Capítulo 136
Duas horas depois, o filho da Tia Liu chegou ao hospital.
— Mãe, tia Yang, tia Wang, obrigado por cuidarem da minha mãe. Tirei uns dias de folga, e desta vez vou escolher uma cuidadora com mais atenção.
Quando a cuidadora o ligou, ele se recusou a acreditar que a mãe estivesse sendo irracional. Assim que chegou ao hospital, depois de pedir folga, foi direto conversar com as enfermeiras. Ao entender a situação, não deixou barato.
Como a cuidadora não cuidou da mãe como devia, ele naturalmente exigiu o dinheiro de volta. Tinha contratado a mulher porque ela se recomendou sozinha, gabando-se da força e da experiência com idosos.
Quem poderia imaginar que ela teria uma cara na frente dele e outra por trás?
— Vamos indo — disseram Yang Yufen e a tia Wang, não querendo atrapalhar a conversa entre mãe e filho.
— Mãe, por que não me contou antes?
O filho de tia Liu limpou cuidadosamente as mãos da mãe.
— Não queria te incomodar... sei que está ocupado. Nunca pensei que ela seria tão ruim.
— Você nem contou quando caiu e se machucou. Esperou dois dias achando que não era nada, e só piorou.
Tia Liu se calou diante das palavras do filho. De fato, não esperava que as coisas chegassem a esse ponto.
O feriado chegou rápido. Atendendo aos pedidos das crianças, Yang Yufen reforçou as calças com camadas extras de tecido e arrumou as mochilas com seus pertences. Depois, Hu Jun e Shen Xianjun levaram os pequenos.
— Mãe, estou indo trabalhar também — disse Qin Nian, vendo os filhos partirem antes de se despedir de Yang Yufen.
— Está bem, vá com Deus — respondeu Yang Yufen com um aceno.
Com todos fora, ela pegou as chaves, subiu na bicicleta e foi até a casa recém-comprada.
Os móveis deixados pelo antigo dono estavam em bom estado, principalmente os de madeira, embora os entalhes originais já estivessem gastos. Yang Yufen pegou um balde de água e um pano e começou a limpar.
Uma casa habitada era bem diferente de uma vazia — em um único dia, ela conseguiu deixar tudo arrumado.
Os pavilhões que tinha visto no Palácio de Verão eram realmente lindos. Lembrou também que Qin Nian havia mencionado um balanço. Naquela época, não tinha tempo nem energia para essas coisas, mas agora podia se dar ao luxo de aproveitar um pouco.
Yang Yufen decidiu passar os próximos dias explorando mais de Pequim. Sem precisar preparar refeições para os netos e com apenas algumas galinhas poedeiras em casa — fáceis de cuidar com ração extra —, ela tinha liberdade de sobra.
A professora Wen apoiava totalmente sua decisão.
— Tenho um tempinho livre também. Vou com você.
O telefone tocou estridentemente. Era Fan Juan, ligando do trabalho, direto para o ramal do instituto de pesquisa.
Qin Nian foi chamada para atender. Ao reconhecer a voz, lembrou-se logo dos itens que tinha pedido.
— Alô?
— Suas coisas chegaram. Quer que eu leve aí ou você vem buscar?
Fan Juan falava entre uma garfada e outra — o tempo era curto.
— Leva, por favor. Que horas? Eu te encontro na entrada.
— Que tal hoje à noite? Tenho umas coisas pra conversar com você também. Preciso correr, ainda tenho mais trabalho.
Depois de engolir o restante da comida, Fan Juan pegou os documentos e correu atrás do chefe.
De repente, uma rajada de vento forte soprou, arrancando os papéis de suas mãos. Ela correu para recolhê-los.
No conjunto residencial, Yang Yufen ouviu o vento uivando e correu para recolher as roupas do varal. O bambu resistiu firme, mas os melões na treliça não tiveram a mesma sorte — caíram com um estalo e se partiram no chão.
A professora Wen saiu para ajudar, mas quase levou uma melancia na cabeça.
— Volta pra dentro! — gritou Yang Yufen.
Ela rapidamente puxou o professor de volta para casa.
— Como é que esse vento levantou tão de repente?
A professora Wen não pôde esconder o susto com o barulho.
Parecia até que as telhas estavam sendo arrancadas do telhado.
— Pode ser que venha uma chuva pesada. Este ano tem feito um calor insuportável, e agora é época de colheita. Se chover forte e os grãos já colhidos não estiverem cobertos, vão acabar brotando.
Yang Yufen não conseguia evitar a preocupação. Esperava que a chuva atingisse apenas algumas regiões.
A claridade fora da janela desapareceu quase de imediato, seguida por um som alto de água caindo.
— Essa chuva tá meio pesada demais, não acha?
A professora Wen demonstrava inquietação.
Yang Yufen também achou estranho e entreabriu a porta — estava caindo granizo, do tamanho de bolinhas de gude, ficando cada vez maiores.
— Ai, não! Está caindo granizo! As verduras do quintal...
