conseguirem. De qualquer forma, o resto é nosso.
Ji Muye fechou a cara.
— Já são quatro da tarde, e ainda tem outro. O sol vai se pôr em poucas horas. Esse lugar logo vai ser coberto pela areia amarela de novo. Vocês aguentam carregar tudo isso? Por que não colaboramos?
Os dois guardas da entrada da caverna não tinham voltado para avisar nada — deviam ter sido nocauteados pelo grupo rival. Agora, com mais dois desmaiados e um que fugiu, só restavam quatro deles. Já o outro grupo tinha cinco pessoas. Em número, não podiam vencer. Melhor aceitar a sugestão, trabalhar em conjunto e levar o que conseguissem. Depois, fora dali, fariam as contas.
Decidido, o chefe sorriu:
— Certo. Então desejo a nós uma feliz cooperação.
Mal terminou de falar, uma voz feminina delicada surgiu atrás dele:
— Nenhum de vocês vai levar nada do meu marido.
#Ahah Minha Irmã Zheng está linda como noiva fantasma.
#Bonita ela é, mas tá assustadora.
#Quando a Jiang Zheng trocou de roupa? Eu não vou admitir que tampei os olhos naquela hora.
O chefe virou-se devagar. Bastou um único olhar para suas pernas falharem e ele quase cair de joelhos.
Viu uma mulher encantadora em um vestido longo de gaze vermelha, sentada sobre o outro caixão... Pele translúcida, olhos brilhantes, lábios delicados e rosados, mãos graciosas. Aquilo não era o nojento Senhor Zongzi, mas uma belíssima — e traiçoeira — dama fantasma.
— Você... você está olhando pra quem? — perguntou ele, tremendo. Estava tão concentrado na conversa com o homem à sua frente que nem notara algo saindo do caixão às suas costas.
Jiang Zheng ergueu o mindinho de modo elegante, cobriu parte do rosto com a manga e falou com doçura:
— Sou a Imperatriz Huangsha. Você queria cortar minha cabeça, já se esqueceu?
Essa fantasma era idêntica à mulher do Templo da Imperatriz Huangsha.
Diante de algo tão surreal, o último fio da sanidade do chefe se rompeu. Ele caiu de joelhos com um baque e implorou:
— Por favor, perdoe-nos. Senhora Huangsha, só estávamos tentando matar a fome. Por isso viemos incomodar seu marido... Foi tudo um mal-entendido. A gente não queria cortar sua cabeça. A gente só...
Gaguejou por um bom tempo antes de inventar:
— A gente só queria... dar um banho na senhora. A senhora ficou mil anos em pé na areia, né? Deve estar toda suja.
As sobrancelhas de Jiang Zheng se arquearam. Ela zombou:
— Em vida, fui cobiçada pelo monarca por causa da minha beleza e jurei nunca me submeter. Acha mesmo que, morta, vou tolerar ser insultada assim por você? Homem e mulher sem decência! Você manchou minha reputação.
Ji Muye segurava o riso. O talento de Jiang Zheng pra atuar era realmente insuperável. Se esquecêssemos que era um programa de variedade, ela parecia mesmo a imperatriz.
O chefe percebeu que havia dito besteira e começou a esfregar as mãos, suplicando:
— Não, não, não foi isso que eu quis dizer...
Enquanto implorava com cara triste e miserável, aproveitou um momento de distração e empurrou Ji Muye na direção de Jiang Zheng. Num impulso, arremessou-o direto contra ela.
Jiang Zheng o segurou instintivamente, e o relógio em seu pulso ficou à mostra.
O chefe arregalou os olhos e gritou:
— Como ousa mentir pra mim?!
— Ela não é a Imperatriz Huangsha. São todos do mesmo grupo!
Os outros três ladrões ajoelhados se levantaram imediatamente e cercaram o chefe.
— Se fazendo de fantasma... e ainda atuando bem — resmungaram.
Eles ficaram ainda mais agressivos e, em dois movimentos, capturaram Liang Xiaoduan, Ke Cancan, Xiao Cheng e He Xiao.
Jiang Zheng apoiou-se no braço de Ji Muye e saltou do caixão.
Ela sorriu suavemente:
— Você está certo. Eu não sou a Imperatriz Huangsha... Mas eu sei fazer mágica.
Ladrões: “!!!”
Ela ficou no centro da câmara, ergueu levemente os braços, fechou os olhos e recitou com os lábios entreabertos:
— A areia amarela voa por milhares de milhas!
#???
#Seus peixes de cérebro pequeno. Esse é o poema do quinto mural do Templo da Imperatriz Huangsha.
#Lembrei!
