Capítulo 59: Gu An e Doudou


 Para carregar esses gatos, a roupa do motorista estava completamente molhada, mas ele sorria feliz, apresentando os bichanos enrolados no casaco para Nuan Nuan como se fossem um tesouro.

O motorista era um tio de meia-idade, muito simples e honesto. Ele tinha uma filha da mesma idade que Nuan Nuan, mas, quando pequena, sofreu de leucemia. Nos momentos mais difíceis, foi a família Gu que lhe deu esse emprego e ainda patrocinou 100 mil yuans para cobrir as enormes despesas do hospital.

Embora a filha tenha falecido no fim, antes de morrer ele conseguiu comprar suas coisas favoritas, e ela partiu feliz.

Por isso, ele era muito grato à família Gu, especialmente à senhorita Nuan Nuan, que tinha a mesma idade que sua filha na época. Toda vez que a via, parecia enxergar sua filha comportada de novo, e não conseguia evitar querer cuidar bem dela.

Mas na família Gu havia muita gente querendo cuidar bem dela: o senhor Gu e sua esposa, o velho patriarca e até o jovem mestre mais velho.

Ele estava realmente feliz por poder fazer algo por essa garotinha agora.

— Entre no carro primeiro.

Nuan Nuan apressadamente o deixou entrar, entregando ao motorista o cobertor limpo com o qual o irmão havia coberto seu corpo.

— Tio, seque-se rápido, não pegue um resfriado.

O motorista sorriu sinceramente, colocou os gatos no colo, dentro da roupa, e passou a mão no cabelo molhado de forma despreocupada.

— Tio, coloca os gatos aqui.

Nuan Nuan apontou para os seus pés, onde ainda havia bastante espaço, e ali dava para acomodar os gatos perfeitamente.

Doudou bicou delicadamente a grossa orelha de Nuan Nuan com o bico, mesmo depois de sair, ainda podia ver os gatos! Será que iam levá-los para casa?

A menininha cutucou as penas do papagaio com o dedo, sinalizando para ele não causar confusão.

O motorista segurava a roupa hesitante:

— Esse carro...

E se sujasse?

— O que tem?

Nesse momento, uma voz fria e familiar soou. O motorista estremeceu e olhou para Gu Nan, que estava parado na porta do carro, segurando um guarda-chuva preto.

O jovem sério não o encarou, só olhou para Nuan Nuan e assentiu satisfeito ao ver que o corpo dela ainda estava seco — parecia que a irmãzinha estava muito obediente.

Com o corpinho pequeno, Gu An entrou no carro um passo antes de Gu Nan, sentou-se ao lado de Nuan Nuan, apertou sua mão macia e a segurou.

Que quentinho!

— Sobre o que vocês estavam falando agora há pouco?

— Miau~ veio um miado fraco, e Gu An viu os gatos na mão do motorista, soltando um grito.

— Por que tem um gato?

Nuan Nuan olhou cuidadosamente para o irmão, que se abaixava para entrar no carro, com aquele ar frio, mas antes que ela falasse algo, duas mãos agarraram seu corpinho.

Gu Nan olhou para Gu An:

— Vai para lá.

Gu An torceu os lábios, mexeu o bumbum para o lado, afinal podia sentar ao lado da irmã, que estava no meio.

Gu Nan colocou Nuan Nuan no meio.

— Irmão, gato.

Ela segurou a palma do irmão com as duas mãos finas e macias e olhou para ele ansiosa, com os grandes olhos preto e branco.

— Você quer ficar com eles?

Nuan Nuan olhou para o irmão com os olhos brilhantes, assentiu obediente e disse baixinho:

— Está chovendo agora, a mãe gata e os filhotes vão pegar chuva, coitados.

Gu Nan mexeu no narizzinho dela com o dedo, e falou para o motorista:

— Pode deixar.

O motorista respondeu rápido e colocou o casaco dele no espaço embaixo dos pés de Nuan Nuan. A gata molhada não era muito bonita, parecia um pouco magra e escondia os dois filhotes, que tremiam debaixo da barriga.

Gu An olhou com nojo:

— Então é assim que o gato fica feio quando está molhado.

Esse era o tipo de garoto que só se importava com a aparência.

