Capítulo 56 a 60


 Capítulo 56 – Apenas de Passagem

— Como foi?

— O Hospital Popular tá sempre cheio de gente entrando e saindo. Pra não chamar atenção, a gente só passou pela ala de maternidade e pediatria. Vamos voltar daqui a uns dias.

— Ótimo. Rápido, desenhe o layout do hospital. Vamos precisar disso pro plano mais tarde. Quanto mais movimentado, melhor — vai desviar a atenção. Eles nunca vão imaginar que o ataque vai ser lá.

Na entrada da escolinha infantil, algumas crianças saíam sorrindo, outras aos prantos, com os rostinhos todos sujos, parecendo gatinhos chorões.

— Vovó!

— Vovó!

Dabao e Erbao correram até Yang Yufen, que os ergueu e os colocou no triciclo. Os dois se acomodaram logo em seus banquinhos, atraindo olhares invejosos dos outros pequenos.

Dabao acenou para um coleguinha que tinha feito naquele dia.

— Se divertiram hoje?

— Nos divertimos muito!

— Então a vovó traz vocês de novo amanhã. Comeram bem no almoço?

— Comemos até ficar de barriga cheia!

Dabao deu tapinhas na barriga, mas logo fez um biquinho.

— Mas agora tô com fome de novo...

Yang Yufen não conseguiu conter a risada.

— Aqui, um pra cada um. Comam isso primeiro, e quando chegarmos em casa, a vovó faz leite pra vocês.

Ela tirou dois bolinhos de pêssego, e os olhos de Erbao brilharam.

— Obrigado, vovó!

Yang Yufen olhou os dois comendo felizes enquanto pedalava mais rápido.

De volta em casa, preparou leite para os meninos e foi para a cozinha.

Os dois engoliram o leite num gole só e começaram a tagarelar sobre as brincadeiras da escola naquele dia.

Depois de uma tentativa frustrada de encontrar alguém, Yang Yufen decidiu não insistir de novo.

Passadas mais de duas semanas com as crianças frequentando a escola, ela já havia se acostumado com a casa mais silenciosa. O comportamento dos gêmeos também havia mudado — antes, ela ia buscá-los, agora eles voltavam sozinhos.

Como tudo acontecia dentro do próprio conjunto residencial, não havia risco real de alguém os sequestrar. Mas, como toda criança, eles tinham a imaginação fértil.

Como hoje, por exemplo, quando chegaram cobertos de lama, cada um segurando um potinho artesanal.

— Vovó, aqui! Fogo!

— Fogo! Bonito!

Os potes de barro, tortos e irregulares, eram o novo tesouro deles — e exigiam que a avó os assasse no fogo.

— Tá bom, tá bom. Mas primeiro vão lavar toda essa lama — até no cabelo entrou! Qualquer dia vou raspar a cabeça de vocês, pra facilitar minha vida.

Mesmo resmungando, Yang Yufen colocou os potinhos no fogão e preparou água para os meninos.

— Buááá — quebrou! Meu pote!

O choro de partir o coração veio quando o pote de barro rachou no fogo. O coração de Yang Yufen também doeu ao ver o amontoado rachado no fogão.

O choro de Dabao foi tão alto que até Yaoyao, que fazia lição de casa na casa ao lado, veio correndo. Erbao não chorou em voz alta, mas as lágrimas silenciosas eram ainda mais dolorosas.

O dia terminou em confusão. E à medida que o Dia Nacional se aproximava, o clima no conjunto residencial ficava mais tenso.

— O diretor de logística foi levado!

— O Diretor Yi do departamento de logística? E o Diretor Zhao Lian?

— Acabei de ver o Diretor Zhao saindo correndo. Dizem que o trabalho da Yi Mengling ligou, e aí levaram o Diretor Yi.

— Yi Mengling… Irmã Yang, lembra dela?

Yang Yufen estava costurando sola de sapato — o inverno se aproximava, e era preciso preparar os calçados das crianças.

— Claro que lembro. Aquela fofoqueira nunca pareceu pessoa de boa índole.

Ela ergueu o olhar. Yi Mengling tinha sido a primeira a arranjar confusão com sua nora quando se mudaram para o conjunto. Enquanto os outros buscavam se aprimorar, aquela moça só sabia tramar, com os olhos sempre revirando pra todos os lados.

No dia seguinte, Yang Yufen soube do resto.

Zhao Lian, com medo de que os atos de Yi Mengling prejudicassem a reputação do marido, denunciou tudo o que a moça havia feito.

— Aquela tal de Yi... queria subir na vida se metendo com homem casado! A esposa apareceu no trabalho dela, e na confusão, ela empurrou a mulher, que perdeu o bebê. A família é influente, então vieram direto pra cá.

Com os preparativos para o desfile militar em andamento, a segurança da cidade havia se intensificado.

— Irmã, rápido! Socorro! A criança correu e bateu o queixo no degrau — abriu um talho enorme, e não para de sangrar!

