Capítulo 38


 Para ser sincero, Gu Linmo agora sentia uma pontada de ciúmes em relação ao filho mais velho. Quando ele conheceu a filha pela primeira vez, nem ganhou um presente dela.

Gu An também tinha se levantado cedo naquele dia. Quando desceu as escadas, encontrou o pai penteando o cabelo da irmã!!!

O cabelo da Nuan Nuan estava um pouco bagunçado, mas como era curtinho, era fácil de arrumar.

Gu Linmo segurava o pente de maneira meio desajeitada, como se tivesse medo de machucar o cabelo frágil da garotinha, e seus movimentos eram extremamente cuidadosos e gentis.

A pequena, toda fofa, sentava-se obedientemente no colo do pai, com um sorriso limpo estampado no rosto.

Assim que viu quem estava descendo as escadas, os grandes olhos preto-e-branco de Nuan Nuan brilharam e ela chamou:

— Bom dia, irmãozinho~

Gu An sentiu imediatamente que o ar ficou com cheiro de leite. A voz da irmã era mesmo macia e doce, como um bolinho de arroz glutinoso, ainda com cheirinho de leite.

— Pai, deixa que eu faço!

Gu An se aproximou animadamente, achando que conseguiria pentear o cabelo da irmã muito melhor do que o pai. Ele já estava de olho naquele cabelinho fofo e macio fazia tempo.

Como o cabelo dela era cortado e cuidado regularmente, Nuan Nuan tinha o cabelo ainda mais macio ao toque. E cabelo de criança já era macio por natureza, agora que era preto, espesso e brilhante, parecia o pelo de um gatinho.

O Pai Gu deu uma olhada no filho e, sorrindo, praticamente o mandou sair dali — mas de forma diplomática:

— Vai comer, seu desocupado. Sua irmã não precisa de você agora.

Gu An tinha certeza de que a irmã precisava dele!

Mas, sem coragem de desobedecer ao pai, só lhe restou sair dali cabisbaixo.

Gu Linmo continuou penteando os fios teimosos no alto da cabeça de Nuan Nuan. Ainda achava uma pena o cabelo dela ser muito curto para fazer tranças, mas pensou que podia ir treinando agora, e quando o cabelo da filha crescesse, ele já estaria craque.

Talvez fosse melhor pedir para o assistente comprar algumas perucas bem cheias, para poder praticar nos tempos livres.

— Papai está indo bem? — perguntou Nuan Nuan com voz de filhote, erguendo levemente a cabeça.

— Está ótimo — respondeu Gu Linmo, satisfeito.

Depois, relutantemente, colocou a pequena no chão.

Nuan Nuan tocou o cabelo recém-penteado, e então, erguendo-se na ponta dos pés, sorriu com as sobrancelhas arqueadas, levantou o rostinho e deu um beijinho na bochecha do pai.

— Obrigada, papai.

A voz macia e infantil quase derreteu o coração do velho Gu Linmo.

Após um café da manhã reforçado, Nuan Nuan tomou seu copo de leite quente com os olhinhos fechados de tanta felicidade, as bochechas estufadas e as perninhas curtinhas balançando no ar enquanto estava sentada na cadeira alta. Ficava claro que ela estava de ótimo humor.

Gu An, que normalmente não gostava de leite, vendo a irmã beber aquele copão inteiro com tanta satisfação, também resolveu se esforçar.

Por que parecia que tudo o que a irmãzinha comia era uma delícia?

— Irmão, papai e eu vamos te levar até a escola — disse Nuan Nuan depois de terminar o leite, tomando a iniciativa de pegar a mão dele.

Depois da mudança de mentalidade do dia anterior, a voz da irmãzinha parecia ainda mais macia e agradável aos ouvidos de Gu An. Ele queria que ela o chamasse de "irmão" várias vezes seguidas.

— Vamos lá! — disse ele, erguendo o queixo, com o canto da boca se levantando num sorriso tão iluminado que parecia querer rivalizar com o próprio sol. Se tivesse um rabinho, provavelmente estaria abanando agora.

Nuan Nuan segurava a mão do pai com uma mão e a do irmão com a outra. O sorriso dela era tão doce que mostrava os dentes branquinhos, e seus olhos pareciam uma fonte cristalina banhada pela luz da manhã — limpos e puros, irradiando uma beleza quente e reconfortante.

