Capítulos 151 a 155


 Capítulo 151: Confinamento da Fã

Gu Yuan estava deitada na cama, com o rosto escondido nos braços, olhando por muito tempo para a palavra “bom” que Huo Chenchen lhe enviara. Ela não sabia bem o que sentia — algo quente e amargo ao mesmo tempo —, como se estivesse sendo cuidadosamente acolhida nas mãos de alguém.

Na verdade, seus filhos sempre foram muito bons com ela, especialmente o mais velho e o segundo: um gentil e atencioso, o outro sempre pronto para cuidar de tudo. Mas, ainda assim, não era a mesma coisa.

Mesmo quando recebia o carinho dos filhos, ela, instintivamente, continuava se vendo como mãe. Pensava que deveria se portar como tal — e, mesmo que não conseguisse ser uma mãe perfeita, ao menos precisava tentar parecer uma.

Mas com Huo Chenchen era diferente.

Diante dele, ela se permitia ser manhosa, caprichosa; e, às vezes, tinha até a ilusão de que, por mais irracional que fosse, ele sempre a suportaria.

Ao pensar nisso, não pôde deixar de olhar novamente para a mensagem que ele havia lhe enviado.

Ela nunca imaginou que aquelas palavras frias, pretas e brancas na tela do celular pudessem se tornar tão vívidas e acolhedoras. Ao olhar para elas, parecia até sentir a entonação da voz dele e imaginar a expressão que fazia ao falar.

Enquanto se deixava levar por esses pensamentos, uma notificação do WeChat chegou — era Camille.

Ao ver o nome, Gu Yuan hesitou por um instante, mas acabou contando a ela o que estava acontecendo.

Camille ouviu atentamente e então perguntou:

— Xiao Yuan, precisamos confirmar... a pessoa de quem você está falando é o Huo Chenchen?

Gu Yuan ficou confusa:

— É, sim... por quê?

Camille ainda parecia não acreditar e, sem dizer mais nada, mandou uma foto para Gu Yuan.

Gu Yuan abriu a imagem e ficou parada por um momento. Era uma foto de Huo Chenchen participando de um fórum econômico. O homem da foto vestia um terno escuro e bem ajustado, o corte impecável ressaltando sua postura firme e elegante. Seu semblante era calmo, reservado, mas havia nele uma nobreza natural, uma imponência que mantinha os outros à distância.

Atrás dele vinha um grupo de pessoas — todos de terno e gravata, rostos sérios e expressão inabalável — seguindo seus passos com precisão. Cada um deles parecia caminhar sob o comando do vento que Huo Chenchen criava ao passar. Aquilo, sim, era o que se chamava presença — uma aura completamente aberta e arrebatadora.

Gu Yuan nunca tinha visto uma foto assim de Huo Chenchen — e, sem perceber, ampliou a imagem até o máximo, observando cada detalhe.

Camille exclamou:

— Você estar apaixonada por esse figurão não me surpreende! Afinal, ele é o pai do seu filho. Tantos pais por aí... mas enfim, o problema é que, do jeito que você fala dele, tem alguma coisa errada nessa história!

Gu Yuan, ainda tomada por aquele sentimento, perguntou com curiosidade:

— Errada? Por quê?

Camille respondeu:

— Olha, a impressão que eu tenho do Huo Chenchen é completamente diferente! O homem da foto é sério, reservado, parece o típico “flor de lótus de gelo e neve”, inalcançável! Como é que eu vou ligar essa imagem ao Huo Chenchen apaixonado e todo derretido que você me descreveu?!

Gu Yuan retrucou baixinho:

— Mas ele é assim...

Camille suspirou:

— Pois é... parece que até o homem mais nobre e ascético, quando se apaixona, vira um verdadeiro cachorro grudado.

Gu Yuan sorriu, sonhadora:

— Talvez...

Mas será que Huo Chenchen parecia mesmo um cachorrinho-lobo?
Como seria, afinal, um cachorrinho-lobo?
Gu Yuan não conseguiu se controlar — seus dedos já estavam se mexendo sozinhos, e ela começou a pesquisar “cachorrinho-lobo” no celular.

Camille, por sua vez, começou a explicar com toda seriedade:

— Dizem que, quando um homem e uma mulher se apaixonam, o corpo libera uma substância química chamada feniletilamina. Essa substância faz com que ambos se sintam atraídos e experimentem a sensação do amor. Talvez... quando vocês estavam no deserto, por causa do ambiente, da temperatura e do clima, ele acabou produzindo feniletilamina por você — e foi assim que se apaixonou.

Gu Yuan arregalou os olhos, surpresa:

— É mesmo? Isso é possível?

Camille assentiu com convicção:

— Sim! É a feniletilamina — ela transformou aquela “flor de lótus gelada e intocável” num homem completamente diferente, fazendo-o agir de um jeito que nem ele mesmo reconheceria.

Depois de dizer isso, Camille enviou um link — era um artigo de divulgação científica, e logo abaixo havia um artigo acadêmico explicando em detalhes o princípio da feniletilamina.

Parecia bem convincente...

Camille continuou:

— Mas eu também preciso te contar uma coisa meio triste.

Gu Yuan perguntou:

— O quê?

Camille enviou uma captura de tela em inglês e explicou:

— Olha, a feniletilamina só pode permanecer no corpo humano por cerca de um ano. Ou seja, aquele famoso “amor à primeira vista” dura, no máximo, um ano.

Gu Yuan ficou chocada:

— ?????

Camille prosseguiu:

— Então, agora esse homem está cheio de sentimentos por você, mas não leve tão a sério. Ele ainda não te conquistou, por isso quer te agradar, te dizer coisas doces, fazer promessas... Mas, quando conseguir o que quer — ou quando a feniletilamina no corpo dele desaparecer — pode ser que ele se torne outra pessoa.

Gu Yuan olhou para aquelas palavras e sentiu a felicidade que tinha há pouco se esvair.

— Quer dizer que ele é, na verdade, um homem frio e indiferente... e que está agindo assim comigo porque está sendo controlado por essa substância química? É como se estivesse... drogado?

Camille respondeu:

— Quase isso.

Gu Yuan perguntou, preocupada:

— E o que eu devo fazer? Quando o “remédio” dele passar… ele vai ficar triste?

Camille respondeu animada:

— Não se preocupe com isso! O futuro dele é problema dele. Você só precisa aproveitar o amor agora! O entusiasmo de um homem apaixonado é como o doce mais delicioso do mundo — servido direto na sua boca. Por que não saborear? Vai, aproveita!

Gu Yuan ficou pensativa por um momento. Então, de repente, lembrou-se de algo e perguntou:

— Camille, por que você começou a estudar sobre o amor assim, do nada? E ainda vem me falar de “feniletilamina”?

Termo técnico, artigo científico... isso não era nada parecido com a Camille que ela conhecia.

Camille tossiu algumas vezes antes de responder:

— Porque... recentemente descobri uma quantidade estranha de feniletilamina no meu próprio corpo...

Gu Yuan leu a mensagem, ficou em silêncio por alguns segundos e, devagar, digitou apenas um ponto de interrogação.

****

Gu Yuan teve a sensação de que Camille estava apaixonada. Mas por quem — e o que exatamente havia acontecido — ela não sabia, e também não perguntou.

Mas, deixando Camille de lado, a mente de Gu Yuan não estava nela — ainda estava presa na questão do “cachorrinho-lobo”.

Ela continuou pesquisando e descobriu que a definição do termo era: um homem bonito, charmoso e dominante, geralmente mais jovem, mas que, ao mesmo tempo, transmitia segurança e era o tipo de namorado ideal, carinhoso e protetor.

— Parece com ele? — pensou Gu Yuan, franzindo o cenho.

Ela achava que não. Afinal, Huo Chenchen era uns dez anos mais velho do que a idade biológica que ela aparentava agora — embora, é claro, ainda fosse bem mais jovem do que a idade real dele.

Mesmo assim, continuou rolando a página, olhando as descrições e exemplos. Então, de repente, uma lembrança lhe veio à mente — aquele dia em que ele quis tocar o cabelo dela.

Ela percebeu, naquele momento, o que ele queria dizer; e ele, alto como era, abaixou a cabeça docilmente para que ela o tocasse.

— Será que... é um pouquinho parecido? — pensou, sentindo o coração bater mais rápido.

Gu Yuan ficou ali, apoiando o queixo nas mãos, e quanto mais pensava, mais doce se sentia. Cada vez que olhava novamente para o “bom” que ele lhe mandara, parecia que até o ar do quarto ficava impregnado de doçura.

Enquanto rolava a tela e via as imagens dos “cachorrinhos-lobo” nos resultados da busca, acabou se deparando com uma foto de um lobo uivando para o céu — e, sem pensar duas vezes, copiou a imagem e a enviou para Huo Chenchen.

Depois de enviar, enfiou-se debaixo das cobertas, colocou o celular no modo silencioso e adormeceu sorrindo, num sono leve e feliz.

Huo Chenchen: “?”

Dez minutos depois.

Huo Chenchen: — O que é isso?

Mais dez minutos.

Huo Chenchen: — Aconteceu alguma coisa?

