Os jovens eram os mais propensos à paixão e à impulsividade. Em toda escola havia estudantes que brigavam, mas agora, Nuan Nuan viu que quem estava lutando era seu quarto irmão.
O garoto vestia um uniforme escolar fino, azul claro, com cabelo vermelho chamativo e... aquela personalidade igualmente extravagante. Ele deu um chute que lançou longe o adversário, agarrou o pulso de outro garoto que tentou atacá-lo e, com um movimento ágil, aplicou um ippon, jogando-o no chão. Em seguida, pisou no pescoço de outro com sua longa perna e o lançou contra a parede, deixando-o incapaz de se levantar.
Essa sequência de movimentos foi executada de maneira fluida e precisa, tão impiedosa quanto impressionante, que os olhinhos de Nuan Nuan ficaram tão arregalados que ela até esqueceu de reagir.
Uma palma fria e ossuda estendeu-se diante dos olhos dela, cobrindo sua visão. Gu Mingli, que estava lutando no beco, finalmente viu a pequena figura não muito distante e a presença imponente ao lado dela.
Diante do olhar frio de Gu Nan, Gu Mingli deu um gemido, distraindo-se e sendo acertado com força no ombro.
Ele soltou um resmungo, mas manteve a expressão inalterada; apenas seus olhos tornaram-se ainda mais ferozes. Agarrou o bastão que jogaram contra ele, torceu o pulso do oponente e, com uma joelhada brutal, acertou o peito do garoto, empurrando-o para longe e derrubando-o no chão.
Depois disso, Gu Mingli bateu ainda mais forte, e junto de seus três amigos, colocou mais de uma dúzia de adversários no chão em poucos minutos.
Durante todo esse tempo, Gu Nan apenas observava em silêncio, sem qualquer intenção de interferir.
A educação dos Gu para seus filhos homens sempre fora resolver seus próprios problemas sozinhos. Desde que não envolvessem armas de fogo ou lâminas, perder ou vencer era responsabilidade deles. Mas, caso o perigo ultrapassasse um certo limite, a família interviria para protegê-los.
Essas brigas estudantis eram consideradas parte do mundo das crianças, e os adultos não se envolviam, mesmo vendo Gu Mingli levar uns golpes. Gu Nan sequer piscou, e Gu An ainda torcia animadamente do lado, incentivando.
Gu Mingli olhou para os garotos caídos e gemendo no chão, a hostilidade em seu olhar ainda intensa. Ele limpou o canto da boca com o polegar e virou-se para sair.
— Ei? Irmão Ming, espera aí... ai, pisou no meu pé, caramba! — gritou um dos amigos, mancando.
Os jovens, que momentos antes estavam cheios de energia, agora pareciam codornas assustadas.
— Irmão. — chamou Gu Mingli ao se aproximar de Gu Nan, mas seus olhos rapidamente focaram em Nuan Nuan.
As pequenas mãos de Nuan Nuan ainda seguravam a palma do irmão mais velho. Agora que a luta tinha acabado, ele deixou que ela visse, revelando seus olhos brilhantes e cheios de preocupação.
— Quarto irmão... — chamou ela baixinho.
Toda a hostilidade de Gu Mingli desapareceu ao ouvir aquela voz macia, e só restou ternura em seu olhar ao encarar a garotinha.
Ele levantou a mão para acariciar a cabeça dela, mas, antes que pudesse fazê-lo, passos apressados ecoaram. Logo em seguida, surgiram o diretor e alguns professores da escola.
O resultado foi que todos os envolvidos na briga foram levados para a diretoria. Ah... Nuan Nuan e Gu An também foram junto. Entre uma fileira de garotos com rostos inchados e machucados, os dois pequenos e limpos eram simplesmente muito chamativos.
Os professores, ao tentarem repreender Gu Mingli, encontraram dificuldade ao encarar os olhos úmidos e inocentes de Nuan Nuan. Sem querer, a voz deles foi ficando cada vez mais baixa.
