Capítulo 141
— Li Wu, sua calça...
Alguém falou de repente, apontando para o traseiro exposto de Li Wu.
Li Wu imediatamente se deu conta da situação, cobrindo-se com ambas as mãos em pânico. Ai não, ai não — tinha esquecido completamente! Quando foi que a saia de palha desapareceu? Céus!
O grupo caiu na gargalhada, incapaz de se controlar.
Hu Zhenghao mordeu o lábio para conter o riso, reprimindo uma risadinha.
— Vamos, vamos trocar sua calça.
Hu Zhenghao puxou Li Wu pela mão, enquanto Li Wen os seguia em silêncio.
— Irmão mais velho, devemos costurar a calça primeiro e depois lavar, ou lavar primeiro e depois costurar?
Agora vestido com uma calça nova, Li Wu já não se sentia envergonhado. Ele inclinou a cabeça para Hu Zhenghao, olhando para a calça esfarrapada com buracos maiores que seu rosto.
— Lave primeiro. Está quente — vai secar rápido. Da próxima vez, não seja tão preguiçoso.
Hu Zhenghao pensou por um momento antes de responder.
Li Wu obedeceu prontamente, recolheu as roupas e foi lavá-las.
Logo, Li Ying voltou. A grande extensão da floresta havia sido isolada, e eles teriam que esperar por nova inspeção antes de entrar novamente.
— Descansem cedo hoje. Amanhã, vou levar todos ao estande de tiro.
No instante em que Li Ying terminou de falar, as crianças explodiram em gritos de alegria.
— Sério? Vamos poder tocar nas armas?
— Vai depender do desempenho de vocês.
As palavras de Li Ying atiçaram ainda mais a curiosidade dos pequenos. Que garoto não adorava armas?
Eles acordaram às cinco da manhã para os treinos e uma corrida de cinco quilômetros. As crianças terminaram vários minutos mais rápido que o habitual, alinhando-se com disciplina e os olhos fixos em Li Ying.
— Primeiro, café da manhã. Depois, seguimos para o estande de tiro. Hoje, vou ensinar uma canção de tiro.
Li Ying mal cantou a primeira linha quando percebeu que as crianças já a conheciam.
— Ótimo. Mais alto agora. Marcha — rumo ao refeitório.
Um grupo de novos recrutas da Força de Defesa Nacional foi atraído pelo canto dos escoteiros e virou-se para observar.
Eles sabiam um pouco sobre os Escoteiros Mirins, então não ficaram tão surpresos — até o momento em que, após o café, o esquadrão de Hu Zhenghao se alinhou ao lado deles e marchou junto rumo ao estande de tiro.
— Hoje, seus instrutores vão demonstrar uma competição para vocês. Serão duas provas, garantindo que todos participem — inclusive nossos jovens escoteiros. Os vencedores poderão atirar e comer porco assado hoje à noite. Os perdedores? Uma corrida extra de cinco quilômetros.
Hu Zhenghao e os outros arregalaram os olhos. Iriam competir contra adultos? Como poderiam vencer?
— Eu quero atirar!
Li Wu quase pulava de empolgação.
— A primeira prova é desmontar e montar a arma. Para ser justo, os escoteiros terão um minuto extra. A segunda prova é uma pista de obstáculos de um quilômetro — oito obstáculos para os recrutas, seis em oitocentos metros para os escoteiros.
Assim que as regras foram anunciadas, todos se animaram.
Os instrutores se adiantaram, com Hu Jun como árbitro principal.
Enquanto isso, nas profundezas da montanha, Shen Xianjun liderava uma equipe de varredura de minas terrestres. O detector emprestado era operado por um especialista.
— Esse detector ainda é experimental — não é totalmente confiável e pode ser afetado por outros minerais.
O especialista explicou as limitações, e Shen Xianjun assentiu. Até a tarde de ontem e nesta manhã, ele já havia demarcado zonas seguras — áreas por onde haviam passado anteriormente, separadas do terreno desconhecido.
Vestido com traje antiexplosão pesado, com socorristas de prontidão, Shen Xianjun seguia na frente.
Com base na cratera da explosão de ontem, ele havia estimado a potência da mina e identificado seu tipo geral pelos destroços.
Sempre que o detector apitava, Shen Xianjun marcava o local e o limpava com uma ferramenta de escavação.
Minas ativadas por pressão não eram seguras para remoção sem treinamento especializado. Shen Xianjun verificava cuidadosamente, mas não encontrava mina — apenas fragmentos de metal enferrujado, restos de batalhas passadas.
Apesar dos falsos alarmes, Shen Xianjun não suspendeu a busca. Se algo, os fragmentos o tornaram ainda mais meticuloso.
Cada ponto sinalizado aprofundava as dúvidas da equipe, à medida que os erros se acumulavam.
No quarto local, Shen Xianjun desacelerou ainda mais os movimentos. Um canto escuro espreitava sob a terra.
— Recuem para uma distância segura. Me entreguem o capacete de detonação — eu vou detonar.
Shen Xianjun ordenou a retirada. Ali, ele tinha a patente mais alta.
