Capítulo 97 a 99


 Ch.97 Eu Quero Eles Mortos

— Rápido, tragam umas roupas! Eu tô sufocando com esse fedor!

— Que tipo de vinho você bebeu? Tá fedendo a urina!

Qin Muyun tremia enquanto sacudia a barra encharcada de urina de suas roupas, ignorando as tentativas do jovem criado de detê-lo enquanto avançava para o pátio dos hóspedes.

Assim que entrou no pátio, viu Ye Chutang parada sob o caquizeiro.

Ao lembrar das palavras rudes que havia dito, um rubor constrangido subiu em seu rosto levemente embriagado, e ele forçou um sorriso mais lamentável do que lágrimas.

— Ye—

— Cuidado!

Mal Qin Muyun cumprimentou Ye Chutang, uma faca de arremesso voou direto em direção ao seu rosto.

Ye Chutang chutou um torrão de terra coberto de grama aos seus pés, acertando a faca.

A lâmina desviou e se cravou na parede de tijolos de barro do pátio.

Ela gritou:

— Corre!

Embora sua voz fosse alta, foi engolida pelos sons distantes de cordas e flautas no pátio externo — ninguém a ouviu.

Só então Qin Muyun percebeu que o pátio dos hóspedes estava cheio de homens mascarados, cuja aura assassina tornava o ar quase irrespirável.

Seu rosto empalideceu imediatamente. Ele enfiou a mão no bolso em busca de um apito de osso.

Quando estava prestes a soprá-lo, hesitou.

O presságio de Qi Yanzhou era assustador demais. Se ele viesse agora, a chance de sobreviver era mínima.

Nesse momento de hesitação, uma sombra desceu do caquizeiro, uma espada mirando diretamente a garganta de Qin Muyun.

Todos no pátio dos hóspedes, exceto Ye Chutang e Qi Yanzhou, estavam marcados para morrer!

Sentindo o perigo, Qin Muyun rapidamente sacou o veneno escondido na manga e o arremessou com força interna contra o assassino de preto.

Embora suas habilidades marciais não alcançassem as de Qi Yanzhou, ainda eram formidáveis.

O veneno negro avançou veloz na direção da sombra.

O assassino prendeu a respiração e recuou a espada para evitar o veneno.

Mas a espada não errou completamente: decepou a cabeça de um jovem criado.

Aproveitando o momento, Qin Muyun correu em direção a Ye Chutang e tentou pedir ajuda usando sua força interna.

— ...

Antes que conseguisse falar, outra faca envenenada voou em sua direção com velocidade e precisão mortais.

Ele girou sobre as pontas dos pés e desviou para o lado.

Uma após outra, as facas o perseguiram sem piedade, forçando-o a recuar desajeitadamente.

Lutando para se defender, ele não conseguiu reunir força interna suficiente para chamar por socorro.

Depois de evitar o pó venenoso, o assassino de espada continuou atacando Qin Muyun sem parar.

Ao ver Qin Muyun pressionado ao limite, Ye Chutang chutou outro torrão de terra.

Usando seu poder elemental da terra, o solo se transformou em lâminas afiadas que atingiram o assassino, aliviando temporariamente a crise de Qin Muyun.

— Corre!

Qin Muyun achou que poderia ajudar Ye Chutang, mas logo percebeu que só atrapalhava.

Ele assentiu, desviando das facas enquanto corria para o portão.

— Bang!

O portão do pátio dos hóspedes se fechou com força, trancado pelos homens de Príncipe An.

Cerca de uma dúzia de homens se dividiu em dois grupos, cada qual mirando Qin Muyun e Ye Chutang separadamente.

Para garantir que nada desse errado, o imperador enviara quatro assassinos altamente habilidosos à mansão de Príncipe An.

Príncipe An, considerando que Ye Jingchuan e Ye Chutang eram pai e filha, endurecera menos e enviara apenas dois assassinos para lidar com Ye Chutang.

Um deles já havia sido morto, restando três.

Um estava no topo do caquizeiro, supervisionando tudo e atacando Ye Chutang ocasionalmente.

Os outros dois concentravam todos os esforços nela.

