Capítulo 141
ENTENDENDO MAL
À noite, logo após o jantar, bateram à porta. Xiao Hua era a pessoa mais próxima, então ela foi abrir.
Lá fora estava o pai do gordinho, o açougueiro Zhang.
O açougueiro Zhang era cinco grandes e três grossos (são as partes do corpo: grandes são mãos, pés, orelhas, ombros e nádegas, e grossos são cintura, pernas e pescoço. É para dizer que ele é alto, corpulento e robusto), mas ele gostava bastante de limpeza, e suas roupas rústicas estavam sempre limpas.
"Senhorita Tao."
Essa forma de se dirigir a Xiao Hua deixou Xiao Hua um pouco atordoada, mas ela rapidamente se recuperou e disse: "Irmãozão Zhang, o que houve?"
O açougueiro Zhang coçou a nuca e entregou um grande pedaço de carne de porco envolto em folhas de lótus.
"O gordinho da minha casa está sempre aqui comendo sua comida. Vim me desculpar pelo o inconveniente. Por favor, aceitem este pedacinho de carne de porco. Considerem isso como uma forma de agradecer."
Xiao Hua recusou repetidamente: "Não, não precisa. São só algumas refeições."
Xiao Hua ainda sabia que as pessoas no beco eram, em sua maioria, bastante pobres. Meio quilo de carne de porco valia mais de uma dúzia de moedas, o que equivalia a várias refeições para muitas famílias.
"Por favor, aceite minha oferta. Caso contrário, você estaria menosprezando nossa família."
Em poucas palavras, o velho temperamento do Açougueiro Zhang se tornou evidente. Depois de falar, ele lançou um olhar um pouco preocupado para Xiao Hua. Só depois de não ver nenhum sinal de desagrado em seu rosto, sentiu-se aliviado.
"É que..."
"Senhorita Tao, o meu comércio vende carne de porco. Não é grande coisa. Apenas trate isso como um agradecimento por cuidar do meu Gordão."
"Nesse caso, obrigada, irmãozão Zhang."
Xiao Hua aceitou o pacote de folhas de lótus. Vendo o Açougueiro Zhang permanecer no mesmo lugar sem sair, ela perguntou: "Irmãozão Zhang, há mais alguma coisa?"
"Não, nada..."
"Então eu vou voltar para dentro primeiro", disse Xiao Hua educadamente, enquanto se virava e fechava a porta.
O açougueiro Zhang, que ficou do lado de fora, ficou parado, atordoado, por um longo tempo, antes de se retirar.
Zhao Da (primeiro guerreiro) estava bebendo álcool dentro de casa.
Zhao San (terceiro guerreiro) entrou.
"Hora de trocar de turno?"
Zhao San assentiu e sentou-se à sua frente. Os dois irmãos beberam algumas xícaras e Zhao San disse: "Agora mesmo, um homem presenteou a madame com algo."
Zhao Da espirrou um pouco de álcool no chão, com uma expressão estranha e nervosa: "Quem se atreveu!?"
"O açougueiro Zhang do beco." Em comparação, a expressão de Zhao San era bastante calma.
"O que ele deu a ela?"
"Carne de porco. Ouvi dizer que é para agradecer à madame por cuidar das refeições do filho dele."
Só então a respiração de Zhao Da voltou ao normal, e ele xingou: "Seu merda, por que não falou claramente desde o começo? Você me fez pensar que algum homem estava querendo compromisso com a madame."
Zhao Da sabia que a madame havia contado para todos que era viúva. Ele também havia relatado o ocorrido em detalhes à propriedade. Não estava claro o que Sua Alteza pensou disso, e Zhao Da temporariamente não conseguia se importar com os pensamentos de Sua Alteza. Ele só conseguia se importar com o que estava diante de seus olhos e proteger adequadamente a madame e os pequenos mestrezinho e madamezinha. Claro, isso incluía proteger a madame de ser assediada por homens.
"Isso conta como uma interação normal e amigável." Zhao San não estava familiarizado com os costumes do mundo, então Zhao Da estava lhe ensinando.
Bem, a verdade era que nenhum deles estava realmente familiarizado com os costumes do mundo. No passado, eles se concentravam em seu treinamento amargo ou saíam com Sua Alteza para cuidar das coisas. Todos eram homens durões. Como poderiam entender como cidadãos comuns viviam suas vidas? Zhao Da só aprendeu lentamente, depois de chegar ali.
Zhao San assentiu e não disse nada. Já que o chefe disse que era normal, então provavelmente era normal. Ele não mencionaria que a expressão do Açougueiro Zhang do lado de fora da porta da madame estava um pouco estranha.
Talvez ele tivesse visto errado...?
Não, o chefe era o mais inteligente de todos.
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A Propriedade do Príncipe Jing, Pavilhão Oeste.
Ainda era o mesmo pavilhão e ainda eram as mesmas poucas pessoas servindo.
Tudo parecia igual, mas faltava-lhes a vivacidade. Antes, sempre havia alguém trazendo vida ao lugar, e agora ele havia retornado ao respeito solene do passado.
Tudo bem, se não houvesse algo com que comparar. Mas, como havia, todos se sentiam estranhos com isso.
O Príncipe Jing não retornou ao Salão do Esplendor. O pavilhão oeste ainda era onde ele passava a maior parte do tempo. Ele voltava para dormir à noite, e o Eunuco Fu também entrava e saía com frequência do pavilhão.
Mas algumas mudanças podiam ser vistas, se alguém olhasse atentamente.
O Príncipe Jing estava ainda mais apático do que antes. Agora, o grau de frieza dele parece ter aumentado drasticamente.
As criadas e eunucos do palácio dentro do pavilhão também pareciam estar estranhamente restringidos. Não importava o que estivessem fazendo, todos pareciam estar evitando a ala leste, intencionalmente ou não.
Para ser mais preciso, eles evitavam a residência de canto da ala leste.
Qian Xi estava na residência de canto, sentada no sofá perto da janela, com dificuldade para conter a raiva. Era bom morar naquele lugar ao invés do destinado a criados, mas eles a estavam deixando furiosa. Pensando em como foi parada mais cedo quando queria dar uma volta pelo pátio, seu rosto se contorceu de raiva.
No entanto, ela também sabia que não era hora de fazer birra. Todos no pavilhão estavam no mesmo grupo; para quem ela faria birra? Ela seria olhada apenas com olhares de escárnio.
Depois de um tempo indeterminado, Qian Xi ouviu de repente o som de cumprimentos vindos de fora. Ela imediatamente se levantou e saiu correndo.
"Alteza, você tem que fazer justiça a esta concubina-serva."
Quando Qian Xi gritou, todos os olhares no pavilhão caíram sobre ela.
"Esta concubina serva só queria dar uma volta pelo pátio para melhorar seu humor, mas foi bloqueada por uma criada."
Ding Lan, que estava no corredor da residência principal, deu um passo à frente. "A criada de quem a Senhora Qian Xi está falando, é esta serva? Este é o pátio da madame. Pessoas não relacionadas não devem entrar nele aleatoriamente."
Qian Xi não esperava que esta criada ousasse dificultar as coisas para ela na frente de Sua Alteza. Ela cerrou os dentes em ressentimento, mas ainda parecia magoada superficialmente.
"Alteza, está vendo?..."
Infelizmente, o Príncipe Jing nem se deu ao trabalho de ver e entrou diretamente na residência principal.
Depois que Sua Alteza e o Eunuco Fu saíram, todos os outros ajoelhados no pavilhão se levantaram. Alguns lançaram um olhar zombeteiro para Qian Xi, enquanto outros zombaram diretamente: "Por que você não considera adequadamente seu próprio status?"
O que era status? Qian Xi entendia, mas também não entendia.
Dois anos atrás, ela seria mandada embora com outras criadas de baixo escalão do palácio, mas acabou escolhida para ficar.
Depois disso, ela foi designada para morar em uma residência. A residência era muito grande, mas havia pouquíssimas pessoas. Havia apenas alguns servos que a serviam.
Qian Xi ainda estava curiosa sobre o motivo de tudo, mas tendo vivido como uma princesa por tanto tempo, sua curiosidade havia desaparecido.
Quando ela foi enviada de volta para a Mansão do Príncipe Jing, o Eunuco Fu a encontrou e lhe disse que, de agora em diante, ela seria a Madame Hua do pavilhão oeste. Naquele momento, Qian Xi estava secretamente radiante em seu coração. Parecia que seu rosto tinha alguma utilidade, afinal. Acontece que tê-la deixado para trás ainda era para servir a Sua Alteza.
Quanto ao que aconteceu com a Madame Hua original e para onde ela foi, Qian Xi não perguntou. Ela não pensou muito nas palavras do Eunuco Fu. No futuro, ela substituiria Madame Hua.
Como esperado, ela se mudou para o pavilhão oeste. No entanto, não era para a residência principal, mas sim para uma casa de esquina na ala leste. Ela tinha permissão para entrar e sair da residência principal, mas apenas para a sala de estar e o quarto do lado leste. Ela não tinha permissão para entrar no quarto principal do lado leste. Aquele quarto tornou-se algo que Qian Xi realmente desejava.
Um dia, quando as criadas do palácio não estavam por perto, ela entrou secretamente. Era um quarto extremamente luxuoso. Toda a decoração era suntuosa, e a tampa da caixa de joias sobre o balcão de maquiagem não conseguia nem fechar completamente. Estava cheia de joias que cegavam seus olhos.
Qualquer mulher gostaria incontrolavelmente dessas coisas, e Qian Xi não era exceção. Ela sentava-se obsessivamente em frente ao balcão de maquiagem e colocava as joias uma a uma. Como agora usava uma linda pulseira, precisava de roupas combinando, então abriu o armário. Então, vestiu as roupas e a pulseira, enquanto se sentava no forno perto da janela, imaginando como sua vida seria maravilhosa depois de se tornar Madame Hua.
Então, aquele rosto de pesadelo apareceu diante de seus olhos, olhando para ela com espanto.
Qian Xi também ficou muito surpresa, como uma criança pega roubando os brinquedos dos outros, mas também se sentiu um pouco satisfeita consigo mesma. Ela havia recebido permissão para estar ali. Agora, tudo o que é seu me pertence.
Os eventos que se seguiram foram uma bagunça. Qian Xi se lembrou de ter agarrado uma criada do palácio que queria entrar no quarto.