— Major Shen, deixe que eu faço isso.
— Você nem se casou ainda. Eu fui treinado para isso. Siga as ordens — recuar.
Shen Xianjun lançou-lhe um olhar firme, vestiu o capacete e esperou até que todos estivessem a salvo. Então pegou uma grande pedra, mirou e lançou.
Essas minas antigas eram ativadas por pressão, exigindo força suficiente para explodir.
Mas depois de anos enterradas, até desarmá-las era arriscado. A opção mais segura era detoná-las no local.
A explosão ecoou, abafada pelos disparos no estande de tiro, onde todos os olhos estavam voltados para a competição.
A sobrancelha de Hu Jun se contraiu levemente ao olhar na direção das montanhas.
Terra voou, o chão tremeu quando a equipe correu até Shen Xianjun, enterrado sob o solo.
— Estou bem.
Shen Xianjun balançou a cabeça, tirando o capacete.
— A sorte está do nosso lado — essa área está limpa agora. Continuem procurando.
Ele se sentou, examinando os pontos marcados.
O socorrista se recusou a deixá-lo se mover até repetir os exames várias vezes e confirmar que ele não havia se ferido.
— Já disse que estou bem. Vamos.
Shen Xianjun se levantou.
De volta ao estande de tiro—
— Uau! Os instrutores são incríveis!
Li Wu liderava os aplausos.
Até os recrutas ficaram impressionados — os instrutores dos escoteiros eram cheios de surpresas, enfrentando os próprios instrutores militares de igual para igual.
Li Ying não ficou em primeiro lugar, mas conquistar o segundo entre doze instrutores já era um feito e tanto, com uma margem mínima.
— Você está feliz mesmo eu não tendo vencido?
Li Ying riu das expressões admiradas das crianças.
— Segundo lugar ainda é incrível! E todos os instrutores foram demais!
Li Wu disse animadamente, de forma surpreendentemente diplomática.
— Garoto, mire sempre no primeiro lugar, entendeu?
— Entendi! Eu vou ser o melhor!
Li Wu deu um tapa no próprio peito.
— Ótimo. Agora, seu instrutor vai ensinar como desmontar e montar uma arma. Vocês terão dez minutos para aprender, divididos por esquadrões.
Hu Jun explicou as regras, dando três minutos para se prepararem.
Os Escoteiros Mirins tinham dez membros, enquanto cada pelotão de recrutas contava com trinta, divididos em equipes para pontuação.
Seguindo a orientação do instrutor, todos se sentaram em círculo ao redor deles, com as pernas cruzadas no chão.
Um apito soou. Hu Jun iniciou o cronômetro.
O instrutor desmontou a arma, nomeando cada peça, contando-as, e então explicou como montar novamente.
Capítulo 142
O apito soou, e todos os instrutores interromperam seus movimentos. As armas haviam sido totalmente montadas e colocadas de lado.
— Todo mundo se lembra dos passos? Tanto a montagem quanto a desmontagem exigem força. Como vocês têm mais ou menos a mesma idade, quem quer tentar? — Li Ying se dirigiu ao grupo de crianças.
— Deixa o líder de esquadrão fazer isso — ele é o mais forte!
Hu Zhenghao foi empurrado para frente. Embora os outros garotos também quisessem uma chance, aquilo era uma competição, e vencer era o mais importante.
— Certo, eu faço — disse Hu Zhenghao, dando um passo à frente sem hesitar.
Era permitido que os companheiros ajudassem, então todos se reuniram em volta de Hu Zhenghao, prontos para a competição começar.
— Vocês têm certeza de que lembram dos passos?
Li Ying não conseguiu esconder uma pontinha de preocupação.
A pergunta deixou as crianças nervosas — estavam confiantes antes, mas agora trocavam olhares incertos, duvidando da própria memória de repente.
— Eu lembro.
Li Wen falou em voz baixa, aproximando-se de Hu Zhenghao. Os outros abriram caminho sem protestar.
— Excelente. Se vocês vencerem, vou tentar conseguir uma autorização pra vocês andarem num tanque de guerra.
Li Ying jogou a isca tentadora, embora só tenha prometido tentar — se os superiores negassem, não seria culpa dele.
Além de atirar, a gente ainda pode andar num tanque? Os olhos das crianças brilharam de empolgação.
Quando o tempo de preparação acabou, o apito soou de novo e os instrutores de cada equipe ativaram seus cronômetros.
Hu Zhenghao se moveu com agilidade, enquanto Li Wen recitava os passos ao lado dele. A cada peça desmontada, Li Wen não apenas dizia o nome corretamente, como também antecipava o próximo movimento.
— Tudo pronto — agora monta.
Li Wen já estava colado a Hu Zhenghao, entregando cada peça na ordem certa, sem cometer um único erro.
Li Ying observava com espanto, até pausando o cronômetro por dois segundos extras.
— Uhul! Fomos os primeiros! — gritou Li Wu.
Os outros logo se juntaram à comemoração, correndo para abraçar Hu Zhenghao. Li Wu já tinha agarrado Li Wen com força.
