Capítulo 206 ao 210
Alguém Está Procurando Briga (2)
O corpo do Mestre Silencioso estava tenso quando disse:
— Se continuarem a nos encurralar, vou ser obrigado a usar a força.
Ele não teria recorrido à força se fosse apenas ele a apanhar. Afinal, era um monge — e monges não devem ferir outras pessoas. Mas Ye Mu estava logo atrás dele. E, como ela não podia usar a própria força naquele momento, ficaria indefesa diante dos agressores se ele não a protegesse.
Ye Mu puxou levemente a manga do Mestre Silencioso:
— Irmão, você precisa me proteger.
O Mestre Silencioso assentiu com seriedade, olhando fixamente para os dois brutamontes que se aproximavam:
— Não cheguem mais perto!
Os dois trocaram olhares e sorriram, achando que aquele “garoto bonito” gostava mesmo de bancar o herói. No instante seguinte, avançaram!
O que se ouviu foi apenas um grito lancinante. Zhou Xu virou a cabeça, receando que tivessem machucado a pessoa que lhe interessava. Mas, para sua surpresa, quem estava caído no chão era um de seus próprios capangas!
— Como isso aconteceu?!
Amitabha... O Mestre Silencioso pediu perdão pelo pecado cometido. Não tinha a intenção de ferir ninguém — apenas se defendeu. Esperava que Buda não o culpasse por suas ações.
Ye Mu riu discretamente:
— Eu nunca imaginei que você fosse tão habilidoso.
O Mestre Silencioso não respondeu. Desde jovem, treinava o budismo. E embora praticasse apenas o mais suave dos estilos de artes marciais, sua habilidade estava longe de ser fraca.
Ainda assim, achava tudo aquilo muito estranho. Nunca ninguém havia procurado briga com ele quando descia sozinho a montanha. No máximo, as pessoas apontavam e cochichavam às suas costas. O que estava acontecendo hoje? Seria porque não estava usando seu kasaya e tinha apenas um pano cobrindo a cabeça?
— O que vocês dois estão fazendo? — Zhou Xu se levantou, furioso, e gritou para seus homens: — Nem um garoto bonito vocês conseguem pegar? Acham que eu dou comida de graça pra vocês?!
O dono da loja e o garçom já tinham fugido fazia tempo. Só restavam eles no segundo andar do restaurante, e por isso Zhou Xu não temia que alguém visse seu lado cruel. Ele arregaçou as mangas e avançou, fitando o Mestre Silencioso com um olhar perigoso.
— Eu jamais imaginaria que você também fosse um praticante de artes marciais. Infelizmente para você, hoje vai encontrar seu adversário!
O jeito como Zhou Xu o encarava fez o couro cabeludo do Mestre Silencioso se arrepiar.
— Por que está nos importunando? Qual é o seu objetivo?!
— Hein? Eu já disse claramente minhas intenções antes, mas parece que você é do tipo burro — respondeu, dando um passo ameaçador à frente. — Quero que você se submeta a mim... na cama. Agora que falei de forma tão direta, entendeu?
Levou alguns segundos para que o Mestre Silencioso processasse o que ouvira. Quando finalmente entendeu, seu rosto ficou instantaneamente vermelho e seus olhos, inocentes de forma quase hipnotizante. Ele cerrou os punhos.
— Você não tem vergonha!
— Vergonha? Existem coisas muito mais vergonhosas nesse mundo!
Zhou Xu fez um gesto, e os três avançaram contra o Mestre Silencioso ao mesmo tempo. Sem ter para onde recuar, ele fechou os olhos e contra-atacou!
Antes, os dois capangas o tinham subestimado e por isso foram facilmente derrubados. Agora, mesmo indo com força total, ainda não eram páreo para ele.
Zhou Xu havia pensado que seria fácil lidar com aquele homem, e não esperava encontrar outro praticante. Ainda assim, confiava em sua própria habilidade marcial. Ao lembrar da expressão impotente e constrangida do Mestre Silencioso momentos antes, decidiu que o levaria com ele — custe o que custasse.
Não demorou para que os três fossem forçados a recuar. O Mestre Silencioso teve misericórdia e não os feriu gravemente.