"Por que você está entrando no meu quarto?" Isso mesmo, Qian Xi orgulhosamente o reivindicou como seu, afirmando sua própria existência.
Mas, muito rapidamente, seu rosto foi esbofeteado. Ela levou um tapa da criada do palácio e até mesmo foi alvo de ironia: “Você é mesmo digna?!”
Qian Xi queria que alguém a defendesse, mas percebeu que ninguém lhe dava atenção. Depois, o Eunuco Fu a puxou para fora e a repreendeu, instruindo-a severamente que ela não tinha mais permissão para entrar na residência principal.
Só então Qian Xi percebeu que, embora aquela pessoa tivesse ido embora, ela não tinha realmente ido embora. Todos os seus subordinados se uniram para evitá-la, ignorá-la e humilhá-la.
Ela pensou que Sua Alteza definitivamente ficaria do lado dela e que ele definitivamente não sabia que ela estava sendo intimidada.
Agora ela percebia que talvez tivesse entendido mal o tempo todo...
Qian Xi ficou ali, atordoada, quando o Eunuco Fu se aproximou, com as sobrancelhas franzidas e a expressão indescritivelmente descontente.
"Você..."
Qian Xi ainda tinha um pouco de medo do Eunuco Fu. As memórias do passado deixaram uma profunda impressão. Este velho eunuco era alguém que se livraria dela num piscar de olhos, e seus métodos também eram severos.
"Eunuco Fu, o que houve?"
O Eunuco Fu olhou para ela com um certo desgosto e disse: "Você ainda não aprendeu sua etiqueta? 'Concubina-serva' é um título que qualquer uma pode ostentar? Você deveria se chamar só de serva."
Qian Xi ficou um pouco atordoada. Ela se chamou de concubina-serva porque já tinha ouvido a mulher anterior se chamar assim antes. Já que ela a substituiria, não seria correto se dirigir assim a Sua Alteza?
Claro, Qian Xi não ousou dizer tudo isso e apenas concordou silenciosamente.
"De agora em diante, estas duas avós serão responsáveis por lhe ensinar etiqueta. Não saia da sala se não houver motivo para isso."
Depois de falar, o Eunuco Fu saiu, deixando para trás duas avós idosas de aparência severa.
Qian Xi estava completamente paralisada.
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Havia muitas jovens com idades semelhantes à de Xiao Hua morando no Beco Yuling Leste. Essas jovens sentavam-se juntas durante o tempo livre e faziam bordados, colhiam vegetais ou conversavam casualmente para passar o tempo.
As jovens tinham muito o que conversar quando estavam juntas - por exemplo, a criação dos filhos, qual loja vendia roupas baratas, qual loja tinha vegetais frescos e também todo tipo de fofoca sobre o povo do beco.
Graças à nora da Tia Ma, Xiao Hua foi adicionada a esse grupo. Como a Srta. Tao era bonita e suas palavras eram doces, muitas das jovens gostavam de conversar com ela. Havia muitas mulheres no grupo do Beco Yuling Leste. Estavam lá Cui Zhi, a nora da Tia Ma; a esposa do vendedor de tofu, Sra. Liu; a esposa do ferreiro, Sra. Yang; e mais algumas esposas.
Nos últimos tempos, elas gostavam mais de se reunir na casa de Xiao Hua – isso, porque a casa da Srta. Tao era limpa e arrumada, e a situação lá dentro era simples. Qual família no beco não tinha um monte de gente morando junto? Havia os sogros, assim como os tios e as tias. Quando as mulheres fofocavam, elas preferiam um ambiente em que ninguém as vigiasse.
Como Xiao Hua, Ding Xiang e Chun Cao não tinham muito o que fazer durante o dia, e todas essas jovens tinham personalidades extremamente boas, elas não se importavam em fazer mais amizades.
Seus tópicos de conversa eram amplos e frequentemente pulavam de um lado para o outro. Em um momento, falavam sobre uma dona-de-casa discutindo com a sogra, e no outro, sobre qual lugar vendia os vegetais mais tenros naquele dia.
Como o grupo de Xiao Hua não morava lá há muito tempo, elas basicamente ouviam e não falavam muito.
"Senhorita Tao, a irmã mais velha está com ciúmes da sua liberdade. Não precisa cuidar da sogra, e não há muito o que fazer. Mas, no fim das contas, acho que é melhor uma mulher ter um homem em quem confiar. Você não considerou se casar de novo?"
A esposa do ferreiro era muito franca e falava o que lhe vinha à cabeça. Se alguém mais ouvisse isso, acharia que ela era muito intrometida. Mas Xiao Hua sabia que estava dizendo isso para o seu próprio bem.
Xiao Hua já ouvira palavras semelhantes algumas vezes. Todas as tias e moças no beco lhe diriam mais ou menos a mesma coisa. Afinal, uma viúva com dois filhos teria uma vida difícil. É melhor ter um homem em quem confiar.
"As crianças ainda são pequenas", Xiao Hua só conseguiu dizer. Não era como se ela pudesse dizer que não era realmente viúva e que tinha um homem, mas o homem não a queria mais.
A esposa do fabricante de tofu interrompeu ao lado: "Que bom que eles são pequenos. As crianças não se lembram de muita coisa no momento e é mais fácil para elas se aproximarem de outra pessoa. Isso tornaria mais fácil para o homem se dar bem com elas. Qual homem estaria disposto a criar duas crianças que ainda se lembrassem do próprio pai?"
Xiao Hua não sabia como reagir a essas palavras e só conseguiu fingir timidez e sorrir.
"Não seja tímida, é apropriado que uma viúva se case novamente. Ninguém ousaria dizer que viúvas precisam permanecer solteiras a vida toda. É melhor para as mulheres ter um homem atencioso ao seu lado."
Ding Xiang estava agachada ao lado lavando roupa, com o rosto já indescritivelmente contorcido. Mas ela era viúva agora, e a madame também. As duas crianças não tinham pai. Portanto, ela só conseguia ouvir, enquanto sufocava suas mágoas internas.
"Isso mesmo, isso mesmo. Você tem dois filhos e a casa inteira está cheia de mulheres. Embora tenha algumas economias no momento, o que vai fazer no futuro? Mulheres como nós não podem ser como os homens e sair para ganhar a vida. Ainda é melhor encontrar um homem confiável para se casar."
"Ei, Srta. Tao. O que você acha do açougueiro Zhang? Vejo que você trata o gordinho muito bem. A criança da nossa família disse que o Gordão quer que você seja a mãe dele." Cui Zhi disse ao lado.
"É verdade, é verdade. O gordinho parece gostar bastante da Srta. Tao."
"O Açougueiro Zhang não serve. Ele não é bom o suficiente para a Srta. Tao." Uma voz fraca disse ao lado.
Capítulo 142
VIVER A VIDA
As mulheres que estavam no meio da discussão pararam e olharam para Xiao Hua, que estava com a cabeça abaixada, tímida.
"Você tem razão, a Srta. Tao é tão bonita."
A Srta. Tao era a mulher mais bonita do Beco Yuling Leste. Sua pele era clara e macia, seu rostinho delicado e seu corpo elegante. Embora fosse uma viúva, havia muitos jovens no beco que haviam feito algumas perguntas secretamente. Foi também por isso que essas mulheres trouxeram o assunto à tona hoje; muitas pessoas as haviam questionado.
"Eu acho que o Estudioso He é muito bom. Ele passou no exame imperial, sabia?"
"O Estudioso não serve para ela. Ele parece muito delicado. Seus ombros não conseguem carregar nada e suas mãos não conseguem levantar nada. O jovem do mercado é muito melhor."
“Ainda acho que o Açougueiro Zhang é legal. Ele tem uma bela propriedade, e vender carne de porco significa que não lhe falta carne nem dinheiro. Só ele e o filho estão em casa, não há sogra. O importante é que o Açougueiro Zhang é muito robusto. Nós, mulheres, precisamos de um homem robusto para nos sentirmos seguras.” Parecia que o tipo dessa jovem era homens altos e robustos como o açougueiro Zhang.
“Aiya, cara senhora, você não está olhando para o que importa de verdade. Só porque um homem é robusto não significa que ele seja bom ‘naquilo’.”
Antes que a cara senhora pudesse responder, outra jovem interrompeu: “Certo, certo, certo. Não se pode considerar apenas a aparência. Somente se a propriedade, a renda e tudo o mais dele forem bons, uma mulher viverá feliz.”
“Ah? Parece que esse seu marido a mantém muito satisfeita.”
A mulher retrucou: “Tch, tch, tch, o seu lá em casa não é bom? Se não fosse, você teria essa aparência?”
Todas aquelas jovens tinham olhares aguçados. Aquelas que viviam bem e se sentiam confortáveis tinham olhares radiantes, rostos corados e belos. Em contraste, aquelas com rostos pálidos e aparência desanimada claramente não estavam se dando bem na casa do marido.
"Ele é naturalmente bom."
"O meu lá em casa não é bom." Uma das jovens interrompeu fracamente. "Não é que ele seja ruim, é que a mãe dele é muito incômoda. Ela sempre ficava agachada do lado de fora da nossa janela, bisbilhotando, nos deixando com muito medo de fazer qualquer coisa. Sinto que meu homem não vai mais conseguir fazer ‘aquilo’ com a velha bisbilhotando."
"Aiya, o mau hábito da sua sogra ainda não foi corrigido? Você não disse que ela se corrigiu depois que você voltou para a casa da sua mãe?"
"Ela parou por alguns dias, mas depois voltou aos velhos hábitos."
"Isso não vai dar certo..." O assunto passou de recomendar parceiros para Xiao Hua se casar para planejar como lidar com a sogra pervertida daquela jovem.
Xiao Hua ficou feliz por não estarem mais falando dela, mas quase engasgou com a saliva diante da ‘saliência’ do novo assunto.
Chun Cao, que estivera ouvindo secretamente ao lado, fugiu envergonhada. Ding Xiang pendurava as roupas para secar, e sua boca se contraía enquanto ouvia.
Deve-se dizer que havia uma sensação de vivacidade em torno daquelas pessoas. Parecia que aquilo era realmente viver a vida.
Embora não fossem abastadas, cada família tinha um marido e apenas uma esposa. Não havia concubinas, brigas ou segredos sujos.