— Vocês são piores que um bando de crianças — se acham os melhores, não escutam ninguém, não confiam nos colegas e nem sabem trabalhar em equipe!
As equipes mais lentas levaram uma bronca dos instrutores, cabisbaixas e envergonhadas.
As crianças, alheias à bronca alheia, celebravam a vitória com alegria, ansiosas pela recompensa e pela próxima disputa.
Hu Jun deixou escapar um leve sorriso de satisfação antes de voltar à sua expressão neutra.
O feriado passou quase despercebido. Com o computador novo, a eficiência de Qin Nian no trabalho disparou.
— Professora, o manuscrito com a teoria central está completo. Depois desse período de estudo, os experimentos de todos começaram a apresentar resultados promissores.
— Ótimo. Muito bom.
As mãos do Reitor Hu tremiam levemente ao segurar o grosso manuscrito — quase um milhão de palavras de teoria central, abrangendo o conhecimento que eles tanto precisavam para avançar.
Com aquilo, eles não iriam apenas aprender — iriam superar e inovar.
— Ainda tem mais para acrescentar. Vou continuar compilando.
Nos últimos dois anos, Qin Nian fez praticamente só isso: memorizar textos e analisar dados críticos.
Depois de apenas alguns dias de descanso, voltou à rotina de trabalho intenso, dormindo só cerca de seis horas por dia e recusando-se a diminuir o ritmo.
Desde então, ela só havia voltado ao conjunto residencial uma vez, e agora, mergulhada no laboratório, mal lembrava da data. Parecia que fazia séculos que não ia pra casa.
Com o salário recém-recebido em mãos, Qin Nian decidiu visitar a família. Mas, ao chegar, encontrou a porta trancada — até a casa da Tia Wang ao lado estava vazia.
Ela olhou o relógio. Quase seis da tarde — onde foi parar todo mundo?
No instituto de pesquisa agrícola, um grupo de alunos se aglomerava em volta de duas senhoras mais velhas.
— Tia Yang, o seu ensopado tá maravilhoso!
— Tia Yang, você é incrível! Laçou aquele javali de uma vez só — achei que ia morrer hoje!
A conversa era animada. Mais cedo, tinham subido até o pomar para capinar o mato. As pereiras ali produziam frutos de baixa qualidade, e a área tinha sido abandonada até o professor designá-los para limpar o terreno e enxertar novas variedades no ano seguinte.
No meio da atividade, alguém gritou — um javali selvagem havia disparado do meio do mato. Os alunos se espalharam em pânico, mas a vegetação era espessa e fácil de tropeçar.
— Sobe nas árvores! Rápido! — gritaram Tia Wang e Yang Yufen.
Só então os alunos reagiram, subindo apressadamente nos galhos mais próximos.
Mas os que estavam sendo perseguidos não tiveram chance de escapar — não dava tempo nem de subir.
Os estudantes mais distantes, agindo rápido, começaram a jogar objetos no javali para distraí-lo e, assim, conseguiram escalar também.
A camaradagem habitual deles ficou clara naquele momento de crise.
Yang Yufen observava enquanto os alunos faziam o bicho correr em círculos. Ajudou Tia Wang a subir numa árvore e depois agarrou uma corda de trabalho.
O javali não era tão grande — do contrário, os alunos não teriam conseguido driblá-lo. Ainda assim, Yang Yufen não confiava só na própria força, então chamou um estudante homem para ajudar.
— Eu vou lançar o laço. Se pegar, puxa comigo.
Depois de dar as instruções, gritou:
— Atrai ele pra cá!
As palmas estavam suando, especialmente ao ver o aluno exausto mal conseguindo manter distância do javali. Sem tempo de analisar o terreno, Yang Yufen cerrou os dentes e lançou a corda.
O laço pegou, e ela puxou com força. O estudante ao lado agarrou a corda por reflexo, sentindo as mãos queimarem.
— Puxa forte!
Ao seu comando, ele puxou com tudo, e o javali gritou de dor, virando-se na direção deles.
— Enrola a corda na árvore!
Yang Yufen empurrou o aluno em direção ao tronco, e ele entendeu na hora, dando a volta e prendendo o nó.
Antes que Yang Yufen pudesse reagir, outro aluno já havia descido e dado uma paulada na cabeça do javali com uma enxada.
O estudante arfava, segurando o peito, e se encolheu com o golpe impiedoso do colega.
— Nossa... bruto demais!
O javali morreu. Como os alunos estavam claramente abalados, Wang Shuo decidiu cozinhar a carne para acalmá-los.
A promessa de um churrasco animou todo mundo, e logo começaram a recolher materiais ali mesmo. Yang Yufen ficou responsável pela comida.
A notícia correu rápido, e logo outros apareceram para participar do banquete improvisado.
— Fiquem atentos. Esse javali era pequeno — pode haver outros maiores mais pra dentro do mato.
Wang Shuo fez um relatório do incidente, solicitando que uma equipe fosse enviada para limpar a área e afastar possíveis ameaças restantes.
— Com tanta gente aqui, a gente não se assusta. Mas seria bom colocar algumas armadilhas — só deixem tudo bem sinalizado, pra ninguém cair sem querer.
