A inocente Nuan Nuan nem sequer percebeu o tom enganoso nas palavras de Shen Yujin.
— Tá bom.
Ela respondeu obedientemente, com uma voz suave. Os belos olhos de pêssego de Shen Yujin se curvaram num sorriso, e ele fez a videochamada logo após encerrar a ligação.
Enquanto isso, Nuan Nuan esperava obedientemente com o celular nos braços. Nesse momento, ela percebeu um grande problema: por que a imagem dela estava na tela do celular do irmão mais velho?
Abraçando o celular, Nuan Nuan ergueu levemente os lábios num sorriso; seus olhinhos se curvaram como luas crescentes, deixando-a com uma aparência ainda mais fofa e obediente.
Antes que a videochamada começasse, ouviu-se o som da maçaneta do banheiro girando, e Gu Nan saiu de lá. Justamente nesse momento, o celular recebeu a notificação de uma videochamada.
Nuan Nuan esqueceu completamente o que Shen Yujin tinha dito há pouco sobre ela atender a ligação, e com suas mãozinhas macias e alvas, entregou o celular ao jovem que acabara de sair do banheiro.
— Irmão, ele disse que é seu amigo.
Gu Nan olhou para o nome exibido na tela, pegou o aparelho com os dedos de articulações finas e atendeu.
Os alegres olhos de pêssego de Shen Yujin encontraram de imediato os olhos escuros de Gu Nan — frios e sem emoção.
Shen Yujin: "..."
O sorriso congelou instantaneamente.
Gu Nan avançou com Nuan Nuan num braço e o celular no outro. Sua expressão era a mesma de sempre — aquele rosto impassível com o qual Shen Yujin já estava acostumado, como se ele lhe devesse centenas de milhões.
No começo, Shen Yujin tinha se acostumado com isso, mas agora ele só sentia que aquilo machucava seus olhos. Estava desesperado por ver uma certa fofinha para purificá-los.
— O que foi? — A voz de Gu Nan era fria, e suas sobrancelhas arqueadas se franziram levemente. Ao ver o rosto andrógino de Shen Yujin colado na tela, um lampejo de desprezo passou por seus olhos estreitos.
— Chamada.
Shen Yujin: — ...Não desliga! Deixa eu ver a fofinha da Nuan Nuan primeiro!
No entanto, Gu Nan encerrou a videochamada com indiferença. Heh... ainda quer ver minha irmã.
Depois de desligar com uma expressão vazia, Gu Nan acomodou a pequena Nuan Nuan na cama com tranquilidade.
"Gu Nan, você consegue!"
"Por que não manda uma foto, pelo menos? Qual é a nossa relação, afinal? A sua irmã também é minha irmã!"
"Quando é que o Gu Nan vai sair pra trabalhar e levar a irmãzinha junto?"
Com o mesmo semblante inexpressivo, Gu Nan colocou o celular no modo silencioso. Queria uma foto? Heh... ele só tinha aquela uma.
Ouviu-se uma batida na porta. Ele calçou as pantufas e caminhou sem pressa, abriu a porta entreaberta e olhou para a pessoa parada do lado de fora — seu pai.
— Onde está a Nuan Nuan?
O rosto do Pai Gu estava um tanto carregado. Ao olhar para o primogênito, com aquele nariz e olhos idênticos aos seus, sentiu-se ainda mais irritado à medida que ele crescia.
Gu Nan respondeu:
— Lá dentro. Hoje ela vai dormir comigo.
Pai Gu ficou tão furioso que a cor em seu rosto oscilava entre tons.
— Por quê?! A Nuan Nuan ainda não dormiu com o pai!
Diante da acusação do pai, Gu Nan manteve-se completamente calmo.
— Minha irmã concordou.
Assim que terminou de falar, fechou a porta imediatamente.
Pai Gu, que ficou trancado do lado de fora: "..."
Esse filho não dá mais pra manter em casa.
— Irmão, onde estão as toalhas?
Gu Nan se virou e pegou uma toalha seca. Nuan Nuan a pegou e subiu na cama. Em seguida, ficou de pé e chamou o irmão mais velho com um gesto.
— Irmão, vem cá. A Nuan Nuan vai secar seu cabelo.
O canto da boca de Gu Nan se ergueu levemente, e ele caminhou até ela em poucos passos com suas longas pernas. A menininha colocou a toalha seca sobre o cabelo molhado dele.
O cabelo curto e preto foi envolvido pela toalha, e Nuan Nuan esfregava com alegria. Quando os fios se bagunçavam, ela usava os dedinhos para ajeitar com cuidado o cabelo do irmão.
Gu Nan, sem querer que ela se cansasse, disse:
— Usa o secador.