Ding Xiang, que há muito havia desistido de se casar, de repente sentiu que, se tivesse um homem só seu e atencioso, viver uma vida tão mediana, porém gratificante, parecia ser muito bom!
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Embora o Açougueiro Zhang parecesse grande e bruto, ele era bastante meticuloso. Como seu filho já havia comido na casa da Srta. Tao várias vezes, ele trazia um pedaço de carne de vez em quando, dizendo que era para expressar sua gratidão.
Como um homem solteiro com um negócio, inevitavelmente havia momentos em que ele não conseguia cuidar do filho. Às vezes, seu filho comia um pouco na casa de uma família na zona leste, depois um pouco na casa de uma família na zona oeste, e então o dia acabava. Portanto, o Açougueiro Zhang costumava usar as sobras de carne do dia como um presente de agradecimento a essas famílias.
O Açougueiro Zhang era sincero em suas palavras e também dizia que não aceitar a carne significava que o Gordão não voltaria a comer naquela casa no futuro. Portanto, Xiao Hua nunca conseguia evitar aceitá-la no final.
Na verdade, a carne de porco do Açougueiro Zhang realmente não era tão útil. Embora Xiao Hua planejasse cuidadosamente seus gastos, eles ainda comiam muito bem. Afinal, havia as duas crianças a considerar, então cada refeição consistia em frango, pato, carne ou peixe.
À medida que o número de vezes aumentava, as pessoas no beco mais ou menos notavam os acontecimentos e, inevitavelmente, faziam algumas piadas cada vez que viam o Açougueiro Zhang, dizendo-lhe para se apressar e casar a Srta. Tao.
Zhao Da não conseguia mais ficar parado naquele momento e girava em círculos de pânico dentro de sua residência. Embora a madame não fizesse isso, como isso poderia continuar? Uma mulher leal teme um pretendente persistente. Afinal, a madame era viúva!
Na pressa, ele imediatamente enviou uma carta à propriedade. A carta descrevia a situação com extrema clareza – por exemplo, uantas vezes o Açougueiro Zhang enviou carne, como ele usou o filho como desculpa para visitar a Madame com frequência, quantas vezes o filho dele disse que queria que Xiao Hua fosse sua mãe e como as pessoas no beco agiram como casamenteiras para a madame... Ele praticamente disse que, se Vossa Alteza não agisse rápido, a madame se casaria.
O Príncipe Jing estava sobrecarregado de trabalho e havia passado vários dias com apenas algumas horas de sono. Os movimentos do Príncipe Jin estavam se tornando cada vez mais frequentes, e o Príncipe Jing havia enviado quase todos os seus espiões para conseguir obter alguma pista.
Superficialmente, as Províncias Jin e Qi estavam tentando reunir tropas, mas na realidade já haviam enviado inúmeras pessoas para a capital, à espreita. De acordo com as informações do Príncipe Jing, eram pelo menos dois mil. A intenção por trás de um movimento tão grande era evidente.
Felizmente, um de seus primeiros informantes infiltrados estava entre as pessoas enviadas para a capital. Embora não pudesse dar informações detalhadas, ele poderia pelo menos fornecer algumas.
Logo após o Príncipe Jing terminar de lidar com tudo e dar suas instruções, a carta de Zhao Da chegou.
Zhao Da enviava uma carta de volta à propriedade a cada dois dias. Elas incluíam principalmente o que a madame estava fazendo naquele dia e o que o mestrezinho e a madamezinha estavam fazendo. Geralmente havia mais notícias sobre as crianças, já que Xiao Hua raramente saía.
Ao ver a carta chegar, o humor do Príncipe Jing melhorou. Ele estava tão ocupado que não tinha tempo para comer e ficava mais feliz sempre que a carta falando da família chegava. O Eunuco Fu sabia disso e imediatamente trouxe a carta.
O Príncipe Jing abriu a carta e começou a ler, e sua expressão escureceu antes mesmo de terminar, com o tipo de raiva que se sente quando alguém rouba algo que lhe pertence.
Esse tipo de emoção era muito estranho ao Príncipe Jing, e era a primeira vez que ele se deparava com esse tipo de situação.
Um vendedor de carne de porco! Um homem que vendia carne de porco queria sua mulher! Nem pense nisso! E ser pai de seus filhos” Isso é realmente demais para tolerar.
Mas o Príncipe Jing não era uma pessoa irracional. Afinal, Xiao Hua havia se declarado viúva, o que levou a essa situação. Quando Zhao Da relatou a história da viuvez, a expressão do Príncipe Jing ficou estranha por vários dias. Era uma espécie de expressão de desamparo, porém tolerante.
Ele podia suportar ser morto, mas alguém querendo que sua viúva se casasse novamente ele não podia suportar.
O Príncipe Jing levantou-se inconscientemente e saiu pela porta, ordenando ao Eunuco Chang que preparasse os cavalos para a viagem.
Só depois de montar em seu cavalo a mente agitada do Príncipe Jing se acalmou. O que ele estava fazendo? As coisas estavam agitadas no momento e ele não podia se dar ao luxo de ficar fora. Poderiam surgir notícias a qualquer momento que precisassem de suas decisões...
Mas ele realmente sentiu que isso era muito importante e não pensou em parar. Ultimamente, ele quase enlouquecera de saudades dela, mas só conseguia ter notícias pelas cartas de Zhao Da, que lia quando tinha tempo livre.
Ela vivia como plebeia, lavava roupa e cozinhava; ela passava os dias feliz, e todos a consideravam uma viúva...
Será que ela queria tanto que ele morresse?
Mas ele sabia que ela não fizera por onde. Fora ele quem a deixara impiedosamente furiosa.
Ele queria muito vê-la. Mas será que ela o deixaria entrar?...
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... "Irmãozão Zhang, eu realmente não posso aceitar mais carne. Você tem um negócio e depende disso para seu sustento. Você não pode me dar de presente todos os dias..."
O Açougueiro Zhang era muito persistente. Sua atitude habitual era persistente, mesmo que se sentisse nervoso: “Senhorita Tao, não tenho mais nada para lhe agradecer. Vocês também não têm vida fácil, com apenas mulheres cuidando de duas crianças. Vocês também precisam viver, também precisam comer. Meu Gordão sempre come na sua casa e já está quase acostumado. Tudo bem se ele só pegasse uma refeição de vez em quando, mas ele está fazendo isso todos os dias. Considere isso como ajuda de custo pela comida do Gordão, ou como o irmãozão Zhang sendo cara-de-pau... você também deveria saber da minha situação em casa. Eu realmente não tenho tempo para cuidar dele...”
O açougueiro Zhang ainda estava tentando descobrir como convencer a Srta. Tao, quando percebeu que ela estava completamente paralisada. Ele seguiu o olhar dela e viu um homem indescritível vestido de preto.
Por que ele era indescritível? Era porque o Açougueiro Zhang não era alfabetizado e só conseguia encarar aquela pessoa que não cabia no Beco Yuling Leste. Por que ele não cabia aqui? Era apenas uma espécie de sentimento.
Xiao Hua se recuperou e sentiu como se um peso tivesse sido tirado de sua mente. Ela também sentiu uma espécie de ressentimento indizível. Por que ele só apareceu agora?
"Eu..." O Príncipe Jing fez uma pausa e realmente não sabia como deveria se dirigir a ela, então falou com o Açougueiro Zhang. "Posso perguntar se você tem algum negócio com a minha senhora? Você não sabe que homens e mulheres não devem se aproximar muito para dar e receber algo?” (essa é uma frase da sabedoria de Mêncio, mais famoso seguidor de Confúcio.)
"Sua senhora?"
O Açougueiro Zhang olhou para Xiao Hua e viu que ela abaixava a cabeça e não negava.
Assim, ele se forçou a sorrir e disse: "Senhor... Jovem mestre. Talvez você tenha entendido mal. Somos todos apenas vizinhos, e como meu filho é sempre um incômodo aqui, eu só queria expressar minha gratidão." O Açougueiro Zhang pesou a carne de porco em sua mão e sentiu uma espécie de indescritível sensação de inferioridade diante daquela pessoa. "Já que a Srta. Tao não está disposta a aceitar, então eu vou me retirar primeiro."
Depois de falar, o Açougueiro Zhang saiu. Seus passos continham um certo pânico, enquanto fugia.
As coisas ficaram silenciosas em frente à porta. O Príncipe Jing viu que ela não estava olhando para ele e não sabia o que dizer.
Ela havia emagrecido um pouco e usava um conjunto de roupas de algodão claro. Havia um grampo de cabelo prateado preso em seu cabelo. Ela estava vestida com simplicidade, mas ele não se cansava de olhar para ela, não importava o quanto olhasse.
Como estava atordoado, ele a viu voltar para dentro sem falar. O Príncipe Jing ficou um pouco paralisado. Isso implicava que ela o estava ignorando ou que não o perdoava? Ou talvez significasse outra coisa?
O Príncipe Jing presumiu que ela contar a todos que era viúva era para facilitar a explicação de sua identidade, ou talvez fosse porque ela estava com raiva dele. Ao vê-la parecer não reconhecê-lo, o pânico que sentiu quando ela saiu retornou.
Estava tudo em silêncio em frente à porta. Ele olhou para o portão entreaberto. Ela não fechou o portão. Isso significava que ela o deixava entrar?
O Príncipe Jing havia experimentado muitas coisas pela primeira vez com Xiao Hua. Ele só conseguia esfregar o nariz, firmar o rosto e entrar no pequeno pavilhão.
No momento em que contornou a delicada parede de tela, ouviu o cacarejar contínuo da filha. Em seguida, viu seu filho e sua filha, vestidos com roupas de algodão claro, alegremente perseguindo pintinhos pelo pátio. Havia também duas mulheres ao lado, vestidas com roupas igualmente simples, com um lenço enrolado na cabeça. Uma buscava água e a outra lavava vegetais. Ambas sorriam, enquanto observavam as crianças.
Ding Xiang e Chun Cao congelaram. Elas estavam discutindo como a madame finalmente conseguiu recusar a carne do Açougueiro Zhang. Como Sua Alteza acabou entrando momentos depois?
Elas não conseguiram reagir de imediato. Ding Xiang jogou o balde d'água no chão e Chun Cao derrubou o balde de vegetais. As duas enxugaram as mãos nos aventais e apressadamente o saudaram.