Percebendo que não venceriam, Zhou Xu lançou um olhar para um de seus homens, dando um sinal secreto. Os dois voltaram a investir contra o Mestre Silencioso, que, agora um pouco impaciente, começou a usar mais força. Mas, no instante em que derrubou um deles, Zhou Xu gritou:
— Pare! Olhe quem está em minhas mãos!
O Mestre Silencioso ergueu o olhar — e viu que Zhou Xu havia agarrado Ye Mu, segurando-a com uma faca.
Chute-o Três Vezes (1)
— Você! — O Mestre Silencioso deu alguns passos à frente e disse: — Solte-a!
Zhou Xu tocou o local onde havia sido ferido antes e zombou:
— Soltar ela? Hoje eu vou domar vocês dois, custe o que custar! Segurem ele!
Os dois capangas que tinham sido derrubados pelo Mestre Silencioso cambalearam ao se levantar, o rosto carregado de ódio, e avançaram para imobilizá-lo.
Ye Mu já estava sem paciência; não tinha mais vontade de assistir ao espetáculo.
— Quem mandou você ter tanta misericórdia com eles? Agora, ele vai sequestrar você pra esquentar a cama dele!
A expressão do Mestre Silencioso ficou sombria — Ye Mu estava sendo feita de refém. Ele não podia reagir, temendo que ela se machucasse, e assim permitiu que os dois capangas o amarrassem.
O que eu vou fazer com você? Ye Mu suspirou, balançando a cabeça. Então, agarrou Zhou Xu pelo ombro e o arremessou ao chão.
O Mestre Silencioso ficou surpreso com a ação repentina, mas correu para ajudá-la. No entanto, não esperava ouvir as palavras seguintes:
— Não dê mais nenhum passo na nossa direção! Se chegar mais perto, eu mato ele!
Ela não estava blefando — a adaga que Zhou Xu havia apontado para ela agora estava em suas mãos. E era Ye Mu quem a apontava para ele. Seu punho era firme; afinal, ela também era uma praticante de artes marciais!
Os dois capangas congelaram sob a ameaça. Se algo acontecesse com Zhou Xu, eles estariam acabados.
O Mestre Silencioso correu até Ye Mu. Os dois lados estavam em um impasse. Ele perguntou apressado:
— Mu’er, o que fazemos agora?
Perdoem o jovem e inocente monge — ele nunca havia enfrentado uma situação assim.
Ye Mu revirou os olhos.
— Vou te ensinar o que fazer quando encontrar alguém como ele. É assim que se dá uma lição!
Dito isso, ela levantou o pé e acertou, com força, a parte mais sensível do corpo de Zhou Xu. O grito de dor foi lancinante. Ele queria provocá-la, achando que ela não teria coragem de machucá-lo depois de saber quem ele era. Mas, após aquele chute, seu rosto empalideceu na hora! Segurando-se lá embaixo, gritava, sem acreditar que um dia seria atingido ali.
O Mestre Silencioso ficou chocado com a atitude dela.
— C-como você pode fazer isso com ele?
— Fazer o quê? — Ye Mu arqueou a sobrancelha. — Você tá dizendo que não posso chutar ele só porque tentou nos sequestrar pra nos levar pra cama?
— Mesmo assim, não deveria ter chutado… lá. — O Mestre Silencioso corou de vergonha.
— Por que não? — Ye Mu olhou para os capangas, imóveis de medo, e sorriu docemente: — Já ouviram falar disso?
— Disso o quê?
— Que, se quiser machucar alguém, deve acertar nos pontos fracos.
E, sem aviso, acertou outro chute na mesma região! Zhou Xu quase desmaiou de dor. Sempre que pensava em reagir, a adaga chegava mais perto do pescoço. Ele não sentia nenhuma energia interna vindo dela, mas a agilidade era impressionante. Escolhi as vítimas erradas dessa vez…
Um dos capangas, vendo que a situação ia piorar, correu para avisar a Família Zhou. O outro ficou, tremendo:
— V-vocês deviam parar! Sabem quem é o nosso jovem mestre? Ele é da Família Zhou, uma das três grandes famílias! Eles são poderosos e influentes… Não têm medo de ofendê-los?!
Zhou Xu assentiu rapidamente. Estava no chão, sem conseguir se levantar de tanta dor — algo inédito em toda a sua vida.