Colegas de Wang Shuo chegaram logo depois, aliviados ao ver os alunos ilesos. Javalis selvagens costumavam invadir os campos experimentais, mas geralmente bastava soltar uns rojões para afugentá-los. Desta vez, porém, o bicho avançou mesmo com tanta gente por perto.
Capítulo 143
— Não podemos deixar que os javalis continuem destruindo os campos experimentais assim, especialmente porque muitos alunos hoje em dia nunca lidaram com esse tipo de situação. Hoje foi pura sorte — tinha muita gente por perto. Mas se um ou dois estudantes encontrarem um javali adulto, pode ser extremamente perigoso.
Wang Shuo franziu a testa. A decisão de abater o javali e fazer um churrasco tinha o objetivo de acalmar os nervos dos alunos e evitar que eles se aventurassem impulsivamente na mata para caçar os animais. Também era uma forma de desviar a atenção.
— Então vou fazer um relatório e pedir uma equipe para eliminá-los. Esse é realmente um grande perigo. Antes não havia tantos javalis, mas desde que toda essa área foi destinada à nossa faculdade de agricultura, plantamos mais culturas e árvores frutíferas, atraindo os javalis.
Além disso, a recente tempestade de granizo — os javalis provavelmente desceram das montanhas especificamente para procurar comida.
Wang Shuo assentiu.
Yang Yufen correu para casa quando viu fumaça saindo da cozinha.
— Deve ser a Nian de volta. Vou para casa agora.
— Tudo bem, se cuida.
Na cozinha, Qin Nian percebeu que o termo estava vazio e decidiu ferver um pouco de água, planejando tomar banho depois.
— Mãe, você voltou.
Qin Nian virou a cabeça ao ouvir a voz.
— Sim, o que você está fazendo? Deixa eu ajudar.
Yang Yufen olhou ao redor — só havia uma panela com água no fogão, nenhuma verdura sobre a tábua de corte.
— O termo estava vazio, então pensei em ferver um pouco de água. Você já comeu, mãe?
— Hoje comi churrasco com os alunos da faculdade de agricultura, estou satisfeita. E você? Quer que eu faça um macarrão?
Yang Yufen levantou o termo — realmente estava vazio. Ela estivera com pressa naquela manhã e esqueceu de reabastecê-lo depois de alimentar as galinhas.
— Eu já comi também.
— Vou na casa da Tia Wang, que mora ao lado, pegar um pouco de água pra você. Água recém-fervida é quente demais para beber de imediato.
Yang Yufen levou o termo até a casa vizinha, onde a Tia Wang lavava as mãos.
— Estava muito ocupada esta manhã e esqueci de encher o termo.
— Aqui tenho bastante — os dois termos estão cheios. Vou pegar um para você.
— Amanhã vou folgar. A Nian raramente vem para casa, então com certeza vai descansar também.
Yang Yufen despejou a água no termo enquanto falava.
— Então eu também vou descansar. Amanhã vou limpar as ervas daninhas do quintal — elas estão crescendo mais rápido que os legumes.
As mudas recém-plantadas tinham sido danificadas pela tempestade de granizo, mas as ervas daninhas, teimosas como sempre, estavam prosperando.
— Vou voltar agora. Amanhã também vou dar uma organizada.
Yang Yufen apressou-se para casa com o termo e serviu uma tigela grande de água para Qin Nian.
— Mãe, recebi meu salário este mês. Já que amanhã vou folgar, quais seus planos?
Qin Nian tirou as notas da carteira — exatos 500 yuans.
— Nian, seu salário aumentou de novo! Que ótimo!
Yang Yufen ficou feliz por ela.
— Os salários subiram em toda parte este ano. A mesada do Xianjun também deve aumentar.
Qin Nian tentou entregar o dinheiro para Yang Yufen.
— Não preciso de tudo isso. Guarde para você. A esposa do seu professor comentou sobre o aluguel outro dia — todas as nossas propriedades tiveram aumento. Mas como nossos inquilinos são principalmente professores ou estudantes, e eles consertaram as casas após o granizo, pensei em esperar até o ano que vem para ajustar os valores conforme o mercado.
Yang Yufen aceitou apenas 100 yuans, achando melhor poupar o resto para as crianças.
— Você decide, mãe. O que pretende fazer amanhã?
Qin Nian insistiu em dar mais duas notas, sem dar chance para recusa.
— Nada demais. Vou matar uma galinha para você. Criança boba, o dinheiro tá queimando na sua mão?
Yang Yufen riu, repreendendo-a de leve, mas guardou o dinheiro no bolso.
— Mãe, vamos deixar as galinhas para os ovos. Amanhã, que tal eu te levar na cooperativa de abastecimento? Já está quente, e você ainda está usando as roupas que te comprei da última vez. Vamos te comprar umas roupas novas, e depois saímos para comer.
— Perfeito. Sou mesmo abençoada. Você me leva pra sair e ainda enche minha mão de dinheiro. Aqui, devolvo esses 100 yuans — amanhã a gente se esbalda.