"Saudações... a Vossa Alteza." Sem precisar fazer a saudação há muito tempo, e naquele pequeno pavilhão, vestidas com aquelas roupas, Ding Xiang e Chun Cao estavam extremamente desajeitadas.
As duas crianças notaram a comoção e olharam com curiosidade.
Capítulo 143
SAUDADES
Yi Yi inclinou a cabeça e examinou cuidadosamente a pessoa por um tempo. Suas pequenas sobrancelhas franziram, e ela primeiro chamou "pai" inquisitivamente, antes de bater os pezinhos enquanto corria até ele.
Zhuo'er lançou um olhar para aquela pessoa. Ele definitivamente não diria que o havia reconhecido há muito tempo, ainda mais rápido que sua irmã. Embora pensasse nisso, ainda assim caminhou timidamente.
O Príncipe Jing estava imerso no fato de que seus filhos ainda o reconheciam, bem como no caos das duas crianças ao seu redor, dizendo "você desapareceu, para onde foi, seu travesso?"
Xiao Hua saiu, olhou para ela e então disse às mancas Chun Cao e Ding Xiang que fossem preparar a comida. Elas planejavam passar fome esta noite?
O jantar foi preparado rapidamente. Ding Xiang e Chun Cao discutiram na cozinha sobre se Sua Alteza ficaria para o jantar. Concluíram que era muito provável e, portanto, se esforçaram ao máximo. Eles usaram todos os ingredientes da casa, antes de saírem com quatro pratos e uma sopa.
As duas levaram a comida para a sala de estar e a colocaram sobre a pequena mesa quadrada pintada de vermelho. Em seguida, foram se esconder na cozinha.
Zhuo'er e Yi Yi também sabiam que era hora de comer. Vestiram as vestes do Príncipe Jing e gritaram "Comida-nham-nham".
Sob a orientação de sua atenciosa filha, o Príncipe Jing finalmente entrou na residência.
A pequena sala de estar tinha uma mesinha rústica no centro. Ela sentou-se ali e olhou para eles sem expressão. Parecia vê-lo, mas também parecia não vê-lo.
O coração dele estava apertado. Ele queria dizer algo, mas não sabia o que dizer. As ações subsequentes de Xiao Hua dissiparam o constrangimento e a vergonha em seu coração.
"Sente-se e coma."
O Príncipe Jing sentou-se apressadamente. Xiao Hua revirou os olhos, desanimada, e então olhou para as duas crianças.
"E vocês, não vão comer?"
"Vamos comer juntos." Yi Yi assentia continuamente.
Zhuo'er puxou a irmã até a segunda mesinha ao lado e sentou-se. O Príncipe Jing olhou para eles, espantado. Duas pessoinhas estavam sentadas obedientemente em suas cadeirinhas à mesinha.
Xiao Hua carregou duas tigelas de arroz e as colocou na frente das crianças: "Comam devagar, não derrubem o arroz."
"Não derrubo, não derrubo."
"Só a irmã derruba."
Os dois pequenos usaram suas próprias colheres para comer. Yi Yi deu algumas mordidas e olhou para o Príncipe Jing: "Pai, coma."
Zhuo'er não disse nada e franziu a testa para a pessoa que não estava comendo.
O Príncipe Jing olhou para Xiao Hua ao seu lado. Seu rosto estava rígido e ela não disse nada. Quando encheu as tigelas com arroz, ela já havia enchido uma extra e colocado na frente dele.
Ele viu que a tigela era feita de porcelana rústica e que o arroz era arroz branco comum, em vez de arroz japonês. Os pratos na mesa eram muito simples: luffa (uma verdura) salteada com ovo, legumes salteados simples, camarão-do-rio salteado com cebolinha, berinjela cozida e sopa de tofu com carne fatiada.
As duas crianças comeram muito felizes. Ela também comeu de cabeça baixa. O Príncipe Jing sentiu um pouco de amargura no coração ao pensar no sofrimento dela e das crianças. Por mais simples que suas refeições tivessem sido na propriedade, aqueles pratos simples haviam sido preparados com requinte. Não seria assim, onde legumes salteados eram apenas salteados, sem usar caldo de sopa para dar sabor.
O Príncipe Jing levantou sua tigela, pegou seus hashis e começou a comer. Embora o sabor claramente não pudesse ser considerado bom, ele sentiu que combinava muito bem com seu paladar.
Depois de comer, Xiao Hua limpou a mesa. Ela levou os pratos e tigelas para a cozinha e voltou para limpar a mesa. Ela também limpou as mesinhas das crianças e lavou as mãos delas, secando-as.
"Depois que as mãos forem lavadas, vocês não poderão mais brincar lá fora. Entendido?"
Yi Yi tentou negociar: "Então não lave as mãos ainda."
Xiao Hua acariciou o rostinho da filha e apontou para fora: "Já está escuro lá fora."
Yi Yi revelou uma expressão alarmada, com sua mãozinha cobrindo a boca: "Quando está escuro, tem um lobo que come criancinhas."
Isso deixou Xiao Hua em dúvida se ria ou chorava: "Quem te disse isso?"
Zhuo'er disse ao lado: "Gordinho e Bola de Pelo."
"Então vocês ainda querem brincar lá fora?"
"Não vou, o lobo come criancinhas."
"Então peçam para a Tia Xiang esquentar um pouco de água para tomar banho."
Yi Yi sorriu e acenou com os punhos: "Tomar banho, tomar banho. Papai também toma junto com Yi Yi..."
As crianças ainda se lembravam de tomar banho com o Príncipe Jing e brincar na água!
Xiao Hua não disse nada e deixou os dois brincarem lá dentro. Ela foi para a cozinha.
Yi Yi correu para o lado do Príncipe Jing e subiu em sua perna. Assim que se sentou, chamou o irmão também. Yi Yi era uma criança afetuosa e sempre compartilhava alegremente as coisas boas com os outros. Isso incluía chamar o Príncipe Jing para comer, tomar banho e também chamar o irmão para sentar na perna do pai.
As duas crianças sentaram-se cada uma em uma perna. As crianças de dois anos já sabiam expressar seus próprios pensamentos, graças a Xiao Hua sempre falando sério com elas.
Yi Yi não era tão inteligente quanto o irmão e soltava um monte de frases ininteligíveis. Basicamente, não havia muita concentração. Crianças são assim nessa idade.
No entanto, Zhuo'er falava com clareza. Ele fazia várias perguntas continuamente, deixando o Príncipe Jing em um estado bastante lamentável, principalmente porque seu filho estava sentado ereto em sua perna, com as sobrancelhas franzidas, parecendo extremamente solene. Ele parecia um adulto que o interrogava.
Zhuo'er disse:
"Onde você foi?"
"Você foi travesso e saiu correndo."
"O pai do gorducho sempre vem aqui."
Devido à influência de Xiao Hua, o Príncipe Jing também havia falado bastante com as crianças no passado. Como as frases de sua filha estavam embaralhadas, ele não respondia tanto. Mas como seu filho falava claramente, o Príncipe Jing também foi cauteloso em suas respostas.
"Papai tinha negócios para cuidar, estava muito ocupado."
Zhuo'er franziu a testa, parecendo refletir, e perguntou: "Foi ganhar dinheiro?"
Esse tipo de pensamento vinha dos pequenos no beco, porque Zhuo'er sempre ouvia falar que o pai de fulano estava ganhando dinheiro e comprando coisas gostosas para ele. Ele também havia ganhado uma parte dessas coisas gostosas e achava que não era nada de especial. Afinal, o que ele não havia provado na Propriedade do Príncipe Jing?
Depois da mudança, Xiao Hua também não havia maltratado as crianças. É que o pai ter ido ganhar dinheiro para comprar coisas gostosas para os filhos tornou-se uma linha de pensamento lógica para ele.
Portanto, Zhuo'er olhou para a esquerda e para a direita, para cima e para baixo, e então usou suas mãozinhas para apalpar o peito do Príncipe Jing: "Onde estão as coisas gostosas?"
O Príncipe Jing ficou paralisado e realmente não conseguiu reagir.
Zhuo'er lançou-lhe um olhar de "você é realmente burro" e disse: "O pai do Bola de Pelo sempre compra algo gostoso para ele quando vai ganhar dinheiro. O pai do Grande Wang também."
Ele não disse o resto, mas o Príncipe Jing entendeu o que ele queria dizer. Os outros pais compravam coisas gostosas para os filhos quando ganhavam dinheiro, por que ele não trouxe nada? Além disso, Yi Yi pareceu entender isso também e piscou seus grandes olhos, enquanto esperava para comer.
Nesse momento, o Príncipe Jing estava extremamente envergonhado e não sabia como responder: "Seu pai... hummm..."
"Não conseguiu ganhar dinheiro?"
Também havia crianças no beco cujos pais não conseguiam dinheiro e, portanto, não podiam comer nada de bom. Zhuo'er também sabia disso.
"Hummm..."
Zhuo'er ponderou, com as sobrancelhas franzidas.
O Príncipe Jing estava muito nervoso. O que ele deveria fazer? Ele não comprou nada saboroso. Será que poderia compensar depois?
Quem diria que Zhuo'er acabaria dizendo: "Mamãe provavelmente não vai usar um cabo de vassoura para bater em você. Mamãe não é tão feroz quanto a mãe do Grande Wang. Mas você ainda precisa ganhar dinheiro de verdade. Caso contrário, pode apanhar com um cabo de vassoura."
O que diabos ele estava falando? O Príncipe Jing estava completamente confuso.
"Mãe, não use um cabo de vassoura para bater no papai."
A voz de Yi Yi soou de repente. Só então o Príncipe Jing percebeu que Xiao Hua havia reaparecido em algum momento. Ela carregava meio balde d'água. Chun Cao estava atrás dela, também carregando um balde.
O Príncipe Jing se levantou apressadamente e pegou o balde das mãos de Xiao Hua. Só depois de puxar duas vezes ela o soltou. Ele segurava o balde na mão, mas não sabia para onde ir com ele. Xiao Hua continuou andando e ele o seguiu.
Chun Cao queria muito cobrir o rosto. Ela finalmente entendeu por que Ding Xiang tentou impedi-la de ajudar quando a madame queria levar água para dentro. Vendo que ela não seria convencida, só pôde deixá-la ir.
A imagem anterior de Sua Alteza na mente de Chun Cao estava completamente arruinada. O mestrezinho e a madamezinha chegaram a dizer que Sua Alteza não conseguia ganhar dinheiro suficiente para comprar comida e que ia apanhar da mãe com um cabo de vassoura.