Ele encarou Ye Mu, rangendo os dentes:
— Me solte agora! Ou eu vou matar todos os que têm relação com você!
O rosto do Mestre Silencioso escureceu. Não esperava encontrar tão cedo um vilão de família tão poderosa. Ele pensava no que fazer quando ouviu Ye Mu rir:
— Quer matar todo mundo que conheço? Que medo! Eu só te chutei duas vezes, e você já fala isso… O que fará se eu te chutar mais umas vezes?
E então, mais um chute certeiro no mesmo lugar. Zhou Xu tentou se esquivar, mas não havia para onde correr. Outro grito estridente ecoou.
Chute-o Três Vezes (2)
— Se tiverem coragem, eu desafio vocês a ficarem! Vou matar os dois!
Um dos capangas já tinha ido buscar reforços; a ajuda devia estar chegando. O Mestre Silencioso puxou a manga de Ye Mu:
— Vamos embora, não cause tanto alvoroço!
Os chutes de Ye Mu haviam sido fortes, bem no ponto mais vulnerável. O arrogante e voluntarioso Zhou Xu agora estava encolhido no chão, e isso já era vingança suficiente.
Ye Mu assentiu:
— Os reforços devem chegar logo. Se quer que eu vá embora, quero que você dê alguns chutes também.
— Você! Como ousa?! — O capanga estava prestes a desmoronar. Será que eles não sabiam o poder da Família Zhou? Como podiam agir com tanta audácia?
— Não, eu não machuco pessoas — recusou o Mestre Silencioso.
— Depois que você chutar ele três vezes, a gente vai embora. Se não, eu fico sentada aqui. Eu não tenho pressa.
— Seus desgraçados! Não têm medo da morte? — O capanga se apavorou. Se Zhou Xu ficasse estéril, a Família Zhou acabaria com ele! Avançou: — Soltem meu jovem mestre!
Mas sua habilidade marcial não se comparava à de Ye Mu. Com um crack, ela quebrou seu braço e o jogou ao chão. Zhou Xu tentou fugir enquanto ela estava ocupada, mas, assim que ela terminou, virou-se e o derrubou com outro chute. Depois, olhou para o Mestre Silencioso e o chamou com o dedo:
— Chuta ele! Três vezes, e vamos embora!
O Mestre Silencioso balançou a cabeça repetidamente. Nunca faria algo assim de propósito.
— Anda logo, ou se a Família Zhou descobrir quem somos, estaremos encrencados.
Ele sabia que não podia deixar que descobrissem que havia descido a montanha para beber vinho e comer carne! Seria uma vergonha para Buda.
— Ele também queria que você o servisse na cama. O que acha que Buda vai pensar se você não punir um homem como esse?
O rosto do Mestre Silencioso ficou vermelho como um tomate.
— Eu não posso! Não posso fazer isso!
Essa área é muito frágil… Se eu o deixar estéril, será um grande pecado!
Ye Mu pisou nas costas de Zhou Xu e disse friamente:
— Se você não quiser chutar, eu chuto. Mas não vou pegar leve.
Pelo que ela já mostrara, mesmo sem usar força interna, ninguém ali era páreo para ela. Três chutes dela e ele poderia realmente nunca mais ter filhos.
— Posso chutar em outro lugar? — perguntou o Mestre Silencioso, em voz baixa.
— Pode — disse Ye Mu, animada. — Mas se não colocar força, não conta.
O Mestre Silencioso ouviu a movimentação na rua — os reforços estavam chegando —, mas Ye Mu continuava calma. Ele sabia que, se não chutasse, ela não sairia dali.
Rangendo os dentes, chutou o estômago de Zhou Xu. A sensação macia foi estranha.
Zhou Xu também ouviu o barulho e gritou:
— Eles querem me matar! Venham me salvar!
— Pare de gritar! — disse o Mestre Silencioso, dando outro chute, agora mais forte. Zhou Xu soltou um gemido e ficou quieto.
O Mestre Silencioso até achou engraçado e deu mais dois chutes. Você quer que eu te sirva na cama? Será que Buda aprovou isso?
Seu olhar ganhou um toque cruel. Era a primeira vez que agia com tamanha impiedade.