Yang Yufen bateu na coxa, frustrada.
— O quê? Granizo? Nem pense em sair por causa de meia dúzia de verduras! Céus, pedras de gelo desse tamanho — fecha essa porta agora! Se uma dessas te acerta na cabeça, você pode morrer!
A professora Wen puxou Yang Yufen de volta para dentro.
Enquanto escutava o barulho das telhas rachando, o coração de Yang Yufen doía. Logo pensou nas crianças.
Depois de cerca de dez minutos, o barulho no telhado foi diminuindo, mas a temperatura dentro de casa caiu bastante. Yang Yufen pegou dois casacos grossos, e os dois se agasalharam.
Quando abriu a porta para espiar, mesmo preparada, a cena do lado de fora lhe doeu na alma.
— As verduras foram todas destruídas. Vou dar uma olhada no galinheiro dos fundos — disse ela a professora Wen.
— Eu vou com você.
— Não, só tem um par de botas de chuva.
Yang Yufen o impediu e correu para os fundos.
O galinheiro, coberto com tábuas de madeira, resistiu ao granizo, mas as galinhas tremiam de frio. Ela pegou uma pá, limpou o gelo, depois cobriu tudo com uma lona para aquecê-las.
Como os legumes iriam congelar e apodrecer se não fossem colhidos logo, ela resolveu apanhar tudo.
Os tomates amassados ainda serviriam para fazer conserva, e o que não desse para comer iria para as galinhas.
— Irmã Wang, está em casa? Está tudo bem aí?
Yang Yufen chamou a vizinha.
— Estamos bem, só assustou um pouco as crianças — respondeu a tia Wang.
— Que bom. Tenho umas telhas sobrando aqui. Assim que terminar de arrumar meu telhado, passo aí para ver o seu. Vocês têm telhas extras?
Yang Yufen já estava com uma escada, pronta para subir.
— Temos sim, mas cuidado! Já já vou aí te ajudar.
Tia Wang acalmava Miaomiao, enquanto Yaoyao ficava dentro de casa, as duas encolhidas debaixo de um cobertor.
A professora Wen, ouvindo o movimento, também saiu para ajudar.
Casas com telhado de telha sempre guardavam algumas peças extras. Quando Yang Yufen subiu no telhado e viu a destruição, soltou um suspiro.
Ainda bem que aconteceu à tarde — se fosse à noite, não teria como consertar nada.
— Provavelmente não temos telhas suficientes aqui.
Ela priorizou os pontos mais críticos, espaçando as telhas para conter os vazamentos por ora. Depois, substituiria tudo direitinho.
No momento, nem o armazém de construção teria telhas para todo mundo. Esperar por ajuda levaria tempo demais — o jeito era resolver sozinha.
Nessas horas é que se via a vantagem de morar em prédio — sem medo de tempestades assim, e no inverno, sem precisar ficar quebrando gelo no quintal.
Quando o comandante Liao chegou com seus homens, viu que Yang Yufen e os vizinhos já estavam quase terminando os reparos. Ele deixou algumas telhas extras antes de seguir com a equipe para ajudar em outras casas.
Capítulo 137
O Acampamento
— Uau, o vento está soprando... que refrescante!
Li Wu comemorou ao sentir a brisa fresca contra o rosto.
Inicialmente, ele achava que ir ao acampamento militar com o tio e o pai seria apenas para ver tanques e canhões. E, de fato, viu — mas jamais imaginou que teria que treinar todos os dias, muito menos estudar!
Por quê? Por que não podiam simplesmente deixá-lo aproveitar as férias?
Na frente da fila, Hu Zhenghao liderava um grupo de dez jovens escoteiros, organizados do mais alto ao mais baixo.
— Esse clima tá estranho.
As sobrancelhas de Hu Zhenghao se franziram assim que o apito soou.
— Formação!
Li Ying, o instrutor responsável pelo grupo — um soldado experiente com três anos de serviço — imediatamente ordenou a formação ao perceber a mudança no tempo.
Shen Xianjun e Hu Jun também ficaram tensos assim que os ventos fortes começaram a soprar.
Eles haviam trazido as crianças, junto com os calouros da Universidade Nacional de Defesa e novos recrutas, para uma área remota e arborizada, a fim de realizar um treinamento real de sobrevivência na selva.
— Reúna todos imediatamente. Nada de se abrigar debaixo de árvores — levem para campo aberto para evitar raios.
Hu Jun emitiu rapidamente as ordens, enquanto Shen Xianjun as repassava.
Enquanto isso, Li Ying, percebendo que estavam longe demais do acampamento principal, guiou as crianças para uma área aberta.
— O vento está muito forte. Todo mundo, deem as mãos e agachem-se!
Li Ying não havia previsto que a velocidade do vento aumentaria tão rapidamente. As rajadas agora estavam perigosamente intensas.
Sem hesitar, Hu Zhenghao segurou com força as mãos dos gêmeos ao seu lado. O grupo se agachou, ficando perto de Li Ying.
