Capítulo 43


 A velocidade do tapa na cara foi tão rápida que ele ficou sem reação. Observando com atenção, os outros membros da família Gu à mesa também mostraram expressões de surpresa. Obviamente, eles também sabiam da obsessão de Gu Nan com limpeza.

Mas Nuan Nuan não sabia, então sorriu ainda mais feliz depois de ver Gu Nan comer a comida que ela havia colocado, e no final sua barriguinha ficou redonda — e hoje, mais uma pessoa se juntou à equipe que saiu para caminhar.

Nuan Nuan corria na frente junto com Rhubarb e Briquettes, e de vez em quando ia até o jardim para se sentar no balanço com sua família, enquanto seu pai empurrava gentilmente por trás.

Durante esse passeio, todos tinham sorrisos no rosto — exceto uma pessoa: a expressão de Gu Nan parecia um bloco de gelo o tempo todo, fazendo até os olhos da mãe Gu e do vovô Gu doerem.

Claramente ele não era assim quando criança, por que foi ficando cada vez mais "defeituoso" conforme crescia?!

Na verdade, se fossem analisar, ele se tornou tão frio e impiedoso justamente quando Nuan Nuan desapareceu... Tudo culpa daquelas pessoas naquela época!

Depois que Gu Nan voltou, Nuan Nuan especialmente adorava ficar grudada nele, seguindo-o como uma pequena sombra, chamando-o suavemente de "irmão" de tempos em tempos.

Gu Nan respondia pacientemente toda vez — ainda que fosse só com uma palavra — e a menininha já ficava muito feliz.

— Irmãozão.

Quase na hora de voltar, Nuan Nuan andou a passinhos pequenos até o lado de Gu Nan, e ousadamente agarrou o dedo indicador dele com sua mãozinha macia.

O dedo do irmão era levemente frio, mas como o tempo estava quente, o frescor era perfeito para ela.

— Irmãozão, por que suas mãos são frias?

Nuan Nuan levantou o rostinho e perguntou com a voz infantil, olhando para ele com seus grandes olhos preto-e-branco. Mas como ele era muito alto, ela parecia um anãozinho que só conseguia enxergar o queixo firme e bonito do irmão.

Gu Nan dobrou levemente o dedo que ela segurava.

— Não sei.

Nuan Nuan foi seguindo-o passinho por passinho, e Gu Nan também caminhava bem devagar para acompanhar as perninhas curtas dela.

— No inverno a mão do irmãozão também fica fria?

Gu Nan assentiu com um leve "hmm".

Imediatamente, Nuan Nuan olhou para ele com um olhar de profunda preocupação.

Gu Nan: — ???

— Então o irmão deve passar muito frio... Quando esfriar, Nuan Nuan vai segurar a mão do irmão, tá bom? A mão do irmão é fria, mas a da Nuan Nuan é quentinha, assim o irmão não vai mais sentir frio.

Gu Nan abaixou os olhos, encarando a menininha de sobrancelhas arqueadas que falava com aquela voz de leite, e a linha reta de sua boca ergueu-se em um arco quase imperceptível.

— En. — concordou ele.

A menininha sorriu ainda mais radiante, como um pequeno sol, linda e cheia de calor.

Gu Nan ainda tinha muito trabalho a fazer, então, depois do passeio, foi direto para o escritório.

Nuan Nuan saiu relutante da porta do escritório do irmão. Na verdade, ele tinha deixado que ela ficasse brincando ali, mas ela não queria atrapalhar seu trabalho.

— Eu não esperava que a Nuan Nuan fosse tão grudada com o Xiao Nan... — comentou o pai Gu com um leve tom de azedume.

— Meu filho é tão frio, não sei por que a Nuan Nuan gosta tanto dele!

Seu tom estava tão carregado de ciúmes que, mesmo que ele não tivesse dito nada, todos conseguiriam sentir o cheiro do vinagre azedo no ar.

A mãe Gu revirou os olhos para o marido.

— Você tá com ciúmes até do próprio filho, não tem jeito.

O pai Gu retrucou teimosamente:

— Antes, quem a Nuan Nuan mais gostava de grudar era eu!