A culpa era toda da mãe do Grande Wang. Ela nem tentava esconder quando batia no homem e o perseguia por todo o beco. As crianças tinham aprendido tudo errado.
Por algum motivo, Chun Cao se sentiu apenas sem palavras e muito divertida, mas não com medo.
Havia uma banheira no banheirinho e uma grande bacia de madeira. O Príncipe Jing estava lá, ainda segurando o balde d'água. Chun Cao se aproximou e despejou a água na bacia de madeira. Em seguida, esvaziou o balde. Embora suas ações tenham sido um pouco desajeitadas, seu trabalho foi concluído sem erros.
Chun Cao saiu e Xiao Hua despiu as crianças, antes de colocá-las na bacia de madeira.
A bacia de madeira era muito grande, e as crianças podiam sentar-se frente a frente sem se sentirem apertadas. Assim que entraram, Yi Yi foi como um dragão aquático entrando na água. Suas mãos jogavam água continuamente no irmão à sua frente. Zhuo'er aguentou um pouco, antes de jogar água nas costas dela, os dois brincando alegremente.
"Chega, chega. Como você vai tomar banho se a água está toda espirrada??!”
"Tomar banho, tomar banho."
Ela se agachou ali, lavando os dois corpinhos brancos. Uma mecha de cabelo caía sobre o lado esquerdo do rosto...
O Príncipe Jing se inclinou e se agachou ao lado dela, fingindo estar concentrado em sua lavagem. Finalmente, não resistiu e acariciou a mecha de cabelo dela com a mão...
Xiao Hua prendeu a respiração e uma sensação amarga subiu por sua garganta. A mão que segurava a toalha parou repentinamente, antes de continuar a enxugar os corpos das crianças.
Ela logo terminou de dar banho neles. Xiao Hua pegou uma toalha grande e limpa da prateleira e enrolou Yi Yi. Nem Ding Xiang nem Chun Cao estavam lá, então ela colocou a menininha nos braços do Príncipe Jing.
"Leve-a para a cama." Estas foram as primeiras palavras que Xiao Hua disse a ele desde que ele chegou.
Ele sentiu uma pontada de excitação no coração e, feliz, carregou a filha para o quarto. Xiao Hua enrolou o filho no colo e seguiu atrás.
As roupas das crianças já estavam dispostas na cama por Chun Cao, mas ela própria não estava em lugar nenhum. Xiao Hua secou as crianças e vestiu suas roupas.
Nesse momento, Ding Xiang e Chun Cao carregaram dois grandes baldes de água quente para dentro. Era para o banho de Xiao Hua.
Depois de terminar de cuidar das crianças, Xiao Hua pegou suas roupas e entrou para tomar banho. O Príncipe Jing sentou-se ao lado da cama. Ele olhou para as duas crianças na cama e, então, deu uma olhada rápida no banheiro. Ouviu-se o som de água espirrando, e a boca do Príncipe Jing secou involuntariamente, enquanto seu corpo esquentava. Ele sentia muita falta dela...
Enquanto estava distraído, Xiao Hua terminou de tomar banho e saiu. Sua pele clara brilhava sob a luz do abajur. Ela estava vestida de forma elegante e apropriada, não como antes, quando saía com as roupas íntimas sobre o corpo. Isso era uma espécie de distância...
O humor do Príncipe Jing instantaneamente ficou sombrio.
Xiao Hua olhou para o céu lá fora e disse: "Se você não vai embora, então... Durma com as crianças. Eu vou dormir no quarto das crianças. "
Ela saiu depois de falar, deixando o Príncipe Jing para trás, encarando Zhuo'er, que o encarava com seus olhinhos, e Yi Yi, que puxou sua mão. Ele soltou um suspiro inaudível e cobriu as crianças com o cobertor, esperando que adormecessem.
Estava silencioso dentro do quarto e as lâmpadas estavam apagadas. O luar brilhava através da janela e banhava o quarto com uma luz prateada e nebulosa.
Uma grande silhueta entrou sorrateiramente no quarto. Ele ficou ali por um tempo, antes de tirar as roupas externas e se deitar na cama.
Enquanto ele abraçava a pessoa por quem ansiava noite e dia, ela abriu os olhos límpidos e o encarou diretamente: "Nada a me dizer?"
No escuro, o rosto do Príncipe Jing ficou indetectavelmente rígido por um momento. Sua boca se moveu, roçando os lábios dela enquanto murmurava suavemente: "...Xiao Hua'er, senti saudades..."
Suas mãos também se moveram por baixo, parecendo impacientes, mas também tentando evitar a pergunta.
Xiao Hua o empurrou, mas não conseguiu. Ela lutou algumas vezes, mas ele ficava mais estimulado quanto mais ela lutava. Seus lábios se moveram para o pescoço dela, lambendo, mordendo e chupando. Seus dedos longos levantaram sua blusa e puxaram o cobertor para baixo, enquanto seus lábios o seguiam...
O som de respiração e ofego se misturava ao cheiro único de seu corpo...
Na verdade, Xiao Hua também sentia um pouco de falta do Príncipe Jing. Como não sentiria falta dele? Ela sempre esperou que ele viesse lhe dar uma explicação, mas não esperava que esse cara tivesse aprendido a se fazer de bobo e evitar o assunto...
Logo, Xiao Hua não tinha mais vontade de pensar em outras coisas. Ela decidiu interrogá-lo adequadamente mais tarde.
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Palavras da autora:
Haha, não havia o "kabe-don" (prender o amado na parede) que os leitores queriam. Mas havia o "bed-don".
As ações de Zhuo'er e Yi Yi são baseadas no filho de três anos da minha cunhada (quando ele tinha dois). As crianças de hoje em dia são muito perspicazes, não tão estúpidas como nós no passado.
Crianças na idade delas já conseguem entender conversas simples de adultos. Quando querem ouvir, conseguem entender. Quando não querem ouvir, não entendem. Às vezes, você diz algo a elas e elas fingem não entender superficialmente. Se você repetir na próxima vez, quando estiverem ouvindo direito, elas entenderão.
Claro, o pequeno Zhuo'er é um pouco maduro para a idade. Yi Yi é mais do tipo estúpida. Ha!
Capítulo 144
DESAMPARO
No fim, os planos de Xiao Hua não deram certo, porque ela não teve descanso a noite toda.
Não estava claro se aquela pessoa estava faminta há muito tempo ou o que, mas ele a jogou de um lado para o outro como um touro selvagem a noite toda. Sempre que ela tentava perguntar algo, ele usava a boca para bloquear a dela.
No final, ela não aguentou mais e adormeceu.
Quando acordou, ele já tinha ido embora.
Ding Xiang foi quem lhe disse que o Príncipe Jing havia partido. Ele havia partido por volta da meia-noite. Antes de partir, disse a Ding Xiang que havia muito o que fazer na propriedade, provavelmente com a intenção de que ela passasse o recado para Xiao Hua.
A expressão de Xiao Hua era bastante feia. Ela se sentou na cama e puxou os cobertores com raiva.
E pensar que ela havia esperado tanto tempo para que ele viesse lhe dar uma explicação! E pensar que ela o havia deixado entrar e até mesmo o havia deixado encabulado, só para ir para a cama no final!
Que gentileza a dele, limpando a boca depois de comer e sair correndo sem dizer uma palavra!
Xiao Hua sentiu que tinha perdido muito. Ela também teve uma estranha sensação de "como essa pessoa ficou assim? Esse ainda é Sua Alteza, o Príncipe Jing?"
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No pátio, as duas crianças perguntavam a Chun Cao: "Por que a mamãe ainda não acordou?"
Chun Cao respondeu tolamente: "A senhora está cansada".
As duas crianças curiosas fizeram perguntas como "Por que a mamãe está cansada?" e "Ela se cansou de cozinhar?"
Xiao Hua as ouviu claramente, enquanto estava sentada na cama, e ficou morrendo de vergonha ao ver Chun Cao sem palavras.
Ding Xiang viu a expressão obviamente envergonhada da senhora e disse: "A água está preparada no banheiro", antes de sair correndo.
Xiao Hua tomou banho, vestiu suas roupas e foi para o pátio.
Zhuo'er e Yi Yi já haviam sido levados por seus amiguinhos para brincar. Ding Xiang e Chun Cao, que estavam no pátio fingindo estar ocupadas, olhavam furtivamente para a expressão dela.
Xiao Hua sentiu-se indescritivelmente constrangida e fingiu que ia conversar com a Tia Ma, que morava ao lado.
Quem diria que a situação dela não melhoraria na casa da Tia Ma? Os acontecimentos da noite anterior foram vistos por várias pessoas no beco. Todas discutiram em particular que a Srta. Tao não era viúva. Ela claramente tinha um homem.
"Sério? Você claramente tem um homem, mas insiste em se chamar de viúva. O que aconteceu? Teve uma briga com ele e saiu correndo?"
Cui Zhi pegou um banquinho e deixou Xiao Hua sentar-se ao lado. Ela estava descascando vagens de ervilha. Zhuo'er e Yi Yi brincavam no pátio com o pequeno Bola de Pelo.
A expressão de Xiao Hua ficou rígida.
Cui Zhi entendeu: "Uma briga feia? Seu temperamento parece tão bom, eu realmente não esperava que você tivesse esse lado. Você realmente pegou as crianças e foi morar com suas parentes!"
A compreensão de Cui Zhi baseava-se no que o grupo de Xiao Hua havia dito a elas. Uma irmã mais velha, uma irmã mais nova, nenhuma idosa, já que não havia idosos na família, e duas crianças. Agora o homem tinha vindo procurá-la, e a explicação natural era que ele tinha voltado correndo depois da briga. Eles deviam ter se mudado de propósito, então não foi fácil para ele encontrá-la.
Xiao Hua gaguejou: "... Ele costuma viajar a negócios..."
"Vocês já se reconciliaram?" Cui Zhi sorriu e disse: "Ouvi dizer que seu homem é muito bonito."
Xiao Hua riu, sem jeito: "É, acho que sim."
"Sério? Como você pode se chamar de viúva, depois de uma briga? Agora que ele encontrou o caminho, você vai voltar para ele?"