Cinco minutos depois.

Huo Chenchen: — Você tem medo de cachorro?

Três minutos depois.

Huo Chenchen: — Posso te ligar?

E foi assim que, naquela noite, Gu Yuan — que dormia profundamente, sonhando com um sorriso nos lábios — acabou sendo despertada por batidas insistentes na porta.

Ela esfregou os olhos sonolentos e abriu a porta. Do lado de fora estava Huo Lanting, com a mesma expressão de sono. Mãe e filho — um grande, outro pequeno — ficaram se encarando por um momento, separados apenas pela moldura da porta.

Huo Lanting perguntou, com a voz arrastada:

— Mamãe, o que você está fazendo?

Gu Yuan respondeu, ainda meio confusa:

— Estou dormindo... por quê? Aconteceu alguma coisa? Por que veio me procurar no meio da noite?

Huo Lanting coçou os olhos e balançou a cabeça:

— Não, não... nada, não... esquece, pode voltar a dormir.

— Ah... tá bom, — respondeu Gu Yuan, bocejando. — Então volta pro seu quarto e dorme também...

*****

De acordo com a programação de seu estúdio, Gu Yuan iria primeiro fazer as fotos de capa para a revista Mamo.

Dessa vez, a capa da revista Mamo seria fotografada em um penhasco. O local ficava a vários quilômetros da capital.

Ao saber disso, Ji Qisen imediatamente se ofereceu para levar Gu Yuan em seu jato particular, mas ela recusou sem hesitar.

Em casa, ela podia aceitar certos luxos por ser algo familiar, mas, quando se tratava de trabalho, Gu Yuan acreditava que devia seguir o mesmo padrão de todos. Afinal, não podia simplesmente pegar um jato particular e deixar o fotógrafo e a equipe de maquiagem indo por conta própria, não é?

Se todos viajassem de jato particular, aquilo pareceria poder demais.

Depois de convencer Ji Qisen — e, em seguida, Nie Yu —, Gu Yuan percebeu que ainda faltava convencer Huo Chenchen.

— É seguro? — ele perguntou, com o tom contido, mas claramente preocupado.

— Claro que é seguro! — respondeu ela com um sorriso. — Disseram que é num penhasco, mas há todo um esquema de segurança. É só fazer algumas poses! Além disso, o Qisen vai mandar alguns seguranças comigo. Eles vão cuidar de tudo. Não vai acontecer nada.

Huo Chenchen perguntou:

— Só alguns dias?

Gu Yuan pensou por um instante e respondeu:

— Vou amanhã, fico um dia lá, e volto depois de amanhã. Se a paisagem local for boa, talvez eu fique mais alguns dias.

Huo Chenchen assentiu:

— Está bem, volte logo.

Depois de ouvir isso, ele não disse mais nada, e Gu Yuan finalmente sentiu um alívio.

Mas, ao se sentir aliviada, percebeu algo estranho… Por que ela sentia que ele não se importava o suficiente? Por que não perguntou mais detalhes?

Gu Yuan refletiu por alguns instantes e percebeu que sua própria mente era contraditória. Ela queria que ele se importasse, mas, ao mesmo tempo, tinha medo de que se ele perguntasse demais acabasse interferindo em seu trabalho.

No final, ela não pôde deixar de rir de si mesma e, então, decidiu se concentrar novamente, mantendo o foco na sessão de fotos da Mamo.

A Mamo claramente dava grande importância a essa sessão de fotos. Chegou a convidar Quentin, um fotógrafo do país A que acabara de ganhar um prêmio nacional. Quentin era um homem na casa dos trinta, com barba por fazer, vestindo um chapéu de cowboy despojado. Adorava rir e fazer piadas, e ainda arriscava algumas palavras em chinês, que não ouvia há muito tempo, arrancando risadas de todos os colegas.

Todos os que viajavam com Gu Yuan conheciam seu nome. Somando-se aos seguranças musculosos que a cercavam, ninguém ousava subestimá-la, todos tinham extremo cuidado com Gu Yuan. Mas Quentin parecia diferente: falava com ela sem cerimônia, sem restrições, como se não houvesse barreiras formais entre eles.

Isso deixou Gu Yuan com uma sensação agradável — Quentin parecia ser alguém natural, um amigo familiar.

Durante a sessão, ela estava próxima a um penhasco, cercada pela neve branca e com o sol se pondo ao fundo. Gu Yuan vestia um véu branco, de pé sobre o penhasco. O pôr do sol tingia seu rosto com um vermelho intenso, iluminando seu corpo esguio e elegante. Ali, parada, parecia uma fada que tivesse descido à Terra.

Quentin estava visivelmente satisfeito com o resultado. Quando terminou, ficou maravilhado, dizendo que aquela era a foto mais perfeita que havia tirado recentemente.

Desta vez, um corretor e um responsável da Mamo o acompanhavam, e também se mostraram extremamente satisfeitos ao ver o resultado. Gu Yuan estava agora no centro das atenções, e a capa da revista certamente se tornaria um sucesso.

Ao perceberem que estava ficando tarde, o grupo começou a arrumar os equipamentos e colocá-los no carro, prontos para partir.

Gu Yuan, acompanhada pelos seguranças e agentes, entrou em um veículo off-road especialmente preparado por seu filho.

No caminho, ela estava de bom humor. Observando a floresta coberta de neve, mesmo dentro do carro, parecia sentir o cheiro puro da montanha no inverno, respirando a paisagem gelada e silenciosa ao seu redor.

Ao pensar nisso, ela não conseguiu resistir e ligou o celular para tirar algumas fotos, que logo compartilhou no grupo do WeChat “Genius Baby Little Paradise”.

Depois que enviou, Nie Yu foi a primeira a reagir, soltando emojis de arco-íris e risadas. Em seguida, Huo Lanting respondeu, e por fim vieram os comentários objetivos e racionais de Luo Juntian. Quanto a Ji Qisen, finalmente apareceu com um simples:

— Bom.

Vendo isso, Gu Yuan sorriu e decidiu encaminhar a foto para Huo Chenchen.

No entanto, ele não respondeu.

Ela ficou um pouco desapontada, mas logo racionalizou: provavelmente ele estava ocupado com reuniões. Ontem, ao falar com ele, parecia ter mencionado que sairia, talvez para discutir algo importante com outras pessoas.

Enquanto ela ainda pensava nisso, o carro parou de repente.

O agente exclamou:

— O que é isso?!

E, logo em seguida, Gu Yuan percebeu que os seguranças no carro à frente começaram a aplaudir.

Mas isso não adiantou.

Na estrada à frente, uma enorme quantidade de jornalistas e fãs apareceu, avançando com entusiasmo. Alguns até gritavam:

— Sogra, estou aqui!

Gu Yuan ficou paralisada por um instante, sem entender o que estava acontecendo.

O agente, experiente, rapidamente percebeu o perigo e avisou:

— Cuidado! A situação não está certa!

Capítulo 152: Cercada pelos Fãs

O agente, este ano com mais de quarenta anos, se chamava Sun. Gu Yuan, de costume, o chamava de “avô”. Era um agente experiente, já veterano. Ao ver a situação, ele sabia que não adiantaria tentar escapar a pé: não havia cobertura na estrada, e sair dirigindo seria impossível. Aqueles fãs estavam eufóricos, e no meio da estrada aberta qualquer incidente poderia se tornar um grande problema.

A irmã Sun suspirou levemente e olhou para o assistente ao seu lado. O rapaz tinha pouco mais de vinte anos, era muito magro e tinha traços físicos semelhantes aos de Gu Yuan. Naquele instante, uma ideia lhe veio à mente: pediu ao assistente que tirasse a roupa e se trocasse.

O assistente ficou surpreso por um momento, mas logo entendeu a situação e agiu rapidamente.

Embora houvesse apenas um veículo off-road, sem qualquer proteção, naquele momento isso não importava tanto. No inverno, as pessoas usam muitas camadas de roupas, então bastava trocar o casaco externo. Gu Yuan e o assistente trocaram rapidamente de roupa, preparando-se para a situação à frente.

Embora o assistente fosse magro, ele ainda era um homem. Seu casaco acolchoado ficava largo demais no corpo de Gu Yuan. Ele colocou um chapéu com aba para prender o cabelo, e à primeira vista qualquer um pensaria que se tratava de um homem.

Enquanto ela trocava de roupa rapidamente, os fãs já avançavam com câmeras de celular em punho, correndo em direção ao carro de Gu Yuan. Nesse momento, o responsável da revista Mamo começou a pedir ajuda, tentando contatar a polícia.

Embora os seguranças fossem altamente treinados, era impossível conter tantos fãs ao mesmo tempo. A única estratégia possível era proteger o carro de Gu Yuan e garantir sua retirada discreta do veículo.

Quando Gu Yuan saiu do carro vestindo as roupas do assistente, este abriu a janela da frente e fez alguns gestos para chamar a atenção dos fãs. Eles realmente acreditaram que era Gu Yuan e começaram a gritar, um após o outro:

— Sogra!!! Olha para mim!

