Capítulo 45


 Os dedos de Gu Nan tocaram a barriguinha levemente estufada de Nuan Nuan por cima da roupa. De fato, era porque ela estava cheia que Gu Nan a deixou em paz e passou a comer o restante das frutas com calma. Do outro lado da sala de reuniões, assim que a tela grande escureceu, todo o ambiente ficou animado.

— Alguém aí conseguiu ver direito a garotinha que chamou nosso chefe de "irmão" agora há pouco?

— Não vi não. Pela voz, ela deve ter só alguns aninhos. Talvez fosse tão baixinha que a câmera nem conseguiu filmar!

— Fala sério, aquela menininha era mesmo irmã do nosso chefe? Se não fosse porque ele continuou gelado com a gente, eu juraria que ele foi possuído!

— Não é isso... a expressão dele quase não mudou, mas a sensação, tsc... foi completamente diferente.

— Meu Deus, eu juro que vi o chefe sorrir! O canto da boca dele subiu pelo menos um centímetro! Um centímetro inteiro!

— Caramba, você mediu isso com os olhos?

— Eu também vi o chefe sorrindo, e os olhos dele estavam tão gentis quando olhou pra baixo.

— Deve ter sido olhando pra irmãzinha.

— Agora, me digam: por que a gente nunca soube que o chefe tinha uma irmã mais nova?

— Ai, como eu queria ver como ela é pessoalmente.

Todo mundo começou a discutir fervorosamente. Por causa da "irmã do chefe", muitos já estavam até pensando em voltar pra China pra tentar vê-la.

Alguém teve uma ideia e logo lembrou de Nan Feng, que tinha voltado ao país com o chefe. Em pouco tempo, o celular de Nan Feng começou a vibrar sem parar, lotado de mensagens — todo mundo perguntando sobre o Sr. Gu e sua irmãzinha, e alguns até sonhando alto, pedindo fotos.

Mas ele nem tinha foto nenhuma!

Justo quando Nan Feng terminou de falar com alguns colegas sonhadores, Gu Nan e Nuan Nuan desciam as escadas.

Nan Feng guardou rapidamente o celular, levantou a cabeça e ficou paralisado ao ver o Mestre Gu, com sua habitual expressão gélida, descendo com uma linda garotinha nos braços — tão delicada quanto uma boneca.

A senhorita parecia ainda mais apegada a Gu Nan do que antes. Abraçava o pescoço dele com seus bracinhos e repousava a cabecinha no ombro dele, um sorriso tranquilo nos lábios.

— Mestre. — Nan Feng chamou respeitosamente. Embora já tivesse visto essa cena antes, ainda custava a acreditar.

— Prepare o carro.

Gu Nan respondeu friamente, deixando apenas essas palavras, antes de baixar o olhar para a pequena Nuan Nuan que segurava nos braços, sua voz suavizando alguns graus ao falar com ela:

— Quer beber leite ou água?

Nuan Nuan esfregou a cabecinha macia no pescoço do irmão e respondeu, com uma vozinha adocicada:

— Leite.

Sem dizer nada, Gu Nan a levou até a cozinha. Pegou o leite morno do isolante térmico e alimentou a pequena.

— Vou levar a Nuan Nuan para buscar o Gu An.

Ao sair da cozinha, Gu Nan deixou essa frase e caminhou para fora com Nuan Nuan nos braços.

O Pai Gu, irritado, gritou:

— Pare aí! Eu é que ia levar a Nuan Nuan!

Gu Nan respondeu com frieza:

— Então não jogue seu trabalho para cima de mim.

Gu Linmo: — ...

Seu filho estava ficando cada vez pior... e ele ainda sentia um pouco de culpa.

Mas não acabou por aí. Gu Nan virou-se para a Mãe Gu e, com a mesma expressão impassível, soltou uma acusação:

— Mãe, atrás do quadro seu no corredor, está o dinheiro que o papai escondeu.

O Pai Gu cambaleou, quase caindo no chão, e lançou um olhar mortal para o filho mais velho, sem coragem de virar o rosto para ver a expressão da esposa.

Forçou um sorriso e mostrou o polegar para o filho:

— Muito bom!

Aqueles dentes cerrados não pareciam nada amistosos.

— Velho Gu? — Uma voz suave soou ao seu lado.

