Capítulo 141 – Despertar (1)
— Zi Xu, vá buscar Wen Feng rápido. Leve Ye Mu e saiam daqui primeiro! — ordenou Mo Linyuan.
Ele sabia, em seu íntimo, que mesmo que suas tropas fossem dez vezes maiores, não seriam páreo para os especialistas em força interna. A única escolha era salvar Ye Mu e correr direto para o acampamento militar nos arredores da cidade para se refugiar; só assim estariam seguros.
— Sim, senhor!
Depois de correr um pouco, ele se virou e viu que, sob a chuva forte, o pé da montanha estava tomado pela mistura de intenções assassinas de várias pessoas. Um relâmpago cortou o céu, iluminando de forma sinistra a lama e o sangue no chão.
A disputa pelo poder era mesmo para ser assim tão intensa.
Mas, enquanto lamentava isso, um estrondo alto e retumbante veio do topo da montanha. Era como se um trovão tivesse atingido o templo.
— Será que algo aconteceu no templo?!
Pensando nisso, Zi Xu acelerou o passo rumo ao destino. Logo, viu que, apesar da chuva, o topo da montanha estava tomado por chamas incontroláveis. O fogo aumentava e se tornava mais feroz, a ponto da chuva não conseguir apagá-lo!
Em meio à fumaça densa e às chamas ardentes, os discípulos que tentavam entrar para resgatar os que estavam dentro ficaram presos do lado de fora. Entre eles, Wen Feng, que não sabia quantos tinham morrido ou ainda estavam vivos. Então, viu o Mestre Budista Silencioso se apoiando contra a parede, enquanto sangue escorria continuamente do canto da boca dele.
— Mestre! Vamos salvar vocês agora mesmo! — gritou um discípulo ansioso do lado de fora, escutando em silêncio o que acontecia lá dentro. Mas seu corpo inteiro não pôde evitar se tensionar. Para impedir que entrassem, o mestre rapidamente os deteve com uma palma firme, bloqueando todos do lado de fora.
Dentro do fogo, uma garotinha vestida de branco virou-se lentamente. Sua figura estava embaçada, enquanto ela cobria a cabeça. Seu rosto se contorcia em dor extrema.
Todos os tipos de Qi caótico e externo circulavam invertidos em seu corpo. Ainda assim, Ye Mu estava alheia a tudo o que tinha acontecido — só sabia que havia sido despertada. Agora, sentia o peito queimando e uma raiva inexplicável, a ponto de querer matar!
Ye Mu lentamente limpou o sangue da boca após acordar.
— Você... lembra de Mo Linyuan? — perguntou o Mestre Budista Silencioso, hesitante.
As duas palavras “Mo Linyuan” fizeram a garotinha reagir sutilmente. Ao vê-la encará-lo ferozmente, ele soltou um riso amargo e silencioso. Nunca antes sentira tanta culpa por um ato seu. Apontou para fora, na direção do campo de batalha:
— Ele está... esperando por você no pé da montanha.
Quando terminou de falar, Ye Mu desapareceu do fogo com um estrondo alto. O salão quase desabou com a colisão, mas abriu um caminho para os monges que queriam salvar os que estavam dentro.
Ele olhou silenciosamente pelo buraco que ela deixara. Na noite escura como breu, o fogo ainda ardia ao redor, e a chuva lá fora não dava sinais de parar. Só quando Ye Mu sumiu com uma aura tumultuada e assassina ele finalmente desabou no chão, como se toda sua energia tivesse sido sugada.
Esta noite estava destinada a ser cheia de cadáveres.
Zi Xu, que estava a caminho, de repente sentiu uma intenção assassina se aproximando dele. Mas, antes que pudesse ver quem era, instintivamente usou sua espada para bloquear!
Um estrondo “peng” ecoou na noite! Sua palma tremia a ponto de ficar dormente, e a espada em sua mão se partiu. O vento da palma do oponente carregava uma aura de morte. Se ele não tivesse desviado tão rápido, a próxima parte a quebrar teria sido seu pescoço!