Gu Yuan, com o gato enrolado na cintura, seguiu o agente e, sob a cobertura de dois seguranças, rapidamente se afastou pela parte de trás do carro, entrando diretamente na floresta atrás do local.

Nesse momento, os seguranças já não conseguiam conter os fãs e repórteres mais fanáticos. A multidão cercava completamente o carro; alguns começaram a bater nas janelas, gritando:

— Sogra, saia do carro! Deixe que a gente veja você!

Gu Yuan rangeu os dentes:

— Quando foi que eu tive tantos fãs assim?

Ela pensou consigo mesma: não eram apenas um grupo de fãs de noras? Será que as noras eram todas tão loucas?

O agente, sem saber o que dizer, comentou:

— Não sei... isso não está certo. Melhor desviarmos primeiro.

Ele já tinha visto pessoas cercando aeroportos, mas jamais imaginou que alguém correria atrás em um desfiladeiro!

Naquele momento, o agente já havia levado Gu Yuan para dentro da floresta ao lado, com dois seguranças fazendo a proteção por trás. Tudo corria bem, até que alguns fãs, com olhos atentos, perceberam a movimentação e um deles gritou:

— Sogra! Ali, ali! Ela está fugindo! Corram atrás!

Ao ouvir isso, Gu Yuan simplesmente ficou furiosa — chegou a querer matar quem gritou aquilo!

Mas, nesse momento, os fãs perceberam Gu Yuan. Eles descobriram que haviam sido enganados e que o carro não era realmente dela, e começaram a avançar em direção à floresta. O líder da revista, Quentin e os outros tiveram que intervir para bloquear o caminho, mas eram tantos fãs e tão exaltados que, diante do fanatismo, qualquer um se sentiria como se estivesse prestes a ser esmagado.

O agente quarentão não pôde deixar de xingar baixinho, sabendo que fugir pela floresta era impossível. Se fossem alcançados ali, a situação só pioraria. Então, percebeu que a porta do carro de um dos seguranças estava aberta e empurrou Gu Yuan para dentro:

— Você entra! Dirija por aquele caminho à frente, rápido!

Gu Yuan olhou para os seguranças e para o agente, assustada:

— Eu entro? E vocês? E se... esses fãs atacarem vocês se não me virem?

O agente gritou:

— Apenas fuja! Eles vão parar de perseguir se não te verem!

Gu Yuan pensou rápido, cerrou os dentes e ligou o carro. Reverteu e acelerou pelo caminho sem hesitar.

Os fãs, ao verem o carro em movimento, finalmente perceberam a situação e correram em disparada atrás dele.

Gu Yuan dirigia na frente e via, pelo retrovisor, um grupo de fãs correndo atrás dela freneticamente, gritando para que a “sogra” não fugisse.

Nesse momento, um frio percorreu suas costas.

Ela acelerou e disparou para a frente, sem se importar para onde a estrada levava — apenas dirigia loucamente.

Depois de percorrer mais de dez quilômetros nessa respiração ofegante, os fãs que a perseguiam finalmente desapareceram. Gu Yuan soltou um suspiro de alívio e pensou em ligar para a agente para saber como estavam as coisas. Mas, justamente nesse instante, um carro surgiu de repente atrás dela e avançou em sua direção — a postura deixava claro que estava prestes a colidir.

Gu Yuan levou um susto, quase perdeu o controle, e desviou às pressas, mas o carro parecia um bêbado, batendo ora à esquerda, ora à direita, e se enroscando no dela sem parar.

Ela apertou o volante com força, as mãos e os pés completamente gelados.

Tentou fazer uma ligação, desesperada para pedir ajuda, mas mesmo se esforçando e discando várias vezes, não havia sinal algum! A conexão era intermitente, a chamada não completava!

Ela não ousava se distrair agora. Aquela era uma estrada de montanha — se caísse acidentalmente nas encostas ao lado, mesmo que não fosse um penhasco profundo, bastaria uma queda para perder a vida.

Por um momento, ela se perguntou o que aquele homem queria fazer — por que estava a perseguindo? Se fosse para tirar sua vida, não parecia exatamente isso. Ele parecia mais estar brincando de gato e rato com ela. Qual é o propósito desse homem?!

Nesse instante, o celular, que até então não tinha sinal, tocou de repente. O toque soou entrecortado, cheio de ruídos, mas tocou.

Gu Yuan cerrou os dentes, o coração disparado. Olhou de relance — era Huo Chenchen.

Ao ver o número dele, uma pontada subiu-lhe ao nariz, como se fosse chorar. Segurou o volante com uma mão e atendeu o telefone com a outra, tremendo.

— Onde você está? — A voz firme dele veio através do ruído, misturada aos estalos intermitentes das montanhas.

— Eu... eu estou no carro... — respondeu Gu Yuan, a voz trêmula. Mas, antes que pudesse continuar, o carro atrás dela acelerou novamente, colando em sua traseira. Pelo jeito como vinha, estava claramente tentando forçá-la a parar.

Ela desviou por um triz, o couro cabeludo formigando de medo. — Talvez... alguém queira me matar... ele está me perseguindo o tempo todo, ele quer me matar...!

— Tudo bem, não desligue — a voz de Huo Chenchen permaneceu anormalmente calma. — Dirija com cuidado. Não desligue.

— Posso morrer aqui... — Gu Yuan sentiu toda a sua força concentrada nas mãos, segurando o volante com toda a força. — Eles querem minha vida, esses fãs... não, não, talvez nem sejam fãs...

Sua série de TV ainda nem tinha estreado, ela só tinha participado de um programa de variedades de artistas de segunda linha, como poderia ter fãs tão fanáticos? Mesmo que ela tivesse aquele filho grandalhão, eles não deveriam ir atrás dela!

— Não tenha medo — a voz de Huo Chenchen soava entrecortada pelo sinal ruim. — Eu vou chegar aí logo e vou te salvar.

— Eu não sei onde estou, mas... onde estou, ah... — Gu Yuan gritou ao ver o carro novamente avançando sobre ela.

— Não fale, concentre-se em dirigir. Coloque o telefone no colo. — A voz dele continuou firme, apesar das falhas na ligação. — O resto, deixa comigo...

Gu Yuan não sabia como conseguiu sobreviver à sensação aterrorizante de seu couro cabeludo formigando de medo. Quando o rugido de um helicóptero soou acima, o carro que a perseguia finalmente a deixou em paz e, inexplicavelmente, deu meia-volta.

Assim que ela pisou no freio, todo o corpo ficou paralisado.

Por um instante, sentiu-se morta por dentro.

O helicóptero pousou, e ela já não tinha forças nem para levantar a cabeça.

Pouco depois, passos se aproximaram do lado de fora, e a porta se abriu — Huo Chenchen estava ali.

Ela levantou o olhar, fraca, encarando-o.

O rosto perfeito de Huo Chenchen parecia ao mesmo tempo familiar e estranho, e Gu Yuan teve a sensação de que haviam ficado separados por uma linha entre a vida e a morte.

Ele estendeu as mãos, e ela se inclinou para a frente, desabando suavemente em seus braços.

As mãos dele ainda estavam frias, mas o corpo era firme e acolhedor; o calor que emanava dele a envolveu. Pela primeira vez, Gu Yuan sentiu que seus pés — e seu coração — haviam finalmente tocado o chão.

Ao se dar conta do que acabara de acontecer, o pavor voltou com força, e ela começou a tremer.

— Eu quase morri... — murmurou, a voz embargada. — Eu quase caí de um penhasco agora há pouco...

Huo Chenchen a segurou com força.

— Está tudo bem agora.

Gu Yuan chorou, soluçando entre as palavras:

— Eu quase morri de novo... eu já morri uma vez!

Huo Chenchen não disse mais nada. Apenas a ergueu nos braços, em um gesto decidido, e a levou para dentro do helicóptero.

O avião era pequeno, capaz de acomodar apenas quatro ou cinco pessoas. Huo Chenchen a segurava nos braços, apenas o suficiente para deixá-la deitada confortavelmente.

Gu Yuan ainda lembrava-se da cena de pouco antes e permanecia atônita, sussurrando para si mesma:

— Eu claramente consegui escapar... o que aconteceu? Isso não pode ser fã algum. Definitivamente não são fãs. São sequestradores? Ainda querem me matar? Quem eu ofendi? Quem me odeia tanto...

Huo Chenchen cerrou os lábios e disse com voz quente:

— Eles se foram. Agora você está bem.

Ao ouvir a voz dele, Gu Yuan sentiu uma pontada de tristeza. Segurando o ombro dele, começou a chorar:

— Eu não quero mais ser estrela, isso é terrível!

Huo Chenchen a abraçou, sem dizer mais uma palavra. Mas, ao olhar para o céu lá fora, havia uma luz intensa em seus olhos.

****

Ela estava agora na suíte presidencial de um hotel seis estrelas, na cidade próxima à base da montanha. Tomou um banho quente e confortável, vestiu roupas limpas e aquecidas, e finalmente conseguiu voltar ao seu estado normal.

Gu Yuan, agora recuperada e com a cabeça mais fria, pensava no próprio comportamento anterior e sentia vergonha e impotência.

Ela imaginava que, quando Huo Chenchen a encontrou, deve ter visto uma pobre criatura tremendo e se contorcendo.