A tia Liu apareceu correndo, pressionando o queixo ensanguentado da criança.

— Ai, que horror! Eu fico com Dabao e Erbao — leva ele pro hospital agora! — exclamou a tia Wang, assustada.

Sem hesitar, Yang Yufen puxou o triciclo. Assim que se acomodaram, ela pedalou direto para o Hospital Popular Número Três. Nos dias atuais, todos do conjunto estavam ocupados, exceto as mulheres e crianças sem trabalho. A tia Liu tinha ido primeiro ao ambulatório, mas como estava fechado, correu até Yang Yufen.

— O corte é profundo, tem cascalho dentro. Vamos ter que limpar tudo antes de dar os pontos. Vai ficar cicatriz.

— Cicatriz não tem problema — é embaixo do queixo, quase não dá pra ver. Mas olha como inchou! Por favor, doutor, seja rápido — ele tá perdendo tanto sangue que pode desmaiar!

A tia Liu pisava nervosa. Foi então que Yang Yufen viu o ferimento — a pele estava rasgada, não era à toa que sangrava tanto.

— A limpeza vai doer. Alguém precisa segurar ele firme.

Enquanto o médico preparava os instrumentos, a tia Liu olhou para Yang Yufen — suas mãos e pernas estavam bambas.

Entendendo a situação, Yang Yufen se adiantou e segurou firme o menino. Um garoto de oito ou nove anos podia ter força de bezerrinho.

— Tá tudo bem, a vovó Yang tá aqui. O doutor vai te curar logo, logo.

Ela o acalmou, e embora ele gemesse de dor, sabia que era por bem. Em alguns momentos, a dor quase o fez querer fugir, mas o abraço firme de Yang Yufen o manteve no lugar.

Quando terminou de dar os pontos, o menino estava esgotado. Felizmente, o pior tinha passado.

Ao saberem que eram do conjunto do instituto de pesquisas, o médico passou orientações e os liberou.

— Preciso ir ao banheiro.

Yang Yufen avisou de repente.

— Pode ir, a gente espera aqui.

Ela assentiu e foi apressada em direção ao banheiro. Mas ao sair, alguém esbarrou nela. Ao reconhecer o rosto, quase perdeu o fôlego — e sentiu algo ser pressionado em sua mão. Ela fechou os dedos com força.

Depois do rápido encontro, voltou para o triciclo e levou a tia Liu e o menino pra casa. Só parou quando estavam dentro do conjunto.

— O que houve? Tá suando demais! Tá cansada? Quer que eu pedale?

— Nada, é só o calor.

Recuperando o fôlego, Yang Yufen deixou os dois em casa, depois tirou o que tinha recebido — uma pequena cápsula selada com cera. Após pensar um pouco, saiu do conjunto novamente e foi direto ao distrito militar.

— Preciso falar com o Comissário Político Zhao. Sou mãe de Shen Xianjun e minha nora é pesquisadora no instituto. Tenho informações urgentes para relatar.


Capítulo 57 – Dias Empolgantes

Yang Yufen esperou por duas horas inteiras até que o Comissário Político Zhao finalmente chegou.

— Tia Yang, o que a traz aqui?

— Comissário Zhao, podemos conversar em um lugar seguro?

Yang Yufen falou em tom baixo. O Comissário Zhao hesitou por um instante, depois a conduziu até um escritório.

— Pode falar à vontade aqui, Tia Yang. É seguro.

Enquanto ele se preparava para lhe servir um copo d’água, Yang Yufen tirou uma cápsula de cera quase derretida.

— Vi o Xianjun no Hospital Número Três. Ele me entregou isso sem dizer uma palavra.

O Comissário Zhao pegou a cápsula com expressão grave.

— Espere aqui, Tia Yang.

Ele saiu para fazer uma ligação. Quinze minutos depois, Yang Yufen estava frente a frente com o oficial superior do distrito militar e o ex-comandante da companhia de seu filho.

Os três abriram a cápsula de cera. Depois de lerem o conteúdo, bateram com força na mesa, indignados.

— Tia Yang, parece que a senhora já desconfiava de parte disso. O camarada Shen entrou em contato com agentes inimigos durante uma missão. Quando a organização percebeu, sua identidade já estava prestes a ser descoberta. Decidiu-se então que ele se infiltraria ainda mais fundo — por isso a notícia foi mantida em segredo. Mas esse assunto ainda não pode ser divulgado.

— Entendo. Desde que ele esteja vivo, já é o bastante. Tenho duas crianças em casa e já estou fora há tempo demais.

Yang Yufen assentiu.

— Agradecemos pelo esforço, Tia Yang. Por favor, tenha cautela nos próximos dias — evite sair de casa, a não ser que seja extremamente necessário.

O próprio Comissário Zhao a escoltou para fora do distrito militar.

No escritório:

— Senhor, o que fazemos agora? Se eles conseguirem detonar aquilo, os pacientes do hospital não terão chance.

