Capítulo 55


 Base de filmagem.

Depois de concluir a gravação do terceiro episódio de Cidade do Terror, Ji Muye foi direto para outro set de gravação, sem pausa alguma, para gravar o que seria o seu grande destaque do ano: a série de TV O Vento e as Nuvens da Antiga Capital. Era um drama ambientado na era da República da China, no qual ele interpretava o papel de um filho nobre da elite republicana — elegante e impiedoso na superfície, mas que, no fundo, valorizava a lealdade acima de tudo.

Meia semana após entrar para o elenco, embora fotos dos bastidores tenham começado a pipocar em diversas redes, todas eram imagens tremidas ou mal tiradas por paparazzi. Seus fãs fiéis, no entanto, esperaram pacientemente e, depois de se organizarem, enviaram uma comitiva para visitar o set e ver, ao vivo, o lendário “jovem mestre mais belo da República da China”.

À meia-noite, a equipe fez uma pausa. Jing Meini e sua assistente trouxeram frutas, bebidas, bolos e outros mimos enviados pelos fãs para distribuir entre todos.

Antes mesmo de Ji Muye perguntar, Jing Meini já explicou que havia providenciado almoço e chá com leite para os fãs — gentileza gera gentileza, afinal, era preciso retribuir o carinho.

Ji Muye murmurou:

— Vou lá falar com eles.

E saiu caminhando.

O dia estava extremamente quente, e o calor lá fora era sufocante. Jing Meini rapidamente abriu um guarda-sol preto e o posicionou acima da cabeça de Ji Muye, acompanhando-o até o local.

Sob a sombra verde das árvores do lado de fora do estúdio, um grupo de meninas vestia camisetas e bonés personalizados de apoio, conversando animadamente. Ao lado, sacolas de lixo estavam organizadas e prontas para serem levadas embora — eram fãs organizadas e conscientes.

Ji Muye vestia um terno branco. Suas pernas longas estavam bem ajustadas na calça da mesma cor, e uma gravata-borboleta preta estava elegantemente presa à altura do pomo de Adão. Atrás dele, os edifícios em estilo arcade da República da China compunham o cenário. Seu caminhar firme o fazia parecer, de fato, um nobre que atravessara os tempos.

Os olhos das fãs eram afiadíssimos — o reconheceram no instante em que ele saiu do estúdio. Pisando forte de empolgação, mas sem ousar gritar, acenavam desesperadamente, mas em silêncio.

Ji Muye sorriu para elas.

Irmã Zhan gritou:

— Guardem os celulares e câmeras! Nada de fotos! Vamos mostrar que somos fãs com classe!

As meninas imediatamente guardaram os aparelhos, aguardando com euforia a chegada do seu ídolo — como soldados esperando por uma revista solene.

As que conseguiram visitar o set naquele dia eram fãs leais de longa data. Depois de ficarem loucas com o novo visual de Ji Muye, o que mais queriam saber era: ele está se alimentando bem? Está dormindo direito? O calor está muito forte, será que ele está se cuidando? No fundo, todas eram verdadeiras fãs-mamães.

Comovido, Ji Muye respondeu a todas, uma por uma.

— Depois de verem que estou bem, voltem pra casa. Não deixem os estudos nem o trabalho de lado.

Todas assentiram obedientemente.

Antes de sair, Ji Muye chamou uma das fãs pelo nome: Su Yue.

Jing Meini a reconheceu — ela tinha uma boa relação com a famosa “Jujubinha do Ji Muye” e ambas viviam interagindo online.

Ji Muye lançou um olhar para Jing Meini. Ela entendeu na hora, mas fingiu que não entendeu nada.

Su Yue, ao ser chamada, achou que tinha feito algo errado.

Ji Muye perguntou com aparente casualidade:

— Parece que... a Jujubinha não veio de novo?

Su Yue suspirou de alívio. Jing Meini também perguntara por ela outro dia. Talvez por ser tão misteriosa, sempre generosa e sempre a primeira a apoiar Ji Muye, o ator acabava se importando mais com ela.

— Irmão, você sabe como ela é. Está sempre ocupada.

Claro, pensou Jing Meini. Uma certa pessoa estava filmando no estúdio ao lado. Como poderia ter tempo — ou coragem — para visitar o set?

Ji Muye soltou um resmungo.