Ela até chorou, agarrando os ombros dele...

Gu Yuan sentiu que sua imagem havia se despedaçado completamente, como se tivesse sido lançada para o país de Java.

Lembrou-se da teoria de Camille sobre os hormônios do amor, mas sentia-se sem saída. Não deveria ele ter visto seu aspecto patético? Será que os hormônios do amor no meu corpo simplesmente entraram em colapso?

Pensando nisso, ela se dirigiu à sala de estar e viu Huo Chenchen sentado ali, abaixando o olhar sobre um tablet em suas mãos.

Mesmo sentado casualmente no sofá com um terno impecável, ele ainda emanava uma aura aristocrática e fria. No momento, levantou suas mãos elegantes e finas, deslizando suavemente sobre o tablet, franzindo levemente as sobrancelhas, parecendo profundamente concentrado em seus pensamentos.

Preciso dizer que homens sérios realmente ficam atraentes.

Nesse momento, ele pareceu perceber o olhar dela e ergueu a cabeça.

Os olhos calmos e profundos dele aqueceram levemente ao encontrar o dela. Ao vê-la com o rosto abatido, levantou-se:

— O que aconteceu? Onde dói? Quer que eu chame um médico?

Gu Yuan balançou a cabeça rapidamente:

— Está tudo bem, eu estou bem!

Huo Chenchen franziu a testa:

— Você se assustou. Quando voltarmos, vou mostrar um psiquiatra para você.

Gu Yuan balançou a cabeça novamente, apressada:

— Sério, está tudo bem. Foi só um susto, agora já estou muito melhor.

Huo Chenchen soltou um pequeno suspiro e disse:

— Sim, você chorou um pouco, desabafou, deve estar bem agora. Mas lá fora está muito frio, você não congelou?

Enquanto a segurava no avião, sentira suas mãos e pés gelados, tremendo.

Isso realmente era demais. Gu Yuan mordeu o lábio e disse, impotente:

— Naquele momento eu estava com medo, mas já passou. Agora estou bem, especialmente depois do banho quente.

Huo Chenchen ergueu uma sobrancelha, mas ao ver que ela estava calma e indiferente, parecia realmente satisfeito.

Quem diria que, nesse instante, Gu Yuan espirrou várias vezes.

O espirro foi tão alto que ela cobriu a boca silenciosamente.

— Como assim? Está tudo bem, realmente! — pensou, aflita.

Huo Chenchen olhou para ela assim e sorriu, os olhos se aquecendo:

— Sabe, você se parece um pouco com a infância de Lan Ting.

Gu Yuan piscou, cobriu a boca e o olhou com inocência.

— Se estiver doente, então precisa consultar um médico — disse Huo Chenchen.

Gu Yuan imediatamente protestou:

— Não!

Convencer os outros a tomar uma injeção é uma coisa, mas tomar a injeção sozinha? Isso é totalmente diferente!

Ela não queria!

Capítulo 153: Ele a Salvou

Huo Chenchen olhou para seu protesto e riu, raramente.

Na verdade, ele raramente sorria desse jeito. O homem, que geralmente se mantinha sério e contido, abriu um leve sorriso.

Ele a observou e suspirou, impotente:

— Lembro que você persuadiu Lan Ting a convencer o Sr. Luo, não é?

Gu Yuan corou e mordeu o lábio:

— Eu estou bem de saúde, só preciso beber um pouco de **** sopa!

Huo Chenchen ergueu a mão e segurou a dela.

Ela se debateu um pouco, mas não se libertou; ele apenas segurou firme.

A temperatura do ar-condicionado na suíte presidencial estava agradável. Ela acabara de tomar banho e estava confortável e aquecida, enquanto o homem à sua frente segurava sua mão com firmeza e segurança.

Isso a fez lembrar que, apenas duas horas atrás, enquanto dirigia sob o vento cortante e sentia o medo a consumir, com os pés fraquejando, ele quase caiu do céu para afastar os perigos, puxar o carro em que ela estava e levá-la para a segurança e o calor de um mundo civilizado.

Agora, ao segurar sua mão assim, parecia que ele segurava em suas mãos a própria felicidade e estabilidade deste mundo.

Ele segurou sua mão e olhou para ela. Gu Yuan se sentiu um pouco envergonhada com o olhar dele e desviou os olhos para a parede. Havia um quadro ali, muito artístico e elegante. Embora ela não entendesse completamente, ainda assim observava com atenção.

Nesse momento, a voz baixa do homem chegou aos seus ouvidos:

— Meu rosto está bem?

Gu Yuan estudou cuidadosamente a pintura, mas sua cabeça estava confusa. Que rosto? O que está bem? Só depois de um tempo percebeu que ele tinha uma ferida no rosto, causada por Qi Sen. Ela respondeu vagamente:

— Eu não sei...

Quanto ao ferimento no rosto dele mais cedo? Ela nem tinha notado. Naquele momento, só pensava que ele abaixava a cabeça, pensativo, e isso o deixava encantador. Nada mais lhe parecia relevante.

Huo Chenchen sussurrou:

— Quando você saiu anteontem, não disse que queria ver?

Gu Yuan piscou, respondendo inocentemente:

— É? Eu esqueci… foi isso que aconteceu?

Huo Chenchen ficou em silêncio, cerrou os lábios e a observou por alguns instantes, até finalmente dizer:

— Mentira.

Gu Yuan corou, mas forçou um sorriso:

— Não!

— O que você quis dizer ao me mandar um cachorro naquele dia? — perguntou Huo Chenchen.

Gu Yuan riu:

— Não é um cachorro, é um pequeno lobo-dog.

— O que significa um pequeno lobo-dog? — indagou ele.

Gu Yuan olhou para ele e sorriu:

— Procure no Google!

Huo Chenchen não disse mais nada e a levou embora.

— Ah? — exclamou Gu Yuan. — Para onde você está indo?

Huo Chenchen a olhou de leve, e seus lábios finos e perfeitos pronunciaram apenas duas palavras:

Jantar.

A sala de jantar da suíte era espaçosa e iluminada. O garçom, usando meias brancas limpas, entrava e saía silenciosamente, e logo a mesa estava completa.

Huo Chenchen colocou pessoalmente uma tigela de sopa diante de Gu Yuan, colocou a colher em suas mãos e disse baixinho:

— Beba enquanto estiver quente.

O tom branco da porcelana era muito liso em suas mãos. Gu Yuan perguntou, confusa:

— O que é isso?

— Água de **** com açúcar mascavo, você pediu — respondeu Huo Chenchen.

Gu Yuan sorriu e tomou uma colherada; era doce e levemente picante, e ela se sentiu realmente reconfortada após beber.

Depois de uma tigela de água com **** e açúcar mascavo, Gu Yuan sentiu que todos os poros do corpo estavam abertos. O frio que sentia desaparecera. O medo e o susto tinham sumido completamente.

Ela ergueu os olhos e olhou discretamente para o homem à sua frente. O rosto de Huo Chenchen estava perfeito, impecável, sem cicatrizes.

— Está ótimo... — pensou.

Enquanto refletia, Huo Chenchen ergueu a mão e colocou o camarão temperado à sua frente.

Gu Yuan ficou levemente atônita.

Huo Chenchen olhou para ela e disse calmamente:

— Vai comer ou não?

Gu Yuan respondeu apressada:

— Vou comer!

Huo Chenchen sorriu, continuou levantando a mão, pegou um camarão e começou a descascá-lo para ela.

Gu Yuan olhou para ele. As mãos dele eram muito bem cuidadas, dava para ver que eram sempre aparadas e limpas. Eram as mãos mais elegantes de todos os homens que ela já tinha visto. E agora, essas mesmas mãos estavam descascando camarão para ela.

De repente, Huo Chenchen parou, limpou as mãos e perguntou:

— Meu rosto está melhor?

— Ah... parece — respondeu Gu Yuan.

— O que “parece”? Você não acabou de olhar? — questionou ele.

Gu Yuan negou:

— Não olhei.

— Mas você estava me espionando agora há pouco, não estava? — provocou Huo Chenchen.

Gu Yuan corou, mordeu o lábio e respondeu de forma deliberada:

— Então foi você que estava me espionando.

— Hã? — ele perguntou surpreso.

— Se você não estivesse me espionando, como saberia que eu estava te espionando? — retrucou ela, com um leve sorriso.

Huo Chenchen olhou para ela, com um ar de impotência em seus olhos frios, e então levantou a mão.

Gu Yuan acompanhou o movimento, sem saber o que ele ia fazer, endireitou levemente as costas e ficou imóvel, sentada.

A mão dele pousou em sua testa e a tocou.

De repente, uma sensação de frescor se espalhou pela testa dela.

— Parece um pouco quente — Huo Chenchen franziu a testa.

— Não, é que suas mãos estão frias — respondeu rapidamente Gu Yuan. — Suas mãos são frias, então a temperatura da minha testa parece alta.

— Sério? — ele olhou desconfiado.

— Suas mãos sempre foram mais frias que as de outras pessoas, você nunca percebeu? — Gu Yuan sabia claramente que as mãos de Huo Chenchen eram mais frias que as dela. Entre os homens, ele pertencia à espécie de baixa temperatura.