Nesse momento, o velho Sr. Gu, caminhando ao lado dele, lançou-lhe um olhar de desprezo:

— Que bobagem! É óbvio que a Nuan Nuan gostava mais de mim!

O pai Gu imediatamente se irritou:

— Papai, o senhor tá errado! Sempre que eu não ia trabalhar, era comigo que a Nuan Nuan queria ficar!

E assim, pai e filho começaram a discutir de novo. A mãe Gu apenas balançou a cabeça e se afastou. Seu marido, que sempre fora tão elegante e sério, por algum motivo agora agia como uma criança mimada.

A mãe Gu foi até a cozinha para preparar frutas, e Nuan Nuan correu para lá em passinhos leves.

Imediatamente, a mãe Gu enfiou uma grande uva redonda na boquinha da menina. As bochechas de Nuan Nuan ficaram cheias, e seus olhos grandes e brilhantes pareceram crescer ainda mais. Mesmo vendo aquilo todos os dias, a mãe Gu continuava totalmente derretida pela sua preciosa filha.

— Por que minha Nuan Nuan é tão obediente?

A mãe Gu se ajoelhou e cutucou gentilmente a bochechinha inflada da filha, que afundou num buraquinho macio. A menininha abriu bem os olhos inocentes, e parecia tão fofa que dava vontade de apertar.

A mãe Gu a abraçou com carinho e beijou sua carinha rechonchuda.

Nuan Nuan mastigou e engoliu a uva, depois ficou nas pontinhas dos pés e deu um beijinho cheiroso na mãe.

— Minha filha é maravilhosa.

— Minha mãe é lindíssima!

As duas começaram a se elogiar alternadamente, e depois caíram na risada.

— Mamãe, o que você tá fazendo?

A menininha se esticou, apoiando as mãozinhas no balcão da cozinha, e olhou curiosa com seus grandes olhos cheios de água. Já havia bastante fruta lavada ali.

— Mamãe, que fruta o irmãozão gosta de comer?

A mãe Gu entendeu imediatamente a intenção da filha ao ouvir a pergunta.

— Você gosta tanto assim do seu irmãozão? — perguntou, divertida.

Nuan Nuan assentiu obedientemente.

— Gosto muito.

Ela respondeu num sussurro fofo.

A mãe Gu bagunçou carinhosamente os cabelinhos dela.

— Seu irmão é frio, sabia? Muitas crianças já ficaram assustadas com ele.

Nuan Nuan inflou as bochechas para defender o irmão.

— É porque eles são medrosos!

E acrescentou em voz baixa:

— O irmãozão é muito bom...

Não era culpa do irmão.

A mãe Gu caiu na risada, e entregou a ela uma bandeja de frutas já arrumada.

— Tá bom, eu sei que seu irmãozão é ótimo. Vamos levar pra ele.

Nuan Nuan corou, abraçou a bandeja com as duas mãozinhas, e caminhou apressada com suas perninhas curtas.

Quando chegou na porta do escritório do irmão, empurrou-a devagarinho, mostrando só metade da sua cabecinha peluda enquanto espiava para dentro.

Gu Nan estava sentado na cadeira de couro, com uma expressão indiferente, encarando friamente o computador à sua frente, respondendo de vez em quando. Sua voz, ao falar, parecia de um robô gelado — só de olhar já se sentia a pressão que ele exalava.

Do outro lado da chamada, os funcionários já estavam acostumados. Todos admiravam muito Gu Nan, ele era como uma existência divina para eles.

Nuan Nuan espiava por trás da bandeja de frutas, sem saber se deveria entrar. Ela queria alimentar o irmão, mas também tinha medo de atrapalhá-lo. Sua carinha delicada se contorceu toda em preocupação... até que...

— Entra.

Uma voz familiar e indiferente ecoou lá de dentro. Mas se prestasse bastante atenção, dava para notar uma ternura quase imperceptível escondida nela.

Como se tivesse sido pega no flagra, Nuan Nuan encolheu a cabeça timidamente, depois entrou com passos miudinhos, carregando a bandeja de frutas nos braços.



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