— Mas ela me disse ontem pra tirar várias fotos suas pra ela ver depois — contou Su Yue, dando de ombros. — Mas hoje a Zhanjie não deixou tirar fotos…

Duas horas depois, durante as gravações da tarde, o diretor anunciou uma pausa para preparar o cenário noturno.

Ji Muye vestiu um casaco, fingiu estar apenas caminhando, e foi passear discretamente… até o set vizinho.

Naquele complexo de gravação, a rua à esquerda era composta por prédios arcade da era da República da China. A da direita, reproduzia o estilo dos anos 1980.

Ao longe, o cenário simulava um campus universitário. As árvores plátanos projetavam sombras rendadas no chão, compondo um cenário digno de pintura a óleo. Especialmente nos anos 80, os jovens da elite acadêmica pareciam ainda mais vibrantes — liderando a moda, a cultura e sendo os primeiros a respirar a brisa da abertura econômica.

De longe, Ji Muye viu Jiang Zheng. Ela usava um vestido de gola larga com fundo vermelho e flores brancas, dois rabos de cavalo saltitantes e sapatos plásticos brancos. Parecia uma daquelas belezas de calendário vintage.

Jiang Zheng já estava nesse set havia alguns dias. Interpretava uma mulher forte em um drama de época com temática patriótica. No momento, ela gravava cenas de um amor juvenil e puro com seu primeiro amor fictício.

O ator que fazia par com ela era Meng Rao — o galã do verão passado, e agora um dos rostos mais desejados do momento, integrante da série "Garotos Bonitos Acima das Flores". Por coincidência, ele também vestia uma camisa jeans branca que combinava perfeitamente com Jiang Zheng.

A cena era um passeio romântico pelo campus, logo após os personagens confirmarem seu relacionamento. Dar as mãos era só o básico. Eles andavam lado a lado, contidos e tímidos, mas com entusiasmo nos olhares — parecia um conto de fadas. Jiang Zheng sorria com doçura, abaixando os olhos e, de tempos em tempos, trocava olhares apaixonados. Na câmera, era pura poesia. No coração de Ji Muye, porém, era só… vinagre puro.

Ji Muye ficou de lado, sem conseguir parar de assistir — e sofrendo. Tentava se convencer:

É só atuação. Só atuação. Tudo isso é falso.

Jiang Zheng e Meng Rao estavam em total sintonia, quase sem erros. Ji Muye mal ficou ali por alguns minutos, e eles já haviam gravado várias cenas.

O diretor gritou “Corta!” satisfeito e pediu uma pausa.

Jiang Zheng ergueu os olhos — e avistou Ji Muye entre a equipe, sorrindo para ela com um sobretudo elegante.

De repente, ela não sabia mais onde colocar os olhos.

Quando os outros se afastaram, ela se aproximou lentamente, fingindo calma, e perguntou:

— Veio procurar o diretor?

O próprio diretor, que estava do lado, acenou rapidamente:

— Não, não, não! Não marquei encontro com ele!

Jiang Zheng: ...Então esse é o único motivo agora?

Ji Muye trocou algumas palavras educadas com o diretor, que rapidamente deu no pé, sem coragem de virar vela.

Ele ergueu o queixo. Jiang Zheng, sem entender, o seguiu até o lado do estúdio.

Folhas cobriam os degraus diante da biblioteca. O vento soprava suavemente, fazendo-as tremular.

— Ontem você disse à Su Yue que queria me ver com o figurino da República da China… Pronto. Tá aqui. Cinco minutinhos só pra você.

Dito isso, Ji Muye tirou o casaco e o sobretudo, revelando o terno branco completo.

Os olhos de Jiang Zheng brilharam. Estava lindo! O maxilar combinava perfeitamente com o corte da roupa. De perfil, parecia ter saído de uma foto da época.

Ela ficou aérea por alguns segundos, até tossir discretamente:

— Mas você não pode ficar seguindo o que a Su Yue fala…

Hehe… Mas tá muito bonito!

— Mesmo?

— Mais bonito do que eu imaginava.

Ji Muye sentiu que seu rabinho imaginário estava balançando até o céu.

Depois de um tempo, Jiang Zheng mandou Ji Muye se vestir logo. Já estava satisfeita. Preferia ver o resto da atuação no lançamento oficial.