Huo Chenchen pareceu surpreso. Depois disso, segurou a mão dela e sentiu, percebendo que a temperatura da mão dela realmente estava mais alta.

— Você vai pegar febre? — perguntou ele.

— Não! — disse Gu Yuan. — São suas mãos que estão frias. Não percebe? Suas mãos são muito frias, ainda mais do que a média das pessoas.

— Sério? — Huo Chenchen ergueu a sobrancelha, obviamente não convencido.

— Sim. — Gu Yuan refletiu por um momento e perguntou: — Você nunca segurou a mão de outra pessoa antes?

Huo Chenchen ficou em silêncio por um momento antes de dizer:

— Não, eu não gosto.

Ele não gostava de contato com as pessoas e tinha um certo cuidado com limpeza.

Gu Yuan de repente percebeu isso:

— Ah, é verdade, então você nem percebe que suas mãos são frias.

Huo Chenchen segurou o dedo de Gu Yuan e mexeu-o suavemente:

— Agora eu percebo.

Gu Yuan não conseguiu conter o riso:

— Não sei por quê, mas quando você fala assim, acho que é bom.

Mesmo que a aparência séria dele não combinasse com o adjetivo, ela realmente sentia isso.

Na verdade, quando estava com ele, ele ainda era reservado, diferente daquele que falava com ela pelo telefone ou na internet. Talvez todo mundo tenha dois lados, ou seja mais fácil se soltar quando não está olhando diretamente nos olhos.

Huo Chenchen disse:

— Primeiro jante. Depois de comer, eu te levo para passear por perto e voltamos amanhã.

Ao ouvir isso, Gu Yuan finalmente lembrou:

— Como você está aqui no mercado? Como conseguiu me salvar?

Huo Chenchen respondeu calmamente:

— Apenas aconteceu de eu vir à Cidade A para conhecer o ambiente daqui, e pretendo investir aqui.

Gu Yuan olhou para ele incrédula e se inclinou:

— Sério? E aí, viu como é o ambiente daqui?

Huo Chenchen respondeu simplesmente:

— Vi.

Gu Yuan: — Onde você olhou? O que você viu? No que está pensando em investir?

Huo Chenchen lançou um olhar para ela e, com calma, respondeu:

— Isso é segredo comercial.

Gu Yuan não pôde deixar de rir.

Huo Chenchen olhou para ela, sem entender nada.

Ela explodiu em risadas, e finalmente apontou para Huo Chenchen:

— Sr. Huo, você está mentindo!

Huo Chenchen: — Me chame de Chen Chen.

Gu Yuan mordeu levemente o lábio; a palavra “Chen Chen” ainda fazia sua boca esquentar quando dizia. Ela se esquivou, sem chamar pelo nome dele, e disse diretamente:

— Você está mentindo, olha suas orelhas, estão vermelhas!

Huo Chenchen a observou com seus olhos negros e respondeu teimosamente:

— Não estão.

Gu Yuan: — Estão sim. Vou tirar uma foto para você ver com seus próprios olhos.

Então, ela tirou o celular e fez uma foto dele. Depois de tirar, abriu a imagem para conferir. Por causa do filtro, a ponta da orelha realmente estava vermelha e brilhante.

Gu Yuan mostrou para ele, inclinou a cabeça e sorriu.

O rosto de Huo Chenchen estava corado o tempo todo, e seus lábios permaneciam fechados.

Gu Yuan sorriu: — Me diga, por que você mentiu para mim? Por que veio para a cidade A? E mais, o que diabos aconteceu? Como você soube que eu tive um acidente?

Pensando nisso, percebeu que tinha muitas perguntas: — E meus agentes e seguranças, estão todos bem?

Huo Chenchen: — Vou te contar devagar.

****

Em circunstâncias normais, Huo Chenchen não era uma pessoa muito falante. Ele simplesmente falou com Gu Yuan, explicando que realmente queria ir à cidade A para conhecer o mercado local e, de quebra, planejava encontrar alguns amigos para uma refeição.

Dito isso, Huo Chenchen lançou os olhos pela janela e disse calmamente: — Claro, também pensei que você por acaso estivesse na cidade A; se houvesse uma chance, eu poderia passar para te ver.

Gu Yuan de repente percebeu o que isso significava e ficou bastante agitada por um momento, mas logo forçou um sorriso, fingindo não saber de nada, e então perguntou a Huo Chenchen: — E então?

Huo Chenchen: — Pedi para que meus homens fossem pela montanha ver o que estava acontecendo do seu lado. Acabei de saber sobre o bloqueio dos fãs. Ao ouvir essa situação, achei muito estranho. Naquele momento, mandei alguém até você e tentei ligar; você não atendeu no início, mas depois conseguiu atender.

Gu Yuan: — Agora faz sentido...

Ela pensou que, à medida que a notícia do incidente com os fãs se espalhasse, provavelmente iria explodir lá fora. Mas naquele momento, ela também havia recebido uma ligação de Huo Chenchen, e não de mais ninguém; parecia que o sinal estava ruim, e ele tinha conseguido ligar justamente quando havia sinal.

Ela refletiu: — Que diabos está acontecendo desta vez? O lunático que tem me perseguido… ele ainda está atrás de mim?

Ao mencionar aquela pessoa, os olhos claros de Huo Chenchen ficaram afiados, mas seu semblante ainda permanecia calmo e gentil: — Isso, eu vou verificar, não se preocupe.

Enquanto dizia isso, olhou para ela: — Você terminou de fotografar a capa da revista; vou te acompanhar de volta.

Gu Yuan lembrou-se de seus filhos e, de repente, sentiu que algo estava errado: — Ei, e meu celular?

Huo Chenchen: — O celular ficou sem bateria e desligou, mas pedi para Lan Ting avisar a eles que você está bem agora, para que não precisem se preocupar.

Gu Yuan ficou aliviada: — Que bom.

Huo Chenchen: — Vamos jantar primeiro. Depois do jantar, vamos ver a vista noturna da cidade A, e então voltamos.

Gu Yuan: — Uh-hum!

Muitas preocupações foram resolvidas por ele com poucas palavras. Com ele por perto, parecia que não havia motivo para se preocupar.

O que Gu Yuan não sabia era que, naquele momento, seus filhos já estavam completamente aflitos.

Nie Yu: — Pequeno Cinco, o que seu papai disse? Você falou que não sabe onde ele está?

Ji Qisen: — Pequeno Cinco, me passa o celular do papai, eu vou achar ele.

Luo Juntian: — Lan Ting, o que aconteceu com o papai?

Jiang Yinfeng estava sentada direitinha, franzindo os lábios, e disse, contrariada: — Irmão, onde está a nossa mamãe?

Diante das perguntas dos quatro irmãos mais velhos, Huo Lanting também estava confuso.

Vestindo um macacão pequeno e com as mãozinhas nas costas, ele cruzou os braços surpreso: — Então, quem me contou? Por que meu papai salvou a mamãe? Por que ele disse que a mamãe está com ele?

Ele tocou a cabeça, sem entender: — Por que meu papai de repente agiu tão bem?

Não importava o quanto ele tivesse sido indiferente antes, e agora de repente estava tão proativo?

No entanto, sua surpresa e suas dúvidas, aos olhos de Nie Yu, só mostravam como esse irmão era… falso! Barato na hora de agir, mas se vendia bem!

Nie Yu resmungou e disse com desdém: — Quem sabe! Vai lá e pergunta pro papai!

Huo Lanting percebeu, perspicaz, a atitude ridícula de Nie Yu, e seus olhos brilharam: — Irmão 3, será que o papai está apaixonado pela mamãe? O papai está com a mamãe?

O rosto de Nie Yu escureceu de repente.

Ji Qisen ficou sério, sem querer falar, só pensava em voar para a cidade A imediatamente.

Apenas Luo Juntian franziu o cenho e acenou: — Parece que isso é possível.

Quando Huo Lanting ouviu as palavras de Luo Juntian, ficou cheio de alegria e quase pulou de felicidade: — Uau, que ótimo! O papai vai ficar com a mamãe!

No entanto, ninguém parecia feliz além dele; até as empregadas olhavam sem entender e preocupadas.

Nie Yu: — Eu sou mais cauteloso! Não fiquem tão felizes! Primeiro deixa o papai entregar a mamãe!

Capítulo 154: Mercado Noturno

Gu Yuan ouviu falar da existência da família Huo por meio de seus filhos, da governanta e de Camille, e também pesquisou sobre eles, descobrindo feitos de uma família comparável a um país. (Ficção)

A geração atual dessa família era um mistério de alta estirpe e ar frio; até mesmo um pesquisador de história moderna comentou certa vez sobre eles, dizendo que eram a única aristocracia da sociedade contemporânea.

Um homem assim, sua postura à mesa podia ser imaginada. Quando ele descascava camarões com seus dedos ágeis e segurava a faca e o garfo, Gu Yuan sentia profundamente o que era aristocracia, o que era refinamento; pessoas comuns talvez não conseguissem fazer tudo com tanta elegância e tranquilidade.