— Estão tentando nos distrair. Vamos virar o jogo — o Hospital Número Três tem uma caldeira, certo? Use a explosão dela para fazê-los pensar que o plano deu certo. Vamos atrair o peixe grande. O desfile militar precisa ocorrer sem nenhum incidente!

— Mas uma explosão ainda vai causar pânico. E os pacientes?

— Chamem de simulação. Avisem com antecedência — digam que é uma inspeção surpresa de preparo para emergências.

— Entendido. Vou providenciar tudo.

Sem saber de nada disso, Yang Yufen voltou pra casa. Shen Xianjun também estava ansioso — jamais imaginou cruzar com a mãe. Mas com tantos olhos sobre ele, foi difícil passar a mensagem. Aquela era sua única chance.

Faltavam menos de dez horas para as comemorações do Dia Nacional.

Às 3 da manhã, uma explosão sacudiu o Hospital Popular Número Três. O céu noturno se iluminou com as chamas.

A explosão era o sinal.

— Xianjun, minha barriga tá doendo. Fica comigo, por favor.

Jiang Rourou segurou na manga de Shen Xianjun.

— Quer que eu te leve pro hospital?

Shen Xianjun soou preocupado.

— Deve estar uma loucura lá agora. Melhor esperar. Tô com um pressentimento ruim.

O tempo se arrastou até o amanhecer, e os primeiros acordes da marcha militar ecoaram pelo ar.

— Tem algo errado. A gente precisa sair daqui — agora.

Incapaz de esperar mais, Jiang Rourou ignorou a dor.

— Não. A segurança vai estar apertada agora. Se algo realmente aconteceu, se mover é o mais arriscado. Vamos ao hospital — sua gravidez é um motivo válido. Lá a gente se vira.

No hospital, Jiang Rourou tentou conseguir informações, mas sua condição piorou. Foi levada às pressas para a cirurgia.

Ao ver as portas se fecharem atrás dela, Shen Xianjun finalmente soltou um suspiro de alívio.

Enfim, podia recuperar sua verdadeira identidade.

Saindo para fazer uma ligação, já estava quase na cabine telefônica quando uma manchete de jornal chamou sua atenção. Uma mão tocou seu ombro — instintivamente, ele se virou pronto para reagir.

Mas ao encarar o rosto, reconheceu quem era.

— Irmão Lan! Eu ia te ligar agora. A Rourou... ela tá na cirurgia. Não consegui protegê-la. Me desculpa.

— Como ela está?

A voz de Irmão Lan era carregada de preocupação.

— Eu te levo até ela.

Shen Xianjun se prontificou, mas o outro balançou a cabeça.

— Não posso vê-la agora. A missão saiu do controle. Entro em contato depois. Cuida bem da Rourou. Aqui — esse é um novo endereço. Leva ela pra lá quando receber alta. Espere meu chamado.

Com um leve tapa no ombro de Shen Xianjun, Irmão Lan montou em sua bicicleta e sumiu.

Shen Xianjun comprou alguma comida antes de voltar para a ala cirúrgica.

No conjunto residencial, os vizinhos se amontoavam em frente à TV. As crianças se empoleiravam nas camas de bambu, as mulheres em banquinhos, beliscando amendoins e sementes de girassol.

— Olha! Estão saindo! Uau!

A tela mostrava figuras que arrancavam aplausos da plateia.

— Aviões! Que legal! Um dia vou pilotar um!

— Tanques! Eu vou ser soldado de tanque e derrubar aviões!

As crianças tagarelavam empolgadas; os adultos assistiam com atenção.

— Aquela é a Pequena Qin? Irmã Yang, sua nora tá na TV com o mentor dela! Essa farda caiu muito bem nela!

Yang Yufen sorriu orgulhosa enquanto os netos gritavam:

— Mamãe! É a mamãe!

O grupo se divertia tentando reconhecer rostos conhecidos.

— Nosso país tá ficando cada vez mais forte. A vida só tende a melhorar.

— Parece que a guerra foi ontem... e ao mesmo tempo, parece que faz séculos.

Era o primeiro desfile militar em vinte e quatro anos. Jornalistas estrangeiros lotavam o local — o ceticismo deles dava lugar à admiração.

Yang Yufen comemorou sacrificando uma galinha, esperando Qin Nian voltar à noite. Quando ela não apareceu, não se incomodou — haveria outra galinha na próxima vez.

A família festejou. Depois de uma semana de folga, as crianças quase perderam a hora da escola — as manhãs estavam frias, e sair do cobertor era um desafio.

Com as crianças na aula, Yang Yufen ficou sem muito o que fazer. O negócio de gaiolas de bambu tinha acabado, e com os pequenos por perto, os fiapos e farpas eram perigosos demais.

Com a chegada do outono, ela retomou um antigo ofício: batata-doce assada.

