Capítulo 48


 Gu Mingli riu e levantou a mão para esfregar a cabecinha dela.

— Seu irmão já não está mais machucado.

Tang Le e os outros ao lado se sentiram tristes e invejosos. Eles também tinham apanhado, mas o tratamento... era totalmente diferente. Que injustiça! O mundo não os amava mais.

A menininha, no entanto, não acreditou. O ferimento do irmão parecia realmente dolorido, então ela insistiu para que ele fosse ver um médico.

Se fosse qualquer outra pessoa, Gu Mingli já teria perdido a paciência há muito tempo. Ele nunca precisou que cuidassem dos seus assuntos, mas, sendo Nuan Nuan, era uma história completamente diferente.

— Tá bom, o irmão vai obedecer você e ir ao médico.

Nuan Nuan então sorriu com as sobrancelhas arqueadas, falando com voz infantil:

— Quarto irmão é tão bonzinho.

Gu Mingli ficou sem palavras.

— Pff...

Tang Le caiu na gargalhada, sem nenhuma consciência, hahaha... "Tão bonzinho", usado para descrever ele, Gu Mingli, hahaha...

Gu Nan, então, apertou levemente a nuca de Nuan Nuan, fazendo a pequena encolher o pescocinho e se aninhar contra o irmão mais velho. Seus bracinhos, como dois botõezinhos, abraçaram o pescoço dele com dependência óbvia.

— Irmão mais velho, vamos levar o quarto irmão ao médico.

Vendo a atenção dela totalmente voltada para si, um traço de satisfação surgiu nos olhos frios de Gu Nan.

Gu Mingli, seguindo atrás, estalou a língua. Realmente não esperava que o irmão mais velho, com aquela aparência fria, fosse disputar a irmãzinha assim!

Mas... ele não tinha voltado só hoje? Como é que já estava tão próximo dela? Ele lembrava bem que, normalmente, as crianças tinham medo do Gu Nan — daquele tipo que chorava só de vê-lo.

Gu Mingli não pôde evitar de lembrar de uma garota da família distante dos Gu, que tremia e chorava na frente de Gu Nan, mas ainda assim, forçada pelos adultos, tentava se aproximar dele.

Empurrando a língua contra a bochecha, Gu Mingli soltou um resmungo abafado. Era mesmo diferente quando era da gente. Olha só como a Nuan Nuan agia naturalmente com o irmão mais velho.

Depois de fazerem o check-up na enfermaria, além do pequeno ferimento no canto da boca, Gu Mingli também tinha um grande hematoma no ombro.

A pele dos membros da família Gu era muito clara — afinal, os jovens mestres criados com colher de prata na boca não saíam no sol à toa — e Gu Mingli, com seu tom de pele pálido, parecia ainda mais impressionante com a grande mancha roxa no ombro.

Em pé atrás de Gu Mingli, Nuan Nuan apertou os lábios, olhando com os olhinhos brilhantes de angústia. Em questão de segundos, os olhos já estavam vermelhos, quase chorando.

O temperamento destemido de Gu Mingli finalmente ficou sem saída. Até Gu Nan franziu o cenho, enquanto Gu An parecia estar diante de um inimigo formidável.

— Não chora, o irmão não tá tão machucado assim.

Mas a pequena encolheu ainda mais a boca, e a vozinha chorosa escapou, cheia de soluços:

— Dói...

— A Nuan Nuan doía quando caía... o irmão também deve tá doendo.

Ela soprou delicadamente algumas vezes sobre o ombro dele, enquanto seus cílios longos piscavam, fazendo duas gotinhas cristalinas penderem.

O que ela disse acertou como agulhadas nos corações dos três irmãos presentes.

— Soprar pro irmão... Huhu... daí não dói mais...

Apesar de ser uma criança, naquele momento ela parecia estar consolando Gu Mingli como se fosse ele o pequeno.

Aquela cena — o jeitinho dela, parecendo sofrer mais do que o próprio Gu Mingli — deixou todos presentes entre o riso e a dor no peito.

— Eu só pareço estar feio assim, mas, olha... se doesse mesmo, eu chorava, né? — Gu Mingli disse, forçando um sorriso. — E nem franzi as sobrancelhas, tá vendo?

Nuan Nuan observou atentamente e descobriu que ele estava falando a verdade.