A esposa do general aparecia no topo da torre, com sangue e lágrimas nos olhos. Erguia o rosto e lançava três maldições sobre o deserto amarelo antes de cair. Durante a queda, recitava: A areia amarela voa por milhares de milhas, o vento forte sopra durante o dia, reúne-se em minhas mãos e veste-se com elas, restando apenas o crânio ressequido.
Jiang Zheng deduziu que esse deveria ser o feitiço usado pela esposa do general para controlar o vento e a areia. Como ela havia recebido a missão de interpretar a Imperatriz Huangsha, havia grandes chances de que, ao recitar o poema, também fosse capaz de evocar vento e areia, assustando os ladrões.
Mas, ao terminar a recitação… tudo permaneceu calmo.
O único que reagiu foi o Senhor Zongzi, que se empolgou dentro do caixão, batendo com as garras na tampa.
Jiang Zheng: “…”
O chefe riu:
— Garotinha, isso aqui é o século XXI. Esse papo de feitiçaria não engana nem criança.
Jiang Zheng não desistiu e continuou:
— O vento forte sopra durante o dia…
Assim que terminou a frase, os caixões e as cordas não conseguiram mais segurar o Senhor Zongzi. Ouviu-se um rugido, e suas garras atravessaram a madeira. Antes que alguém reagisse, o caixão se despedaçou…
O ódio acumulado por milênios explodiu. O Senhor Zongzi foi direto para cima dos saqueadores.
Num instante, os quatro fugiram em pânico.
Houve gritos e choros no corredor do túmulo. A batalha terminou rapidamente.
#Ahhhh o Zongzi voltou!
#Droga, será que ele vai comer os convidados?
#Barragem de proteção! Barragem de proteção!
O Senhor Zongzi, farejando o ar, voltou à câmara principal. Ofegava pesado, com os olhos turvos girando nas órbitas e saliva escorrendo pela boca. Arrastava os pés pelo chão.
Jiang Zheng e os outros estavam paralisados.
O Zongzi parecia avaliar qual dos seis era o verdadeiro culpado. Aproximou-se com os braços estendidos, ora em direção a Ji Muye, ora a Liang Xiaoduan… até que escolheu Jiang Zheng.
#Aaaah o pescoço fino da minha Zhengzheng vai ser estrangulado!
#Ajoelha! Ajoelha!
#Não, não, não!
Jiang Zheng encarou o ser — que não era nem humano nem fantasma — por três segundos, depois saltou para trás.
— Espera! Eu não estou errada. — Se esse poema fosse inútil, por que estaria gravado no mural?
O Zongzi se espantou. Talvez não esperasse que alguém não tivesse medo de suas garras afiadas.
— Reúne-se em minhas mãos e veste-se com elas, restando apenas o crânio ressequido.
Ao ouvir os dois últimos versos, o Senhor Zongzi ficou paralisado.
De repente, como uma brisa suave do oeste, algo tocou os corações ali presentes.
Seus olhos turvos se tornaram límpidos. Lentamente, ajoelhou-se, prostrou-se aos pés de Jiang Zheng… e caiu em prantos.
— Senhora!
— Senhora! Cheguei tarde demais!
Jiang Zheng apertou os lábios, sentindo um desconforto indescritível.
Nesse momento, Ji Muye agarrou sua mão:
— Corre. Se não for agora, vai esperar o quê?
Os seis saíram rolando, tropeçando e correndo túmulo afora, enquanto o Zongzi chorava e lamentava atrás deles.
Lá fora, nuvens negras desabavam sobre a paisagem. A areia amarela se levantava ao longe — a Cidade Chiyou logo seria soterrada.
Eles atravessaram os muros da cidade, passaram pelo portão e correram desesperadamente.
Atrás deles, a areia cobriu a torre, os acampamentos, o Templo da Imperatriz Huangsha, a muralha… e uma história milenar de tristeza.
Tudo foi gravado. E uma frase surgiu na tela:
Missão de fuga da Cidade Chiyou concluída!
O diretor os esperava no topo da duna, de braços cruzados, à espera de seis convidados cobertos de terra e pó.
Jiang Zheng puxou Ji Muye para o lado:
— Quem é que amaldiçoa a si mesmo dizendo que vai quebrar a perna?
Ji Muye:
— …Era só uma analogia.
Jiang Zheng o encarou séria:
— Sabe quantas pessoas ficariam preocupadas se você fosse sequestrado?
Ji Muye:
— …Foi só uma hipótese, de verdade.
Jiang Zheng bufou:
— Quando o casamento for anunciado, vai marcar @quem? Já tem com quem casar?
Ji Muye:
— Isso… bem… na verdade, tenho sim.
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A autora tem algo a dizer: Irmão Ji, se tiver coragem de dizer isso diretamente, eu juro que te respeito como homem.
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