— Segurem firme e avancem — quinze metros à esquerda!
Li Ying gritou por cima do som do vento, apontando para uma grande rocha que poderia protegê-los das rajadas.
A distância não era grande, mas o vendaval tornava o progresso difícil, especialmente para um grupo de crianças pequenas. Cerrando os dentes, Li Ying decidiu carregar primeiro os gêmeos mais novos.
— Fiquem abaixados. Eu volto para buscar vocês.
Depois de garantir que as outras crianças estavam deitadas, Li Ying correu em direção à rocha.
— Vamos rastejar devagar.
Hu Zhenghao, observando seus irmãos mais novos sendo carregados, recusou-se a apenas esperar por resgate.
As outras crianças concordaram — mesmo avançar um único metro já facilitaria para o instrutor alcançá-los.
— Vocês dois fiquem aqui. Eu vou buscar os outros.
Li Ying deixou os gêmeos junto à pedra, sua mente ainda voltada para o restante do grupo.
— Tá bom.
Li Wen respondeu, segurando firmemente a mão do irmão enquanto os dois se encolhiam contra a rocha.
Quando Li Ying se virou, ficou surpreso ao ver as crianças rastejando em formação. Mal percebeu a grama e as folhas batendo em seu rosto.
Ele pegou mais duas das crianças menores e correu de volta, vendo, a cada vez, o grupo se aproximar mais.
Na terceira viagem, as crianças já haviam alcançado a rocha.
— Hahaha, conseguimos!
Hu Zhenghao sorriu, orgulhoso.
— O irmão é demais!
Li Wu, sempre o animado da turma, entrou no coro.
— Você é mesmo filho do Comandante Hu.
Li Ying não conseguiu conter a risada — uma criança o havia superado.
— Heh!
Hu Zhenghao estufou o peito com orgulho.
— Entrem mais para dentro — pode ser granizo.
A expressão de Li Ying se fechou enquanto ele tirava uma lona de chuva da mochila, cobrindo as crianças que se amontoavam sob ela.
A temperatura despencou quando pedras de gelo começaram a bater no chão, contrastando com a grama verde e exuberante.
No início, as crianças ficaram fascinadas, esticando as mãos para pegar os pedacinhos gelados.
— Mantenham as mãos pra dentro — agora!
Li Ying ralhou com firmeza.
Li Wu, cutucado por Li Wen, puxou rapidamente a mão. Mas uma criança azarada, que não só esticou a mão como também enfiou a cabeça pra fora, levou uma pedrada de granizo do tamanho de um ovo. O sangue escorreu imediatamente de sua testa.
— Todo mundo, apertem mais!
Li Ying ordenou, pressionando rapidamente uma gaze do kit de primeiros socorros sobre o ferimento.
Li Wu se comportou na hora depois de ver aquilo.
Conforme o granizo se intensificava, o ar ficava cada vez mais gelado. Mesmo juntos sob a lona, as crianças tremiam.
As roupas leves de verão ofereciam pouca proteção contra o frio cortante.
Hu Zhenghao segurava uma das pontas da lona enquanto empurrava os gêmeos mais para o centro.
Enquanto isso, Hu Jun e Shen Xianjun não estavam em situação muito melhor.
Os calouros, apesar de serem os melhores recrutas do país, não estavam fisicamente preparados. A tempestade repentina os lançara em meio ao caos.
Quando o granizo começou, Hu Jun e Shen Xianjun ordenaram que todos buscassem abrigo sob árvores ou protegessem a cabeça.
Mas alguns recrutas entraram em pânico — tropeçando uns nos outros, arrastando os companheiros no processo.
Os instrutores, correndo para ajudar, acabaram se ferindo também.
— Você tem ideia do que acabou de fazer?
Shen Xianjun puxou um recruta para o lado, a voz fervendo de raiva.
— E-eu só fiquei com medo! Nunca treinei pra isso antes! Não foi de propósito!
O recruta tremia.
— Você ignorou o chamado de formação, correu feito louco durante a evacuação, derrubou gente e ainda empurrou os outros pra trás como escudos! No campo de batalha, você seria um desertor — um covarde que põe os outros em risco de morte!
Shen Xianjun respirou fundo, a têmpora latejando depois de levar uma pedrada de granizo.
— Vou redigir um relatório pra te mandar de volta. Burrice é uma coisa, mas burrice que machuca os outros é imperdoável.
Depois de fazer a contagem, seus pensamentos voltaram para as crianças.
— Irmão, neva no verão também?
Li Wen não conseguiu conter a curiosidade.
— Isso não é neve — é granizo. A vovó Yang uma vez me contou que o granizo se forma quando ar quente e frio colidem, então normalmente acontece quando está quente. Mas é um fenômeno extremo que causa muitos estragos.
Hu Zhenghao, mais velho e instruído sob os ensinamentos do Professor Wen, sabia muito mais do que os outros.
— Os legumes da vovó Yang e as uvas da vovó Wang... provavelmente foram todos destruídos agora.