Agora, esse cavalheiro elegante cuidava da própria refeição.

É preciso dizer que, mesmo removendo todas as camadas de filtros que as mulheres aplicam aos homens, ele ainda era perfeito, e ela se sentia como uma princesa sendo cuidada por um homem tão atencioso e delicado.

No final da refeição, enquanto Gu Yuan bebia a sopa, ela inconscientemente desacelerava, como se fazer barulho ao comer fosse um pecado tão belo quanto blasfemo.

Huo Chenchen percebeu isso imediatamente. Ele arqueou uma sobrancelha e olhou para ela com um leve sorriso nos olhos: — Você pode comer mais à vontade.

Gu Yuan passou delicadamente o canto da boca com um guardanapo branco: — Olhando para você, sinto que preciso prestar atenção à etiqueta à mesa, como uma princesa, senão fico envergonhada.

Huo Chenchen: — Não precisa fazer isso, posso pensar em você como…

Gu Yuan: — Como?

Huo Chenchen: — Como Lanting, que nunca se importa com essas coisas.

Gu Yuan ouviu, ergueu os olhos e viu que ele estava muito sério. Não havia traço de brincadeira, e ela teve vontade de cutucá-lo.

— Você! — Gu Yuan ficou sem palavras, mas realmente não podia cutucá-lo!

— Estou brincando com você — disse ele.

Mas será que ele parecia estar brincando?

Gu Yuan emburrou-se.

Huo Chenchen olhou para suas bochechas inchadas e ergueu a sobrancelha, sorrindo: — Vamos descansar primeiro. À noite, iremos ao mercado noturno daqui. Ouvi dizer que há algumas especialidades locais, e talvez você encontre coisas interessantes.

Gu Yuan ficou um pouco interessada, pensando que estava realmente cansada. Ontem não havia descansado porque queria tirar fotos, e hoje pensava em voltar para descansar, mas quem diria que encontraria tal situação.

Ela assentiu: — Tudo bem, então vou voltar para o meu quarto para descansar.

De volta ao quarto, Gu Yuan olhou para Huo Chenchen parado do lado de fora da porta.

Ela já havia visto muitos homens de terno, mas Huo Chenchen era o único que conseguia vestir o terno tão bem: maduro e contido, limpo e simples, com os abotoaduras de metal nas mangas aparecendo de forma chique, porém elegante.

Ele estava tão sedutor assim que não era de se admirar que Camille tivesse dito uma vez que não sabia quantas mulheres desejavam se casar com alguém da família Huo e permanecer viva por ele.

Ela olhou para o rosto dele cuidadosamente mais uma vez e não viu nenhum vestígio de machucado.

— Por que está me olhando assim? — Huo Chenchen perguntou de repente, olhando fixamente para ela.

Gu Yuan, que o fitava, disse, quase sem conseguir respirar, abrindo um pouco os olhos: — Não estou tentando ver se sua ferida está bem… — disse, com um pouco de culpa.

— Vou ficar bem? — Huo Chenchen perguntou.

— Está tudo bem.

— E sou bonito?

— Kekekekeke! — De repente, Gu Yuan riu, olhando para o rosto sério de Huo Chenchen, sem conseguir imaginar o que ele tinha acabado de dizer.

Na verdade, quando ele falava no WeChat pelo telefone e dizia aquelas palavras que a faziam corar e acelerar o coração, ela não conseguia evitar imaginar sua aparência. Aquela camada de ministro frio e distante desapareceria, e ele se tornaria outro completamente diferente.

Mas agora, Gu Yuan entendia que ele ainda podia falar com aquela calma nobre, como se estivesse no palco do Fórum Econômico Mundial.

Ele consegue segurar isso, mas ela não consegue suportar!

O cavalheiro Huo Chenchen estendeu a mão e apoiou o ombro dela para ajudá-la a voltar.

Gu Yuan balançou a cabeça rapidamente, não, ela não precisava.

Então Huo Chenchen retirou a mão.

Depois de um tempo, Gu Yuan se acalmou, levantou os olhos e olhou para o homem novamente.

Ele pressionou levemente os lábios finos, os ossos do nariz eram altos e retos, os olhos estavam calmos e cheios de expectativa. Aqueles traços eram tão perigosamente sedutores. Quando a luz sedosa dos botões de metal da camisa branca como a neve refletiu na linha da mandíbula perfeita, Gu Yuan sentiu o charme extremo de um homem ascético.

O som da respiração dele estava perto do ouvido dela, e a temperatura do quarto subiu inexplicavelmente. Ela sentia calor, e algo transbordava de seu ápice, acumulando-se lentamente no coração, o peito cheio, atingindo o limite.

Ela teve vontade de gritar e explodir.

Por que existe um homem assim sob o céu? De um simples olhar, ele tirava seu fôlego e enfraquecia suas pernas.

Ela respirou fundo, apoiando-se fraca contra o painel da porta, olhando para ele, que a tocava.

Os olhos negros, frios e profundos, a aparência perfeita e imponente; Gu Yuan sentiu o entusiasmo ardente emanando do corpo dele, como se tivesse desejo de devorá-la.

Como poderia haver tamanha contradição?

Ela fixou o olhar no rubor das orelhas dele e sussurrou:

— Vou descansar, você—

Quando falou, percebeu que a voz estava rouca.

Não pôde deixar de lamber os lábios levemente ressecados.

Ela quis abrir a boca novamente para dizer algo, mas uma força poderosa a abraçou firmemente, e foi pressionada contra o corpo dele.

*****

Após muito tempo, Gu Yuan, encolhida na cama, ainda pensava no que havia acabado de acontecer.

Tudo parecia um sonho.

O homem calmo e contido lá fora parecia estar queimando um vulcão inteiro em seu coração, e o entusiasmo que irrompeu naquele momento quase a engoliu; ela chegou a sentir que poderia se tornar cinzas em seus braços.

Havia até uma ilusão em sua mente, talvez eles fossem mais além.

Mas, é claro, não.

Ele a beijou. Depois do beijo, a soltou, olhou para ela e disse para descansar bem, então fechou a porta.

Gu Yuan fechou os olhos, ainda lembrando claramente quando a porta se fechava gradualmente; do lado de fora, seu rosto frio e nobre estava corado, sério, e os cantos meticulosos de seus lábios deixavam manchas de umidade ambíguas.

Gu Yuan, enterrada na cama, cobriu o rosto, que ainda estava quente.

Ela respirou fundo, acalmando-se, e depois se recompôs.

Um homem que obviamente havia se deixado levar conseguiu se acalmar. Por que ela não podia? Ela precisava se acalmar, precisava fingir que não se importava, e não mostraria nenhuma decepção.

Gu Yuan, já controlada, saiu da cama e olhou para o celular na mesa de cabeceira, carregando.

Ela tocou no telefone e o ligou.

O grupo de fritadores já estava no celular.

No grupo do WeChat “Paraíso do Bebê Gênio”, no grupo de agentes, suas duas colegas de quarto, assim como Camille, e até Ji Zhentian, Nie Nanqing e outros nomes importantes, todos enviaram cumprimentos:

— Senhorita Gu, você está bem? O que está fazendo agora?

— Ai, mãe, fiquei tão preocupada com você! Quando vi a notícia na internet, fiquei tão preocupada, por favor, não se meta em perigo!

— Não sei o que aconteceu com Gu Yuan, tem tanta notícia na internet, falam de tudo.

— É, fiquei tão preocupada, rezo por você.

— Ouvi dizer que o cercamento pelos fãs foi sério desta vez, mas não esperava que algo assim acontecesse.

— Mãe, onde você está? Como Huo Chenchen te tratou?

— Mãe, mãe! Você está com meu pai? Estou tão feliz!

— Senhorita Gu, você está aí?

Todos esses tipos de mensagens, Gu Yuan ficou atordoada. Ela podia imaginar que, durante o tempo em que desapareceu, a internet devia estar fervendo.

A primeira coisa que precisava acalmar eram, é claro, seus filhos.

Ela primeiro tirou uma foto de si mesma, com todo o quarto ao fundo, e então postou no grupo “Paraíso do Bebê Gênio”.

E ela enviou uma mensagem:

— Estou bem, agora estou bem, acabei de fazer uma refeição e agora pretendo descansar. Não se preocupem, voltarei amanhã!

Depois que a notícia saiu, vários filhos explodiram em preocupação.

Foi Ji Qisen quem ligou.

— Mãe, onde você está? — veio a voz fria do filho.

— Estou em um hotel na cidade A. Podem ficar tranquilos, volto amanhã — respondeu Gu Yuan casualmente.

— Onde está Huo Chenchen? Onde ele está? — ao mencionar Huo Chenchen, o tom de Ji Qisen carregava um leve ranger de dentes.

— Ele… ele estava jantando comigo agora há pouco. Depois do jantar, planejamos descansar. Ele deve estar de volta ao quarto — Gu Yuan teve que fingir confusão.

Enquanto ela falava, a voz de Huo Lanting entrou, animada:

— Mãe, você está bem, você está com seu pai, estou tão aliviado, meu pai ele… — parecia engasgado e sem palavras.