Yang Yufen devolveu os 100 yuans a Qin Nian, que aceitou sorrindo. A água no fogão começou a ferver.
— Vai se lavar que eu vou alimentar as galinhas.
No acampamento —
— Atchim!
Shen Xianjun esfregou o nariz. Sete minas terrestres restantes haviam sido localizadas e detonadas. Entretanto, a operação também descobriu vários esqueletos enterrados. Os ossos estavam deteriorados, mas alguns pertences pessoais foram encontrados, confirmando as identidades.
— Mais dez dias e esta missão acaba. Eu vou liderar a equipe de volta para a escola, e você leva as crianças para o complexo.
Hu Jun se aproximou, observando enquanto os profissionais recolhiam cuidadosamente os restos mortais e os colocavam em pequenos caixões. O clima estava pesado.
Heróis estão enterrados por essas colinas verdes. A vida pacífica que desfrutam hoje foi comprada com o sacrifício desses antecessores — eles jamais devem ser esquecidos.
— Sim, esta área está praticamente limpa. Como estão as crianças?
Desde o dia em que as minas foram descobertas, Shen Xianjun estava morando na mata, e nem os recrutas mais novos podiam se aproximar, muito menos as crianças.
— Elas estão indo bem. Li Wu tem jeito de ótimo soldado solitário. Li Wen... bem, Li Wen puxou a Nian. A mente dele é afiada. Se Li Wu seguir seu caminho, deveríamos encaminhar Li Wen para a pesquisa, como a Nian.
Pelo menos um deles deveria ficar em segurança.
Li Wen tinha um talento incrível para máquinas — desmontar e montar. Se não fosse pelo tamanho pequeno e falta de força, seria tão bom quanto um adulto, talvez até mais ágil.
— Homem de verdade protege o país. É isso que importa.
Shen Xianjun levou um chute de Hu Jun por esse comentário.
— Existem muitas formas de servir o país. Eu acho que Li Wen deve ser preparado para pesquisa em engenharia militar. Pare de desperdiçar um talento bom.
O tom de Hu Jun foi de deboche, mas a preocupação era verdadeira.
— Eu não falei nada errado.
Shen Xianjun tirou a marca de chute das calças.
— Mas o garoto é mesmo tão esperto? Deve puxar o pai.
Ele sorriu com arrogância, ganhando um revirar de olhos de Hu Jun.
— Seus filhos escutam o meu. Sempre me chamam de “tio” — música para meus ouvidos. A palavra de um tio materno tem peso.
O comentário de Hu Jun fez o sorriso desaparecer do rosto de Shen Xianjun. Depois de finalmente ter seus filhos por perto, essa missão o mantinha na mata, quase sem vê-los.
No alojamento, Hu Zhenghao costurava as calças de Li Wu.
— Não dá pra ter mais cuidado? Quantas vezes já é essa? Quantas vezes! Se continuar assim, não vai sobrar tecido pra costurar!
Ele dava bronca em Li Wu enquanto a agulha continuava seu trabalho. Embora as roupas de todo mundo tivessem alguns rasgos aqui e ali, ninguém as desgastava tão rápido quanto Li Wu.
As roupas de Li Wen até haviam acabado nas costas de Li Wu.
— Desculpa. Da próxima vez vou tomar mais cuidado.
Li Wu piscou, implorando. Hu Zhenghao respirou fundo.
O pai deles estava ocupado, o tio não aparecia, e o instrutor de treinamento tinha distribuído agulha e linha, mostrando como remendar, mas Li Wu era desajeitado.
Li Wen tinha dedos ágeis, mas como dizem, “devagar se vai longe” — um único rasgo levava uma eternidade para ele remendar, e o toque de recolher chegava antes que terminasse.
Nesse ritmo, consertar uma única calça levaria uma eternidade. No fim, Hu Zhenghao decidiu fazer ele mesmo.
Capítulo 144
Algumas tarefas, se você não as assumir, não são suas — mas, uma vez que o faça, livrar-se delas não é tão fácil.
Hu Zhenghao já havia perdido a conta de quantas vezes costurara as roupas e calças de Li Wu.
Qin Nian, de repente, se lembrou de Fan Juan e decidiu ligar para ela. Imaginou que, por ser tarde, talvez Fan Juan não atendesse, mas, para sua surpresa, a chamada foi atendida quase de imediato.
— Você ainda está na fábrica a essa hora?
— Além do trabalho do departamento, praticamente estou morando na fábrica esses dias. E você, senhora ocupada? Tem tempo para passar por aqui? As máquinas acabaram de chegar e eu bem que podia usar uma mão para inspecioná-las.
Fan Juan segurava o telefone com uma mão e, com a outra, mordia um pão cozido no vapor. Acreditava em economizar sempre que possível e gastar apenas quando necessário. Achava que tinha dinheiro suficiente, mas, depois de comprar as máquinas, percebeu que ainda havia muitas despesas. Mesmo assim, havia concordado com a compra — para manter o controle, investira a maior parte dos fundos, e agora estava administrando tudo sozinha.