Nuan Nuan observava ansiosa. Gu Nan falou baixo:

— Não toque neles.

A menininha assentiu obediente:

— Tá, Nuan Nuan sabe, não vai tocar.

— Vamos primeiro ao veterinário.

Esses gatos precisam ser vermifugados, vacinados e ter as unhas cortadas. Não vai ter nada que faça mal para a saúde da Nuan Nuan perto dela. Se esses bichos forem comportados, ele não se importa de criá-los. Mas se forem selvagens, bravos e machucarem Nuan Nuan, ele vai arrumar alguém para levar os gatos embora.

O carro seguiu direto até o hospital veterinário. Quando Gu Nan desceu do carro, entregou ao motorista um cartão:

— Use isso para comprar um conjunto de roupa novo.

O motorista segurou o cartão na mão, os olhos mostravam uma emoção contida, mas ele guardou essa gratidão no coração. Depois, apressou-se para comprar um conjunto de roupas para se trocar, assim não pegaria um resfriado. Se ficasse doente, não poderia ajudar a senhorita Nuan Nuan e o jovem mestre a dirigirem pela cidade.

A mãe gata e os filhotes foram rapidamente levados pelo veterinário para os exames necessários. Os três se sentaram no sofá, e Gu An ensinava Nuan Nuan a jogar no celular.

Ela não entendia jogos muito complicados, mas gostava bastante de alguns como Happy Xiao Xiaole[1] e Tetris[2]. Enquanto desprezava a infantilidade da irmãzinha, Gu An enviou convites para seus amigos jogarem partidas ranqueadas, para poder jogar Happy Xiao Xiaole com Nuan Nuan.

— Uau, irmão, você é incrível!

Toda vez que ele passava de fase, ouvia Nuan Nuan elogiando. Vendo isso, os olhos de Gu An brilharam e seu coração se encheu de alegria.

— Não tem nada demais, é muito fácil.

Enquanto dizia que não havia motivo para elogios, Gu An se esforçava ainda mais para passar cada fase, enquanto Gu Nan pensava distraído: Faz meio mês que não o vejo, por que meu irmão está ficando cada vez mais “fingido”?

— Demais!

Uma voz estranha saiu do corpo de Nuan Nuan, e Gu An quase deixou o celular cair com a mão trêmula.

Olhando assustado, viu a cabeça de um pequeno papagaio escondida no cabelo fofinho da irmã.

— De onde esse pássaro apareceu?!

Ele suspirou aliviado, mas pensou: Tá tudo bem, o que aconteceu com a voz da minha irmã foi horrível.

Nuan Nuan sorriu com as sobrancelhas arqueadas e coçou o queixo do Doudou com os dedos finos e brancos.

— Ele voou até a casa sozinho, e se chama Doudou.

Gu An olhou para ele curioso.

— O que você quer que eu faça?

Gu An riu:

— Você sabe mesmo como...

Parecia que algo estava errado.

— Tá, você tá abusando de mim!

Gu An encarou Doudou com agressividade e tentou agarrá-lo com a mão.

Doudou bateu as asas, voou para cima e gritou enquanto voava.

— Socorro, socorro, alguém está me batendo!

— Para!

— Você não vai parar!

Os dois se encaravam de cima a baixo, com os olhos cruzados.

Nuan Nuan apoiou o queixinho e ficou observando por um tempo, mas Gu An não conseguiu pegar Doudou, então voltou resmungando e retomou o ensino dos jogos para Nuan Nuan.

Os olhos da garotinha se curvaram em pequenos crescents, ela estava muito bonita, e falou baixinho:

— Irmão, não brigue com o Doudou.

Gu An tossiu:

— Tá bom, por sua causa, não vou brigar com um passarinho.

A menina reclamou:

— Você não pode maltratar o irmão.

Doudou parou subitamente.

Agora Gu An estava orgulhoso, como um pequeno galo de Dou Sheng, puxou a irmã e a ensinou animadamente a jogar.

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[1]: Este é um jogo de quebra-cabeça de combinação, parecido com Candy Crush, mas com animaizinhos fofos.

[2]: Tenho certeza de que a maioria das pessoas deve conhecer esse jogo.



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