O timing era perfeito — as crianças almoçavam na escola, então ela podia montar a barraca depois de deixá-las e desmontar antes de buscá-las. Se sobrasse, não tinha problema — os netos adoravam.

Ela pôs as mãos à obra. Seu ponto habitual já estava ocupado, então escolheu a entrada do Hospital Número Três.

Mas batata-doce não era nada de novo. Outra ideia lhe veio à cabeça — mas antes, precisava comprar os ingredientes.

Capítulo 58 – Quer Me Enganar com Dinheiro Falso

Ela comprou vinte canecas — algo que jamais teria se permitido no passado.

— Madrinha, essas peras estão todas azedas. Pra que precisa de tantas assim?

Wang Shuo havia trazido várias cestas cheias de peras-d’água.

— Eu estava pensando em vender batata-doce assada na frente do hospital, mas tem gente demais fazendo isso agora. Aí pensei em sopa de pera — perfeita pra pacientes, quentinha e reconfortante. Quando o tempo esfriar, uma tigela disso vai cair bem, e as famílias não vão se importar de pagar.

— Madrinha, a senhora é incrível! Como é que pensa nessas ideias? Tem peras suficientes? Elas são tão azedas e ásperas que ninguém nem colhe das árvores. Vou pegar todas pra você.

Wang Shuo estava cheio de energia. Mesmo com seu status mais alto, raramente sua madrinha precisava de ajuda. Agora que ela finalmente o havia encarregado de algo, ele mesmo se encarregou de colher as frutas.

— Ótimo. Se não vendermos tudo, dá pra fazer xarope de pera depois.

A vida havia melhorado, e os gostos das pessoas se tornaram mais exigentes.

Yang Yufen também desenterrou as tâmaras que o pessoal da vila havia lhe enviado.

No primeiro dia, não preparou muita coisa — seu forno não era grande, e ainda precisava de espaço para as batatas-doces.

— Batata-doce assada! Quentinha e cheirosa, batata-doce assada!

— Peras-d’água assadas! Doces e nutritivas, ótimas para tosse e pulmão — bem quentinhas!

Yang Yufen amarrou o avental e começou a chamar os transeuntes.

Estava quase na hora do almoço, e os familiares dos pacientes no hospital com certeza estariam em busca de comida.

— Peras-d’água assadas? Ajudam mesmo com a tosse?

Logo alguém se aproximou.

— Minha sopa de pera tem tâmara e açúcar cristal — só coisa boa. No outono, quando as crianças tossem, a gente cozinha peras-d’água em sopa pra elas. Depois de algumas tigelas, a tosse melhora. Parece bom, não é?

Yang Yufen pegou uma caneca com o pegador. Ao levantar a tampa, o vapor quente e perfumado da sopa de pera se espalhou no ar.

— Vou querer uma tigela. Pode colocar na minha marmita. Quanto custa?

— Um yuan. Peras não são baratas, e ainda tem tâmara e açúcar — fica bem doce.

— Tudo bem.

Yang Yufen despejou a sopa de pera na marmita, tampou direitinho e ainda colocou uma batata-doce assada por cima.

— Você é meu primeiro cliente de hoje, então vai ganhar uma batata-doce de presente. Cuidar de paciente é difícil — não esqueça de cuidar de si também.

Ela sorriu ao receber o pagamento.

— Se essa sopa for boa, vou contar pra todo mundo no hospital comprar com você.

O rapaz saiu feliz com a marmita na mão.

Yang Yufen estava confiante em seu produto. Sua própria família adorava — não podia ser ruim.

Depois da primeira venda, mais clientes vieram. As vinte canecas de sopa de pera se esgotaram rápido, com alguns até fazendo pedidos antecipados.

— Não trouxe peras suficientes hoje. Só sobrou isso — vão ter que esperar meia hora. Amanhã venho mais cedo e reservo pra vocês.

— Por favor, tia, guarda uma tigela pra mim.

Mesmo depois que a sopa acabou, muitos ainda compraram batata-doce.

Yang Yufen não ficou desapontada por não ver Shen Xianjun na entrada do hospital novamente. Tinha ganhado um bom dinheiro naquele dia — montar sua própria barraca era mesmo o caminho certo.

Voltou pra casa animada. Depois de tanto tempo sem renda, contou o dinheiro do dia várias vezes — cinquenta e seis yuans no total — antes de guardá-lo com cuidado.

Os dias passaram, e Qin Nian ainda não havia voltado. No entanto, o Professora Wen fez uma visita.

— A Nian vai terminar o trabalho até o fim do ano. Aí faremos uma ceia juntos.

— Que bom, que bom.

— Sogra, começou um novo negócio?

A Professora Wen notou as mudanças na casa.

— Sim. As crianças estão crescendo aos poucos, e a Nian trabalha tanto. Ainda sou forte e capaz — ainda consigo fazer minhas coisas.

Desde o desfile militar, os negócios dos vendedores ambulantes estavam prosperando ainda mais.