A equipe de elite de Príncipe An tinha oito membros ao todo; após perder dois, restavam seis.

Sabendo que Ye Chutang era difícil de lidar, enviaram quatro homens para enfrentar Qin Muyun, esperando distraí-la e capturá-la com mais facilidade.

As habilidades marciais de Qin Muyun mal eram suficientes para lidar com dois oponentes.

Diante de quatro, ele foi jogado na defensiva, sofrendo vários ferimentos rapidamente.

Ye Chutang pretendia ajudá-lo, mas os Guardas Sombrios eram extremamente habilidosos e cooperavam perfeitamente.

Além disso, ela não podia silenciar Qin Muyun — então não podia usar suas habilidades de terra de forma descuidada — e ficou momentaneamente incapaz de se libertar.

Sob o caquizeiro, embora estivesse lutando arduamente, ela não recuava.

Chegou até a derrubar um dos homens de Príncipe An e ferir outro.

Depois de ser ferido, Qin Muyun se agarrou à vida com determinação feroz.

Mas, no fim, dois punhos não vencem quatro mãos.

Os homens de Príncipe An, vendo-o à beira do colapso, atacaram simultaneamente com precisão mortal.

Os Guardas Sombrios propositalmente deixaram aberturas, dando a Ye Chutang a chance de salvá-lo.

Mas se ela agisse, daria aos Guardas Sombrios a brecha para atacarem.

Dividida entre salvar Qin Muyun e proteger a si mesma, ela não teve escolha senão salvar Qin Muyun.

Ye Chutang usou suas habilidades de terra para trazer o gancho de cinco garras até seus pés.

Ela prendeu a corrente com os dedos dos pés, segurou-a com as mãos e a balançou rapidamente para separar os Guardas Sombrios.

Depois, impulsionando-se do chão com as pontas dos pés, correu em direção a Qin Muyun.

Resignado à morte, Qin Muyun ficou atônito ao ver Ye Chutang arriscar-se para salvá-lo.

— Senhorita Ye… cof...

Ele queria dizer para ela não se preocupar com ele e fugir logo.

Mas estava muito ferido; após apenas duas palavras, tossiu sangue e desmaiou.

Os homens de Príncipe An não interromperam seus golpes fatais, as pontas das espadas mirando o coração e o pescoço de Qin Muyun.

Ao ver Qin Muyun cair, Ye Chutang ativou imediatamente seus poderes de terra.

Os quatro que tentavam matar Qin Muyun de repente sentiram como se estivessem montados em um cavalo em disparada, incapazes de se firmar ou atacar.

As pedras do chão se reviraram, e a terra parecia viva, envolvendo seus pés.

Quando Ye Chutang começou a arrastá-los para debaixo da terra para enterrá-los vivos, uma tensão súbita tomou suas costas.

Perigo!

As habilidades dos Guardas Sombrios eram excepcionais; o chão tremer pouco os afetou.

Os três focaram toda a atenção em Ye Chutang, confundindo o tremor com um abalo repentino da terra, sem perceber a anomalia entre os homens de Príncipe An.

Aproveitando a oportunidade, atacaram ao mesmo tempo, confiantes na vitória.

Ye Chutang rapidamente confirmou a posição de Qin Muyun e puxou uma bomba de sua bolsa espacial.

Quando estava prestes a detoná-la — para matar, silenciar testemunhas e destruir os corpos — Qi Yanzhou arrombou a porta do pátio dos hóspedes com um chute.

Ele vinha controlando o tempo desde que Qin Muyun entrara no pátio dos hóspedes.

Depois de um intervalo equivalente a uma xícara de chá sem Qin Muyun retornar ao pátio externo, ele suspeitou de problema.

Ignorando os bloqueios dos homens de Príncipe An, ele correu para o pátio.

No exato momento em que abriu a porta, o enorme caquizeiro tombou em sua direção.

Ao ver Qi Yanzhou, Ye Chutang soube que a bomba não poderia mais ser usada.

Antes que ele pudesse ver claramente a cena, ela usou rapidamente seus poderes de terra para derrubar o caquizeiro, bloqueando sua visão.

