PRÓLOGO

 


PRÓLOGO


Todo homem sonha em ser um garanhão. 

Chen Yun (Nuvens Esparsas) não foi exceção. 

Infelizmente, ele só pode realizar seus sonhos por meio de seus próprios romances. 

Isso mesmo, Chen Yun era um autor que escrevia webnovels de harém. Ele tinha contrato com a Xdian (Romance Padrão) e não poderia estar pior. Seus escassos cachês mensais de autor mal davam para viver. 

Chen Yun era órfão, sem dinheiro, nem amigos. Saiu do orfanato no ano em que entrou na universidade e se sustentou trabalhando meio período. 

Ele tinha a expectativa irreal de que obter um diploma significava uma vida próspera, mas esses pensamentos foram prontamente destruídos no momento em que saiu da escola. 

Depois de brincar aqui e ali, decidiu viver a vida como queria. Recluso, escreveu todo tipo de webnovels que imaginava, perdendo-se no mundo da ficção. 

Um dia, do nada, ele transmigrou após dormir. 

Ele transmigrou para um mundo que nem ousava imaginar. 

Aqui, o imperador governava supremo. 

Aqui, os homens podiam ter inúmeras esposas e concubinas. 

Aqui, ele era um príncipe... Esta foi a melhor coisa que poderia ter acontecido! 

No entanto, depois de vivenciar este mundo por alguns dias, ele percebeu que, não importava onde estivesse, não era fácil ficar à-toa. 

Em seu mundo anterior, era possível ir a qualquer lugar e começar uma nova vida, desde que se tivesse dinheiro. Aqui, havia todo tipo de restrições e até perigos ocultos a cada passo... 

Quando todo mundo diz, todos os dias, para você se manter discreto ou correrá o risco de uma calamidade mortal, qualquer um sofre uma lavagem cerebral. 

Chen Yun sofreu uma lavagem cerebral. 

Então tá! Se ele tinha que ficar por aí esperando o fim dos seus dias, que seja! Não era nada diferente do que ele fazia antes. Ele poderia até ganhar algum peso; homens não dependem da aparência para ganhar a vida. 

Ele também poderia fingir ser um pouco mais burro. Todo mundo dizia que os inteligentes morriam mais rápido... 

Além desses pequenos detalhes, Chen Yun sentia que seus dias passavam esplendidamente. Ele sempre foi bom em se adaptar. Caso contrário, não teria chegado aos seus dezoito anos, onde estudou por alguns anos, ingressou na sociedade e finalmente transmigrou. No mínimo, seu sonho de se tornar um garanhão poderia se tornar realidade. Talvez ele tivesse transmigrado para um romance de harém, e não um em que o protagonista masculino partiu para conquistar o mundo! 

Chen Yun – não, ele era agora o quarto príncipe da Grande Dinastia Xi, Luo Huai Yuan (acho que é um trocadilho – Luo Yuan é ‘tritão’, e Huai Yuan é ‘má sorte’) – continuava vivendo sua nova vida em sua trajetória predefinida. Muitas vezes, sentia que tudo não passava de um sonho e esperava acordar de volta à realidade todas as manhãs. 

Um dia, ele realmente acordou, mas foi bem quando estava prestes a morrer. Sua vida após a transmigração passou diante de seus olhos. 

A boca de Luo Huai Yuan se contraiu em um sorriso descuidado, seu olhar gradualmente se tornando mais nítido. Ele estava realmente sentindo muita dor, mas não estava disposto a chorar para aqueles malditos céus. 

Ele queria amaldiçoar os malditos céus mil vezes, mas teimosamente calou a boca. Embora normalmente fosse um idiota e ocasionalmente vulgar, ainda era um idiota que tinha educação. Portanto, apenas ergueu o dedo médio para o céu e deixou o resto das palavras sem dizer. 

'Pá!' O rosto de Luo Huai Yuan foi esbofeteado de forma torta. O sorriso que ele próprio pensava ser despreocupado, mas que na verdade parecia bastante vulgar para os outros, desapareceu imediatamente de seu rosto. 

"Xingue se você tem vontade de xingar, por que agir como uma criança indefesa!?" Era a voz de uma mulher, clara e animada. 

Esta era sua consorte. Ela combinava perfeitamente com a imagem de uma deusa na mente de Luo Huai Yuan. Era corajosa, direta e não tinha medo de ser ela mesma. Essas eram qualidades que Luo Huai Yuan não possuía em nenhuma de suas vidas. 

Ela era sua esposa apenas no nome. Ele apenas ousara olhar para ela, mas não ousara profaná-la.  

