Para carregar esses gatos, a roupa do motorista estava completamente molhada, mas ele sorria feliz, apresentando os bichanos enrolados no casaco para Nuan Nuan como se fossem um tesouro.
O motorista era um tio de meia-idade, muito simples e honesto. Ele tinha uma filha da mesma idade que Nuan Nuan, mas, quando pequena, sofreu de leucemia. Nos momentos mais difíceis, foi a família Gu que lhe deu esse emprego e ainda patrocinou 100 mil yuans para cobrir as enormes despesas do hospital.
Embora a filha tenha falecido no fim, antes de morrer ele conseguiu comprar suas coisas favoritas, e ela partiu feliz.
Por isso, ele era muito grato à família Gu, especialmente à senhorita Nuan Nuan, que tinha a mesma idade que sua filha na época. Toda vez que a via, parecia enxergar sua filha comportada de novo, e não conseguia evitar querer cuidar bem dela.
Mas na família Gu havia muita gente querendo cuidar bem dela: o senhor Gu e sua esposa, o velho patriarca e até o jovem mestre mais velho.
Ele estava realmente feliz por poder fazer algo por essa garotinha agora.
— Entre no carro primeiro.
Nuan Nuan apressadamente o deixou entrar, entregando ao motorista o cobertor limpo com o qual o irmão havia coberto seu corpo.
— Tio, seque-se rápido, não pegue um resfriado.
O motorista sorriu sinceramente, colocou os gatos no colo, dentro da roupa, e passou a mão no cabelo molhado de forma despreocupada.
— Tio, coloca os gatos aqui.
Nuan Nuan apontou para os seus pés, onde ainda havia bastante espaço, e ali dava para acomodar os gatos perfeitamente.
Doudou bicou delicadamente a grossa orelha de Nuan Nuan com o bico, mesmo depois de sair, ainda podia ver os gatos! Será que iam levá-los para casa?
A menininha cutucou as penas do papagaio com o dedo, sinalizando para ele não causar confusão.
O motorista segurava a roupa hesitante:
— Esse carro...
E se sujasse?
— O que tem?
Nesse momento, uma voz fria e familiar soou. O motorista estremeceu e olhou para Gu Nan, que estava parado na porta do carro, segurando um guarda-chuva preto.
O jovem sério não o encarou, só olhou para Nuan Nuan e assentiu satisfeito ao ver que o corpo dela ainda estava seco — parecia que a irmãzinha estava muito obediente.
Com o corpinho pequeno, Gu An entrou no carro um passo antes de Gu Nan, sentou-se ao lado de Nuan Nuan, apertou sua mão macia e a segurou.
Que quentinho!
— Sobre o que vocês estavam falando agora há pouco?
— Miau~ veio um miado fraco, e Gu An viu os gatos na mão do motorista, soltando um grito.
— Por que tem um gato?
Nuan Nuan olhou cuidadosamente para o irmão, que se abaixava para entrar no carro, com aquele ar frio, mas antes que ela falasse algo, duas mãos agarraram seu corpinho.
Gu Nan olhou para Gu An:
— Vai para lá.
Gu An torceu os lábios, mexeu o bumbum para o lado, afinal podia sentar ao lado da irmã, que estava no meio.
Gu Nan colocou Nuan Nuan no meio.
— Irmão, gato.
Ela segurou a palma do irmão com as duas mãos finas e macias e olhou para ele ansiosa, com os grandes olhos preto e branco.
— Você quer ficar com eles?
Nuan Nuan olhou para o irmão com os olhos brilhantes, assentiu obediente e disse baixinho:
— Está chovendo agora, a mãe gata e os filhotes vão pegar chuva, coitados.
Gu Nan mexeu no narizzinho dela com o dedo, e falou para o motorista:
— Pode deixar.
O motorista respondeu rápido e colocou o casaco dele no espaço embaixo dos pés de Nuan Nuan. A gata molhada não era muito bonita, parecia um pouco magra e escondia os dois filhotes, que tremiam debaixo da barriga.
Gu An olhou com nojo:
— Então é assim que o gato fica feio quando está molhado.