Enquanto isso, os poucos que haviam sido atingidos foram enterrados no subsolo.

Os quatro que tentavam matar Qin Muyun estavam presos pela terra, incapazes de se mover, e foram facilmente mortos pelas flechas ocultas de Ye Chutang.

Qi Yanzhou desviou por pouco da árvore caindo e imediatamente viu Ye Chutang em perigo.

— Senhorita Ye, cuidado!

Sem hesitar, ele ativou seu qinggong ao máximo, alcançando-a num piscar de olhos.

Depois de bloquear o ataque combinado dos Guardas Sombrios, ele arrancou o gancho de cinco garras de sua mão e o girou com força interna.

Sua energia poderosa forçou os Guardas Sombrios a recuar, relutantes em confrontar diretamente.

— Senhorita Ye, leve Huai Xuan e saia primeiro.

O verdadeiro alvo do imperador era ele; Ye Chutang não deveria sofrer esse desastre imerecido.

Mal terminou de falar, ele cuspiu um jato de sangue, seu rosto empalecendo.

As habilidades dos Guardas Sombrios eram quase equivalentes às suas, e o ataque combinado dos três causara ferimentos internos graves.

Assim que ele liberou sua força interna, o gosto metálico de sangue inundou sua boca, impossível de conter.

Depois de tossir sangue, ele empurrou Ye Chutang para longe.

— Vá! Agora!

Ye Chutang sentia várias pessoas se aproximando do pátio. Ela balançou a cabeça.

— Os homens de Príncipe An estão vindo. Eu não consigo fugir, e você não consegue lidar com eles sozinho.

Com isso, ela empurrou uma pílula antídoto na boca de Qi Yanzhou e tomou outra ela mesma.

Então, como se estivesse pisando no ar, moveu-se até Qin Muyun e abriu a boca dele à força.

Depois que Qin Muyun engoliu a pílula, Ye Chutang voltou ao lado de Qi Yanzhou.

Seu olhar se fixou nos três Guardas Sombrios, irradiando pura intenção assassina.

— Eu quero eles mortos. Me ajude.

Os três viram que ela havia sacado a arma — não restava dúvida de que teriam de morrer!


Ch.98 — O Veneno Ígneo de Qi Yanzhou Entra em Fúria

O solavanco sob seus pés fez Qi Yanzhou lutar para manter o equilíbrio.

À medida que sua energia interna diminuía, a eficácia de seu gancho de cinco garras também enfraquecia.

Observando os igualmente assassinos guardas sombrios, ele perguntou a Ye Chutang:

— Como a Senhorita Ye gostaria que eu ajudasse?

Ye Chutang retirou vários frascos de sua bolsa espacial e sussurrou:

— Simples. Use sua energia interna para impulsionar o veneno e matá-los.

Qi Yanzhou achou a tarefa difícil — afinal, os três homens estavam vivos, habilidosos na evasão e altamente treinados em artes marciais.

Mas ele confiava que Ye Chutang não agiria sem motivo e concordou sem hesitar:

— Entendido.

Aqueles três eram ameaças formidáveis demais; eliminá-los era a única maneira de sobreviver.

Caso contrário, quando os homens do Príncipe An chegassem, eles ficariam presos entre duas frentes!

Ye Chutang entregou a Qi Yanzhou um pequeno frasco marrom.

— Primeiro alvo: o da extrema esquerda. Esmague o frasco e espere meu sinal. Depois jogue junto com o pó venenoso.

Qi Yanzhou assentiu e esmagou o frasco com um estalo seco.

Canalizando sua energia interna, ele envolveu o pó venenoso e os estilhaços de vidro, fundindo-os para aumentar sua letalidade.

Aproveitando o momento, Ye Chutang recolheu abruptamente sua habilidade de terra.

O solo turbulento subitamente se acalmou.

— Agora!

Ao comando dela, Qi Yanzhou lançou o pó venenoso com setenta por cento de sua energia interna em direção ao guarda sombrio da extrema esquerda.

Ele reteve sua força total — força demais faria o pó detonar no ar.

A calmaria repentina desorientou o guarda, que já havia se ajustado ao tremor. Antes que conseguisse se firmar, o veneno já estava em seu rosto.