O canto dos lábios de Gu Mingli se curvou num sorriso. Nunca pensou que um dia escaparia de uma bronca por causa da sua irmãzinha.
Nuan Nuan segurava a mão de Gu Mingli e, toda vez que alguém o repreendia, ela olhava para o professor com olhos suplicantes. Com o tempo, até os educadores perceberam que Gu Mingli parecia completamente diferente na frente dela.
Os estudantes que brigaram: "..."
Eles se lamentaram amargamente por não terem uma irmãzinha tão fofa que se preocupasse assim com eles...
Gu An segurava a outra mão de Nuan Nuan, ignorando completamente a bronca dos professores. Seu foco era todo em sua irmã, pensando em como conseguir que ela o chamasse de "irmãozinho" mais vezes.
Quanto a Gu Nan, parecia mais o diretor do que o próprio diretor da escola, sentado indiferente em uma cadeira, apenas ouvindo o interrogatório.
Na verdade, tudo aquilo tinha começado por causa de questões emocionais juvenis. O chefe de outro grupo gostava da garota mais bonita da escola, mas ela não gostava dele — preferia Gu Mingli, e ainda mandava presentes para ele todos os dias.
Só que Gu Mingli, um sujeito orgulhoso, não gostava de ninguém. As lembranças das garotas eram todas jogadas fora ou entregues para outras pessoas, ele mesmo não guardava nada.
Quando soube disso, o chefe do outro grupo ficou furioso. Não bastava perder a garota para Gu Mingli, ainda tinha que ver seus presentes serem desprezados. Daí surgiu essa briga.
Ou seja, Gu Mingli foi simplesmente envolvido sem nem querer.
No fim, todos foram obrigados a escrever uma redação de autocrítica e o outro grupo ainda teve que pagar as despesas médicas.
O diretor olhou para Gu Nan, e só relaxou quando viu que ele não disse nada.
Ainda bem que o chefe dos Gu não queria se meter — senão, aquela turma toda já podia se considerar expulsa da escola.
Com tudo resolvido, o grupo rival foi embora de cabeça baixa. Gu Mingli apertou a mãozinha de Nuan Nuan e, no segundo seguinte, a pequena foi erguida no ar — mas quem a pegou não foi ele.
Gu Mingli levantou a cabeça e encarou Gu Nan. Um com olhar frio e impassível, outro com olhar rebelde. Apesar da diferença de idade, era possível ver semelhanças entre eles — mas a aura de Gu Nan era muito mais opressiva.
Apesar de sua rebeldia, Gu Mingli respeitava profundamente seu irmão mais velho.
— Irmão, quando você voltou? — perguntou ele, com um leve arrependimento de não ter sido mais rápido para pegar a irmãzinha antes dele.
— Esta manhã. — respondeu Gu Nan de forma concisa.
Enquanto caminhavam para fora da diretoria, Gu Mingli trocou poucas palavras com Gu Nan — o que já era esperado, já que ninguém conseguia conversar muito tempo com ele.
Sem hesitar, Gu Mingli se aproximou de Nuan Nuan e beliscou suas bochechas fofinhas de leve.
— Por que você veio me ver hoje?
Nuan Nuan, com a boca ainda sendo apertada pelas mãos dele, respondeu baixinho, seus olhos grandes e úmidos cheios de inocência.
— Ontem... eu adormeci...
— Quarto irmão, você tá sentindo dor? — perguntou preocupada.
Gu Mingli apertou de novo aquelas bochechas fofas antes de soltá-la.
— Dói um pouquinho. — respondeu ele, arqueando as sobrancelhas e sorrindo de forma travessa. — Mas se você soprar pra mim, vai sarar.
Nuan Nuan, tão cheia de preocupação, realmente se aproximou e assoprou de leve no cantinho da boca machucada do irmão. Depois ainda soprou em outros machucados.
— Huhu~
— Nuan Nuan, o rosto do irmão também tá doendo... — brincou Gu Mingli, pedindo ainda mais carinho.
Ela então esticou a mãozinha delicadamente e acariciou o rosto dele com todo cuidado.
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