— Certo, que tal assim: amanhã de manhã, eu levo minha sogra à cooperativa de suprimentos e comercialização para comprar algumas roupas e, depois do almoço, vou te encontrar.
Qin Nian pensou por um momento.
— Não se preocupe com a cooperativa de suprimentos e comercialização — vá direto à loja de departamentos de manhã, e almoçamos juntas.
Fan Juan deu um tapinha no bolso. Felizmente, ainda tinha seu salário.
— Combinado.
Qin Nian concordou após uma breve pausa.
O professor Wen conversava com Yang Yufen sobre o javali que haviam encontrado mais cedo. Só de lembrar, o peito do professor ficava apertado.
— Antigamente, se eu tivesse meu rifle de caça, um javali pequeno como aquele não seria problema — eu teria derrubado uma ninhada inteira. Minha mira era a melhor de toda a comuna. Mas, para ser sincero, carne de javali não é tão boa quanto a de porco criado em fazenda — é dura. Agora, ensopado de galinha selvagem? Isso sim é uma delícia.
— Da próxima vez que algo assim acontecer, não avance sem pensar. Se algo desse errado, imagine a preocupação das crianças.
O professor Wen apressou-se em se justificar.
— Eu só não suportaria ver qualquer uma daquelas crianças se machucar. Suas famílias trabalharam tanto para que chegassem à universidade — já sofreram o bastante para chegar até aqui. Não sou imprudente.
Yang Yufen assentiu, explicando:
— A Qin Nian comentou que vai sair amanhã. Quer vir com a gente?
Yang Yufen fez o convite.
— Já marquei com outra pessoa. Não sabia que a Qin Nian estaria de folga amanhã, e não posso desmarcar agora. Vocês duas vão sozinhas — que tal jantarmos juntas à noite? O Velho Hu não vem para casa comer há séculos, e eu não vou cozinhar só para mim.
— Por mim, tudo bem. Eu estava pensando em preparar um ensopado de galinha para reforçar a saúde da Qin Nian, mas ela insiste em me levar para comer fora. Amanhã à noite, matamos uma e fazemos o ensopado — nossas duas famílias comem juntas.
— O lugar para onde vou amanhã é famoso pelo pato assado. Vou trazer um. Combinado, então.
A conversa terminou bem na hora em que Qin Nian desligou o telefone, pegando apenas o final.
— Mãe, amanhã de manhã, venha comigo a um lugar primeiro. Depois que passarmos na loja de departamentos à tarde, voltamos e cozinhamos juntas.
— Está bem.
Na manhã seguinte, Fan Juan já estava esperando na fábrica. O prédio ainda não estava totalmente construído, mas Fan Juan queria pensar grande — agora era a hora, enquanto os custos ainda eram baixos.
— Tia Yang! Qin Nian!
Fan Juan acertou o tempo e as encontrou no portão.
Qin Nian e Yang Yufen tinham vindo cada uma de bicicleta. Shen Xianjun não estava em casa, o que foi perfeito.
Fan Juan puxou Qin Nian para inspecionar as máquinas, enquanto Yang Yufen seguia atrás, observando o espaçoso galpão. Quando Fan Juan puxou a lona, a imponente maquinaria foi revelada.
— Como você sugeriu, comecei com as máquinas de moldagem por injeção. São de segunda mão, mas nos fizeram economizar uma fortuna. A desvantagem é que teremos que ajustar os moldes nós mesmas.
Fan Juan explicou cada detalhe para Qin Nian.
— Mas o equipamento principal que você queria? Fui com tudo — importados novinhos em folha.
Para garantir esse lote de máquinas, Fan Juan trocara um favor com Girard, suportando até os comentários asquerosos dele. Ele a chamara de “deusa oriental” e, depois, a convidara para o casamento, reclamando do ciúme da noiva.
Ela não mencionou nada disso para Qin Nian.
Enquanto Qin Nian testava as máquinas, as duas mulheres trocavam jargões técnicos. Sem conseguir acompanhar, Yang Yufen andou pelo galpão, pegou uma vassoura e começou a varrer os cantos mais sujos.
Nenhuma das duas notou o que ela estava fazendo.
— As máquinas estão funcionando, mas esse conjunto custou uma fortuna — taxas alfandegárias incluídas. Você ainda tem dinheiro sobrando?
A produção nem havia começado. Como contratariam funcionários sem capital?
— Ainda tenho algumas reservas. No pior dos casos, trago outro investidor. Já entrei em contato com gente de cima para pedir apoio — isso vai cortar custos. Quanto antes começarmos a produção, melhor.
Os olhos de Fan Juan ardiam de determinação ao encarar Qin Nian.
— Dez dias devem ser suficientes.
Qin Nian deu o prazo.
— Dez dias? Ótimo. Vou começar a recrutar.
— Recrutar? Quais são os requisitos?
Yang Yufen voltou a se juntar a elas.
— Tia, a senhora tem alguém em mente?
Fan Juan não se opôs — afinal, Qin Nian também tinha participação na fábrica.
— Fornecemos moradia e alimentação, mas são vagas para funções especializadas. As aprendizes precisam ter um certo nível de instrução.