Secar com toalha era muito demorado e um pouco ineficiente.
— Uhum... — Nuan Nuan assentiu obedientemente. Quando Gu Nan trouxe o secador, a garotinha o pegou com iniciativa e continuou cuidando do cabelo do irmão.
Os dois irmãos, com quase vinte anos de diferença, não disseram uma palavra durante o momento, mas isso não causava constrangimento — pelo contrário, transmitia uma sensação de paz e aconchego.
O cabelo de Gu Nan ficou um pouco fofo depois de seco, diferente de seu estilo habitual calmo e formal, mas o visual atual o deixava com uma aparência mais suave e jovem.
Nuan Nuan arrumou cuidadosamente os fios bagunçados do irmão mais velho.
— Ficou bom, irmão?
Gu Nan respondeu com um leve "hum", e seus olhos pousaram devagar sobre o cabelo macio e quente da irmãzinha, que exalava um cheirinho frutado. Ela tinha ido até ele depois de lavar o cabelo no quarto da mãe.
Ele não sabia por que, mas de repente sentiu um leve arrependimento — queria ter ajudado Nuan Nuan a secar o cabelo também.
Nuan Nuan, sem saber o que o irmão estava pensando, correu com passinhos curtos até a cabeceira da cama, levantou o cobertor e se enfiou devagar por baixo dele. Assim que a cabecinha tocou o travesseiro, soltou um bocejo.
Com os olhos grandes e úmidos, ela olhou para o irmão e deu tapinhas suaves no espaço ao lado.
— Irmão, vem dormir.
Depois do bocejo, era como se os bichinhos do sono estivessem fazendo cócegas nela. Naquele momento, parecia até que havia um cheiro de leite no ar.
Gu Nan se inclinou e acariciou o cabelo dela antes de deitar. Assim que ele se deitou, a garotinha começou a se remexer, e logo se enfiou nos braços do irmão. Segurou-o com os dedinhos, encostou a cabecinha peludinha no pescoço dele e adormeceu profundamente assim que fechou os olhos.
Um sorriso surgiu discretamente nos olhos de Gu Nan. Seus dedos longos tocaram levemente a pontinha do nariz da irmãzinha, e então ele fechou os olhos.
Desde que completara um ano, ele e o irmão gêmeo, Gu Bei, tinham sido expulsos para quartos separados pelo pai, sem permissão para dormir ao lado da mãe. Antes dos dois anos, ele sempre dividia a cama com o irmão mais novo, mas depois disso, passaram a dormir separados.
Até hoje, mesmo quando estudava, comprava casa fora e morava sozinho. Nunca dormia no mesmo quarto com outras pessoas — muito menos na mesma cama.
Gu Nan abraçou a irmãzinha. Achava que teria insônia, mas aquele sono foi surpreendentemente profundo, sem sonhos, até o amanhecer.
Foi acordado por uma batida na porta.
Gu Nan olhou as horas. Já eram sete e meia.
Ele costumava acordar pontualmente às seis horas.
O ambiente ao redor estava aquecido, e apenas metade da cabecinha peluda de Nuan Nuan aparecia para fora do cobertor. A menininha estava encolhida, com as mãozinhas e perninhas dobradas — sua posição de sono era adorável, e o rostinho delicado estava levemente corado. Mas talvez tivesse sido perturbada pelas batidas do lado de fora da porta, pois seus cílios curvados começaram a tremer suavemente, como se estivesse prestes a acordar.
Gu Nan franziu a testa, levantou-se e foi abrir a porta. Lá estava Gu An, com uma expressão furiosa.
Gu An, que inicialmente parecia um baiacu raivoso, imediatamente murchou como uma codorna ao encontrar o olhar do irmão mais velho — era simplesmente um covarde.
— Irmão.
Chamou obedientemente. Gu Nan esticou o pescoço e olhou para dentro do quarto.
— A Nuan Nuan dormiu com você ontem!
Só de pensar nisso, ele não conseguiu segurar o tom azedo:
— Ela se dá bem com você e já ficou grudada assim logo no primeiro dia que você voltou!
Droga! Nuan Nuan nem tinha dormido com ele ainda!
Gu Nan o encarou de cima, com um olhar superior.
— O que foi?
Gu An resmungou:
— Claro que tem coisa. Acorda a Nuan Nuan, ela tem que me levar pra escola!
Gu Nan:
— Você pediu pra sua irmã te levar?
Gu An encolheu o pescoço.
— Claro, ela me levou esses dois dias.
Havia um certo tom de ostentação em sua voz.
Por isso ele se sentia no direito de se gabar para o irmão mais velho e para Gu Mingli. Mesmo que fosse repreendido pelo irmão, não cederia!
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