Os olhos de Gu An brilharam assim que viu o bonequinho de argila nas mãos de Nuan Nuan, mas ele ainda não havia esquecido que estava bravo. Perdoá-la de imediato não seria meio embaraçoso?
— Cof… Já que você preparou algo pra mim, vou, forçadamente, deixar pra lá.
Aquele olhar de "estou te perdoando porque sou generoso" fez o punho de Gu Mingli coçar de vontade.
— Não precisa se forçar — disse Gu Mingli com voz fria. — Se não quiser, pode me dar o boneco.
Sinceramente, ele também gostou do bonequinho, embora também estivesse muito satisfeito com o chaveiro que Nuan Nuan lhe dera.
Gu An resmungou e segurou o boneco com as duas mãos, todo cuidadoso.
— Esse aqui foi a Nuan Nuan quem me deu, não é pra você!
Gu Mingli ainda precisava voltar para a aula, mas primeiro teria que passar no dormitório para trocar de roupa.
— Quarto irmão, eu vou voltar pra casa primeiro.
Nuan Nuan se despediu dele com voz macia.
O garoto, com seus dedos finos, beliscou as bochechas da menininha.
— Sexta-feira chega rápido. Não esquece de buscar o irmão na escola de tarde, hein?
Pediu para a irmãzinha buscá-lo sem nenhuma vergonha no rosto.
Gu Nan lançou-lhe um olhar frio e inexpressivo.
Os cantos da boca de Gu Mingli se ergueram num sorriso.
— Espero que, até lá, você tenha comido bastante e esteja gordinha.
Nuan Nuan assentiu obedientemente.
— Tá bom, Nuan Nuan entendeu.
Por que é tão obediente assim...
Gu Nan então pegou a pequena Nuan Nuan no colo, carregando a garotinha macia com apenas um braço.
Ela se aconchegou no ombro do irmão mais velho, segurando o pescoço dele com seus bracinhos rechonchudos como brotinhos de lótus, enquanto seus grandes olhos preto-e-brancos se voltavam tortinhos para seu quarto irmão e seus amigos, que ficaram no portão da escola para se despedirem.
— Quarto irmão, tchau tchau!
Depois, seus grandes olhos brilhantes passaram pelos outros rapazes.
— Irmão Tang Le, irmão Wu Kuang, irmão Lu, até a próxima!
Tang Le acenou com força.
— Irmãzinha, vem brincar com a gente sempre que puder!
Assim que terminou de falar, levou uma cotovelada fria de Gu Mingli. "Ela é minha irmãzinha!"
Quando voltaram para casa, a menininha segurou a mão do irmão e caminhou com passinhos pequenos até o portão da vila. Assim que sentiram o cheiro dela, Rhubarb e Briquette correram para cercá-la, alegres.
Nesses dias vivendo na casa da família Gu, os dois animais comeram bem e cresceram ainda mais rápido do que Nuan Nuan. Agora estavam mais limpinhos, arrumados e até um pouco maiores.
— Rhubarb, Briquette, a Nuan Nuan voltou~!
— Au, au, au!
O grande cão, quase da altura dela, latiu animadamente, o rabo balançando tão rápido que virou só um borrão. Ele arreganhou os dentes e quis pular em cima dela de felicidade.
Mas, a menos de meio metro de distância da menininha, o cão travou, rolou os olhos para o alto e olhou com cautela para o homem alto ao lado dela. Esse homem sempre dava uma sensação de perigo... então ele não ousou se aproximar.
— Rhubarb, vem aqui!
Nuan Nuan soltou a mão do irmão, correu até o cachorro e o abraçou com suas perninhas curtas, esfregando alegremente o rosto no pelo macio.
Briquette pulou direto nela, a cauda fofa enroscando no pulso branco e delicado da menina. Suas orelhinhas triangulares tremiam enquanto sua cabeça se aninhava no pescoço da pequena, fazendo-a gargalhar feliz.
Gu An resmungou:
— Meu amigo tem um husky bem mais imponente.
Enquanto falava, acariciava o gato preto. O toque macio o deixava meio viciado, mas o gato, cheio de orgulho, lançou-lhe um olhar superior e correu para o outro ombro da Nuan Nuan.
Gu An: — ...