— Muitas mulheres no nosso conjunto sabem ler e escrever. Só pensei em comentar, já que você falou em contratar.
As palavras de Yang Yufen iluminaram o rosto de Fan Juan.
— Tia, a senhora é minha salvação! Como não pensei nisso antes? Muito obrigada! O almoço é por minha conta — vamos!
Fan Juan estava radiante. Aquilo era a carta perfeita para negociar com os de cima — resolveria o problema deles, o dela e ainda criaria empregos para mulheres. Um ganho para todos!
Qin Nian percebeu rapidamente e sorriu, entendendo a situação.
Só Yang Yufen parecia confusa, pensando se Fan Juan não teria enlouquecido de tanto trabalhar. O que será que eu falei para ela se empolgar tanto assim?
— Mãe, pensei que a senhora só conhecesse mesmo a tia Liu e a tia Wang do conjunto.
— Não sou próxima das outras, mas a gente se vê por aí. As crianças brincam juntas, então você conversa. Algumas fazem bicos quando têm tempo entre cuidar dos filhos e, quando os filhos crescem e os maridos estão fora, elas procuram trabalho. Você acaba ouvindo e lembrando das coisas.
Yang Yufen deu de ombros.
Depois do almoço, Fan Juan saiu como um furacão, abandonando os planos de ir à loja de departamentos para se encontrar com os superiores o quanto antes.
— Já que estamos aqui, vamos visitar a Pequena Li.
Yang Yufen percebeu que já fazia um tempo e achou que podiam aproveitar — era só subir as escadas.
— Tia Yang! Há quanto tempo! — Pequena Li ficou radiante.
— Minha nora me trouxe para comprar roupas, então pensei em passar aqui. Como você está?
— Vocês duas têm um relacionamento tão bom! Estou indo bem. O preço do ouro não para de subir — da última vez você comprou bastante. Não está pensando em comprar mais, está?
Capítulo 145
— Subiu tanto assim de preço? Então vamos deixar para lá. Esperamos até cair.
Yang Yufen também ficou relutante ao ouvir o valor.
— Mãe, se a senhora gosta, deveria comprar. Vai que continua subindo depois.
Qin Nian sabia que Yang Yufen adorava ouro e imediatamente quis fazer a compra.
— Não, não, criança boba. Dinheiro tem que ser gasto com sabedoria.
Yang Yufen rapidamente puxou Qin Nian de volta, enquanto Pequena Li ria ao lado, sentindo certa inveja. Mas, ao pensar que o próprio marido podia ficar sempre ao seu lado, ela se sentiu feliz de novo.
— Tia, vocês duas são mais próximas que mãe e filha de verdade. Dá gosto de ver.
— Da próxima vez, a tia vem te visitar de novo.
Yang Yufen sorriu calorosamente, levando Qin Nian embora.
Sempre que vinha comprar ouro, Yang Yufen procurava Pequena Li — nunca deixava que outra pessoa ficasse com a comissão. As duas eram íntimas, então, quando Yang Yufen foi embora, Pequena Li não se importou nem um pouco.
— Nós acabamos de comprar uma casa e você também tem muitas despesas. A mamãe entende. Esses dias, o Wang Shuo e os outros ficam comentando que o laboratório precisa de verba e, se faltar, você mesma teria que cobrir. É melhor guardar mais para suas próprias necessidades.
Yang Yufen baixou a voz, parando no meio da frase quando alguém se aproximou. Ela deu um tapinha na mão de Qin Nian.
— Vamos voltar cedo. Hoje vamos jantar juntos, e preparar o frango leva tempo.
Yang Yufen mudou de assunto. Qin Nian olhou para o braço, agora enlaçado ao de Yang Yufen, e assentiu com um sorriso.
Ao chegar em casa, Yang Yufen não se apressou em matar o frango. Em vez disso, levou Qin Nian para o quarto.
— A mamãe quer te mostrar uma coisa boa — é toda para você e para as crianças no futuro.
Yang Yufen revirou várias camadas até puxar uma caixa de madeira, trancada com cadeado.
Ela pegou uma chave e a abriu.
— São duas chaves. Uma fica comigo, e essa é sua. Guarde em um lugar seguro. O Xianjun não te comprou um cofre? Você anda ocupada e a mamãe nunca teve chance de comentar. Agora é a hora perfeita para guardar tudo lá. É muito mais seguro.
Yang Yufen abriu o cadeado — a outra chave estava dentro da caixa. Assim que levantou a tampa, um brilho dourado e ofuscante preencheu a vista.
— Mãe… quanto ouro a senhora comprou?
Qin Nian ficou atônita.
— Não é muito. Foi acumulando com o tempo. Essa casa… a mamãe sempre teme que acabe sendo como antes — algo que não podemos levar conosco, difícil de vender. Mas ouro é diferente. Leve tudo isso. A mamãe vai continuar juntando e, quando encher, te dou mais. Só não deixe o Xianjun saber. Esse menino sempre foi mão aberta desde pequeno.
Yang Yufen repetiu as instruções antes de enfiar os itens nas mãos de Qin Nian.