Então, lembrou do poema que ele havia recitado e perguntou, sem conseguir conter:

— Aquele poema… foi você quem escreveu, né?

Ela ouvira tantas vezes nos últimos dias que já sabia de cor. Era como uma massagem na alma. Han Yi até encomendou fones de ouvido de alta qualidade pra ela, com medo que desperdiçasse a voz do rapaz.

Ji Muye congelou:

— Imagina! Foi escrito por um homem chamado Nicholas…

Não teve coragem de admitir e inventou um nome estrangeiro qualquer. Mas travou depois de “Nicholas”, sem conseguir continuar.

Jiang Zheng o encarou séria:

— Você quis dizer Nicholas Muye?

Ji Muye:

Ambos os sets estavam em ritmo acelerado para cumprir o cronograma.

Depois das nove da noite, Jiang Zheng finalmente terminou de gravar e conseguiu um momento de descanso. Navegando pelo grupo de fãs do Ji Muye, viu um boato: ele estava gravando uma cena em um bordel na rua Minguo, mas a atriz que interpretava a oiran[1] não tinha se preparado direito. Sua dança estava tão ruim que o diretor não aprovava nenhuma tomada. Todos estavam presos ali até agora. Se não fosse pela boa índole de Ji Muye, ele já teria ido embora.

Foi só então que Jiang Zheng percebeu: Ji Muye ainda não tinha saído.

Ela deu a volta até a rua Minguo, onde as luzes brilhavam, e o prédio com a placa Fenghua Building abrigava o tal bordel cenográfico.

Han Yi hesitou antes de dizer algo, mas quando viu que Jiang Zheng já estava com um pé dentro do local… era tarde.

— Por sua causa, todos nós estamos aqui esperando! — a voz ríspida do diretor ecoou pela janela. — Se não consegue fazer, diga logo!

Logo depois, uma garota começou a chorar. Provavelmente, a atriz da oiran.

O diretor pediu uma pausa, as pessoas se dispersaram para respirar. Quando viram Jiang Zheng e Han Yi no corredor, congelaram. Mas ninguém ousou perguntar nada.

Jing Meini foi a primeira a notá-los e chamou Ji Muye de volta.

Ele saiu do prédio, e, ao ver Jiang Zheng, seus passos apressados desaceleraram.

Os outros membros da equipe se afastaram discretamente, fingindo não ver nada. Jing Meini e Han Yi, com muita “educação”, desceram as escadas para discutir as tendências do mercado de entretenimento.

Ji Muye sorriu:

— Achei que você já tivesse ido embora.

Jiang Zheng piscou:

— Vim roubar umas dicas de novo.

Ji Muye estreitou os olhos e disse num tom rouco:

— Se quiser aprender, um dia te ensino tudo… pessoalmente.

Jiang Zheng fingiu que não entendeu, desviando o olhar.

— Não sei quando isso aqui vai acabar. Dá uma olhada e depois vai descansar, tá?

Todos sabiam que, durante as gravações, a rotina dos protagonistas era uma bagunça. Virar noite era comum. Se pudesse descansar cedo, melhor.

Ela olhou para dentro. A atriz da oiran claramente era novata. Tinha aparência bonita, mas nenhuma base de dança. Seus movimentos eram duros e desconexos. Como aquilo poderia seduzir alguém?

Provavelmente, esse papel secundário tinha sido empurrado por algum figurão…

Coincidentemente, o diretor apareceu naquele momento, bufando palavrões. Jiang Zheng disse a Ji Muye para manter a calma, enquanto ela mesma caminhava até interceptar o diretor com um sorriso:

— Diretor Zhang, por acaso estou ensaiando um papel de oiran para um drama que vou gravar em breve. Que tal me deixar aproveitar a deixa e treinar um pouco?

O Diretor Zhang ficou surpreso e lançou um olhar para Ji Muye.

Jiang Zheng se aproximou e disse:

— De qualquer forma, o rosto da oiran nem aparece, já que ela usa um véu. Por que não deixo tudo mais convincente e faço a parte da dança por ela? O restante da cena vocês completam depois.

O Diretor Zhang mal podia acreditar na sorte. Era maravilhoso que Jiang Zheng estivesse disposta a participar. O problema é que ele não podia se indispor com o figurão que empurrou a atriz ruim, nem conseguia resolver a situação com Ji Muye. Só lhe restava xingar para desabafar.