A deusa era perfeita demais e ele, indigno demais. Havia dezenas de beldades nos fundos da Mansão do Príncipe Yun, mas a única que ele não ousava tocar era aquela mulher que deveria ser sua desde o início. 

Luo Huai Yuan riu suavemente, com um fio de sangue escorrendo do canto dos lábios: 

"Na verdade, não há necessidade alguma de você me acompanhar na morte..." 

Mas a boba ainda bebeu tolamente aquele cálice de vinho envenenado. 

"Que azar o meu, ter me tornado sua consorte. Já que você está prestes a morrer, como é que eu vou viver? Tudo bem, eu poderia, mas não tenho interesse em viver de mau-humor!" 

"De mau-humor?..." 

"Isso mesmo. Não suporto ser sufocada. Tornei todos que tentaram me sufocar incapazes de fazê-lo novamente. Admito que sou incapaz de derrotar este, então é melhor ser sensata..." 

"Você se arrepende?" 

"E você?" 

"Você primeiro." 

"Seu gordo encardido!" Yan Yan engoliu o sangue que escorria de sua boca. "Estou preocupada com meu irmão..." 

"Não precisa se preocupar. Eu te ajudei a organizar tudo." 

"Sério? Você está mentindo, né? Você sai correndo toda vez que me vê. Como pode saber o que se passa na minha cabeça?"

Luo Huai Yuan lambeu os lábios com amargura e soltou um suspiro. Ele naturalmente sabia, quando queria saber. 

A mulher ao seu lado ainda o pressionava energicamente por respostas, enquanto o sangue fluía continuamente de sua boca. 

Luo Huai Yuan não conseguia mais assistir, pois seu coração doía profundamente. Ele se esforçou para sorrir um pouco mais corajosamente, mas mal percebeu que seu rosto gordo, combinado com seu queixo subconscientemente contraído e ensanguentado, o faziam parecer sinistro e assustador. 

"Você não está curiosa... pra saber quais são os meus arrependimentos?" 

"Você passa seus dias tão feliz. Que arrependimentos você teria?" 

"Eu tenho." Luo Huai Yuan se levantou lentamente e se aproximou de Yan Yan. "Meu único arrependimento é... não ter conseguido fazer de você a verdadeira Consorte Yun..." 

Yan Yan inclinou a cabeça e cuspiu um bocado de sangue no rosto. "Sua cabeça está dando nó de novo. Naquela época, naquela época, não foi você quem disse que era melhor se mantivéssemos uma distância respeitosa?"

“Sim, eu disse isso. Mas agora me arrependo. Já me arrependo há muito tempo…”

“…”

“Se você ainda for minha consorte na próxima vida, vamos ser marido e mulher de verdade, ok? Eu a estimarei bravamente, a estimarei tanto, tanto. Você será o meu tesouro…”

Tesouro? Como era ser estimada por alguém? Ela nunca tinha sido o tesouro de ninguém antes! 

Por causa dessas palavras tão bonitas, Yan Yan assentiu diretamente: “Claro.” 

Como poderia haver uma próxima vida? A morte era o fim! 

"Você concordou...", disse Chen Yun, satisfeito. 

"Sim. Não vou voltar atrás na minha palavra." 

Obter o compromisso de sua deusa antes da morte, que bom! Luo Huai Yuan, sua morte valeu a pena. Realmente valeu a pena. Mas por que ele ainda sentia algum arrependimento? 

"… Quando nos reencontrarmos, dê à luz algumas crianças gordinhas para mim. Eu te levarei para viajar pelo mundo..." 

"...Eu sempre quis fazer isso, mas nunca tive dinheiro antes e não tenho liberdade agora..." 

"Yan Yan! Yan Yan! Yan Yan..." (a sonoridade de cada Yan é diferente, aqui são nome e sobrenome.)

Mãe do céu! Luo Huai Yuan gritou, extremamente triste. Ele nunca havia agido assim antes. O Príncipe Yun era inútil aos olhos de todos. Ele era covarde e inútil. Mesmo que outros cuspissem em seu rosto, ele agiria como se nada estivesse errado. Ele era tão tímido que parecia nunca perder a paciência. Quem imaginaria que ele pudesse fazer uma expressão tão assustadora!? 

Usar a máscara por muito tempo tornava-a aparentemente impossível de tirar. No entanto, naquele momento, a máscara que parecia ter se tornado parte de sua pele finalmente se rompeu. 

Ele estendeu a mão trêmula e acariciou lentamente o rosto dela. Ele já havia feito isso inúmeras vezes em sonhos, mas nunca ousara fazer acordado. 

"Não vá embora tão rápido. Espere por mim..." 


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