Ao ouvir isso, os olhos de Li Wu se arregalaram. Seus lábios tremeram.
— Então... não vai ter mais verdura? A vovó Wang prometeu guardar as uvas pra gente!
— Granizo daquele tamanho esmaga qualquer coisa que atinge.
Li Wen suspirou diante da obsessão do irmão por comida.
— E a vovó? Será que o granizo pode quebrar o telhado?
Li Wen subitamente se preocupou com casa.
Hu Zhenghao ficou em silêncio — porque isso era totalmente possível.
O tempo parecia se arrastar. Algumas crianças começaram a espirrar, e, aos poucos, o granizo cessou.
Capítulo 138
**O Acampamento**
Wang Shuo só voltou para casa à meia-noite, o rosto marcado pelo cansaço.
— O que houve?
— Uma tempestade de granizo inesperada destruiu os campos experimentais. Conseguimos salvar algumas mudas, mas a maioria foi perdida. Como estão as coisas aqui em casa?
Dividido entre a preocupação com as plantações e a família, Wang Shuo só correu de volta quando percebeu que já não havia mais nada que pudesse fazer no campo.
— Sua madrinha ajudou a consertar o telhado. Está tudo resolvido.
— Que bom... Mãe, talvez eu não volte nos próximos dias. Preciso retornar agora — cada muda salva ainda conta...
O coração de Wang Shuo apertava só de pensar nos pés de batata-doce experimentais. O granizo havia destruído as folhas, e, com o derretimento do gelo, os tubérculos debaixo da terra também seriam perdidos.
— Tá faltando gente pra ajudar?
Wang Shuo assentiu, apressando-se para sair como tinha chegado.
Yang Yufen ainda não tinha dormido. Estava do lado de fora, retirando o granizo na esperança de salvar o que fosse possível. Foi quando ouviu barulho na casa ao lado.
— Você também tá acordada?
Dona Wang apareceu segurando uma lamparina de querosene e avistou Yang Yufen.
— Tô agoniada demais pra dormir.
— Eu também.
Dona Wang suspirou.
— E se a gente fosse ajudar?
Yang Yufen sugeriu de repente, pensando nos campos extensos devastados pelo granizo. Se ficassem encharcados por muito tempo, os prejuízos seriam irreversíveis.
— Boa ideia. Vou pegar as foices. Vou pedir pra Yaoyao ficar de olho na Miaomiao.
— Vou pegar a lanterna. Você tem uma aí?
— Tenho sim.
As duas mulheres mais velhas se moveram com agilidade surpreendente. Calçaram botas de borracha e colocaram foices e lanternas nas cestas antes de saírem.
— Segura a lanterna que eu pedalo. Vamos direto pros campos experimentais do instituto agrícola — são os mais próximos.
Yang Yufen empurrou a bicicleta, enquanto Dona Wang pendurava a cesta nas costas.
— Pra onde é que vocês vão a essa hora?
O Comandante Liao avistou a luz oscilante no escuro da noite e chamou quando reconheceu Yang Yufen e Dona Wang.
— Vamos ajudar na colheita. As crianças estão em casa — o senhor pode dar uma olhada durante sua ronda? A gente já tá indo.
Antes que ele respondesse, Yang Yufen já pedalava em direção ao campo.
De longe, dava pra ver lanternas piscando pelos campos experimentais — todos estavam se mobilizando pra salvar o que podiam.
Yang Yufen e Dona Wang se aproximaram.
— Viemos ajudar. Depois que a gente cortar isso aqui, alguém vem buscar?
— Sim, sim! Muito obrigado!
Quem respondeu era só um rapaz novo.
Sem dizer mais nada, Yang Yufen e Dona Wang firmaram as lanternas e começaram a trabalhar.
Yang Yufen, experiente na lida com a terra, se movia rápido. Logo limpou uma boa parte. O campo estava silencioso, só se ouvia o som das foices e do trabalho constante, até que os primeiros raios do sol surgiram.
— Madrinha? A senhora aqui?
Wang Shuo ficou pasmo ao ver Yang Yufen.
— Não sou só eu — sua mãe também veio. Vai ver como ela tá primeiro.
Yang Yufen massageava a lombar, pouco acostumada a esforço físico tão intenso depois de tanto tempo.
Os campos experimentais eram pequenos e bem separados — impossível usar colheitadeiras, especialmente com os danos do granizo.
Yang Yufen percebeu que outras pessoas também tinham vindo ajudar.
As culturas que já estavam maduras ainda podiam ser colhidas, embora fosse um trabalho lento e manual. As mudas novas, porém, estavam todas perdidas.
Logo Wang Shuo encontrou a mãe.
— Mãe, por que vocês vieram? A senhora deve estar exausta.
Ele a ajudou a se sentar num dos taludes — dava pra ver que ela já estava ali fazia horas.
— A gente ficou preocupada. Mais uma mão ajuda muito.
E não era só uma mão — todos ali sabiam o valor da comida, depois de passarem por tempos difíceis.