— Isso é ótimo. Manter-se ocupada espanta o vazio. Aquele triciclo seu tá bem velhinho — vou pedir pro Xiao Jun conseguir um novo pra você.

— Ainda funciona. Não precisa incomodá-lo — o irmão mais velho da Nian já tem tanto trabalho.

— Somos família. Nada é grande ou pequeno demais. Quando nevar, esse triciclo velho pode virar problema.

Com o fim do desfile, Hu Jun finalmente teve um tempo livre.

— Tá certo, então. Mas eu mesma vou pagar.

Dessa vez, Yang Yufen não recusou.

O negócio da sopa de pera-d’água estava indo ainda melhor que o das batatas-doces. Em apenas meio mês, ela já tinha lucrado oitocentos yuans.

Por sorte, não precisava se preocupar com as peras — seu afilhado cuidava disso. E como não economizava no açúcar, ninguém conseguia competir com ela.

Em meados de novembro, caiu uma leve neve, e os negócios de Yang Yufen explodiram ainda mais.

Pacientes muitas vezes perdiam o apetite, mas uma tigela quente de sopa de pera abria o estômago. Além disso, com o tempo esfriando, mais gente ficava doente.

Seu fogão não parava de funcionar. Ela dobrou o número de canecas para quarenta — e ainda assim, mal dava conta.

A cada dia que a pilha de dinheiro aumentava, Yang Yufen se sentia ainda mais cheia de energia.

Com um pouco mais de economia, poderia comprar outra casinha — dessa vez, perto do instituto de pesquisa em vez do bairro universitário.

As crianças só entrariam de férias em janeiro. Ela já tinha tudo planejado: quando estivessem em casa, ela pararia de vender. Depois do Ano Novo, com as aulas de volta, retomaria o negócio.

— Uma tigela de sopa de pera, por favor. Irmão Lan, quer uma também?

Uma voz familiar soou. Yang Yufen, que estava agachada colocando canecas no fogão, se sobressaltou e quase derrubou uma delas.

— Um momento. Trouxe marmita?

Ela forçou a voz a se manter firme.

— Não. Você vende a caneca? Posso deixar um depósito de dois yuans e devolvo depois.

— Tudo bem.

Ela preparou uma tigela de sopa de pera.

— Não é pra mim — recusou Irmão Lan.

— Irmão Lan, por que não fica com a Rourou? Eu posso cuidar do resto sozinha.

— Sozinha não dá. Contratei uma babá pra Rourou — ela vai cuidar bem dela e do bebê.

Irmão Lan acendeu um cigarro.

Shen Xianjun entregou três yuans a Yang Yufen.

— Tia, vê se isso aqui tá certo. Depois devolvo a caneca.

— Tudo certo.

Ela pegou o dinheiro, o olhar demorando um instante na caligrafia antes de guardá-lo com o restante na carteira.

— Vai lá. Eu fico esperando aqui — disse Irmão Lan, sacudindo a cinza do cigarro.

Shen Xianjun assentiu e entrou no hospital.

— Tia, quero comprar essa caneca. Me devolve o dinheiro do meu amigo.

Irmão Lan puxou uma nota de dez yuans. Yang Yufen enfiou a mão na carteira e entregou o troco.

— Aqui.

Ela pegou os três yuans.

— Esses são mesmo os três yuans? Achei que uma das notas estava com a ponta rasgada.

Irmão Lan franziu levemente a testa.

— São esses aqui. Acabei de guardar. Tá querendo me passar dinheiro falso?

Yang Yufen puxou as notas de volta com rapidez, a voz afiada e desconfiada.

— Não, não! Só não queria que você me desse as erradas sem querer.

Irmão Lan riu da situação, mas o tom exaltado de Yang Yufen já havia atraído olhares curiosos ao redor.

Capítulo 59 – Envolvida

Yang Yufen contou cuidadosamente o dinheiro antes de entregar os três yuans.

O homem pegou as notas e caminhou em direção ao hospital.

Yang Yufen manteve a expressão inalterada, o sorriso firme, continuando a vender sua sopa de pera assada.

Quando o homem saiu, lançou mais um olhar em sua direção, mas, ao vê-la ocupada, desviou os olhos.

— Vamos logo, senão vamos perder o trem.

— Não... minha barriga tá doendo.

De repente, Yang Yufen levou a mão ao abdômen.

— Tia Yang, o que foi?

Como já montavam as barracas no mesmo local há algum tempo, os vendedores se conheciam bem.

— Preciso ir ao banheiro. Pode cuidar da minha barraca por um instante? Volto rapidinho.

— Claro, vai tranquila.

Naqueles tempos, as pessoas eram simples e honestas — era comum deixar as coisas sozinhas, sem preocupação.

Yang Yufen apressou-se até o hospital e seguiu direto para o escritório da diretoria.

Sua nora havia dado à luz ali, e ela já havia lidado com o Diretor Hu antes.