— Mãe, você disse que está no hotel agora e voltará amanhã? — chegou a voz de Nie Yu.

— Sim! Hoje vou descansar depois de ter passado por algo assim — disse Gu Yuan, sentindo-se culpada e constrangida por não poder contar aos filhos que à noite ela queria ir ao mercado noturno com Huo Chenchen.

— Mãe, o que aconteceu naquela hora? Como o Huo Chenchen apareceu de repente na Cidade A?

Gu Yuan respirou fundo, lembrou-se do ocorrido e relatou ao seu filho 151.

— Quanto aos fãs, eu não sei o que está acontecendo, de qualquer forma, é estranho — disse Gu Yuan, com dor de cabeça. — Ainda não vi o que está rolando na internet, e sempre tenho a sensação de que isso vai ficar nos trending.

— Mãe, já começamos a investigar esse assunto. Quem ousar ofender minha mãe, eu farei pagar! — disse Nie Yu com firmeza. — Vamos tratar disso quando sua mãe voltar amanhã.

Veio a voz de Ji Qisen: — Mãe, não faça nada por enquanto; vamos investigar, e não saia do hotel facilmente.

Gu Yuan concordou naturalmente, um por um.

— A propósito, Yinfeng, como ele está agora? — Gu Yuan ainda se preocupava com o caçula.

— Ele está bem — respondeu Nie Yu, parecendo puxar Jiang Yinfeng junto durante a conversa. — — Mãe está aqui, filho mais novo, vá falar com a minha mãe agora.

— Yinfeng? — a voz de Gu Yuan suavizou alguns tons imediatamente. — Não se preocupe, mamãe vai voltar amanhã.

— Hum — respondeu uma voz doce, que era do seu querido filho mais novo.

— Mamãe! — nesse momento, Huo Lanting finalmente se livrou da contenção de Nie Yu e correu até ela. — Você e meu pai—

Ao dizer isso, ele foi silenciado novamente…

Depois da ligação, Gu Yuan pensou nos filhos e não pôde deixar de rir.

Se estivesse com Huo Chenchen, o pequeno Lanting certamente estaria feliz, mas os outros…

Gu Yuan suspirou, pensando em manter a calma. De qualquer forma, eles dois também precisavam descansar, e ainda havia tempo.

Pensando assim, abriu a internet e realmente, estava um caos. A notícia de que ela fora cercada por fãs disparou direto para o topo das pesquisas mais populares. Os internautas discutiam intensamente, e vários números de engajamento dispararam.

Segundo a internet, ela foi cercada por fãs obsessivos enquanto voltava de uma sessão de fotos e precisou abandonar o carro para escapar. Mais tarde, se perdeu nas montanhas, então a polícia, a empresa de filmagem, a revista Moma e organizações locais, junto com homens e cavalos, realizaram uma longa busca. Depois, disse-se que ela foi resgatada do céu por um “helicóptero” enviado por um “mistério”.

Atualmente, a maior parte dos fãs obsessivos já se dispersou. A polícia apreendeu alguns deles e está em processo de investigação. Quanto a mais informações, é claro, será necessário um exame mais aprofundado.

Com um incidente tão grande, a indústria do entretenimento entrou em alvoroço; muitas pessoas repassaram a notícia condenando os fãs obsessivos, e alguns até começaram a defender “os direitos dos artistas”.

Embora Gu Yuan tenha feito apenas uma série de TV, que ainda não foi transmitida, ela não é uma pessoa comum. Ela é a mãe do príncipe do entretenimento Nie Yu, mãe do herdeiro Ji Zong Shao, e mãe do imperador do cinema Luo Juntian. Três filhos tão famosos, e ninguém sabe quantas pessoas desejam se aproximar dela.

Parte inferior do formulário

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Agora que algo havia acontecido com ela, ela não precisou depender de seus filhos para se preocupar — um grupo de grandes nomes da indústria imediatamente se mobilizou para repassar apelos e “rezar por ela”.

Quanto aos seus fãs, eles quase foram à loucura, indignados com o que chamavam de “fãs obsessivos tentando bloquear a sogra”. Alguns até declararam que os grupos de fãs de suas noras iriam intervir contra esses fãs problemáticos.

Gu Yuan olhou para isso e se sentiu confortável, pensando que essas eram as verdadeiras fãs dedicadas. Quanto àqueles que a cercaram, eles deviam ter más intenções, e o carro que a perseguira no final deixava-a ainda mais confusa — algo ali certamente não estava certo.

Ela pesquisou por bastante tempo, mas, no fim, não conseguiu descobrir o motivo, e por um instante sentiu que teria que esperar até que seus filhos investigassem tudo com clareza.

Pensando tão intensamente, ela lembrou-se de Huo Chenchen há pouco e de repente sentiu-se agitada.

Na verdade, se ele realmente fizesse alguma coisa, ela certamente ficaria com medo e não ousaria reagir. Afinal, tudo aconteceu rápido demais, os dois não se conheciam direito e psicologicamente ela não estava preparada.

Mas agora ele estava muito contido, nada acontecia, e ela sentia um leve arrependimento, não conseguia evitar de pensar: se ele é assim, o que eu faria?

Pensando assim de forma desenfreada, uma ideia surgiu claramente diante dela.

O motivo pelo qual ele é tão contido é porque… ele não pode?

Capítulo 155

Gu Yuan sempre teve uma compreensão clara do episódio do “não pode” de Huo Chenchen.

Mas, desde que entrou em contato com ele, pôde sentir a paixão escondida por trás de sua aparência fria, como um vulcão prestes a explodir a qualquer momento, algo que Gu Yuan jamais havia imaginado.

Agora, como se um vento gelado soprasse, ela despertou.

Desperta, ela repensou a questão.

Aquela questão sobre hormônios do amor, aquela questão sobre amor e sexo, finalmente, ela respirou fundo e tomou sua decisão.

Não importa, ela pode.

Sem sexo, ela pode ser platônica. Afinal, ele é tão rico, tão generoso e tão gentil com ela. Qual seria o problema?

Pensando assim, os gigantes ainda são viáveis!

E… Gu Yuan mordeu o lábio e refletiu sobre o futuro. Se ela estivesse com ele, ele não seria mediano, porque… ele simplesmente não podia ser.

Ele só se concentraria em Platão consigo mesmo.

Dando um passo atrás, dez mil passos, e pensando que, caso algum dia ele quisesse se divorciar, haveria uma grande pensão esperando por ela… embora isso parecesse doloroso…

Nesse devaneio, alguém bateu à porta.

Ao ouvir a batida, Gu Yuan soube que era Huo Chenchen.

Não era leve nem pesada. Após três batidas, havia uma pausa, de modo que não incomodava nem parecia invasivo.

Gu Yuan olhou para o relógio e percebeu que havia demorado demais, e Huo Chenchen ainda a chamara!

Ela se apressou, trocou de roupa rapidamente, pegou um pente para arrumar o cabelo e quis fazer uma maquiagem bonita, mas percebeu que o tempo não permitia.

Sem alternativa, mordeu o lábio e abriu a porta para Huo Chenchen.

O homem do outro lado da porta não usava mais o terno formal. Vestia um suéter de gola alta preto com uma jaqueta casual, muito simples. No entanto, devido às suas feições perfeitas e proporções corporais excepcionais, ele parecia elegante, nobre — o estilo de um príncipe aristocrático em sua plenitude.

Ele era raro assim.

Em comparação, Gu Yuan sentiu que estava vestindo algo fraco diante dele.
Deus, que suéter grosso e casaco acolchoado!
Será que ela realmente precisava se vestir como uma princesa para um encontro romântico com o príncipe?

Huo Chenchen olhou para ela, rindo levemente, a voz suave:

— O que houve? Não dormiu bem?

Gu Yuan quase riu, perdida pelo sorriso dele:

— Nada… você vai sair agora?

Huo Chenchen:

— Sim, combinamos de sair às 5h30. Agora são 5h26, você tem quatro minutos.

Gu Yuan:

— Então… tudo bem.

Ela achou que o elegante cavalheiro diria algo como: “Ainda não está pronta? Vamos nos atrasar, eu posso esperar por você.”

No entanto, Huo Chenchen era alguém rigoroso com horários. Se ele dizia uma coisa, não seria outra. Mesmo em um encontro, tratava isso como uma reunião de negócios importante.

Gu Yuan teve que abandonar a ilusão arrogante de menininha e impor disciplina a si mesma.

Gu Yuan:

— Então espere um momento, só três minutos, eu prometo.

Huo Chenchen:

— Tudo bem.

*****

Três minutos depois, Gu Yuan, que se arrumou na velocidade máxima possível, foi puxada pelo braço por Huo Lanting, embarcou em um carro de luxo discreto e chegou ao mais movimentado mercado noturno da cidade A.

Diante dela, uma praça iluminada por árvores de fogo e flores prateadas, luzes brilhantes e construções antigas próximas criavam uma cena quase onírica. Havia todos os tipos de construções antigas, apresentações instrumentais, danças de estilo antigo e comidas típicas pelas ruas, que estavam cheias de pessoas, mesmo com o frio intenso.