— Vou levar sua mãe pra descansar e comer. A gente volta mais tarde pra ajudar.
Yang Yufen se aproximou. Com tanta gente, aquele setor já estava praticamente limpo.
— Tá certo. Obrigado, madrinha.
Wang Shuo ainda tinha muito o que fazer, então só observou enquanto Yang Yufen firmava a bicicleta, com a mãe dele sentada na garupa, antes de voltar ao trabalho.
— Uma bicicleta de três rodas seria melhor... vou arrumar uma depois.
Yang Yufen segurava firme no guidão. O chão encharcado era traiçoeiro — as partes com grama ainda davam pra passar, mas nos trechos de terra batida o barro fazia escorregar. Só na estrada principal o caminho ficou mais fácil.
De volta ao conjunto habitacional, as duas foram direto pra lanchonete tomar café.
— Depois do granizo de ontem, onde vocês se meteram a essa hora? Estão imundas!
Gui Xiang correu pra trazer duas tigelas de macarrão fumegante.
— Fomos ajudar a salvar as plantações. Como estão Ershun e os outros? E os feijões no campo deles?
Yang Yufen se lembrou de repente.
— Estão bem. O campo foi perdido, mas a lanchonete não pode parar. O velho e Ershun colheram tudo ontem, então o prejuízo não foi tão grande. Se os feijões não brotarem de novo, a gente planta outra coisa.
Depois de quase perder o marido e o filho, Gui Xiang agora valorizava as pessoas acima de tudo. Desde que todos estivessem vivos, o resto dava-se um jeito.
— Isso é o que importa.
Yang Yufen nem tinha pensado muito nisso ontem — o conserto do telhado tinha tomado toda a noite.
— Conseguiram arrumar o telhado?
— Conseguimos sim. Uns fregueses de sempre ajudaram ontem. Tinha telha sobrando no quintal, então deu pra resolver. Senão, nem abriríamos hoje.
Quando o granizo começou, Gui Xiang tinha colocado todo mundo pra dentro, fechando a lanchonete por segurança. Em agradecimento, os clientes ajudaram como puderam, e ela retribuiu com tigelas quentes de macarrão.
Enquanto Gui Xiang contava, Yang Yufen ouvia com atenção.
— Os gastos de ontem contam como despesas operacionais. Não desconte isso do seu lucro.
Yang Yufen fez questão de lembrar antes de sair.
Depois de se limparem e descansarem um pouco em casa, planejavam voltar à tarde. Mas Wang Shuo chegou antes — com os joelhos e a roupa cobertos de lama, mais por ter caído do que pelo trabalho em si.
— Você se machucou? — Fang Fen perguntou, preocupada.
— Tô bem.
Wang Shuo balançou a cabeça.
— Vou esquentar água e pegar roupa limpa.
Fang Fen correu pra cozinha.
— Tá bom.
Wang Shuo assentiu.
Yang Yufen se aproximou quando ouviu o alvoroço.
— Madrinha, você e a mãe deveriam descansar à tarde. O pessoal do alto escalão mandou reforços.
Wang Shuo estava genuinamente preocupado com as duas senhoras.
— Ficar em casa é um tédio. Olha ao redor — nem as crianças estão aqui. Quase não tem terra pra cuidar, e eu fico sem nada pra fazer o dia inteiro.
Yang Yufen foi direta.
Wang Shuo parou por um momento, e então teve uma ideia.
— Madrinha, se a senhora tá entediada, que tal eu arrumar algo pra fazer? E ainda ganha por isso. O instituto agrícola tem muitos campos experimentais. Os estudantes vivem ocupados com estudos e pesquisas, então os campos acabam ficando tomados pelo mato ou precisam de ajuda na colheita. Que tal?
Ele percebeu que a mãe também adorava trabalhar na terra, mas tinha estado ocupado demais pra notar. Se as duas trabalhassem juntas, teriam companhia e ainda se manteriam ativas.
— E pode ir pra casa quando quiser, trabalhar quando tiver vontade.
— Isso seria perfeito!
Os olhos de Yang Yufen brilharam.
Capítulo 139
— Uma coisa dessas, você deveria ter contado primeiro à sua madrinha.
A tia Wang também apareceu. Ela estivera dentro de casa cuidando das crianças e só saiu depois de acomodá-las ao ouvir o retorno do filho.
— Irmos juntas, como boas irmãs que somos — que divertido! Ficar sempre presa nesse cantinho não serve nem pra passar o tempo.
Ela enlaçou o braço no de Yang Yufen. Já tinha visitado o instituto de pesquisa agrícola várias vezes antes.
— Maravilha! Filho do coração, quando é o trabalho?
Yang Yufen aproveitou o momento.
— Que tal amanhã? Hoje descansamos bem. Vamos precisar replantar — o cronograma é apertado, mas o serviço é simples.
Wang Shuo pensou por um instante.
— As batatas-doces do seu campo podem esperar?
A tia Wang se adiantou, conhecendo bem o filho.