O Primeiro Presente (1)
Ao ver que ele estava ficando cada vez mais viciado em chutar o homem no chão, Ye Mu conteve o riso e segurou a mão dele.
— Vamos embora! Eles estão vindo!
O Mestre Silencioso estava um tanto relutante em ir embora agora. Ele estava tendo uma boa refeição até encontrar aquele homem. Como resultado, não comeu muito hoje.
Ele deu mais um chute forte antes de agarrar Ye Mu e saltar diretamente pela janela. Os reforços chegaram ao segundo andar do restaurante no momento em que eles saíram. Era tarde demais; Ye Mu e o Mestre Silencioso já haviam escapado, restando apenas dois homens feridos para trás.
Eles pularam do segundo andar. Apesar da altura considerável até o chão, para o Mestre Silencioso foi algo sem esforço.
Nesse momento, Zhou Xu subiu até o parapeito da janela e gritou:
— Rápido, peguem-nos! Eles tentaram assassinar um oficial da corte. Não deixem que escapem!
Quando o Mestre Silencioso ouviu os gritos e o som de passos correndo em sua direção, puxou Ye Mu e fugiu. Os dois correram muito rápido e, só depois de atravessarem uma rua inteira, conseguiram despistar os perseguidores. Pararam no fim de outra rua, ofegantes. De repente, o estômago de Ye Mu roncou.
O Mestre Silencioso olhou surpreso para a garota que o havia coagido a fazer coisas erradas. O rosto de Ye Mu estava vermelho pela corrida, e ela mantinha a cabeça baixa enquanto tentava recuperar o fôlego. Ele não conseguiu conter o riso diante daquela situação.
O Mestre Silencioso ficava muito atraente quando ria, a ponto de as pessoas que passavam olharem para trás. Quando percebeu que estavam olhando para ele, ficou envergonhado. Olhou para Ye Mu e, quando seus olhares se encontraram, trocaram um sorriso. Decidiram procurar outro lugar para comer.
Os dois comeram guloseimas de rua, como frutas cobertas de açúcar e bolinhos. Passearam pela rua mais movimentada da capital. À noite, foram juntos a uma feira de templo, que estava lotada e animada.
Depois de um dia inteiro de diversão, o Mestre Silencioso percebeu que nunca havia se sentido tão satisfeito. Nesse momento, ele e Ye Mu estavam diante de uma fileira de lanternas. Quem adivinhasse o enigma escrito em uma delas poderia levá-la de graça. O Mestre Silencioso ficou encarando as lanternas intensamente, se recusando a sair antes de acertar um.
Além deles, muitos homens e mulheres estavam reunidos ali. Os homens se esforçavam para resolver os enigmas, apenas para ver o sorriso de suas amadas.
A mais bonita de todas era feita de vidro colorido e tinha fundo branco. Simples, mas elegante. Muitos queriam aquela lanterna, mas ninguém conseguia resolver o enigma.
O enigma escrito nela era:
Um par de patos-mandarins brincava na água, enquanto as borboletas ansiavam pelas flores.
O monarca tinha muitas esposas, mas quem será sua verdadeira amada?
As raízes do feijão-vermelho ansiavam por crescer, mas, em sua vida passada, foram plantadas no coração de uma concubina.
Esperarão pelo dia em que, enfim, poderão se encontrar para desfrutar juntos da primavera, verão, outono e inverno.
Era um enigma longo e complicado, que mais parecia um poema romântico. Muitos desistiram e foram tentar a sorte em outras lanternas, cujos enigmas, embora menos bonitos, eram mais simples.
Mas o Mestre Silencioso se recusava a sair dali sem resolver aquele enigma! Ficou parado, meditando e refletindo.
Ye Mu não resistiu e puxou a manga dele:
— Desista. Seria estranho um monge acertar o enigma de amor de uma lanterna.
Todos estavam conversando ou se movendo, então ninguém ouviu as palavras de Ye Mu. Mas todos notaram a beleza do Mestre Silencioso e começaram a se reunir diante da mesma lanterna que ele. Com o passar do tempo, mais gente se aproximou, atraída por sua aparência. Ye Mu quase não tinha espaço para ficar, sendo empurrada pela multidão.
O Mestre Silencioso murmurou, contrariado:
— Por que nunca ouvi esses enigmas antes?