Jiang Zheng advertiu baixinho:

— Só não diga que fui eu. Foi só uma vontade repentina de atuar.

O Diretor Zhang entendeu na hora. Às vezes, os atores viciados em atuação tinham esses impulsos que não conseguiam controlar.

Ele imediatamente pediu para alguém providenciar figurino e maquiagem para Jiang Zheng.

Ji Muye observava tudo em silêncio. Pouco depois, uma oiran deslumbrante saiu do camarim.

Mesma roupa, mesma maquiagem — mas com outra pessoa no papel, a diferença era gritante.

A anterior parecia uma oiran de cidadezinha do interior. Jiang Zheng, por sua vez, elevou o nível para algo digno da capital antiga.

O cheongsam vermelho escuro da era da República da China destacava a silhueta perfeita de Jiang Zheng, e suas sobrancelhas delicadas arqueavam-se em um ar de sedução natural.

Han Yi tinha acabado de descer para conversar com Jing Meini, e ao voltar, encontrou Jiang Zheng usando um véu branco, cantando uma canção leve com olhar lânguido e flertes esvoaçantes.

Ele e Jing Meini ficaram de queixo caído, sem entender de que brincadeira aquela "tia" estava participando.

O diretor, empolgado por ter recebido uma “relíquia nacional” como ajuda, logo chamou todos para as suas posições.

Jiang Zheng fez um rápido ensaio com Ji Muye e alguns figurantes, e então a gravação oficial começou.

O personagem de Ji Muye era o filho mais novo do governador. Tinha aparência refinada, fama de sedutor e passava os dias entre bordéis e barcos de flores — um verdadeiro mestre da libertinagem. Mas tudo era fachada para enganar os desavisados. No fundo, ele era decente, bondoso e sensível — um personagem de personalidade complexa.

O enredo havia avançado até o dia em que o governador, pai do protagonista, iria se casar com a sexta concubina. A mansão estava cheia de convidados para celebrar o novo casamento. Como filho mais novo, Ji Muye “fugia” para o bordel — era o jeito dele expressar sua revolta. O pai, claro, não aprovava.

A personagem de Jiang Zheng era a irmã da noiva do dia — uma oiran de prestígio convidada para a noite.

Os jovens presentes estavam completamente entediados, só queriam ver uma cena sanguinolenta envolvendo o pai se engraçando com duas irmãs.

Como desapontá-los? Ji Muye logo chamou a oiran ao palco para dançar.

O gramofone antigo ecoava sua música extravagante. Jiang Zheng entrou com um leque redondo cobrindo metade do rosto. Seus lábios rubros surgiam em sombras delicadas, suas sobrancelhas arqueadas capturavam o coração de Ji Muye, pouco a pouco.

O diretor sorria de orelha a orelha em silêncio.

Como esperado da Srta. Jiang. Apenas um olhar, um sorriso... e lá estava uma oiran capaz de roubar almas.

Ji Muye também estava em total sintonia, oscilando entre um olhar de encantamento e desprezo.

Jiang Zheng rebolava com elegância, dando dois passos à frente e um atrás, provocada pelos gritos dos nobres ao redor. Ela ora levantava o queixo de um com um dedo, ora puxava a orelha de outro com charme. Depois de muito provocar, finalmente se aproximou de Ji Muye.

Como se cansada da dança — ou surpresa com a beleza dele — tropeçou de leve e caiu para o lado.

Ji Muye a amparou prontamente. Um abraço quente como jade, um aroma envolvente... sob as risadas maliciosas em volta.

Ji Muye semicerrava os olhos, encarando a beleza nos seus braços.

Jiang Zheng desviou o rosto, envergonhada.

Ji Muye resmungou, e então estendeu a mão. Com a ponta dos dedos, começou a limpar delicadamente o batom dos lábios dela.

A cena era sutil… e extremamente sensual.

— O quê? Quer entrar para a mansão Duan também e virar minha concubina? — Ji Muye perguntou com um sorriso suave, mas o olhar gelado.

Jiang Zheng bufou:

— Não tenho a mesma sorte da minha irmã.

Seu tom transbordava ciúmes e desejo, difíceis de esconder.

Ji Muye apertou o queixo dela:

— Não fique assim, invejosa. Talvez em poucos dias receba o corpo da sua irmã.