Xiao Hua também não sabia o que dizer e só conseguiu inventar uma desculpa: "Só ele está na família, e ele costuma viajar a negócios. Mudei tudo para cá desta vez, e nossa casa original também estava ficando velha. Já estava na hora de mudar..."
Cui Zhi assentiu e não pediu mais detalhes. Ela deu um tapinha nas mãos e disse: "É normal um casal discutir. Contanto que ele admita seus erros, já basta. Não fique dando bronca nele."
O problema era que ele nunca admitia seus erros, não disse nada e saiu correndo depois de comer até se fartar!
Vendo a expressão de Xiao Hua ficar feia novamente, Cui Zhi perguntou curiosa: "O que houve?"
"Ele foi embora."
"Ah? Ele está tão ocupado e só pôde ficar com você e as crianças por uma noite? Então você deveria dar uma bronca nele..."
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Depois que as três crianças brincaram um pouco ao lado, Zhuo'er tirou um pequeno pacote de papel do babador: "Meu pai ganhou algum dinheiro e comprou algumas coisas gostosas para mim e minha irmã. Vou te dar um pedaço."
O Bolinha de Pelo imediatamente largou o palito e se inclinou.
Havia três guloseimas extremamente finas dentro do pequeno pacote de papel que exalavam um cheiro sedutor. O Bolinha de Pelo não conseguiu evitar engolir alguns goles de saliva e estendeu a mão para pegar uma.
Cui Zhi lançou um olhar significativo para Xiao Hua, antes de se levantar e dizer: "Vocês precisam lavar as mãos antes de comer. Venha, a tia vai ajudar vocês a lavarem as mãos."
Xiao Hua sentou-se ali, envergonhada e tímida. Quando ele voltou com dinheiro? Ele até comprou guloseimas para as crianças.
Depois de compartilhar com seu amiguinho, Zhuo'er e sua irmã pegaram um pedaço cada. Zhuo'er, então, voltou para casa junto com sua mãe e irmã.
"Quando o pai deu a guloseima para Zhuo'er?" Assim que voltaram, Xiao Hua se agachou e perguntou ao filho.
"Quando ainda estava escuro lá fora. Ele trouxe. A irmã estava dormindo. Zhuo'er estava acordado."
Então foi de madrugada, antes de ele sair?
"E o pai disse alguma coisa para Zhuo'er?"
"Papai me disse para garantir que Yi Yi e a mãe se comportassem. Ele disse que vai ganhar dinheiro e virá nos ver depois de um tempo." Zhuo'er franziu as sobrancelhas: "Mãe, por que o pai sempre sai correndo? Não se comporta nada bem. Quando ele volta?"
"Ele volta assim que ganhar algum dinheiro."
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Essa rodada de ganhar dinheiro levou quase quatro meses até que ele retornasse.
Durante esses meses, Xiao Hua sentiu falta dele e se perguntou o que ele estava fazendo – mas, como seu conhecimento era limitado, ela realmente não conseguia entender o que era tão perigoso que ele precisava esconder e evitá-la a ponto de ele não enviar notícias há muito tempo.
Ela ocasionalmente se perguntava se ele tinha uma nova paixão e se havia se esquecido dela e das crianças. No fundo, ela jamais estaria disposta a acreditar nisso e esperou que ele viesse lhe dar uma explicação.
Muitas coisas aconteceram durante esses quatro meses.
As duas crianças cresceram e se tornaram mais maduras.
As pessoas no Beco Yuling Leste eram verdadeiramente casamenteiras. Como Xiao Hua não era viúva, elas voltaram sua atenção para sua "irmã mais velha", a também "viúva" Ding Xiang.
O possível parceiro que apresentaram foi, por coincidência, Zhao Da, que morava em frente a elas.
Zhao Da tinha 24 ou 25 anos e ainda era solteiro. Ele era solteiro e vivia com vários irmãos. Não se podia dizer que não tinha dinheiro, mas também não se podia dizer que tivesse uma boa origem. Quanto a Ding Xiang, apesar de viúva, era trabalhadora e tinha uma boa personalidade. Era mais do que um bom partido para Zhao Da.
Era isso que as pessoas pensavam, embora não soubessem o que os dois pensavam sobre isso.
Quando as tias e as jovens casadas se interessavam por algo, elas realmente forçavam a pessoa a ceder à sua força superior. Elas se revezavam para vir até a casa de Ding Xiang e ajudá-la com o trabalho. Ao mesmo tempo, os homens do beco também recebiam ordens de suas esposas ou mães idosas para discutir assuntos com Zhao Da.
As pessoas estavam muito empenhadas em juntá-los, mas os dois em questão estavam com dor de cabeça com a situação.
Talvez fosse por causa desse assunto, mas quando Ding Xiang ocasionalmente encontrava Zhao Da quando saía, ela sentia que seu humor não era o mesmo. Era a primeira vez que se sentia tão estranha e tímida na frente de um homem.
Quanto a Zhao Da, sendo mencionado como um possível par para Ding Xiang por todos e também provocado por seus próprios irmãos, esse homem másculo também ficava vermelho ao encontrar a mulher.
Xiao Hua observava tudo isso e estava bastante animada. Ela estava feliz por não ser mais viúva e também via esse casal com bons olhos. Ela não se importava se uma criada do palácio poderia se casar ou não. Ela ainda achava que era melhor para as mulheres ter um homem ao seu lado.
Xiao Hua chegou a dizer a Ding Xiang, enquanto Chun Cao estava presente: "Você não é mais jovem. Se tiver alguém em mente, ou se quiser se casar, precisa me avisar. Mulheres não podem se atrasar nesses assuntos."
Se Ding Xiang levou suas palavras a sério, Xiao Hua não sabia. Ela só sabia que Zhao Da começou a vir com mais frequência, talvez para tentar se aproximar e fazer seu trabalho.
Se ele estivesse apenas tentando enviar coisas boas como no passado, naturalmente ninguém abriria as portas para ele.
Mas, inesperadamente, ele trouxe carne de coelho uma vez. Ele disse que seus irmãos tinham ido caçar e a trouxeram para que pudessem comer outro prato junto com a refeição.
O coelho foi dado a Ding Xiang, então era evidente quem receberia o prato extra. Portanto, Xiao Hua sorriu radiante e não disse nada sobre isso, aproveitando a oportunidade para comer carne de coelho no jantar.
Como seu método parecia funcionar, Zhao Da começou a trazer coisas de vez em quando. Eram coisas bem comuns, como uma cesta de legumes, alguns peixes ou um pernil de porco, e coisas do tipo.
Ding Xiang pensou que estava agindo sob ordens de Sua Alteza e as aceitou todas as vezes. Isso continuou até que ela encontrou um enfeite de cabelo de flores na cesta de legumes. Chun Cao sorriu provocativamente e a madame sorriu significativamente. Só então Ding Xiang percebeu que essas coisas não eram de Sua Alteza para a madame, mas sim daquele homem para ela mesma.
Isso mostrou que as mulheres às vezes eram alheias a certas coisas. A normalmente inteligente e constante Ding Xiang também acabou tendo um dia assim, e também revelou uma expressão tão atordoada que fez Xiao Hua rir animadamente.
Ding Xiang era extremamente tímida e se escondeu dentro de casa, sem sair por um dia inteiro.
Depois disso, não houve mais nada. Pelo menos Xiao Hua não viu. Ela só sabia que Ding Xiang começou a interagir cada vez mais com aquele lado.
Zhao Da começou a enviar coisas com mais frequência e Ding Xiang também enviava a comida que ela fazia com os ingredientes dele para eles comerem.
Só depois Xiao Hua descobriu que o grupo de Zhao Da em frente era "verdadeiramente lamentável". Nenhum desses homens sabia cozinhar e sempre tinham que comprar comida de fora para comer. Foi isso que Ding Xiang disse a ela.
Que "lamentável", pensou Xiao Hua secretamente. Acontece que todos os homens conheciam esse truque de se fazer de lamentável para obter compaixão! Daquela vez que ele veio, ele também tinha uma aparência lamentável. Ele não estava apenas tentando obter a compaixão dela? Depois disso, seu coração se amoleceu, ele comeu até se fartar, mas acabou fugindo...
Assim que pensou nisso, Xiao Hua ficou com raiva. Príncipe Jing, é melhor você não voltar mais!
É claro que ela só pensou nisso por raiva. Assim que a raiva passasse, ela pensaria que, se ele demonstrasse uma boa atitude ao voltar, ela ainda estaria disposta a perdoá-lo...
Xiao Hua imaginou todos os tipos de cenários para o retorno dele: como ela o trataria com atitude, como o ignoraria, como seguraria as crianças e o manteria isolado. Ela também pensou em como ele deveria agir e o que deveria fazer, antes que ela estivesse disposta a perdoá-lo um pouco, e como ele teria que persuadi-la antes que ela demonstrasse uma boa expressão...
Ela havia pensado em tudo e em como deveria reagir a tudo, mas não esperava que, quando ele realmente aparecesse, sua reação fosse aquela...
Naquele dia, Xiao Hua saiu para chamar seus filhos para comerem em casa. No momento em que saiu, ela o viu segurando as mãos deles, caminhando em sua direção...
O pôr-do-sol brilhante envolveu os três em uma camada dourada de luz.
Ela olhou para aquela pessoa, sem entender. Ele havia emagrecido muito e não estava tão bonito quanto antes. Ela quase não o reconheceu...
Então, suas lágrimas rolaram de uma só vez, e não conseguiram ser contidas. Ela correu e o abraçou, chorando copiosamente.
Seu choro era muito alto e um pouco histérico, continha um pouco de pânico e desamparo, e também as preocupações ocultas em seu coração.
Ela assustou as duas crianças e também o Príncipe Jing.
Os gritos ensurdecedores fizeram com que vários vizinhos saíssem.
Cui Zhi explicou calmamente aos outros: "Este deve ser o homem dela. Ele não volta há muito tempo, ela provavelmente está muito emocionada..."
A expressão do Príncipe Jing era estranha e ele a abraçou com firmeza. Ele ouviu a comoção ao lado, mas não conseguiu reagir, apenas a abraçou com força.
Tia Ma não aguentou mais e se aproximou.
"Menina boba, por que você está chorando? Ainda bem que ele voltou. Entre logo."