— Quem está aí?!
Zi Xu e os outros ficaram em alerta máxima e olharam ao redor. Que diabos era aquela figura pequena e rápida que passaram agora?!
Ye Mu estava agachada em um galho tão fino quanto um pauzinho de madeira e o balançava. Encolheu o corpo e segurou os próprios pés com as duas mãos enquanto encarava as pessoas lá embaixo.
Quero matar!
Capítulo 142 – Despertar (2)
Ye Mu nunca havia sentido uma intenção assassina tão forte. Era tão intensa que a dor de não despedaçar seu oponente era como ser perfurada por agulhas. Isso a fez largar metade da lâmina que estava amassada em uma bola e se lançar novamente!
O som da lâmina batendo no chão veio acompanhado do trovão, fazendo Zi Xu estremecer! No segundo seguinte, uma pequena mão branca se esticou para agarrá-lo. Os olhos de Zi Xu se arregalaram, querendo desviar, mas aquela mão o seguiu como uma sombra, ficando maior e maior em sua pupila. Ele estava morto, com certeza!
— Majestade! — de repente, de longe, várias vozes surpresas puderam ser ouvidas. As vozes mal conseguiam se distinguir contra a chuva forte e a batalha sangrenta, mas Ye Mu escutava claramente.
— Rápido! Sua Majestade está ferido! Protejam-no a todo custo!
Ela não sabia a quem se referiam como “Sua Majestade”, mas um sentimento incompreensível de ansiedade surgiu em seu coração. Após hesitar por um momento, desistiu de sua presa e desapareceu num flash.
Zi Xu e os outros, que esperavam a morte iminente, fecharam os olhos. Só depois de um tempo perceberam que tinham escapado de um destino terrível. Quando soltaram um suspiro de alívio, Zi Xu gritou de repente:
— Droga!
Aquela coisa deve ter ouvido o barulho lá embaixo e os deixou ir. Isso significava que Sua Majestade estava em perigo!
Mo Linyuan fora atingido por uma flecha.
Se não fosse pela proteção de sua cota de malha dourada, aquela flecha o teria matado na hora.
Quem diria que, além do mestre de força interna, o outro lado também tinha um especialista em arco e flecha, esperando apenas a oportunidade para um ataque surpresa? Quanto ao motivo de a flecha ter conseguido perfurar sua armadura, o assassino devia ter usado um arco pesado.
Sua visão era excepcional. Ao ver alguém carregando Mo Linyuan montanha acima, sorriu levemente. Reunindo sua força interna, puxou o arco e mirou no pescoço de Mo Linyuan!
Se acertasse, estaria ao lado da imperatriz viúva como seu auxiliar mais confiável! Ninguém poderia superá-lo!
Fshhh…
Com a chuva forte, o som das flechas normalmente seria abafado, mas essa flecha era guiada pela força interna, era rápida demais — um estrondo sônico podia ser ouvido enquanto ela voava como a morte em direção a Mo Linyuan!
Embora Mo Linyuan não pudesse ver a flecha, ouviu o som da corda do arco sendo liberada. Ele não sabia de onde vinha o disparo, mas já era tarde demais — viu o brilho da ponta da flecha vindo em sua direção em uma velocidade aterrorizante!
Era uma flecha muito pesada, de ferro, com ponta triangular. Ao se aproximar, ele podia claramente ver a trajetória, mas não conseguia desviar!
Será que ele estava destinado a morrer ali naquele dia?!
Naquele momento crítico, tudo ao seu redor desacelerou. Todos olharam para a flecha com horror. Alguns estenderam as mãos para tentar detê-la, mas no fim, a flecha perfurou o escudo à frente de Mo Linyuan, a poucos centímetros do seu pescoço!
Mas, de repente, uma flecha que conseguia até perfurar uma chapa de ferro foi agarrada por uma pequena mão branca!