— Posso usar o telefone? Preciso ligar para o distrito militar.

Diante de suas palavras, o Diretor Hu entendeu na hora e ainda ficou de guarda na porta.

Yang Yufen discou o número que o Comissário Político Zhao lhe havia deixado.

Ela transmitiu as palavras escritas nas notas e relatou a conversa que ouvira antes de passar o telefone ao Diretor Hu.

— Temos espiões inimigos no hospital?

O Diretor Hu não era tolo — sabia ler nas entrelinhas, especialmente com as instruções que recebeu do outro lado da linha.

— Preciso ir agora.

Yang Yufen voltou apressada para a barraca. Felizmente, o movimento do almoço já tinha passado. Ainda havia clientes, mas não era mais aquela correria.

Ela arrumou suas coisas como de costume, preparando-se para pedalar de volta ao conjunto residencial, quando, de repente, uma bicicleta veio em sua direção com tudo.

Suas pálpebras tremeram fortemente. Abandonando o carrinho, ela se jogou para o lado a fim de evitar a colisão, mas escorregou e caiu, escapando por pouco do impacto.

Curiosos se aglomeraram, e alguém agarrou o ciclista, que fedia a álcool.

— Tia Yang, a senhora tá bem? Já pegamos ele — não deixem escapar!

— Ai, acho que machuquei as costas...

Com a ajuda de alguns, Yang Yufen conseguiu se levantar. Estavam bem em frente ao hospital, então buscar atendimento médico foi rápido.

Ao saber do ocorrido, o Diretor Hu foi pessoalmente vê-la e acionou tanto o distrito militar quanto a polícia.

— Não, preciso voltar pra casa. Tenho duas crianças me esperando. Só me dê uma pomada — eu mesma aplico.

O médico insistiu que ela ficasse internada, mas Yang Yufen recusou de imediato.

— Lesão no cóccix não é pouca coisa.

— Tá tudo bem. Consigo me recuperar em casa. As crianças são pequenas, e o posto médico do conjunto fica logo ali. Eu conheço meu corpo — é resistente. Só não vou poder vender peras assadas por um tempo. Avisem o pessoal, por favor.

Por fim, o Diretor Hu providenciou alguém para acompanhá-la de volta ao conjunto com a bicicleta.

Seus netos já estavam em casa, brincando do lado de fora. Ao verem a avó sendo ajudada, correram ao encontro dela.

— Vovó!

— Calma, a Tia Yang se machucou.

— Não foi nada, ainda consigo andar. Obrigada pela ajuda. Dabao, Erbao, agradeçam.

A Tia Wang apareceu correndo para ajudar, chegando a preparar o jantar para todos.

— Como foi que você caiu?

— Um ciclista bêbado veio pra cima de mim. Eu desviei, mas escorreguei no chão.

Yang Yufen se recostou no sofá.

— Pegaram o sujeito, mas eu já ia parar de trabalhar quando as crianças entrassem em recesso. Agora, tive que fechar com meio mês de antecedência.

Não pôde evitar um leve pesar.

— Saúde vem primeiro. Quando melhorar, se quiser continuar, eu cuido das crianças. Aqui no conjunto é seguro.

O coração de Tia Wang doía pela amiga.

Os dois pequenos, sabendo que a avó estava machucada, ficaram por perto, coladinhos.

— A vovó tá bem. Depois do jantar, deixo vocês assistirem TV.

Yang Yufen afagou as cabecinhas deles, e os dois assentiram obedientes.

— A partir de hoje, vou trazer a comida e levar as crianças pra escola.

Usar seu próprio fogão era mais prático — só precisava fazer um pouco mais de arroz. Acender outro fogo só pra ela seria muito trabalho.

— Tá bem, tá bem.

Yang Yufen concordou, embora soubesse que aquela desgraça estava diretamente ligada ao azar do filho. Do contrário, como poderia algo tão coincidente ter acontecido?

Quando o Diretor Hu e o Professora Wen souberam do ferimento de Yang Yufen, já tinham se passado quatro dias. A delegacia entrou em contato para organizar a compensação.

— Fratura leva cem dias pra sarar. Considerando a situação da Tia Yang, estamos indenizando pelas perdas de trabalho e despesas médicas — mil yuans ao todo. Por favor, aceite e assine aqui. Assim podemos encerrar o caso.

Yang Yufen não sabia escrever, então a Professora Wen assinou por ela. O dinheiro foi contado duas vezes, com ambas as partes confirmando o valor.

Depois de acompanhar os policiais até a saída, o Professora Wen retornou.

— Por que não avisou que se machucou? Vamos cuidar das crianças por enquanto pra você poder descansar.

Preocupado, o Professora Wen franziu a testa, mas Yang Yufen se endireitou.

— Não foi nada. O diretor exagerou. Não preciso de tanto tempo assim pra me recuperar. Vocês estão ocupados, ainda tem um recém-nascido em casa. O Dabao e o Erbao são bem comportados. Minha irmã jurada aqui do lado ainda me traz comida.

