Os dedos de Gu Nan tocaram a barriguinha levemente estufada de Nuan Nuan por cima da roupa. De fato, era porque ela estava cheia que Gu Nan a deixou em paz e passou a comer o restante das frutas com calma. Do outro lado da sala de reuniões, assim que a tela grande escureceu, todo o ambiente ficou animado.
— Alguém aí conseguiu ver direito a garotinha que chamou nosso chefe de "irmão" agora há pouco?
— Não vi não. Pela voz, ela deve ter só alguns aninhos. Talvez fosse tão baixinha que a câmera nem conseguiu filmar!
— Fala sério, aquela menininha era mesmo irmã do nosso chefe? Se não fosse porque ele continuou gelado com a gente, eu juraria que ele foi possuído!
— Não é isso... a expressão dele quase não mudou, mas a sensação, tsc... foi completamente diferente.
— Meu Deus, eu juro que vi o chefe sorrir! O canto da boca dele subiu pelo menos um centímetro! Um centímetro inteiro!
— Caramba, você mediu isso com os olhos?
— Eu também vi o chefe sorrindo, e os olhos dele estavam tão gentis quando olhou pra baixo.
— Deve ter sido olhando pra irmãzinha.
— Agora, me digam: por que a gente nunca soube que o chefe tinha uma irmã mais nova?
— Ai, como eu queria ver como ela é pessoalmente.
Todo mundo começou a discutir fervorosamente. Por causa da "irmã do chefe", muitos já estavam até pensando em voltar pra China pra tentar vê-la.
Alguém teve uma ideia e logo lembrou de Nan Feng, que tinha voltado ao país com o chefe. Em pouco tempo, o celular de Nan Feng começou a vibrar sem parar, lotado de mensagens — todo mundo perguntando sobre o Sr. Gu e sua irmãzinha, e alguns até sonhando alto, pedindo fotos.
Mas ele nem tinha foto nenhuma!
Justo quando Nan Feng terminou de falar com alguns colegas sonhadores, Gu Nan e Nuan Nuan desciam as escadas.
Nan Feng guardou rapidamente o celular, levantou a cabeça e ficou paralisado ao ver o Mestre Gu, com sua habitual expressão gélida, descendo com uma linda garotinha nos braços — tão delicada quanto uma boneca.
A senhorita parecia ainda mais apegada a Gu Nan do que antes. Abraçava o pescoço dele com seus bracinhos e repousava a cabecinha no ombro dele, um sorriso tranquilo nos lábios.
— Mestre. — Nan Feng chamou respeitosamente. Embora já tivesse visto essa cena antes, ainda custava a acreditar.
— Prepare o carro.
Gu Nan respondeu friamente, deixando apenas essas palavras, antes de baixar o olhar para a pequena Nuan Nuan que segurava nos braços, sua voz suavizando alguns graus ao falar com ela:
— Quer beber leite ou água?
Nuan Nuan esfregou a cabecinha macia no pescoço do irmão e respondeu, com uma vozinha adocicada:
— Leite.
Sem dizer nada, Gu Nan a levou até a cozinha. Pegou o leite morno do isolante térmico e alimentou a pequena.
— Vou levar a Nuan Nuan para buscar o Gu An.
Ao sair da cozinha, Gu Nan deixou essa frase e caminhou para fora com Nuan Nuan nos braços.
O Pai Gu, irritado, gritou:
— Pare aí! Eu é que ia levar a Nuan Nuan!
Gu Nan respondeu com frieza:
— Então não jogue seu trabalho para cima de mim.
Gu Linmo: — ...
Seu filho estava ficando cada vez pior... e ele ainda sentia um pouco de culpa.
Mas não acabou por aí. Gu Nan virou-se para a Mãe Gu e, com a mesma expressão impassível, soltou uma acusação:
— Mãe, atrás do quadro seu no corredor, está o dinheiro que o papai escondeu.
O Pai Gu cambaleou, quase caindo no chão, e lançou um olhar mortal para o filho mais velho, sem coragem de virar o rosto para ver a expressão da esposa.
Forçou um sorriso e mostrou o polegar para o filho:
— Muito bom!
Aqueles dentes cerrados não pareciam nada amistosos.
— Velho Gu? — Uma voz suave soou ao seu lado.