— Vamos descansar primeiro. Eu sei onde fica esse campo de batata-doce. Não dá pra cavar à noite — melhor à luz do dia.
As duas irmãs mais velhas já faziam seus próprios planos.
— Troque essa roupa molhada primeiro, ou seus ossos vão doer quando envelhecer.
Ao ver o filho parado ali, imóvel, tia Wang não conseguiu conter a preocupação.
Encontrando algo que realmente queria fazer, Yang Yufen se preparou para visitar a Professora Wen.
Como estaria trabalhando nos campos, não poderia mais acompanhar a professora em suas saídas.
A Professora Wen não conseguiu conter uma risada diante da expressão apologética de Yang Yufen.
— Por que se desculpar? Faça o que ama. A Niannian estava preocupada que você ficasse sem ter o que fazer e quisesse voltar para o interior. Isso é perfeito — trabalhar no campo é um ótimo exercício. Este ano eu me aposento de vez. Depois vou me juntar a vocês.
A professora tinha imaginado que Yang Yufen preferiria a marcenaria, mas parecia que a agricultura lhe caía melhor.
— Seu conhecimento seria perfeito para ensinar as crianças — não desperdice isso nos campos! Com você ensinando, fico completamente tranquila. Me diga o que quer comer — eu mesma vou plantar.
Yang Yufen não esperava que a Professora Wen realmente fosse se aposentar do ensino.
Ela mesma mal conhecia os caracteres. Suas habilidades em marcenaria vinham da tradição familiar — estava acostumada a ajudar. Mas ficar confinada a trabalhos minuciosos com madeira empalidecia diante da habilidade de outros artesãos.
— Isso é perfeito! Eu cuido da educação das crianças. Eu adoro as comidas que a senhora faz com seus legumes cultivados em casa. As crianças estão todas ocupadas com suas próprias vidas, e o Velho Hu — aquele velho teimoso se recusa a diminuir o ritmo, mesmo com a idade.
— Que arranjo maravilhoso! Deixamos os jovens focarem em seus grandes empreendimentos enquanto cuidamos da casa e das crianças — isso também é um trabalho importante!
Yang Yufen deu risada.
— O granizo de ontem danificou o telhado. A casa alugada deve ter se saído mal também. Como não estou usando meu novo pátio, talvez eu o alugue — assim economizo no trabalho de manutenção.
Ela compartilhou seus planos.
— Isso é fácil. Alguns professores recém-contratados da escola secundária querem se mudar com suas famílias. Eu cuido disso.
Chegaram a um acordo instantâneo. Yang Yufen saiu animada — os inquilinos se encarregariam dos reparos (com desconto no aluguel), mas a nova casa ainda precisava de uma arrumação antes de ser alugada.
A Professora Wen fechou o livro, refletindo sobre quem poderia estar precisando de moradia ultimamente.
Com a aposentadoria se aproximando e as crianças sob seus cuidados, começou a planejar cuidadosamente a educação de cada uma.
Crianças brilhantes, cada qual com sua própria personalidade e pontos fortes — elas precisavam de orientação adequada.
No início, a aposentadoria a fazia se sentir à deriva, mas agora entendia os sentimentos da sua parenta no passado.
Agora, ela tinha um novo propósito.
Por causa do granizo, Fan Juan entregou os materiais de Qin Nian com um dia de atraso — os itens eram equipamentos delicados.
Inicialmente planejados para serem instalados em casa, Qin Nian cancelou a solicitação ao perceber que passava a maior parte do tempo no instituto.
Durante a instalação, todos observavam atentamente o novo equipamento — era um computador que custava dezenas de milhares!
Qin Nian digitava rapidamente enquanto a máquina ganhava vida.
— Pronto. Vamos usá-lo para as aulas a partir de agora.
Satisfeita, ela observou o funcionamento suave — mais do que adequado para seu trabalho e para ensinar.
O computador principal do instituto lidava com todos os dados de pesquisa e experimentos, sobrecarregado como estava.
— Agora, vamos aplicar o que aprendemos para conseguir nosso primeiro financiamento experimental.
Seu anúncio arrancou aplausos.
Pesquisadores realocados haviam formado uma nova equipe, mas os fundos do instituto eram limitados. Direcionar mais para eles significava cortar o orçamento de outros setores — o que poderia causar atrasos em outros projetos.
Ao monetizar seus resultados, poderiam garantir financiamento independente.
Agora, equipados com um computador próprio e instrumentos adequados, estavam prontos.
— Aqui está o contrato. Leiam primeiro. Assim que obtivermos lucro, poderei ajudar a importar mais equipamentos estrangeiros.
Fan Juan apresentou os documentos — sua visita não era apenas para entrega.
Qin Nian permaneceu em silêncio ao fundo. Ela e Fan Juan haviam concordado em manter sua participação na empresa em sigilo.
Embora relutantes no início, todos analisaram o contrato com atenção. Ele detalhava a divisão de lucros e as responsabilidades relacionadas à concessão de licença das invenções para a Forward Appliances.