A multidão entrou em caos! A visão do arqueiro ficou bloqueada, e ele não podia ver se tinha acertado o alvo ou não. Contudo, como arqueiro experiente, estava muito confiante na sua mira.
— Aquele pequeno imperador deve estar morto!
— Ye… Ye Mu?
O cabelo dela estava despenteado e ela vestia um manto branco. Suas pequenas mãos seguravam a flecha e, com um aperto, ela a quebrou em pedaços. Mo Linyuan imediatamente segurou a mão dela para examinar possíveis ferimentos, mas não encontrou nenhum sinal da flecha na palma imaculada dela.
O cheiro de sangue fez Ye Mu franzir a testa, especialmente ao perceber que o odor vinha do corpo de Mo Linyuan. Ela fixou o olhar no ferimento ainda sangrando, e seus olhos se distorceram mais, como se rastros de sangue estivessem se espalhando pelas íris.
Alguém queria ferir Mo Linyuan.
Capítulo 143 – Limpando as Manchas de Sangue (1)
— Ye Mu? — Mo Linyuan suportou a dor e lutou para se sentar, seu ar antes feroz desaparecido enquanto a encarava. — Você finalmente acordou! Você... o que aconteceu?
Era obviamente a mesma pessoa em carne e osso, mas por que alguém tão familiar lhe transmitia uma sensação tão estranha, como se fosse uma estranha?
Ye Mu retirou a mão lentamente do ar. Desta vez, as pontas dos dedos estavam manchadas de sangue — o sangue dele. Após uma breve hesitação, ela levou a mão com cuidado até a boca para cheirá-la.
Ye Mu não esperava que, em vez do cheiro metálico e enjoativo do sangue, pudesse sentir apenas uma leve doçura no ar. Uma doçura que cruelmente sufocava a sede de sangue que a atormentava há tanto tempo — e esse aroma invadia seus sentidos intensamente.
— Sim... eles — eles te machucaram?
Houve um longo silêncio antes de Ye Mu finalmente falar, sua voz soando extremamente rouca. Além disso, seu tom monótono exalava uma estranha sensação de estranhamento.
As pessoas ao redor finalmente reagiram, e alguém disse apressado, com raiva:
— Foram eles! Queriam matar Sua Majestade, mas Sua Majestade se preocupava com você. Ele não quis recuar até te encontrar primeiro...
Mas antes que pudesse terminar, Mo Linyuan levantou o braço para fazê-lo calar. Meio deitado numa cama improvisada, com a testa franzida, olhava para a enigmática Ye Mu. A sensação ruim em seu peito só aumentava.
— Estou bem... — Enquanto ainda estivesse vivo e acordado, isso já era melhor que a morte.
Ye Mu respondeu, batendo rigidamente nas costas da mão dele.
— Nada mais importa.
Sua voz tornou-se mais suave, quase inaudível sob o som da chuva.
— Para matar — eu vou fazer isso.
Depois de proferir essas últimas palavras sombrias, ela desapareceu do lugar! Seu corpo pequeno era tão rápido que todos ao redor tiveram a ilusão de que ela sumira no ar.
Mas então, como prova da cena surreal que acabara de acontecer, um grito arrepiante ecoou de longe!
Com o despertar do demônio, um massacre unilateral começava sob suas mãos. Os assassinos, que inicialmente tinham oitenta por cento de chance de matar o imperador, estavam convencidos demais e nem sequer prestaram atenção naquela garotinha quando ela avançou. Só pensavam, em deboche: ‘De onde saiu essa bonequinha de leite? Veio aqui só para jogar a vida fora?’
Mas logo perceberam o quão errados estavam.
O pequeno imperador estava protegido por cerca de vinte especialistas em força interna, todos reunidos ao seu redor, enquanto o resto eram soldados comuns. Quando tinham perseguido o imperador, fora uma batalha unilateral — um massacre, mas depois que Ye Mu apareceu, tudo mudou contra eles.