Ela puxou Xiao Hua, enquanto dizia ao Príncipe Jing em tom de reprovação: "Esse seu estilo de vida, saindo por meses sem cuidar da esposa e dos filhos! Se você demorar mais para voltar, as crianças não vão mais te reconhecer... Por que você tem que ficar fora por tanto tempo? Casais jovens deveriam passar mais tempo juntos. Negócios podem esperar. Como o dinheiro é mais importante do que estar junto com a esposa e os filhos?..."
O Príncipe Jing não sabia como responder: "Esse humilde... er, eu estava errado em fazer isso."
"Pare de chorar, mulher, agora é hora de você ficar feliz."
Só então Xiao Hua se recuperou. Ao ver todos ao redor, ela se sentiu extremamente envergonhada. Ela enxugou o rosto e sorriu timidamente para a Tia Ma, antes de puxar às pressas o Príncipe Jing e as crianças para dentro do pavilhão.
Só depois de entrar é que ela percebeu como parecia tola. Ela soltou a mão dele apressadamente. Queria se acalmar um pouco, mas o clima não estava dos melhores. Seu rosto estava uma bagunça de tanto chorar e Xiao Hua só conseguiu correr para lavá-lo.
Capítulo 145
O HUMOR DE UMA MULHER É ESTRANHO
Nos quatro meses em que esteve fora, o Príncipe Jing fez algumas coisas.
Sem mencionar o resto, ele realmente fez uma viagem à capital.
A agitação estava fervilhando por toda a capital, e chamar isso de uma questão de vida ou morte não seria exagero. Ele, naturalmente, não podia simplesmente ficar sentado na Província de Jing, dando ordens de longe.
Muitas coisas aconteceram e, felizmente, seus esforços foram recompensados. Depois que tudo acabou, o Príncipe Jing não se importou com o que o Imperador Xi planejava fazer para resolver a bagunça na capital.
Ele secretamente levou seu pessoal de volta para a Província de Jing. Assim que voltou, correu para a casa dela.
Xiao Hua voltou da lavagem do rosto e o viu cercado pelas crianças que faziam todo tipo de perguntas estranhas.
Na verdade, crianças de dois anos não têm memória longa. Elas sabiam quem eram o pai e a mãe, mas depois de um tempo sem vê-los, muitas crianças não os reconheciam.
Yi Yi era um exemplo disso. Felizmente, a memória de Zhuo'er era muito melhor que a da irmã. Foi ele quem reconheceu o Príncipe Jing e disse à irmã que aquele era o papai. A palavra "papai" despertou as memórias ocultas de Yi Yi, ou talvez pai e filhas tenham um vínculo natural, ou talvez ela ainda se lembrasse de um homem que sempre a abraçava quando era mais nova. Embora ele não sorrisse, era muito paciente. Seja como for, Yi Yi e o Príncipe Jing se aproximaram muito rapidamente. Em pouco tempo, ela estava agarrada ao pescoço do pai e rindo alegremente.
Zhuo'er era um pouco mais teimoso. Quando o Príncipe Jing notou suas sobrancelhas franzidas, lembrou-se de algo e entregou-lhe uma caixa de guloseimas. Só então Zhuo'er revelou um pouco de alegria infantil.
Sua alegria durou apenas um segundo. Talvez o pequeno Zhuo'er sentisse que precisava ser mais sensato do que a irmã. Ele colocou a caixa sobre a mesa e assentiu, satisfeito. Ele estava essencialmente dizendo ao Príncipe Jing: "Você se saiu bem, sabendo como ganhar dinheiro e comprar coisas para seus filhos em casa."
Essa cena deixou Xiao Hua extremamente comovida.
O humor de uma mulher era realmente muito estranho. Ela claramente estava cheia de reclamações, claramente preocupada dia após dia, e claramente pretendia ser desagradável quando ele aparecesse, mas no momento em que viu aquele homem, o que acabou transbordando foi felicidade e excitação completas. Ela jogou o resto de seus pensamentos caóticos para o fundo da mente e os esqueceu...
Ding Xiang e Chun Cao prepararam o jantar. Depois de colocar as crianças em seus lugares para a refeição, Xiao Hua e o Príncipe Jing sentaram-se à mesa.
O rosto de Xiao Hua estava rígido, enquanto ela comia com a cabeça baixa. De repente, um par de hashis colocou alguns vegetais em sua tigela. Ela não disse nada e continuou a comer. Talvez porque sua mente estivesse uma bagunça, ela apenas agarrou o arroz mecanicamente e não pensou em pegar nenhum dos pratos. O Príncipe Jing suspirou e, vendo que ela havia comido os vegetais da tigela, pegou mais um pouco para ela.
No final, Xiao Hua havia comido bastante, mas o Príncipe Jing não conseguiu comer muito. Mas ele não sentia fome nem cansaço. Apesar de ter corrido por mais de dez dias para chegar ali, seu cansaço desapareceu completamente no momento em que a viu com as crianças.
A água quente já estava preparada após o jantar.
O tempo estava esfriando gradualmente. Zhuo'er e Yi Yi não tomavam banho todos os dias. Desta vez, ela lavou seus rostos, mãos e pés antes de trocar de roupa e deixar Ding Xiang colocá-los para dormir.
Xiao Hua foi tomar banho, e o Príncipe Jing tomou um depois que ela terminou. O Príncipe Jing estava claramente bastante sujo, então elas prepararam bastante água.
O Príncipe Jing lavou-se sozinho e, depois de sair da banheira, viu uma roupa íntima masculina na prateleira. As roupas eram novas e limpas. Quando ele as vestiu, elas lhe serviram perfeitamente. O olhar do Príncipe Jing se suavizou e ele saiu do banheiro.
Xiao Hua deitou-se rigidamente na cama, de costas para o lado de fora. O Príncipe Jing deitou-se e aninhou-a, puxando-a para seus braços.
"Xiao Hua'er, deixe-me dormir um pouco primeiro. Não durmo há dias."
A pessoa em seus braços resmungou algumas palavras e não disse mais nada. Depois de um tempo, Xiao Hua soltou um suspiro e relaxou gradualmente o corpo.
O homem atrás dela a abraçou calorosamente. Ela havia sido abraçada dessa forma por mais de dois anos, dia e noite. Cada vez que estava nos braços dele, tinha a sensação de que toda a mágoa e infelicidade em seu coração desapareceriam completamente sem deixar vestígios.
O quarto estava em silêncio, a ponto de eles poderem ouvir as batidas do coração um do outro. Xiao Hua fechou os olhos lentamente e seus corações bateram gradualmente em sincronia.
.....ooo0ooo.....
O Príncipe Jing dormiu por um longo tempo. Ele só acordou na manhã do terceiro dia.
Durante esse tempo, alguém veio do lado de Zhao Da para verificar como estavam. Quando souberam que Sua Alteza ainda estava descansando, viraram-se e foram embora.
Durante esse tempo, todos no pavilhão não conseguiram evitar o silêncio. Até Yi Yi sabia usar o dedo mindinho nos lábios para silenciar Bola de Pelo quando ele vinha brincar, dizendo-lhe para não falar muito alto, já que o papai estava dormindo.
Quando Xiao Hua e as crianças estavam tomando café da manhã, o Príncipe Jing acordou. Ele vestiu uma camisa aleatoriamente e entrou na sala, com o cabelo na altura da cintura espalhado pelas costas.
A alegria brilhou nos olhos de Xiao Hua. Ela instruiu Ding Xiang a pegar uma tigela extra e um par de hashis. O café da manhã era muito simples: mingau, alguns acompanhamentos e alguns pães cozidos no vapor.
O Príncipe Jing provavelmente estava morrendo de fome, só parando depois de comer duas tigelas de mingau e três pães.
As crianças foram levadas para brincar por Ding Xiang. Xiao Hua e o Príncipe Jing retornaram ao quarto interno. Os olhos do Príncipe Jing continham um traço de preguiça depois de comer, enquanto ele se encostava na cabeceira da cama, olhando para Xiao Hua, que estava ao seu lado. Ao vê-la pensando em como começar suas investigações, ele a puxou para seus braços e arrancou seu grampo de cabelo, permitindo que seus longos cabelos se espalhassem pela cama. Suas grandes palmas o acariciaram lentamente.
"Você já sabe sobre meu status. O atual imperador é meu pai. Éramos cinco príncipes quando crescemos, apenas nós cinco..."
O Príncipe Jing narrou lentamente enquanto Xiao Hua estava deitada com o ouvido contra o peito dele. Ela podia ouvir as batidas do coração dele e acompanhava as palavras que ele dizia, tentando entender seu mundo.
Xiao Hua sabia sobre as lutas secretas dentro de famílias ricas. Ela já vira irmãos discutindo sobre propriedades familiares até seus rostos se contorcerem. Isso incluía o quarto jovem mestre Ruan Siyi em sua vida passada. Ele e o irmão começaram cheios de generosidade um com o outro, mas no final, esquemas ocultos surgiram de todos os lados.
As pessoas se desequilibram facilmente. Já que ambos eram filhos e ambos compartilhavam os mesmos pais, por que um tinha que ceder ao outro? No fim, eu abri mão do direito de sucessão, abri mão das minhas perspectivas futuras, e você ainda me reprime, tanto aberta quanto secretamente?
Xiao Hua vira o herdeiro tratar bem o quarto jovem mestre, e todos na propriedade disseram que o herdeiro o tratava bem. Mas se esse era realmente o caso, apenas a pessoa envolvida saberia.
Xiao Hua foi a concubina favorita de Ruan Siyi no passado e, naturalmente, conhecia alguns segredos. Ela sabia o que significava ser superficial. As lutas entre homens nunca foram as mesmas que as lutas entre mulheres, que lutavam por afeição.
As lutas dentro das propriedades da nobreza também não podiam ser comparadas às da família real. Acontece que ter um status mais elevado e desfrutar de mais glória não vinham sem um custo. O custo era que não havia afeição familiar dentro da família real e irmãos também podiam acabar se matando. Alguém podia escolher não lutar, mas o resultado era ficar à mercê dos outros.
O Príncipe Jing não entrou em detalhes, apenas fez um resumo geral. Isso incluía a explicação de porquê ele escondeu Xiao Hua e as crianças.
Sua explicação foi muito concisa, mas Xiao Hua conseguiu entender o significado por trás dela. A intenção dele sempre foi que, se algo acontecesse com ele, ela e as crianças fossem mandadas para longe – para muito, muito longe. Quanto a ele, naturalmente estaria morto...
