Capítulo 44


 — Irmãozinho~ — A voz suave e adocicada soava manhosa. Nuan Nuan olhava para Gu Nan com olhos claros e inocentes, como se quisesse derreter o coração de qualquer um.

Gu Nan bateu levemente com o dedo indicador na testa de Nuan Nuan.

— Por que não entrou?

Nuan Nuan lhe estendeu o prato de frutas, ficou ao lado dele obedientemente, cutucando os próprios dedinhos, e respondeu baixinho:

— Eu tinha medo de atrapalhar o irmãozinho.

Gu Nan colocou o prato de frutas de lado e perguntou em voz baixa:

— Do que você gosta de comer?

— Uva.

A irmãzinha respondeu com uma voz clara e rápida.

Um leve riso escapou do canto da boca de Gu Nan. Com seus dedos longos e elegantes, ele girou uma uva grande e, lentamente, a descascou antes de levar à boca da pequena garota.

A menininha, obediente, abriu a boquinha e comeu a uva suculenta de uma só vez, soltando um pequeno som de satisfação. Suas bochechas se inflaram outra vez, o que provocou Gu Nan a cutucá-las com um dedo frio, quase fazendo com que ela cuspisse a fruta.

Nuan Nuan parou por um instante, assustada, mas não ficou brava. Só virou a bochecha de leve, com muita paciência, fazendo a uva girar dentro da boca e indo para o outro lado, demorando um pouco para conseguir engolir.

O olhar sempre indiferente de Gu Nan desviou para a outra bochecha da irmãzinha e, dessa vez com mais cuidado, cutucou de novo, controlando a força para não fazê-la cuspir a fruta.

Seus grandes olhos, límpidos e brilhantes, ainda pareciam frios, mas havia uma pitada de ternura escondida no fundo das pupilas. Seus cílios longos e curvados tremulavam, parecendo as asas delicadas de uma borboleta — lindíssimos.

Vendo que a uva já estava quase acabando na boca de Nuan Nuan, Gu Nan descascou outra grande uva redonda e a ofereceu novamente.

A menininha, macia e fofa como um bichinho, se entregou completamente à comida oferecida. Aos poucos, suas pequenas patinhas foram se aproximando dele, até que finalmente seu corpinho frágil se deitou diretamente sobre as coxas longas do irmão mais velho.

Quietinha e obediente, seu temperamento era tão macio quanto um coelhinho fofo.

O canto da boca de Gu Nan se ergueu ainda mais, e ele ficou cada vez mais habilidoso em alimentá-la.

— Ahem... —

Uma tosse vinda do computador quebrou o silêncio caloroso entre os dois. Gu Nan desviou o olhar de Nuan Nuan e olhou friamente para a tela.

Era como se só então ele se lembrasse de que não estavam sozinhos.

Do outro lado da tela, os subordinados estavam tão chocados que quase deixaram os queixos caírem no chão. Muitos até se levantaram para olhar fixamente para o monitor.

Como Nuan Nuan era muito pequena, eles mal conseguiam ver quem estava ali!

Só podiam ouvir aquela vozinha suave chamando o chefe de "irmãozinho" — era claramente uma voz de menina — e perceber como, depois da entrada dela, o chefe parecia ter se transformado em outra pessoa.

Embora ainda aparentasse frieza, havia algo totalmente diferente em sua presença.

E... eles tinham certeza de que ouviram o chefe rir!

Embora tivesse sido um som muito rápido, mal deu tempo de captar, ninguém duvidava do que tinha ouvido.

Os mais atentos ainda perceberam que o canto da boca do chefe estava levemente levantado!

Era tão inacreditável e chocante quanto ver um meteoro colidir com a Terra. Aquele chefe, normalmente frio como um iceberg e sem qualquer emoção como um robô, estava... sorrindo.

Foi tanta surpresa que ninguém ousou fazer barulho por vários minutos, até que alguém finalmente caiu na real: ainda estavam no meio de uma reunião! E seu sério e meticuloso chefe... havia se distraído.

Gu Nan limpou os dedos lentamente com um lenço. Quando levantou os olhos, toda a ternura que havia neles já tinha sumido, e a linha de sua boca voltou a ser reta. Em um piscar de olhos, voltou a ser o robô frio de sempre, como se tudo o que tinham acabado de ver fosse apenas uma ilusão.

— O projeto “Nuan Nuan” será acompanhado a qualquer momento, conforme eu quiser. Corrijam imediatamente os erros de programação. Além disso, enviarei a imagem de modelagem do personagem “Nuan Nuan”...

Deitada nas coxas do irmão, a pequena Nuan Nuan, distraída comendo uvas, pareceu ouvir seu nome sendo chamado. Ela olhou, mas ele não olhava para ela; continuava falando sério com o pessoal na tela.

Mesmo ouvindo seu nome ser mencionado várias vezes, Nuan Nuan, embora confusa, ficou quietinha, descansando o queixinho sobre o bracinho, depositando todo seu peso no irmão.

Nesse momento, outra uva foi colocada em sua boca.

Nuan Nuan ergueu o rostinho lindo e olhou para Gu Nan com seus olhos preto-e-branco cheios de luz. Ele ainda falava sério com as pessoas do outro lado da tela, como se não estivesse nem um pouco distraído, enquanto a alimentava com precisão, sem prejudicar o trabalho.

Ela pensou, maravilhada: “Uau... que incrível.”

Obediente, abriu a boca e mordeu a uva que o irmão ofereceu, as bochechas se inflando de novo enquanto seus olhinhos brilhavam de adoração.

Enquanto ela comia feliz, uma grande mão envolveu suas costas, e de repente, Nuan Nuan foi levantada e colocada sentadinha no colo do irmão.

Gu Nan pressionou suavemente a cabecinha peludinha dela contra seu peito, inclinou-se ligeiramente para olhá-la, depois voltou a encarar a tela, o olhar novamente indiferente.

Nuan Nuan, no começo, ficou um pouco assustada com o abraço repentino, mas logo se acalmou. Seu corpinho mole e macio se acomodou no colo do irmão, encostando o rostinho de lado no peito largo dele. Ouvindo o som da voz dele vibrando no peito, a menina se sentiu extremamente segura.

Durante todo o resto da reunião, ela ficou quietinha nos braços dele, comendo as frutinhas que lhe eram oferecidas.

Nuan Nuan deu um bocejo, e logo depois, a reunião terminou.

A tela ficou preta, e sua cabecinha foi acariciada duas vezes.

— Está com sono?

Nuan Nuan assentiu obedientemente.

— Um pouquinho.

— Então vá dormir.

A menininha balançou a cabeça, esfregando os olhinhos com as mãozinhas macias, e respondeu com a voz baixinha:

— O irmãozinho logo vai sair da aula. Nuan Nuan prometeu buscar ele... e também tenho que entregar os presentes para o quarto irmão na escola.

Ela tinha comprado presentes para todos da família e lembrava de cada promessa. Queria cumprir todas, esforçando-se para não decepcionar seus irmãos.

Gu Nan murmurou um "en" e passou os dedos pelo cabelinho macio dela, sem insistir que fosse dormir. Apenas pegou mais um morango.

Nuan Nuan tocou a barriguinha — já estava estufada de tanto comer.

— Nuan Nuan não vai comer mais, irmãozinho pode comer.

Olhando para o restinho de frutas no prato, ela corou de vergonha. Afinal, ela tinha vindo para fazer o irmão comer frutas... mas, no fim, quase tudo foi parar em sua própria barriguinha.


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