Ela tocou o rosto dele com a mãozinha, confusa, e perguntou baixinho:

— Irmão, não tá doendo de verdade?

— Não...

Ele mal terminou de dizer quando rangeu os dentes. O médico que aplicava o remédio nas costas tossiu, um pouco sem jeito.

— Vou tentar ser mais leve.

Gu Mingli praguejou mentalmente. Filho da mãe, fez de propósito!

Mas ainda manteve a pose:

— Não dói!

Nuan Nuan, preocupadíssima, virou a cabecinha para o médico:

— Doutor, passa mais devagar, tá?

O médico, diante daquela vozinha macia e suplicante, e sob o olhar atento da menininha, realmente passou a ser muito mais cuidadoso.

Tang Le só conseguia encarar em silêncio.

Aquele médico escolar era famoso por não ter piedade ao aplicar remédios nos garotos que brigavam — a dor era de matar.

Ele mesmo já tinha sofrido na mão dele. Só de vê-lo já dava vontade de correr...

Mas agora... o homem estava mesmo pegando leve!

Quando terminou de medicar Gu Mingli, Tang Le engoliu seco, vendo o médico sorrindo e vindo em sua direção, e gritou em desespero:

— Posso chamar outro médico pra passar o remédio?!

O sorriso permaneceu, gentil:

— Não pode.

Em menos de três segundos, um grito de cortar o coração ecoou pela enfermaria. Wu Kuang e Lu Xingzhi até ficaram tensos como cordas prestes a arrebentar, prontos para fugir.

Quando chegou a vez de Lu Xingzhi, ele teve uma ideia brilhante ao ver Nuan Nuan ao lado de Gu Mingli. Sem cerimônia, ele deu dois passos largos e agarrou a menininha nos braços.

— Deixa eu dar um abraço.

Ele lançou um olhar para Gu Mingli, desafiador.

Gu Mingli apenas bufou.

Tá bom... aproveita.

Então, sorrindo de volta para a pequena de olhos brilhantes e claros, Lu Xingzhi falou com doçura:

— Doutor~!

O médico escolar ficou paralisado.

O efeito da "vozinha mágica" foi instantâneo: quando Lu Xingzhi recebeu o tratamento, mal sentiu um leve formigamento, nada comparado ao sofrimento de Tang Le.

Tang Le, deitado na cama, quase sem fôlego, esticou a mão trêmula e mostrou o dedo do meio para Lu Xingzhi, com lágrimas nos olhos.

— Filho da mãe, você teve essa ideia brilhante e não contou pra gente antes!

Agora era tarde demais para ele...

Lu Xingzhi apenas olhou de volta com uma expressão de quem dizia: cada um por si.

Depois de terminar o tratamento, Nuan Nuan finalmente lembrou por que tinha vindo hoje, e tirou um presentinho para o quarto irmão.

— Quarto irmão, isso é pra você. Eu e o papai fomos no shopping comprar.

Os olhos de Gu Mingli se iluminaram com surpresa.

Era um chaveiro — um coelhinho branco e macio feito de jade de alta qualidade, sem nenhum defeito, delicadíssimo. Ele, ao ver o coelhinho, logo pensou na própria Nuan Nuan.

Apesar de um coelho não ser o símbolo mais "másculo" do mundo... bom, tudo dependia de quem dava o presente. As pessoas são animais de dois pesos e duas medidas.

— O quarto irmão gostou muito.

Gu Mingli beliscou as bochechinhas dela. Não sabia explicar, mas tinha um fascínio especial por aquelas bochechas macias.

— Irmão... é só você gostar.

Gu An, ao lado, bufou de raiva, os olhos quase vermelhos de ciúmes.

Nuan Nuan rapidamente o chamou:

— Irmãozinho~

Gu An virou o rosto emburrado. Não adiantava chamá-lo de "irmãozinho" agora, ele estava bravo, e muito, aliás!

— Irmãozinho, a Nuan Nuan não esqueceu de você!

Enquanto dizia, tirou outro presente: um bonequinho de argila.

A carinha rechonchuda, os traços delicados e a expressão meiga — claramente modelados com base na aparência atual da própria Nuan Nuan —, mas, evidentemente, o bonequinho era ainda mais gordinho.


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