Ainda assim, uma coisa continuava igual: era um massacre — e eles eram as presas.
Gritos de horror e desespero enchiam o ar. Os mestres arrogantes antes relaxados em seus acampamentos, depois de experimentar o terror de Ye Mu, não tiveram escolha a não ser se unirem, arfando por fôlego — buscando uma chance de escapar!
No entanto, mesmo em equipe, não conseguiram evitar o destino de serem brutalmente massacrados.
As roupas inicialmente brancas e limpas de Ye Mu foram gradualmente tingidas de vermelho pelo sangue. No fim das contas, não importava se ela se aproximava do inimigo ou de seus aliados — ela os assassinava imediatamente, sem distinção!
E toda vez que ficava sem forças, drenava a energia interna de algumas pessoas ao seu redor. Ao final daquele banho agressivo de sangue, ela parecia um demônio saciado, de pé sobre uma montanha de cadáveres, com o rosto corado — aniquilação completa!
Alguns soldados, que já haviam se afastado da batalha, foram meros espectadores do massacre diante de seus olhos. Apesar de não terem dormido a noite inteira, seus espíritos continuavam alerta. Com os rostos pálidos, começaram a lutar!
Uma única pessoa — apenas uma garotinha — havia dominado quatro a quinhentas pessoas em apenas duas horas! E essas pessoas não eram soldados comuns como eles, mas verdadeiros especialistas em força interna!
Cada um queria fugir, mas por mais rápido que tentassem escapar de Ye Mu, ela sempre os alcançava. Era como se ela tivesse a habilidade de dividir as pessoas; sozinha, bloqueava qualquer um que tentasse fugir e, depois de matá-los, empilhava todos os corpos num único lugar, formando uma montanha aterrorizante de cadáveres!
Será que ela ainda era humana? Todos se perguntavam isso.
Capítulo 144 – Limpando as Manchas de Sangue (2)
Mo Linyuan sabia que, antes de Ye Li morrer, ele havia forçado a passagem de suas artes marciais, junto com a energia interna que absorvera de inúmeras pessoas, para Ye Mu, mas jamais imaginou que Ye Mu seria tão mortal. Em menos de um dia, ela foi capaz de exterminar sozinha todos os especialistas em força interna dos três grandes clãs do país de Mo, sem sofrer o menor arranhão!
— Ye Mu? — Mo Linyuan só conseguiu tratar levemente seu ferimento no campo de batalha, sem um lugar apropriado para repouso ou recuperação. Ele se levantou da cama improvisada e se dirigiu até Ye Mu.
— Vossa Majestade, não vá! — Zi Xu, que havia corrido de volta, puxou Mo Linyuan ansiosamente. — Antes, a senhorita Ye até me atacou. No estado em que ela está agora... temo que claramente ela não esteja em sua sanidade. Você só estará se colocando em perigo!
Os outros também pensavam o mesmo. Pararam Mo Linyuan preocupados e não o deixaram passar. Todos permaneciam vigilantes, fitando a distância, como se esperassem que a desgraça caísse sobre eles a qualquer momento.
O céu escuro começava a clarear lentamente, a chuva finalmente cessava, mas o sangue continuava a se infiltrar no solo em um fluxo interminável. Mesmo que a terra tivesse sido lavada pela forte chuva durante toda a noite, a região ainda exalava o cheiro forte de sangue — que chegava até a ponta do nariz de Ye Mu. Em pé sobre a pilha de corpos que ela mesma criara, usava suas roupas manchadas para limpar o sangue dos dedos.
Esse gesto era feito com muita calma — até normal. Como se ela estivesse limpando algo que não fosse sangue. Contudo, era uma cena estranha e assustadora diante daqueles cadáveres, que certamente haviam sido enviados ao submundo de forma brutal.
— Não se preocupe... ela não vai me fazer mal.