O Pai Gu fechou os olhos com resignação. Quem diria que o grande presidente de um conglomerado, conhecido como "o tigre sorridente" lá fora, era um marido controlado pela esposa em casa... ainda precisava entregar o salário todo nas mãos dela.

Gu Nan, que facilmente resolveu a questão da consciência pesada do pai, saiu tranquilamente, carregando a atônita Nuan Nuan.

A menininha, preocupada, agarrou a roupa do irmão e perguntou em voz baixa:

— Papai não vai apanhar, vai?

Será que devia ajudar?

Gu Nan quase riu.

Acariciou a cabecinha fofa dela:

— Não, no máximo ele vai perder o dinheiro escondido.

Nuan Nuan soltou um "então tá" em seu coração — contanto que não apanhasse, estava tudo bem.

— Vamos para Nanjin Biewan.

Nuan Nuan olhou confusa para o irmão. Eles não iam buscar o maninho na escola?

O irmão beliscou suavemente a nuca dela, fazendo-a encolher o pescocinho e se aninhar ainda mais em seu peito.

— Nanjin Biewan é onde seu irmão mora. Vou te levar para conhecer o lugar, assim poderá ir quando quiser.

— Tá bom. — respondeu docilmente.

Depois de responder, pensou um pouco e perguntou:

— O irmão não mora em casa?

Gu Nan entendeu que "casa" para ela era a antiga mansão dos Gu e respondeu pacientemente:

— O irmão já cresceu e foi criar a própria casa.

Nuan Nuan piscou:

— Então o maninho também vai sair quando crescer?

— Sim.

— E a Nuan Nuan? Eu também vou sair?

Gu Nan parou por um instante, lembrando que meninas, quando cresciam, se casavam e iam para outra casa.

Casavam e iam para a casa de outra pessoa... Ele perderia a irmã?

Não gostou nada dessa ideia!

Gu Nan franziu o cenho, cerrando os lábios. No volante, Nan Feng sentiu o couro cabeludo formigar — conhecia muito bem essa expressão do mestre: quando aparecia, significava que alguém ia se dar mal.

Mas, claro, não seria a Nuan Nuan.

Após alguns segundos, Gu Nan relaxou a expressão. Baixou o olhar para a irmãzinha, encontrando seu olhar ingênuo, e respondeu lentamente:

— Não precisa.

Os dedos longos de Gu Nan apertaram de leve a pequena mãozinha de Nuan Nuan.

— A família Gu, o irmão mais velho, o segundo irmão e o maninho são a sua casa. Você pode ir quando quiser, não precisa sair.

Quanto ao futuro, aquele homem que talvez quisesse levar sua irmã...

Heh!

Nan Feng quase chorou de emoção — o Mestre Gu tinha falado tanto de uma vez só!

Nuan Nuan piscou, sentindo que, por algum motivo, o irmão parecia perigosamente assustador agora.

Nanjin Biewan era uma área de vilas com paisagens lindíssimas. Assim como a região onde ficava a antiga mansão dos Gu, só pessoas muito ricas ou nobres podiam viver lá.

Assim que chegaram, Gu Nan cadastrou a impressão digital e o rosto de Nuan Nuan no sistema de segurança da vila. A partir daquele momento, ela poderia entrar livremente, como dona do local.

Nan Feng soltou um assobio baixinho — aquele era o território particular do mestre, onde ninguém além dele (e raramente Nan Feng) pisava. Agora, Nuan Nuan tinha acesso livre! Isso mostrava o quanto ela era importante para Gu Nan.

— Irmão, por que aqui não tem plantas? — perguntou Nuan Nuan, curiosa.

Na antiga casa dos Gu havia muitos jardins floridos, mas ali não havia nada além de grama.

A resposta de Gu Nan foi simples:

— Preguiça de cuidar.

Ele não gostava de estranhos invadindo seu espaço. Era como um rei das feras que não permitia intrusos em seu território. Por isso, a vila era só dele. Os funcionários de limpeza vinham em horários específicos e saíam rápido.

Nan Feng às vezes ia até lá por questões de trabalho, mas fora isso, ninguém mais.

Muito menos para cuidar de flores ou jardins.

Assim, o jardim da vila sempre permaneceu vazio.



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