— Com calma, não se force, minha querida.

A professora Wen a amparou rapidamente.

— Sério, estou bem. Se fosse grave, o médico não teria me dado só pomada. Eu não sou de economizar com saúde.

Depois de muita insistência, o Professora Wen finalmente cedeu. Mas, ao ver Yang Yufen puxando o dinheiro, seu semblante mudou de novo.

— Ainda pensando em comprar imóvel?

A Professora Wen olhou incrédula para a pilha arrumada de notas.

— Sim. Se um dia eu não puder mais trabalhar, alugar casas extras vai aliviar a carga da Niannian. As crianças já dão trabalho suficiente pra ela. Essas casas do governo não são tão seguras quanto ter uma própria.

Yang Yufen suspirou, contando suas economias. Queria comprar uma pulseira de ouro para a Niannian, mas agora teria que se contentar com um colar.

— Você trabalhou duro. Mas o preço dos imóveis subiu bastante.

— Não vou comprar perto do distrito universitário. Perto do instituto de pesquisa também é bom.

Yang Yufen respondeu prontamente.

— Tudo bem, vou te ajudar a procurar. Descanse bastante, e vou pedir pro Velho Hu dar uma folga pra Niannian vir cuidar de você.

A professora Wen empurrou de volta o dinheiro.

— Não, não conte à menina. Logo estarei recuperada — sem carregar peso, e as crianças podem ir pra creche. Deixe a Niannian se concentrar no trabalho.

Yang Yufen recusou com firmeza.

— Vou pedir pra Pequena Zhou vir te ver depois.

A professora Wen acabou concordando. Sua nora era médica militar — a visita dela os tranquilizaria.

— Tá bom. Agradeça à Pequena Zhou por mim. Ela pode vir quando tiver tempo, mas o trabalho vem primeiro.

Capítulo 60 – Não Fale com Estranhos

— Irmão Lan, estamos esperando por quem?

— Você vai descobrir logo. Desta vez, precisamos reunir informações claras sobre essas fábricas farmacêuticas.

— Por que coletar informações sobre fábricas farmacêuticas?

Shen Xianjun franziu a testa, confuso. Ao ver a lista com os nomes de fabricantes de remédios bem conhecidos, imediatamente sentiu que havia algo errado.

— Pra ganhar dinheiro, é claro. Fique quieto e me siga mais tarde.

— Ganhar dinheiro?

Ainda sem entender direito, Shen Xianjun memorizou os nomes das fábricas e obedeceu, seguindo Irmão Lan sem questionar.

Quando a pessoa que estavam esperando apareceu com aquele bigodinho fino, Shen Xianjun mal conseguiu disfarçar sua reação.

Para não se entregar, cerrou o maxilar e manteve-se calado o tempo todo.

Naquela noite, deitado em sua cama, Shen Xianjun revirava-se, incapaz de dormir. Aquelas fábricas estavam na mira do homem de bigode, que, por não poder agir abertamente, precisava que eles se passassem por investidores estrangeiros para fazer o valor delas despencar.

Independentemente das políticas atuais sobre investimento externo, Shen Xianjun tinha certeza de uma coisa: qualquer coisa que aquele homem quisesse não podia ser boa. Essas fábricas não podiam cair nas mãos dele.

Mas o que ele podia fazer?

Especialmente quando o governo parecia totalmente alheio ao perigo, a angústia crescia dentro de Shen Xianjun.

— Essas pessoas são tão fáceis de enganar. É só jogar um dinheirinho e elas vendem tudo, hahaha!

Durante outra refeição, ao ouvir as palavras do homem de bigode com seu sotaque carregado, o coração de Shen Xianjun gelou.

— Eu mesmo vou à capital. Você e seus homens vêm comigo.

De repente, o homem apontou para Irmão Lan e Shen Xianjun.

— Isso não é perigoso? — questionou Irmão Lan, preocupado.

— Hmph! O lugar mais perigoso é o mais seguro. Tem um ditado chinês antigo: “escuridão debaixo do candeeiro”.

Shen Xianjun rangia os dentes em silêncio.

— Tudo bem. Vou providenciar o carro. A-Xian, você dirige.

Irmão Lan falou, e Shen Xianjun despertou de seus pensamentos, assentindo.

Quando o carro pegou a estrada, Shen Xianjun lutou inúmeras vezes contra o impulso de mandar todos ali direto pra morte. Mas se conteve até finalmente entrarem na capital.

— A Rourou vai ficar radiante ao saber que o Irmão Lan voltou. Quando vai vê-la?

Shen Xianjun acendeu um cigarro e comentou, como quem não quer nada.

— Não tem pressa. Vamos nos instalar primeiro e resolver os negócios. Você dirigiu o dia todo — vai descansar.

Shen Xianjun assentiu.