Ele tinha certeza de que viu desprezo nos olhos do gato!
Uma grande mão fria bagunçou os cabelos macios de Nuan Nuan.
— O irmão ainda tem trabalho. Brinque um pouco sozinha.
A menininha assentiu obedientemente, depois segurou a mão grande do irmão com as duas suas e esfregou o rostinho nela, feito um gatinho carinhoso.
— Irmão, não trabalhe demais.
Depois que Gu Nan saiu, os adultos da casa e Gu An brincaram com Nuan Nuan no jardim por um tempo — principalmente no balanço novo que haviam instalado. As duas crianças sentaram juntas no balanço enquanto o papai Gu empurrava por trás, espalhando risadas infantis e alegres pelo jardim.
A menininha brincou à vontade por meia hora, depois subiu para o quarto para estudar com o irmãozinho.
— Vem ver, deixa eu te mostrar como meu quarto é luxuoso!
Era a primeira vez que a pequena entrava no quarto do irmão, e ela estava curiosíssima. Assim que entrou, ficou de boca aberta diante dos bonecos coloridos, videogames e outras coisas.
Ao ver a expressão surpresa da irmãzinha, Gu An se encheu de orgulho. Então, ele pegou o bonequinho de argila que ela lhe dera.
Tirou sua coleção de One Piece da prateleira do meio, reorganizou tudo, e colocou o bonequinho no lugar mais destacado e central.
— Essas são as coleções do seu irmão. Escolhe uma, o que quiser, eu te dou!
Nuan Nuan balançou a cabeça.
— São do meu irmão, Nuan Nuan não quer.
— Assim não dá! Você já me deu um presente, então eu tenho que te dar algo também. Se não gostar dessas, eu compro algo pra você, pode escolher o que quiser.
Diante disso, a menininha olhou para a coleção brilhante do irmão, pensou um pouco, estufou as bochechas e finalmente apontou para um bonequinho de gato preto.
— Aquele… aquele ali parece o Briquette!
Gu An tirou o bonequinho da prateleira e o entregou a ela sem a menor hesitação. Normalmente, nem deixava os amigos tocarem em suas coleções — mas para a irmãzinha, era diferente.
— Toma. Esse é o Luo Xiaohei[1].
Nuan Nuan segurou o boneco do gatinho preto com as duas mãos e sorriu para o irmão mais novo, os olhos curvados de felicidade.
— Obrigada, irmãozinho!
Gu An estava explodindo de alegria por dentro, mas manteve um ar de indiferença.
— Vamos lá, o irmão vai te ensinar a ler!
Dois banquinhos já estavam posicionados na frente da escrivaninha, e Gu An trouxe seus livros do ensino fundamental — que haviam sido bem guardados graças à mãe.
Os dois sentaram-se bem pertinho, suas cabecinhas bonitas e ainda infantis inclinadas sobre o mesmo livro.
— Vou ler uma vez, você repete. Não pode perguntar duas vezes, hein.
— Tá bom~!
Sob a luz suave do quarto, duas vozinhas infantis ecoavam, criando uma atmosfera morna e acolhedora.
A porta se abriu uma frestinha e fechou de novo, silenciosamente. O papai Gu e a mamãe Gu saíram sorrindo.
— Tá funcionando muito bem. Se eles interagirem bastante, vão ter um relacionamento ótimo.
O papai Gu tocou o queixo, um pouco arrependido.
— Só é uma pena que a Nuan Nuan vai acabar brincando menos comigo...
Assim que falou, recebeu um olhar de reprovação da mamãe Gu. Não tinha vergonha nenhuma de competir com o próprio filho pelo carinho da filha!
Nuan Nuan estudou com o irmãozinho por uma hora. Sua voz macia, repetindo as lições, era uma verdadeira música para os ouvidos. Gu An descobriu que ensinar a irmã era extremamente prazeroso. Quando o pai entrou com um copo de leite e pediu que parassem para descansar, Gu An ficou até meio relutante.
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Notas:
[1]: A Lenda de Luo Xiaohei é uma animação em flash e webtoon desenvolvidos pelo artista chinês MTJJ (nome real Zhang Ping). Ela se originou de uma série animada que foi transmitida principalmente online em março de 2011.
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