Mo Linyuan ainda se lembrava das poucas palavras que Ye Mu lhe dissera antes. Para ele, era óbvio que ela tinha uma certa racionalidade; pelo menos, ainda sabia quem ele era.
— Vossa Majestade! — Vendo que Mo Linyuan estava decidido, todos se posicionaram à sua frente com ainda mais resistência.
As vozes alertaram Ye Mu, que estava distante. Ela virou-se de repente, como uma pequena fera cautelosa. A distância era grande demais para alguém distinguir claramente sua expressão, mas todos podiam sentir seu olhar mesmo de longe. Num instante, ficaram ainda mais nervosos!
— Eu disse que está tudo bem... — a voz de Mo Linyuan caiu para um tom extremamente baixo, como se temesse incomodar alguém. Seus olhos serenos de fênix fixaram-se firmemente na direção de Ye Mu enquanto instruía baixinho: — Todos vocês fiquem aqui. Eu vou sozinho.
Depois de falar, Mo Linyuan ignorou o olhar de desaprovação de todos e caminhou determinado na direção de Ye Mu.
Que experiência era essa, subir uma montanha de corpos?
Mo Linyuan sentiu as mãos e os pés ficarem frios, e sua ferida parecia pulsar com mais dor do que antes.
A sensação de suas solas afundando nos corpos dos cadáveres sob seus pés não era nem um pouco agradável. Apesar de sua inteligência e maturidade, ainda era um adolescente no fundo. Diante daquela cena assustadora, sentiu uma tensão no peito que não sentia há muito tempo.
Ye Mu abaixou a cabeça, olhando para ele. Inconscientemente, desacelerou o movimento apressado e fervoroso de limpar os dedos para encarar Mo Linyuan — mas seus olhos estavam mortos, sem o menor vestígio de calor.
A garganta de Mo Linyuan se apertou conforme se aproximava dela passo a passo. A cada passo, parecia caminhar na lâmina afiada de uma espada; um deslize e seria cortado em pedaços.
Finalmente, parou diante de Ye Mu, que também cessou de esfregar as mãos.
Sem esperar que Mo Linyuan falasse, Ye Mu quebrou o silêncio inesperadamente. Estendeu a mão, que ficava cada vez mais suja, na direção dele.
— Tem tanto sangue — disse — que eu não consigo limpar tudo.
Foi dito num tom plano, mas pelas ações impacientes e nervosas, Mo Linyuan pôde sentir os gritos abafados vindos do fundo do coração dela — se fosse a Ye Mu de antes, se ela não tivesse recebido aquela terrível arte marcial, certamente não teria essa necessidade ou vontade de matar tantas pessoas.
Pensando nisso, Mo Linyuan usou suas roupas úmidas para limpar as pequenas mãos dela. Conforme o sangue ia sumindo pouco a pouco, sentiu as emoções turbulentas de Ye Mu se acalmarem bastante.
— Veja, não sumiu tudo?
Mo Linyuan mostrou as mãos limpas para Ye Mu, que as virou repetidas vezes, só para ouvi-lo soltar um longo suspiro cansado.
— Mu’er, posso te carregar para baixo agora?
Capítulo 145 – Sem Sobreviventes (1)
Mo Linyuan se abaixou e cuidadosamente levantou a menina daquela pilha de corpos, mas no instante em que fez o movimento, percebeu que algo estava errado. O sangue no corpo de Ye Mu, na verdade, não pertencia a mais ninguém — o líquido quente e fresco em sua mão lhe dizia que o corpo dela estava sangrando por dentro!
— O que aconteceu com você?!
Mo Linyuan imediatamente se tencionou. Então viu Ye Mu balançar a cabeça e falar fracamente:
— Estou bem... Para controlar a energia interna no meu corpo, cortei meus próprios meridianos. Embora minhas lesões internas sejam graves, minha vida não está em perigo...