— Está ficando tarde. Vamos começar a cozinhar.
Dito isso, Yang Yufen fechou a porta do armário e foi alegremente preparar o frango, aliviada por não precisar mais se preocupar com perder os bens que estavam com ela.
Qin Nian segurou a pesada caixa de madeira e a colocou dentro do cofre, onde já havia algumas escrituras de imóveis e registros familiares. Nem mesmo Shen Xianjun sabia a senha do cofre.
Depois de trancá-lo, Qin Nian pensou de repente em Shen Xianjun e sentiu uma pontada de culpa.
Ela foi ajudar no jantar, enquanto Fan Juan, tendo conquistado a simpatia do chefe com sua lábia, deixava o escritório radiante.
No dia seguinte, Qin Nian chegou ao trabalho cheia de energia, liderando sua equipe nas tarefas.
— O programa inclui funções de lavagem rápida, lavagem intensiva e centrifugação. É simples de operar — não precisa de tanques separados nem de enchimento manual de água. Um único tambor faz tudo, e a capacidade é suficiente para roupa de cama e outros itens volumosos.
— Vamos deixar os resultados experimentais falarem — garantam que o motor não vai sobrecarregar durante a operação e que as roupas realmente fiquem bem limpas.
— Então vamos testar com nossos jalecos e cortinas. Faz tempo que não lavamos mesmo.
Eles haviam chegado à fase final dos experimentos. Qin Nian continuou escrevendo suas anotações enquanto os integrantes da equipe reuniam materiais e registravam dados.
Filas de veículos verde-oliva estavam estacionados na entrada do acampamento, e todos carregavam seus pertences, alinhando-se para embarcar.
— Oba! Finalmente estamos voltando para casa! Sinto tanta falta da vovó! Quero macarrão frio, panqueca de cebolinha, frango cozido com batatas e ensopado de peixe com pão de milho!
Li Wu contava nos dedos, praticamente salivando.
— Para de falar de comida — a gente acabou de comer. Como você já pode estar com fome de novo? — Hu Zhenghao tapou a boca de Li Wu. Todos olhavam, e aquele garoto sabia mesmo como despertar inveja.
Além disso, não era exatamente da vovó Yang que ele sentia falta — era da comida dela. Agora até Hu Zhenghao estava com vontade.
Durante o treinamento, eles não sentiram tanto, mas agora que estavam voltando para casa, seus corações batiam mais rápido de antecipação.
— O Xiaojun ligou dizendo que as crianças voltam hoje, mas não sabemos a hora que vão chegar.
O professor Wen e Yang Yufen estavam juntos, tendo tirado o dia de folga para receber os filhos.
— Sem pressa, sem pressa. Vou preparar mais dos pratos favoritos deles para que possam comer assim que chegarem. Faz tanto tempo… sinto muita falta deles. Devem ter emagrecido. Com certeza emagreceram.
Yang Yufen limpava um peixe, com as escamas brilhando — fresco e grande. Comprara na hora, decidindo deixar o frango para outro dia.
— Você mima demais esses meninos. Cada refeição que prepara é feita com tanto carinho.
— Comida é a base da vida. Do que adianta se perderem o apetite? Comer bem é uma bênção. No nosso tempo, tínhamos que nos virar com casca de árvore e barro — luxo era algo que nem se sonhava.
Só de pensar, a vida realmente havia melhorado muito.
— Verdade, comer bem é uma bênção. Três refeições por dia — o que pode ser mais importante?
O professor Wen não pôde deixar de rir.
Shen Xianjun conduziu as crianças de volta ao conjunto, onde o Comandante Liao estava parado no portão, fumando seu cachimbo. No instante em que viu o grupo chegar, apagou-o.
— Vovô Liao! Voltamos!
As crianças correram em sua direção.
— Muito bem, muito bem! Vocês estão bronzeados, mas com um ar animado. Excelente! E… ah, parece que cresceram também.
O Comandante Liao riu alto, bagunçando o cabelo de Li Wu e dando tapinhas nos outros.
— Sério? Eu cresci? Que demais!
As crianças comemoraram — altura era a obsessão de toda criança. Comparavam-se animadamente, como se descobrissem um mundo novo.
— Certo, certo, vão logo para casa. Suas famílias devem estar morrendo de saudades.
O Comandante Liao advertiu o grupo empolgado.
— Velho Comandante, vou levar as crianças para casa agora. Venha jantar conosco esta noite.
Shen Xianjun fez o convite.
— Claro, claro.
O Comandante Liao assentiu.
— Tchau, vovô Liao! Vou correr na frente!
Li Wu gritou, já disparando na frente, seguido pelos outros.
— Vovó! Vovó! Voltamos!
A voz potente de Li Wu ecoou por toda a casa.
Yang Yufen largou a espátula, jogou água na frigideira, tampou-a e correu para fora.
— As crianças chegaram.
Li Wu se virou para a professora Wen e falou. Assim que terminou, já tinha corrido até a porta e entrado num salto.
— Vovó! Vovó! Eu sou o mais rápido!
Li Wu comemorou em voz alta ao ver todos.
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