O Pai Gu fechou os olhos com resignação. Quem diria que o grande presidente de um conglomerado, conhecido como "o tigre sorridente" lá fora, era um marido controlado pela esposa em casa... ainda precisava entregar o salário todo nas mãos dela.
Gu Nan, que facilmente resolveu a questão da consciência pesada do pai, saiu tranquilamente, carregando a atônita Nuan Nuan.
A menininha, preocupada, agarrou a roupa do irmão e perguntou em voz baixa:
— Papai não vai apanhar, vai?
Será que devia ajudar?
Gu Nan quase riu.
Acariciou a cabecinha fofa dela:
— Não, no máximo ele vai perder o dinheiro escondido.
Nuan Nuan soltou um "então tá" em seu coração — contanto que não apanhasse, estava tudo bem.
— Vamos para Nanjin Biewan.
Nuan Nuan olhou confusa para o irmão. Eles não iam buscar o maninho na escola?
O irmão beliscou suavemente a nuca dela, fazendo-a encolher o pescocinho e se aninhar ainda mais em seu peito.
— Nanjin Biewan é onde seu irmão mora. Vou te levar para conhecer o lugar, assim poderá ir quando quiser.
— Tá bom. — respondeu docilmente.
Depois de responder, pensou um pouco e perguntou:
— O irmão não mora em casa?
Gu Nan entendeu que "casa" para ela era a antiga mansão dos Gu e respondeu pacientemente:
— O irmão já cresceu e foi criar a própria casa.
Nuan Nuan piscou:
— Então o maninho também vai sair quando crescer?
— Sim.
— E a Nuan Nuan? Eu também vou sair?
Gu Nan parou por um instante, lembrando que meninas, quando cresciam, se casavam e iam para outra casa.
Casavam e iam para a casa de outra pessoa... Ele perderia a irmã?
Não gostou nada dessa ideia!
Gu Nan franziu o cenho, cerrando os lábios. No volante, Nan Feng sentiu o couro cabeludo formigar — conhecia muito bem essa expressão do mestre: quando aparecia, significava que alguém ia se dar mal.
Mas, claro, não seria a Nuan Nuan.
Após alguns segundos, Gu Nan relaxou a expressão. Baixou o olhar para a irmãzinha, encontrando seu olhar ingênuo, e respondeu lentamente:
— Não precisa.
Os dedos longos de Gu Nan apertaram de leve a pequena mãozinha de Nuan Nuan.
— A família Gu, o irmão mais velho, o segundo irmão e o maninho são a sua casa. Você pode ir quando quiser, não precisa sair.
Quanto ao futuro, aquele homem que talvez quisesse levar sua irmã...
Heh!
Nan Feng quase chorou de emoção — o Mestre Gu tinha falado tanto de uma vez só!
Nuan Nuan piscou, sentindo que, por algum motivo, o irmão parecia perigosamente assustador agora.
Nanjin Biewan era uma área de vilas com paisagens lindíssimas. Assim como a região onde ficava a antiga mansão dos Gu, só pessoas muito ricas ou nobres podiam viver lá.
Assim que chegaram, Gu Nan cadastrou a impressão digital e o rosto de Nuan Nuan no sistema de segurança da vila. A partir daquele momento, ela poderia entrar livremente, como dona do local.
Nan Feng soltou um assobio baixinho — aquele era o território particular do mestre, onde ninguém além dele (e raramente Nan Feng) pisava. Agora, Nuan Nuan tinha acesso livre! Isso mostrava o quanto ela era importante para Gu Nan.
— Irmão, por que aqui não tem plantas? — perguntou Nuan Nuan, curiosa.
Na antiga casa dos Gu havia muitos jardins floridos, mas ali não havia nada além de grama.
A resposta de Gu Nan foi simples:
— Preguiça de cuidar.
Ele não gostava de estranhos invadindo seu espaço. Era como um rei das feras que não permitia intrusos em seu território. Por isso, a vila era só dele. Os funcionários de limpeza vinham em horários específicos e saíam rápido.
Nan Feng às vezes ia até lá por questões de trabalho, mas fora isso, ninguém mais.
Muito menos para cuidar de flores ou jardins.
Assim, o jardim da vila sempre permaneceu vazio.
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