Mas Mo Linyuan, na verdade, já suspeitava disso — que ela escolhera algo tão drástico para evitar se machucar ou machucar os outros. Também porque ela continuava sendo a mesma garota tola de antes, o que apertava seu coração.
E antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Ye Mu já havia desmaiado.
Mo Linyuan estava consumido pela ansiedade enquanto apressadamente levava Ye Mu de volta ao palácio. Quanto aos corpos no chão, ninguém se importava com eles.
No caminho de volta ao palácio, alguém perguntou a Mo Linyuan sobre a montanha de cadáveres. Ao ouvir isso, ele respondeu de forma bastante sinistra:
— Não se preocupem com isso. Alguém naturalmente irá recolher o que lhe pertence.
Enquanto isso, a imperatriz viúva, que esperava no palácio por notícias alegres após uma boa noite de sono, recebeu a notícia mais inesperada.
— O que você disse?!
Ela correu descalça para fora da cama, agarrou a roupa do homem que havia trazido a notícia e falou em um tom estridente:
— Você disse que aquela criatura maligna está aqui de novo? Como isso é possível?!
Para garantir absolutamente uma vitória esmagadora, não só usou sua carta mais forte, como também buscou ajuda das grandes famílias do país de Mo para formar um time de quinhentos assassinos mortais.
O rosto do homem sob o domínio da imperatriz viúva ficou pálido de repente e todo seu corpo tremeu. Quando Zhao Yunqin viu que ele não conseguia pronunciar uma única palavra por um bom tempo, empurrou-o ansiosamente e gritou:
— Onde está Yuan Wei? Diga para ele vir me ver!
Ela não encontrava nenhuma razão plausível para o imperador já ter retornado. Afinal, o responsável pelos guardas imperiais que ela enviara ainda não tinha chegado antes dele. Eles deveriam ter vencido!
O homem caiu no chão, tremendo, e rapidamente se ajoelhou. Ao ouvir a pergunta da imperatriz viúva, gaguejou:
— Segundo Tenente Yuan... ele-ei está lá fora...
A imperatriz viúva não tinha paciência para um tolo gaguejante. Fitando-o com raiva, sem esperar que ele terminasse de falar, correu para o salão externo. Com medo, supôs que Yuan Wei deveria ter fracassado na missão e, por isso, não ousara entrar para encontrá-la.
Mas, ao sair, levou o choque de sua vida — descobriu treze corpos no chão!
Após um longo momento de surpresa, rapidamente tentou identificar quem estava ali. Apavorada, percebeu que os cadáveres eram os capitães dos treze esquadrões que ela havia enviado! Seus rostos estavam completamente limpos de sangue, mas não era difícil imaginar o que havia acontecido com eles quando vivos, pelas mutilações em seus corpos. Especialmente porque muitos morreram com uma expressão horrenda, como se tivessem sofrido o inferno.
De alguma forma, a imperatriz viúva só conseguia sentir um frio cortante subindo rapidamente dos pés, fazendo todo seu corpo travar! Era um dia abafado de maio, mas ela parecia estar no meio de uma tempestade de inverno.
— Isso... O que está acontecendo?! — perguntou Zhao Yunqin, resistindo por um momento. Com o rosto pálido como a morte, continuou: — E os outros especialistas que foram enviados? Traga um para falar comigo!
Mesmo que a missão tivesse sido um fracasso, por que estava vendo uma pilha de cadáveres!?
Mas não esperava que suas palavras fizessem seus fiéis ajudantes se ajoelharem.
— Todos... foram exterminados... — alguém disse com voz baixa e rouca.
— O que você quer dizer com exterminados? Fale mais claramente! — Zhao Yunqin se aproximou repentinamente daquela pessoa, sentindo-se ainda mais inquieta.
O homem ficou tão apavorado que acabou desabando em lágrimas. Com a voz trêmula, disse:
— Não sobrou ninguém vivo. Todos os duzentos e trinta e sete homens enviados pelo nosso palácio estão... todos mortos!
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