Isso havia sido planejado desde o momento em que ela engravidou. Foi por isso que ele fechou o pavilhão oeste e manteve as crianças em segredo. Foi também por isso que ele os levou para uma viagem e arranjou alguém que se parecia com ela como isca...
As lágrimas de Xiao Hua há muito cobriam seu rosto enquanto ela estava deitada em seus braços. Esse homem, esse homem!... Como ele pôde tomar tal decisão? E se algo realmente acontecesse com ele, o que aconteceria com ela e as crianças?
Nesse momento, Xiao Hua percebeu o problema. O que ela teria feito, se o Príncipe Jing tivesse explicado as coisas para ela naquela época? Ir embora com as crianças ou ficar com ele? Provavelmente teria sido uma decisão difícil de qualquer maneira! As crianças eram muito pequenas e, sem os pais, como poderiam viver? Mas se ela o deixasse para trás, definitivamente não teria paz de espírito...
Só agora Xiao Hua entendia o significado por trás das ações do Príncipe Jing. O coração dela se sentia doce, mas amargo; azedo, mas quente. Era extremamente complicado, e ela estava exausta de tanto chorar.
A mão dela balançava descontroladamente no peito do Príncipe Jing, enquanto murmurava: "Você é muito mau, muito mau! E se algo tivesse realmente acontecido? Como pôde me deixar para trás com as crianças..."
O Príncipe Jing soltou um suspiro leve e acariciou os cabelos dela mais uma vez. "Não está tudo bem, agora?"
"E se não estivesse? O que você acha que eu faria? Ir embora com as crianças e me casar novamente?"
Após esse golpe chocante, veio uma única frase dominadora do Príncipe Jing: "Você ousa!?"
Ao ver sua aparência incomodada, Xiao Hua chorou e riu: "A culpa é sua por não me levar junto. Se algo acontecesse com você..." Ela o abraçou pelo pescoço: "...Eu também não quero viver..."
Vendo seus olhos e nariz vermelhos dela enquanto chorava, o coração do Príncipe Jing se suavizou até quase derreter: "Não tenha medo. Está tudo bem agora. Tudo acabou..." Ele murmurou, confortando-a, e deu-lhe um beijo leve.
"Nunca mais faça isso. Sem você, eu também não consigo viver..." Mesmo que ela continuasse viva, não seria diferente de um cadáver ambulante.
Depois de chorar e se confortar, os dois acabaram se entrelaçando.
As crianças não vieram incomodá-los e o pavilhão ficou extremamente silencioso.
Somente à tarde Xiao Hua saiu timidamente da cama. O Príncipe Jing olhou para ela com uma expressão satisfeita.
Depois de buscar água, o Príncipe Jing ainda estava com preguiça de se mexer. Xiao Hua só conseguiu terminar de se lavar e levar um pouco de água para limpá-lo. Aquele homem parecia decente por fora, mas era extremamente indecente por dentro. Ele insistiu em ficar deitado ali, enquanto Xiao Hua o refrescava com uma toalha morna.
Talvez porque as coisas que o sobrecarregavam já tivessem sido concluídas, a atitude do Príncipe Jing pareceu um pouco diferente. Enquanto Xiao Hua, com o rosto vermelho, limpava o corpo dele, ele se virou para ela e disse, com uma expressão séria: "Já tivemos dois filhos."
Isso significa que ela não podia mais ser tímida?!
Bah!
Apesar de pensar nisso e lançar-lhe um olhar claramente envergonhado, ela ainda o refrescou de boa vontade. Não era como se ela nunca tivesse feito isso antes. É que ela era alguém que se sentia envergonhada por isso.
Os dois brincaram por mais um tempo antes de Xiao Hua forçar o Príncipe Jing a se levantar.
Ela trocou as roupas da cama, abriu as portas e foi para o pátio. Não havia uma única pessoa lá fora. Ouvindo o barulho, Ding Xiang saiu da ala leste.
"Senhora."
“Onde estão Zhuo'er e Yi Yi?"
"Saíram para brincar."
"Vamos fazer a refeição."
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O homem da Srta. Tao havia voltado. Ele falava pouco, mas era muito cortês e refinado.
Ultimamente, todos o viam aparecer no beco. Às vezes, ele acompanhava a Srta. Tao até a cidade. Às vezes, saía em busca dos filhos para comerem. Essa pessoa era estranhamente taciturna, mas muitas jovens esposas e tias coravam involuntariamente ao vê-lo.
Isso acontecia precisamente porque o homem da Srta. Tao era realmente bonito demais.
O homem mais bonito do beco era o Erudito He, da Família He. Mas, comparado ao homem da Srta. Tao, ele nem sequer era digno de carregar os sapatos.
Só depois de verem o homem dela é que todos perceberam que tipo de pessoa poderia ser um par para ela. No passado, sempre sentiam que faltava algo quando tentavam bancar os casamenteiros. Só agora perceberam que era uma sensação de que combinavam bem, quando estavam juntos.
Naquele dia, Xiao Hua e o Príncipe Jing terminaram o café da manhã e foram para o mercado matinal. Eles caminharam e deram uma olhada e, quando voltaram, a cesta de vime de Xiao Hua continha alguns vegetais frescos e um peixe. O Príncipe Jing carregava algumas sacolas de frutas e salgadinhos.
"Senhorita Tao. Voltou das compras?" Uma das jovens do beco os cumprimentou.
"Isso mesmo." Xiao Hua sorriu e assentiu, e os dois passaram.
Por trás, ouviram a jovem repreendendo seu próprio homem: "Olha como o homem da Srta. Tao é bom. Ele sabe fazer compras com ela e passear com ela. Olhe para si mesmo. Quando foi que você saiu para passear comigo? Desde que essa mamãe se casou com você, eu sou só uma faxineira para você na sua casa. Eu realmente comprei gato por lebre..."
Aquele homem pareceu ter respondido baixinho, mas Xiao Hua não conseguiu ouvir com clareza. Ela lançou um olhar furtivo para o Príncipe Jing. Ele não estava olhando para ela, mas a mão que segurava a dela sob as mangas largas se moveu um pouco. Xiao Hua não pôde deixar de esboçar um sorriso doce.
Assim que chegaram ao seu lugar, viram alguém parado em frente.
Xiao Hua lançou um olhar para o Príncipe Jing e entrou no pavilhão. O Príncipe Jing foi para o outro lado.
Depois de um tempo, o Príncipe Jing voltou.
"Alteza, é hora de ir embora?"
Desde que o Príncipe Jing lhe explicou as coisas, Xiao Hua sabia que mais cedo ou mais tarde eles teriam que deixar aquele lugar. Só que, tendo vivido ali por tanto tempo, ela sentia uma inexplicável sensação de relutância. O Príncipe Jing parecia ter notado a relutância de Xiao Hua e nunca havia mencionado nada sobre ir embora. Ao ver o Comandante Lin aparecer, Xiao Hua pensou que provavelmente era hora de ir.
O Príncipe Jing assentiu.
"É urgente?"
"Podemos ficar mais um dia."
Depois do almoço, Xiao Hua puxou as crianças para um canto para uma conversa.
A compreensão de Zhuo'er e Yi Yi era limitada, então Xiao Hua só conseguiu dizer de uma forma que elas pudessem entender: elas tinham que deixar aquele lugar e ir para casa.
Os dois ainda não entendiam bem o que significava deixar aquele lugar. Xiao Hua murmurou para si mesma, antes de dizer que significava que elas não poderiam mais brincar com os pequenos no beco.
Ouvindo isso, Yi Yi começou a chorar. Enquanto chorava, disse "não, não". Zhuo'er estava um pouco melhor, mas suas sobrancelhas também estavam franzidas.
Xiao Hua não sabia como explicar às crianças que tudo chegava ao fim. Afinal, isso era algo que todos tinham que vivenciar, à medida que cresciam. Ela só podia se agachar ali e esperar a filha terminar de chorar e, depois, enxugar as lágrimas. Então, disse a ela e ao irmão que no futuro haveriam outros amiguinhos. Eles também poderiam voltar a se encontrar quando estivessem mais velhos.
Yi Yi perguntou o que significava ficar mais velho. Xiao Hua disse que era quando Yi Yi teria a idade da mãe e o irmão teria a idade do pai.
Xiao Hua também foi se despedir de algumas das jovens com quem era próxima. Sua explicação foi que precisava se estabelecer na cidade natal do seu marido. Afinal, uma folha que cai precisa voltar às suas raízes.
Cui Zhi, a esposa do ferreiro e as outras mulheres estavam muito relutantes em se separar dela. Xiao Hua se sentia culpada. Tendo interagido com essas pessoas por tanto tempo, apenas sua pessoa era real, e todo o resto era invenção. Mas esses vizinhos a trataram com muita sinceridade. Em seus momentos mais indecisos e desamparados, eles não apenas a ajudaram, como também lhe ensinaram muitas coisas.
Diante da relutância deles, ela só conseguiu sorrir e mentir, com os olhos marejados: "Eu ainda voltarei no futuro, se tiver uma chance..."
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No dia seguinte, o Príncipe Jing deixou o Beco Yuling Leste com Xiao Hua e as duas crianças.
Eles não venderam o pequeno pavilhão de Xiao Hua. Xiao Hua disse às pessoas que era para deixar uma lembrança e que voltaria para dar uma olhada, se tivesse a chance.
Embora não houvesse muita certeza, ela pensou que, como havia tantos anos de vida, talvez houvesse uma chance no futuro.
A casa de Zhao Da também se esvaziou, junto com o pequeno pavilhão da Srta. Tao. Eles partiram sem aviso prévio. As pessoas no Beco Yuling Leste se perguntaram se Zhao Da havia fugido atrás da irmã mais velha da Srta. Tao. Afinal, os dois pareciam prestes a se tornar um casal.
O grupo de pessoas de Xiao Hua causou comoção no Beco Yuling Leste ao chegarem e, depois, partiram novamente.
A vida cotidiana no Beco Yuling Leste continuou tranquilamente, dia após dia.
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Palavras do autor:
Parece que o palácio não é tão agradável quanto o Beco Yuling Leste. Talvez seja por causa da mentalidade dos moradores da cidade. Este autor acha que esse tipo de vida é realmente chamado de ‘bela’. Claro, esse tipo de vida também é definitivamente ‘chata’. Viajei, considerem essas palavras como minhas divagações.

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