Ele já havia resolvido muitos enigmas no passado, mas nunca vira um como aquele.
O que significava “ver o amor verdadeiro no reflexo da água, mas não poder expressar os sentimentos”?
O que significava “é difícil ficarem juntos até o fim dos tempos, e ainda assim não houve tempo para que todo o amor fosse declarado”?
O Primeiro Presente (2)
A primeira parte do enigma e a segunda não combinavam em nada! Aquilo era mesmo um enigma? O Mestre Silencioso acreditava que o vendedor da lanterna tinha inventado aquilo para enganar as pessoas. Como poderia existir resposta para algo assim?
Vendo que ele não sairia dali sem resolvê-lo, Ye Mu ficou sem palavras diante de tanta teimosia. Ela pensou um pouco antes de perguntar em voz alta:
— Você quer mesmo essa lanterna?
Um monge não pode ter desejos ou vontades, então o Mestre Silencioso, com certeza, fingiria que não queria. Ainda assim, seus olhos permaneciam fixos nela, repetindo o enigma mentalmente várias vezes.
Ye Mu suspirou como uma adulta:
— Já que você quer tanto, eu resolvo pra você.
O Mestre Silencioso a olhou, surpreso:
— Você sabe a resposta?
— Claro! — respondeu Ye Mu, confiante.
Ele franziu o cenho:
— Você é tão jovem… como pode saber a resposta de um enigma de amor?
Ye Mu congelou por um instante e respondeu rapidamente:
— Não se prenda a esses detalhes!
Dito isso, bateu na mesa e disse para o lojista atarefado:
— Tio, nós resolvemos o enigma da lanterna!
O lojista largou o que estava fazendo e se aproximou, sorrindo:
— Garotinha, você descobriu a resposta para o velho enigma?
Ele olhou para as linhas escritas na lanterna e riu:
— Então me diga a resposta, e eu vejo se está certa.
Ye Mu puxou a manga do Mestre Silencioso e, quando ele se inclinou, ela sussurrou em seu ouvido:
— A resposta é: encontrar e se apaixonar, para que o amor dure para sempre!
O rosto dele ficou imediatamente vermelho:
— Isso é impossível!
Ye Mu pôs as mãos na cintura:
— E por que seria impossível? Diga ao lojista e veremos se estou errada.
Sem saída, o Mestre Silencioso disse a resposta. Para sua surpresa, o velho lojista bateu palmas:
— Acertou! Aqui, a lanterna é sua!
E a entregou para ele.
O Mestre Silencioso recebeu a lanterna sem esconder o quanto gostava dela. Mas, no instante seguinte, estendeu-a para Ye Mu:
— Tome, você que acertou.
Ye Mu não pegou. Ao invés disso, sorriu:
— Vamos. Eu só me dei ao trabalho de resolver porque você gostava. Pode ficar, considere um presente.
Homens e mulheres ao redor olharam para o Mestre Silencioso com inveja ao ouvir aquilo. Alguns rapazes até fizeram sons exagerados e maliciosos, enquanto outros comentavam alto sobre como ele tinha sorte de ter uma namorada tão bonita e inteligente.
O rosto dele ficou vermelho de novo, mas segurou a lanterna com firmeza enquanto Ye Mu o puxava para longe.
Ele olhou para a lanterna nos braços, sentindo o coração bater mais rápido. Aquele era o primeiro presente que recebia em muitos anos.
Os dois continuaram passeando pela feira. Ye Mu comprou muitas coisas. Depois, caminharam à beira do lago, enquanto a multidão começava a se dispersar. O Mestre Silencioso levantou a lanterna; a luz refletia em seu rosto belo e sereno, fazendo-o parecer um imortal.
De repente, Ye Mu perguntou:
— Você é feliz sendo monge?
O sorriso dele desapareceu um pouco:
— É da minha natureza ser monge.
Ye Mu sorriu e continuou:
— E se tivesse outra chance de escolher? Se pudesse voltar no tempo, ainda escolheria ser monge?
O Mestre Silencioso ficou em silêncio, e seu sorriso sumiu por completo.
Quando Ye Mu já achava que ele não responderia, ele disse baixinho:
— Se eu pudesse voltar no tempo… acho que estrangularia a mim mesmo até a morte.
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