Extremamente detalhado.
— Sem problemas.
Um por um, assinaram. Fan Juan carimbou cada cópia com o selo da empresa — três vias, todas oficiais.
O Reitor Hu observava discretamente do lado de fora, sorrindo.
— Esse é o novo sangue vital da nação — criatividade e paixão ilimitadas. Excelente, realmente excelente.
Ele foi embora sem entrar.
Fan Juan guardou os contratos e trocou um gesto com Qin Nian antes de ambas retomarem o trabalho.
Qin Nian se deu conta de que não voltava para casa desde o granizo. Precisava ir hoje — havia esquecido de avisar a sogra no dia anterior.
— Mãe.
— Niannian está de volta! Já comeu?
Yang Yufen apareceu ao ouvir a voz.
— Já. Mãe, a senhora se machucou com o granizo de ontem?
Qin Nian notou que a casa já havia sido arrumada.
— De jeito nenhum! Cavamos um monte de batata-doce à tarde — cozinhei uma leva no vapor. São pequenas, mas bem docinhas. Vou pegar umas pra você.
As batatas congeladas não podiam ser armazenadas, e deixá-las ali atrapalharia o replantio. Tinham repartido muitas com os ajudantes e guardado o restante.
— Mãe, vamos instalar um telefone fixo em casa.
Qin Nian soltou entre uma garfada e outra.
— Isso não vai custar uma fortuna? Eu fico sozinha aqui na maior parte do tempo — posso telefonar da casa da sua professora ou de algum vizinho. Não vale a pena.
Yang Yufen se preocupava que Qin Nian estivesse com pouco dinheiro.
Capítulo 140
— Tenho medo de que às vezes eu não consiga voltar ou avisar, e você acabe se preocupando.
Assim que Qin Nian terminou de falar, Yang Yufen fez um gesto displicente com a mão.
— Eu entendo seu trabalho, querida. Não se preocupe comigo. Na verdade, eu também tenho algo pra te contar.
Yang Yufen achou inicialmente que Qin Nian estivesse se referindo a obrigações profissionais, mas ao perceber que era preocupação com ela, não deu muita importância.
— A Tia Wang e eu estamos ajudando no instituto de pesquisa agrícola. É um serviço leve, com um pagamento justo, e os horários são flexíveis — nada comparado à sua rotina puxada de escritório.
— Não vai ser cansativo demais?
Qin Nian não conseguiu esconder a preocupação.
— De jeito nenhum! Isso é como fazer exercício pra mim — já estou acostumada com esse tipo de trabalho.
— Desde que a senhora esteja feliz, mãe. Mas, por favor, não se esforce demais só por causa do dinheiro.
Vendo o entusiasmo genuíno da sogra, Qin Nian não insistiu no assunto.
— Nian, vou ser sincera com você — ainda temos alguma economia guardada em casa. Não é uma fortuna, mas dá pras despesas do dia a dia. E, em caso de emergência, também guardei um pouco de ouro.
Qin Nian assentiu, compreendendo.
Por causa do clima extremo, muitas áreas foram afetadas. Yang Yufen e Tia Wang passaram a ir diariamente ao instituto agrícola para ajudar, e aos poucos os funcionários começaram a se familiarizar com elas.
— Vovó Yang, Tia Wang, vamos precisar da ajuda de vocês de novo hoje.
As duas pegaram as sementes que deveriam plantar — a tarefa do dia era semear e cobrir com terra.
No acampamento, algumas crianças estavam com resfriados leves, por conta da mudança brusca de temperatura. Exceto por uma que levou uma pancada na cabeça, o restante estava bem.
Hu Jun e Shen Xianjun respiraram aliviados. Após o relatório do ocorrido, três recrutas novatos foram dispensados, e o restante se manteve obediente — ninguém queria uma marca negativa no histórico.
O treinamento ficou ainda mais rigoroso, deixando as crianças queimadas de sol e bronzeadas.
Rasga—
Um som cortante ecoou. Debaixo da árvore, Li Wen, que esperava na fila pra escalar, olhou pra cima e viu o tecido verde-militar se rasgar — revelando as nádegas pálidas e rechonchudas de Li Wu.
Todas as partes do corpo de Li Wu que ficaram expostas ao sol estavam escuras, menos a bunda — o contraste era gritante.
Instintivamente, Li Wu tentou se cobrir, enquanto Li Wen se esquivava rapidamente.
Tum!
O impacto foi pesado.
— Ai!
Li Wu gritou de dor.
— Por que você não me segurou?
Ele lançou um olhar acusador para Li Wen, que olhou pro céu, querendo enterrar o rosto. Esse é o meu próprio irmão... meu sangue... mas que vergonha!
— Primeiro levanta. A vovó já costurou essa calça duas vezes. Eu te disse pra não usar essa hoje, mas você foi preguiçoso ontem. Agora olha o que deu.
Seguindo o princípio da autossuficiência, mesmo sendo tão novos, os meninos lavavam suas próprias roupas.