Ao chegar na escola, Nuan Nuan se debruçou na janela e se despediu suavemente:

— Tchau, irmão, o papai e a Nuan Nuan vão te buscar depois da aula!

Gu An olhou em volta, indignado. Droga! Por que nenhum dos seus irmãos mais novos estava ali para ver isso? Se estivessem, eles veriam a Nuan Nuan chamando-o de irmão, e ele poderia...

Bem, ele admitia que sentiu muita inveja quando viu Gu Mingli exibindo a Nuan Nuan para os colegas de quarto — sendo que ele era o verdadeiro irmão dela, e ninguém sabia disso!

— Pode deixar, eu vou lembrar — respondeu Gu An, colocando a mochila nas costas e saindo.

Decidido, pensou que teria que trazer seus irmãozinhos para a escola na parte da tarde.

Gu Linmo passou a mão na cabecinha da Nuan Nuan:

— Vamos para o shopping Century.

O motorista, ouvindo isso, imediatamente ligou o carro e logo saíram da escola.

O shopping havia aberto recentemente, e, como era cedo, ainda estava bem vazio, com poucos clientes passeando.

O gerente do shopping estava explicando algo aos funcionários quando, pelo canto do olho, viu uma pessoa. Achou que estava tendo uma alucinação.

Olhou de novo. Ah!

Era mesmo o Sr. Gu! E o mais importante: ele estava de mãos dadas com uma bonequinha viva e linda ao seu lado.

Imediatamente, lembrou-se dos rumores que corriam na empresa desde anteontem — e daquela foto. Meu Deus, o Sr. Gu estava mesmo acompanhando a filha para fazer compras, e tão cedo!

— Vocês finalizem o plano e me entreguem o quanto antes — disse o gerente rapidamente, antes de abandonar os funcionários e correr até Gu Linmo.

— Sr. Gu, que honra tê-lo aqui! — falou, agora sorrindo de orelha a orelha para o chefe, tão sério instantes atrás.

— Quem é aquele? — sussurrou um funcionário curioso.

— Você não sabe? — respondeu outro. — Não ouviu o gerente agora há pouco? É o Sr. Gu! O próprio Sr. Gu do nosso grupo!!!

— Meu Deus! O Sr. Gu está aqui. Será que veio fazer uma inspeção?

— Não tá vendo que ele está de mãos dadas com uma criança? Deve ter vindo fazer compras.

Gu Linmo cumprimentou o gerente com um aceno breve, e continuou andando com a filha.

— O que a Nuan Nuan quer comprar para o irmão?

A pequena ficou cheia de dúvidas. Ela nunca tinha comprado presente para ninguém antes, não fazia ideia do que escolher.

— Papai, o que o irmão mais velho gosta?

Gu Linmo bagunçou levemente o cabelo dela.

— Seu irmão mais velho não gosta de muita coisa. Na verdade, o maior hobby dele é ganhar dinheiro.

Nuan Nuan ficou ainda mais confusa.

Como ela poderia comprar "dinheiro"?

A garotinha franziu as sobrancelhas, pensativa.

Gu Linmo sorriu e sugeriu:

— Seu irmão gosta de poucas coisas, mas ele sempre carrega uma caneta, porque precisa trabalhar muito. Talvez a Nuan Nuan possa escolher uma caneta para ele.

O rostinho da menina se iluminou com um sorriso doce.

— Obrigada, papai.

Logo ela se encantou com uma caneta-tinteiro preta com detalhes dourados, de textura super refinada. Parecia luxuosa, e ela gostou dela imediatamente.

Saindo do shopping com a caneta já embalada em uma caixa de presente, Nuan Nuan seguia o pai, passo a passo.

— Papai, o que você gosta? — perguntou a pequena, depois de muito pensar. Ela queria comprar um presente para o pai também, mas sua cabecinha não conseguia decidir o que.

Gu Linmo abaixou o olhar para a filha, os olhos cheios de surpresa. Toda a pontada de ciúme que sentira ao vê-la tão séria escolhendo um presente para o irmão mais velho desapareceu por completo.


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