Ele deu ênfase à palavra corpo, fazendo os figurantes se arrepiarem. Jiang Zheng também empalideceu na hora.

— Fora daqui! — Ji Muye gritou friamente, e ela saiu correndo, tropeçando nas próprias pernas.

O diretor gritou corta com imensa satisfação.

O figurão que assistia tudo não disse uma palavra, mas em seu coração, fez uma reverência para Jiang Zheng.

O diretor agradeceu. Jiang Zheng, por sua vez, agradeceu pela oportunidade de treinar.

Com aquela cena encerrada, o diretor finalmente liberou todos para descansar.

Jiang Zheng foi ao camarim se trocar, mas antes virou-se e sorriu para Ji Muye.

As costas dele ficaram rígidas na hora. Esse jovem mestre da nobreza que não quis casar com a oiran… só podia estar cego.

Nesse instante, as luzes se apagaram. Tudo mergulhou na escuridão.

Falta de energia à noite era um “clássico” daquele estúdio. Por isso existiam tantas histórias de que o local era assombrado.

Jiang Zheng certamente ouvira essas histórias e… devia estar com medo.

O pensamento passou pela mente de Ji Muye, e seus pés já estavam a caminho.

Ao redor, vozes reclamavam e resmungavam. Na luz fraca da emergência, ele estava prestes a tocar a porta do camarim quando esbarrou em alguém.

— Sr. Ji, não tenha medo. Sou eu. Tô aqui — disse a pessoa, agarrando seu braço com urgência.

Ji Muye: Claro que ela não estava com medo.

Na sua imaginação, Jiang Zheng estaria encolhida em algum canto, pálida, esperando que ele a resgatasse.

Mas… não foi bem assim.

No escuro, sem resposta dele, Jiang Zheng perguntou:

— Tá tudo bem com você?

Ela se lembrava perfeitamente do episódio na gravação de Reino de Dongnu, quando Ji Muye ficou pálido de medo com o incidente do barco falso.

Ji Muye respirou fundo, respondeu com um gemido trêmulo e depois murmurou:

— Posso segurar sua manga?

Ela prontamente segurou sua mão.

— Tá tudo certo. A luz já vai voltar.

Ji Muye mordeu o lábio inferior e apertou a mão dela com força. Tudo bem. Covarde que seja… pelo menos conseguiu segurar a mão dela.

Cinco minutos depois, a luz voltou. Tudo se normalizou.

Relutante, Ji Muye soltou a mão dela e disse, com um suspiro:

— Eu deveria agradecer…

Jiang Zheng ergueu o rosto e o encarou com olhos brilhantes.

Ji Muye engoliu as palavras. Jiang Zheng fingia que estava viciada em atuar, mas na verdade ela só queria evitar que ele se atrasasse demais nas gravações. Era pra ser fã… e no fim, era ela quem o ajudava nas filmagens, e ainda se preocupava com seu medo do escuro…

Tudo parecia invertido.
Esse sentimento de ser mimado… era doce, agridoce e triste ao mesmo tempo.

Jiang Zheng pareceu entender o que ele queria dizer e sorriu com malícia:

— Não precisa dizer nada. Sou tímida demais. Acho que… não vai ter próxima vez.

Ji Muye:

Dentro do carro, Han Yi murmurou:

— Estranho… por que será que a energia caiu do nada? Sabe, da outra vez aconteceu igualzinho aqui nesse estúdio, e alguém — não, mais de uma pessoa — disse ter visto uma figura de cosplay andando e murmurando. Quando a luz voltou… sumiu tudo. Vozes, sombra, gente. Um mistério.

Ele riu sozinho:

— Você é corajosa demais, nunca tem medo dessas coisas. Eu ainda fico com um pé atrás.

Depois de falar, percebeu que Jiang Zheng não respondia. Virou-se para ela.

Jiang Zheng riu:

— Quem disse? Eu fiquei morrendo de medo.

Mas alguém… estava mais assustado que eu.

Ela abaixou o olhar para o celular. O avatar de Ji Muye no WeChat vibrava sem parar.

Ela abriu a conversa. Ele havia mandado uma única frase:

[Pelo bem dos poemas que escrevo pra você… não pare de… me mimar.]

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**[1] Oiran: termo coletivo para as cortesãs de mais alto escalão na história japonesa.


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