Na noite anterior, Li Wu estava cansado do treino e pulou a lavagem. Quando a calça rasgou um pouco, ele ignorou. Naquela manhã, Li Wen tentou impedi-lo de usá-la de novo, mas Li Wu não quis ouvir.
— Vai sujar de novo mesmo. Lavo hoje à noite. Quem diria que ia rasgar desse jeito?
Li Wu segurava o traseiro com as duas mãos.
— Você não vai conseguir escalar assim — vão te ver na hora. Vamos usar essas folhas como camuflagem. Me passa a faca.
Li Wen analisou a situação e tomou uma decisão.
Eles já tinham feito saias de folhas antes, então Li Wu rapidamente ajudou a reunir a folhagem.
Hoje era dia de exercício de treinamento. Três crianças tiraram varetas vermelhas e ficaram no acampamento, enquanto as outras sete tinham vinte minutos pra se esconder. Nas duas horas seguintes, quem fosse encontrado levava punição: voltas extras e dever de lavar roupa pros vencedores. Quem não fosse encontrado, vencia.
Se algum dos três "caçadores" não conseguisse encontrar ninguém, também levaria castigo.
A área de esconderijo era limitada, então as crianças precisavam pensar estrategicamente.
— A gente vai ficar aqui mesmo?
Li Wu ajeitou a saia de folhas, finalmente cobrindo o que precisava.
— Não. Vamos montar um boneco aqui, cobrir com folhas secas, e nos esconder naquele matagal ali.
Li Wen apontou pra um grupo de árvores pequenas cercadas por arbustos densos.
— Pula direto e agacha onde cair. E não faz barulho.
Seguindo a orientação do irmão, Li Wu respirou fundo e pulou — só pra levar uma espetada de galho seco bem na bunda. Quase gritou, mas Li Wen, que caiu ao lado, tampou sua boca com a mão.
— Fica quieto.
— Um galho me furou!
Li Wu reclamou baixinho.
— Quem sabe da próxima vez você não enrola. Usa o boné pra cobrir. Depois a gente pede pro papai consertar.
Li Wen levou um dedo aos lábios. Li Wu ajeitou o boné em silêncio e rearrumou as folhas na cabeça.
— Tô com sono.
Depois do que pareceram horas — e vários gafanhotos capturados — Li Wu soltou.
— Então tira um cochilo — sugeriu Li Wen, após uma pausa.
— Ótimo! Você faz vigia.
Li Wu desabou contra o irmão.
Logo, estava roncando, com baba escorrendo pelo canto da boca.
Li Wen franziu o nariz e foi limpar — quando uma explosão repentina ecoou. Seu dedo acabou acertando o olho de Li Wu sem querer.
— Quê—? O que aconteceu?
Li Wu se debateu, tateando o rosto com dor.
— Não sei. Algo explodiu.
Li Wen escondeu a mão atrás das costas.
Na floresta, Hu Jun e Shen Xianjun reagiram de imediato, apitando e correndo na direção do som.
Os rostos estavam tensos quando se encontraram no caminho.
— Soou como uma mina antiga. Pode ter sido sobra de guerra.
— Uma explodiu. Não dá pra saber se era isolada ou parte de um campo. Precisamos varrer a área já.
Ao chegar na cena, encontraram o ferido — não era um recruta, mas um instrutor. Um jovem soldado chorava perto.
— Buáá... O instrutor me empurrou e acabou explodindo!
Shen Xianjun aplicou os primeiros socorros para estancar o sangramento, enquanto Hu Jun usava a jaqueta dobrada pra estabilizar a cabeça do homem.
Os paramédicos chegaram pouco depois.
— Para de chorar e ajuda a carregar ele pro atendimento!
Shen Xianjun deu um chute simbólico no recruta, que se moveu assustado.
Ele e Hu Jun então examinaram o local da explosão, os rostos sombrios.
Foi só uma detonação — sem reação em cadeia — mas isso não garantia que não havia outras escondidas.
— Fique de guarda aqui. Vou relatar e pedir uma equipe de desminagem.
Hu Jun ordenou. Shen Xianjun assentiu.
Resquícios históricos — aquela terra ainda escondia muitos perigos esquecidos sob o chão. Não importava quantas varreduras fizessem, sempre escapava alguma coisa.
Os dois meninos curiosos tentaram se esgueirar até o local, mas foram pegos no meio do caminho e arrastados de volta pro acampamento.
— Todo mundo parado!
Li Ying soltou um suspiro de alívio quando viu que os últimos dois estavam bem.
— O treinamento de hoje está suspenso. Ninguém entra na floresta.
Depois de reunir as crianças, saiu às pressas.
— Vocês dois foram na direção da explosão?
Hu Zhenghao se aproximou dos irmãos mais novos.
Li Wu assentiu.
— Viram alguma coisa?
As outras crianças se aproximaram, cheias de curiosidade.
— Nada. Arrastaram a gente antes de chegar perto.
Li Wu suspirou, decepcionado.
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