Esse era o tipo de garoto que só se importava com a aparência.
Nuan Nuan observava ansiosa. Gu Nan falou baixo:
— Não toque neles.
A menininha assentiu obediente:
— Tá, Nuan Nuan sabe, não vai tocar.
— Vamos primeiro ao veterinário.
Esses gatos precisam ser vermifugados, vacinados e ter as unhas cortadas. Não vai ter nada que faça mal para a saúde da Nuan Nuan perto dela. Se esses bichos forem comportados, ele não se importa de criá-los. Mas se forem selvagens, bravos e machucarem Nuan Nuan, ele vai arrumar alguém para levar os gatos embora.
O carro seguiu direto até o hospital veterinário. Quando Gu Nan desceu do carro, entregou ao motorista um cartão:
— Use isso para comprar um conjunto de roupa novo.
O motorista segurou o cartão na mão, os olhos mostravam uma emoção contida, mas ele guardou essa gratidão no coração. Depois, apressou-se para comprar um conjunto de roupas para se trocar, assim não pegaria um resfriado. Se ficasse doente, não poderia ajudar a senhorita Nuan Nuan e o jovem mestre a dirigirem pela cidade.
A mãe gata e os filhotes foram rapidamente levados pelo veterinário para os exames necessários. Os três se sentaram no sofá, e Gu An ensinava Nuan Nuan a jogar no celular.
Ela não entendia jogos muito complicados, mas gostava bastante de alguns como Happy Xiao Xiaole[1] e Tetris[2]. Enquanto desprezava a infantilidade da irmãzinha, Gu An enviou convites para seus amigos jogarem partidas ranqueadas, para poder jogar Happy Xiao Xiaole com Nuan Nuan.
— Uau, irmão, você é incrível!
Toda vez que ele passava de fase, ouvia Nuan Nuan elogiando. Vendo isso, os olhos de Gu An brilharam e seu coração se encheu de alegria.
— Não tem nada demais, é muito fácil.
Enquanto dizia que não havia motivo para elogios, Gu An se esforçava ainda mais para passar cada fase, enquanto Gu Nan pensava distraído: Faz meio mês que não o vejo, por que meu irmão está ficando cada vez mais “fingido”?
— Demais!
Uma voz estranha saiu do corpo de Nuan Nuan, e Gu An quase deixou o celular cair com a mão trêmula.
Olhando assustado, viu a cabeça de um pequeno papagaio escondida no cabelo fofinho da irmã.
— De onde esse pássaro apareceu?!
Ele suspirou aliviado, mas pensou: Tá tudo bem, o que aconteceu com a voz da minha irmã foi horrível.
Nuan Nuan sorriu com as sobrancelhas arqueadas e coçou o queixo do Doudou com os dedos finos e brancos.
— Ele voou até a casa sozinho, e se chama Doudou.
Gu An olhou para ele curioso.
— O que você quer que eu faça?
Gu An riu:
— Você sabe mesmo como...
Parecia que algo estava errado.
— Tá, você tá abusando de mim!
Gu An encarou Doudou com agressividade e tentou agarrá-lo com a mão.
Doudou bateu as asas, voou para cima e gritou enquanto voava.
— Socorro, socorro, alguém está me batendo!
— Para!
— Você não vai parar!
Os dois se encaravam de cima a baixo, com os olhos cruzados.
Nuan Nuan apoiou o queixinho e ficou observando por um tempo, mas Gu An não conseguiu pegar Doudou, então voltou resmungando e retomou o ensino dos jogos para Nuan Nuan.
Os olhos da garotinha se curvaram em pequenos crescents, ela estava muito bonita, e falou baixinho:
— Irmão, não brigue com o Doudou.
Gu An tossiu:
— Tá bom, por sua causa, não vou brigar com um passarinho.
A menina reclamou:
— Você não pode maltratar o irmão.
Doudou parou subitamente.
Agora Gu An estava orgulhoso, como um pequeno galo de Dou Sheng, puxou a irmã e a ensinou animadamente a jogar.
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[1]: Este é um jogo de quebra-cabeça de combinação, parecido com Candy Crush, mas com animaizinhos fofos.
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