Irmão Lan pegou as chaves e foi embora dirigindo para um destino desconhecido.

Um pequeno carro reduziu a velocidade ao passar em frente ao Terceiro Hospital Popular, mas não parou.

— Finalmente acabou! Agora sim vamos curtir o Ano Novo!

Xiao Ranran comemorou, e Qin Nian sorriu aliviada enquanto arrumava suas coisas.

— Qin Nian, venha aqui. Pode deixar a arrumação pra depois.

O Diretor Hu chamou-a com um gesto.

— O que foi, professor? Aconteceu algo?

— Sua sogra caiu. Ela não queria que te avisássemos, mas estou te liberando mais cedo. Você pode arrumar suas coisas depois.

— O quê? Ela caiu? Vou pra casa agora!

Qin Nian largou tudo imediatamente.

— Ranran, pode me ajudar com as coisas? Preciso ir.

— Claro.

Xiao Ranran respondeu prontamente.

Qin Nian pegou sua bicicleta, que estava parada há tempos, e pedalou direto para casa, onde encontrou Yang Yufen sentada sozinha no sofá, costurando solas de sapato.

— Mãe, a senhora está machucada! Por que ainda está trabalhando?

Ao ouvir a voz de Qin Nian, Yang Yufen virou-se, surpresa.

— Qin Nian, você voltou! Dabao e Erbao estão na casa da outra avó.

Feliz, Yang Yufen largou a costura e tentou se levantar.

— Mãe, devagar.

Qin Nian correu para ampará-la.

— Estou bem. Já faz um mês — só não posso pegar peso. As crianças crescem tão rápido, pensei em fazer mais solas de sapato pra eles. Vou matar um frango — fazemos pro jantar.

— Não, mãe. Vamos ao hospital agora mesmo.

Qin Nian quase fez biquinho.

— Estou mesmo bem.

Yang Yufen não conteve a risada.

— Só acredito no que o médico disser. Ainda é cedo — vamos ao Terceiro Hospital Popular. Eu levo a senhora no triciclo.

Yang Yufen não teve como argumentar. Qin Nian geralmente era tranquila, mas, quando tomava uma decisão, ninguém a fazia mudar de ideia.

Depois de um exame completo, o médico confirmou:

— Você se recuperou bem, mas evite trabalhos pesados por mais um tempo.

— Agora pode ficar tranquila. Eu vou me cuidar. Já que estamos na rua, vamos comprar as compras de Ano Novo.

Yang Yufen tinha planejado sair no dia seguinte, mas como já estavam fora, aproveitou.

— Tá bom.

Qin Nian ficou aliviada. Apesar dos gastos, saber que a sogra estava bem compensava tudo.

— Mãe vai ao banheiro. Me espere aqui.

Yang Yufen avisou, e Qin Nian assentiu. No saguão do hospital, não havia com o que se preocupar.

Enquanto esperava, o olhar de Qin Nian vagava até que viu uma figura familiar. Olhou de novo, desta vez vendo bem o rosto.

Por mais breve que tivesse sido o tempo juntos, Qin Nian tinha certeza — não era engano.

Se ele estava vivo, por que não voltou pra casa?

Seu corpo se moveu antes mesmo de pensar. Começou a segui-lo.

De repente, uma mão agarrou a sua.

— Qin Nian, terminei. Vamos.

Yang Yufen surgiu do nada, puxando-a na direção contrária.

— Mãe...

Qin Nian voltou à realidade. Será que sua sogra não o tinha visto?

— Não fale com estranhos. Tem muita gente perigosa hoje em dia.

Yang Yufen sussurrou, deixando claro — ela tinha visto, e interviu de propósito.

Yang Yufen tentou ajudar Qin Nian a subir no triciclo, mas ela a impediu, lembrando da lesão da sogra.

Aquele não era o lugar certo para conversarem.

— Vamos comprar as coisas primeiro.

Yang Yufen disse, e Qin Nian não teve escolha a não ser ir com ela até a loja de departamentos.

A loja estava lotada. Qin Nian tentava se manter perto de Yang Yufen, mas a multidão acabou separando as duas.

De repente, alguém esbarrou nela e algo foi discretamente colocado em sua mão. Uma figura alta passou por ela, e Qin Nian rapidamente escondeu o objeto na manga.

— Mãe, vamos comprar só o que já temos na lista hoje. Tá muito cheio — voltamos amanhã. Não quero que a senhora se machuque.

Vendo a sogra se aproximar, Qin Nian tomou a iniciativa.

— Está certo.

Yang Yufen concordou, e as duas saíram da loja, os braços carregados de sacolas.

De volta ao conjunto residencial, Qin Nian finalmente quebrou o silêncio.

— Mãe, eu vi ele de novo na loja de departamentos.

Yang Yufen não respondeu. Ficou em silêncio, sem saber como reagir.

As duas chegaram em casa caladas, onde Qin Nian retirou uma carta de dentro da manga.


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