Era inverno, e Gu Yuan, com medo de ser reconhecida, cobriu-se com um grande cachecol, deixando à mostra apenas os olhos.

Enquanto era guiada por Huo Chenchen, olhou ao redor cuidadosamente:

— Ninguém deve nos reconhecer, certo?

Depois do incidente com os fãs, ela se sentia inconscientemente assustada e cautelosa.

Huo Chenchen observava Gu Yuan se contorcendo, os olhos claros girando de um lado para o outro, parecendo uma ladra, e não pôde deixar de levantar as sobrancelhas e sorrir.

— Não. — disse ele, enquanto a ajudava a desamarrar o cachecol e a reposicionava.

Os dedos do homem eram longos e ágeis, e o grande cachecol de lã xadrez parecia obedecer a cada movimento de suas mãos. Ele o enrolou ao redor dela por alguns instantes e fez um nó elegante e bonito ao redor do pescoço de Gu Yuan.

Ela olhou para si mesma e percebeu que havia ficado muito mais bonito e delicado do que imaginava. Um leve rubor tomou seu rosto, e uma sensação doce aqueceu seu coração.

— Você é muito capaz. — Gu Yuan pensou secretamente, mostrando a língua em seu coração e soltando um risinho quase imperceptível.

— Você é muito teimosa. — Huo Chenchen murmurou baixo, olhando-a.

Gu Yuan ergueu os olhos e encarou-o. Embora fosse verdade, por que ele dizia isso?

Huo Chenchen, com os olhos arregalados em protesto, ergueu os braços e a envolveu:

— Vamos, a fonte na Praça da Fonte ali vai começar, dizem que é a maior fonte musical da Ásia.

Ele não a abraçou completamente, apenas a envolveu levemente duas vezes, e isso de forma discreta. Apesar de ser noite e haver muita gente ao redor, o gesto inesperado de aproximação a deixou um pouco desconfortável.

Apressando-se para olhar ao redor, Gu Yuan percebeu que ninguém notava sua presença, o que a deixou um pouco mais tranquila.

Nesse momento, a fonte musical começou a se movimentar.

A grande praça da fonte se estendia de um lado ao outro, impossível de ver completamente de uma só vez. Ao som da música, ora empolgante, ora distante, a água jorrava para o alto como se quisesse romper o céu, caindo depois lentamente em gestos suaves, elegantes e graciosos.

Gu Yuan nunca tinha imaginado que uma fonte pudesse “dançar” no ar daquela forma, e agora, ao vê-la, ficou maravilhada e fascinada.

— Que lindo! — disse ela, erguendo a cabeça e olhando para longe, em direção a uma antiga torre próxima. A torre estava iluminada, e as luzes transformavam-na em uma torre de cristal dourado, magnífica e brilhante. Tudo ao redor parecia mágico.

— Sim. — Huo Chenchen assentiu, observando-a com calma.

Gu Yuan levantou o rosto, olhando para ele com um sorriso travesso:

— Sabe o que você deveria dizer agora?

— O que está dizendo? — Huo Chenchen franziu levemente a testa, claramente sem entender.

— Você deveria dizer… — Gu Yuan piscou para ele, olhos brilhando de malícia, — não importa quão lindas sejam as luzes, elas não são tão bonitas quanto você.

Ao ouvir isso, Huo Chenchen apenas murmurou baixinho, sem palavras, mantendo o olhar sério fixo nela.

Os olhos negros eram tão quietos e profundos, que Gu Yuan sentiu-se um pouco envergonhada, como se tivesse feito uma piada sem graça.

— Ah, eu só estava falando! — disse ela, tentando se desculpar.

Ela pensou: este homem claramente não tem nenhum “gene romântico”. Fazer uma brincadeira dessas com ele era inútil, ele provavelmente não entenderia.

Nesse instante, Huo Chenchen inclinou-se ligeiramente sobre ela, pressionou os lábios suavemente e disse, com uma voz baixa e rouca:

— Não importa quão bonitas sejam as luzes, elas não são tão bonitas quanto você.

Gu Yuan apenas ficou pensando: “Parece que estou ouvindo um aluno do primário lendo uma lição em voz alta.”

Ela tentou se conter, tentando criar aquele clima romântico, mas não conseguiu e acabou rindo alto.

Huo Chenchen franziu levemente a testa, com uma expressão um pouco impotente:

— Estou certo?

Gu Yuan sorriu ainda mais, inclinou-se para frente e segurou o braço dele para se equilibrar, dizendo:

— Tá bom, não me provoque mais, eu também não vou provocar você.

Huo Chenchen parecia um pouco abatido:

— Eu não estou te provocando.

Gu Yuan riu até quase chorar, mas finalmente disse, ainda sorrindo:

— Eu sei, você é sério.

Ele, de fato, era sério:

— Estamos namorando, certo?

Gu Yuan também levou a sério, apertou os lábios e olhou para ele:

— Não estamos?

Ela pensou que, se ele não tivesse avisado às 5:26 que ainda havia quatro minutos para ela se preparar, ela teria pensado que o passeio parecia mais um encontro romântico do que uma saída para negócios.

Huo Chenchen reclamou:

— Então, não ria.

Diante dessa queixa, ela não conseguiu se conter e riu de novo.

De fato, ele parecia perfeito: as luzes refletindo no rosto impecável, o brilho dourado banhando a cidade esplêndida que nunca dorme. Ele estava ali, ao lado dela, assistindo à magnífica fonte musical — uma cena incrivelmente romântica.

Mas agora havia uma leve frustração em seu rosto, completamente incompatível com a imagem de perfeição que ele sempre mantinha; ele a observava com um ar de impotência, como se a situação diante dele o deixasse confuso.

Huo Chenchen olhou para ela, com um sorriso levemente resignado, mais impotente ainda.

Ele tinha planejado a noite perfeitamente: primeiro, fazer compras; depois, levá-la a um jantar à luz de velas no restaurante que já havia reservado; e, por fim, entregar-lhe um pequeno presente. Ele imaginava que seria uma noite romântica.

Mas parecia que havia um pequeno imprevisto.

Ele apenas a observou por um momento, depois estendeu os braços, a abraçou firmemente e, inclinando-se para perto do ouvido dela, sussurrou:

— Senhorita Gu, estamos em um encontro, então se comporte, ou você não será perdoada.

Gu Yuan se aninhou em seu peito e sorriu:

— Por que está sendo tão formal?

Huo Chenchen respondeu, com uma voz baixa e intensa:

— Não consigo evitar, quero te devorar.

Gu Yuan, corando, começou a protestar:

— Não—

E, nesse instante, os lábios de Huo Chenchen tocaram suavemente seu lóbulo da orelha.

Gu Yuan queria rir ainda mais, queria se esconder, queria sentir aquela sensação tátil. A orelha era o lugar mais sensível.

Ela ria, tentando desesperadamente empurrá-lo para longe, batendo com o punho no peito dele, pressionando o ombro, sussurrando até mesmo:

— Socorro, socorro!

No entanto, aquela era uma cidade viva que nunca dormia: as luzes brilhavam intensamente, casais riam, crianças gritavam, e ninguém reparava nela e nele naquele canto.

Huo Chenchen, quase com intensidade obsessiva, continuava a beijar sua orelha.

Ela deixou de sorrir, o rosto corado, as mãos apertando firmemente os braços robustos dele, a respiração acelerada.

Huo Chenchen percebeu imediatamente sua mudança. Cerrou os dentes e sussurrou:

— De repente, percebi que meu plano estava errado!

Por que estava errado, ou onde exatamente ele falhara, ele não disse.

Gu Yuan, por sua vez, permanecia sem entender.

Ela se sentiu como uma pequena fera covarde, capturada por ele, sem forças, só podia se agarrar a ele e deixá-lo fazer o que quisesse.

Fechando os olhos e inclinando-se em seus braços, até conseguia sentir a sensação de seus dentes roçando a pele.

A voz baixa de Huo Chenchen estava carregada de confusão e desejo:

— Vamos voltar? Tudo bem? Eu—

No entanto, nesse instante, um apito agudo soou, e alguém gritou com uma corneta:

— Saiam, saiam!

Então, ninguém sabia exatamente o que estava acontecendo; a multidão começou a se agitar e a correr em desordem.

Nesse momento, todo o entusiasmo foi instantaneamente interrompido. Gu Yuan levantou os olhos, confusa, olhou para a multidão e perguntou, atônita:

— O que aconteceu…?

Huo Chenchen franziu a testa e a abraçou com braços protetores.

Ao mesmo tempo, mais de uma dúzia de seguranças apareceram instantaneamente à frente e atrás deles, observando os movimentos ao redor com atenção.

— O que está acontecendo? — A voz de Huo Chenchen era baixa e tranquila.

— Parece que alguém está tentando causar problemas — sussurrou o chefe dos seguranças.

Enquanto Huo Chenchen ainda se questionava, ele percebeu um grupo de pessoas se aproximando rapidamente.

À frente estava Ji Qisen, seguido por Nie Yu, Luo Juntian, Jiang Yinfeng e seu próprio filho.

Seu filho mais velho gritou, cheio de emoção:

— Papai, mamãe, finalmente encontrei vocês!

 

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