Sem tempo para desviar com a espada, ele ergueu o braço carregado de energia.

O choque de energias explodiu.

O poder do guarda não era páreo para o de Qi Yanzhou. O veneno explodiu contra seu braço com força amplificada, incrustando estilhaços de vidro embebidos em toxina em sua carne. O veneno se espalhou rapidamente, e em segundos ele caiu morto.

A emboscada havia sido bem-sucedida, como esperado.

Mas Ye Chutang sabia que os dois restantes estariam em alerta máximo — envenená-los não seria tão fácil.

Não importava. Ela ainda tinha sua habilidade de terra.

Sentindo as forças do Príncipe An se aproximando do pátio externo, Ye Chutang ampliou o alcance do terreno trêmulo, intensificando os tremores.

Qi Yanzhou mal conseguia se manter de pé, enquanto os dois guardas sombrios cambaleavam descontrolados.

Percebendo que aquele “terremoto” era antinatural, eles tentaram fugir.

Mas sempre que encontravam apoio para saltar, o solo sob seus pés desaparecia, deixando-os sem impulso.

Que feitiçaria é essa?!

Desesperados, eles se viraram um contra o outro — ambos pretendendo usar o outro como degrau.

Qi Yanzhou notou a tentativa de fuga e disse:

— Senhorita Ye, se eles fugirem, talvez eu não consiga detê-los.

Ye Chutang respondeu com certeza:

— Relaxe. A desconfiança entre eles vai prendê-los.

Mal ela terminara de falar e os dois guardas atacaram um ao outro simultaneamente.

Em meio ao conflito, nenhum escapou.

Qi Yanzhou aproveitou a chance e eliminou ambos com outro frasco de veneno.

Mas sua vitória durou pouco — um perigo ainda maior se aproximava.

— Senhorita Ye —

Antes que ele terminasse, um calor abrasador explodiu em seu peito, como se chamas o devorassem. Seu sangue fervia.

Sua expressão escureceu. O veneno ígneo estava entrando em fúria.

O Príncipe An havia conseguido atingi-lo — mesmo ele tendo evitado toda comida e bebida.

— Senhorita Ye, temo que hoje eu—

Ye Chutang pressionou um dedo contra seus lábios em brasa.

— Comigo aqui, você não vai morrer.

Notando seus cabelos avermelharem com o avanço do veneno, ela golpeou a nuca dele com um movimento certeiro, deixando-o inconsciente.

Dissipando sua habilidade, ela ergueu Qi Yanzhou com uma mão e segurou Qin Muyun com a outra.

Antes de partir, ela detonou o pátio de hóspedes e cavou um túnel direto até a Mansão do Príncipe Chen.

Emergindo no pátio do estúdio, ela imediatamente selou o meridiano do coração de Qi Yanzhou com agulhas de prata e verificou seu pulso.

O veneno ígneo estava violento, mas não tão feroz quanto da última vez.

Localizando o porão de gelo, colocou-o perto da entrada — perto o bastante para o frio suprimir o veneno, mas não congelar sua pele.

Antes de sair, ela pressionou um ponto de acupuntura para garantir que ele permanecesse inconsciente até o veneno diminuir.

Retornando ao estúdio, tratou os ferimentos de Qin Muyun e o escoltou de volta à Mansão do Grande Tutor.

Com seu trabalho ainda incompleto, ela seguiu para o portão traseiro da vila do Segundo Príncipe, em vez de retornar à Mansão do Príncipe Chen.

A farta refeição que ela havia encomendado de vários restaurantes tinha chegado, empilhada tão alto que quase bloqueava o portão.

Depois de confirmar que ninguém estava por perto, ela guardou os pratos em sua bolsa espacial, organizando-os em prateleiras feitas sob medida.

— Um pouco tarde. A comida esfriou — estraga o sabor — ela murmurou.

Disfarçada de homem, infiltrou-se na Mansão do Príncipe An — a origem do caos daquela noite.

A propriedade fervilhava de atividade.

O pátio de hóspedes estava em ruínas, atraindo uma multidão de curiosos murmurando.

Misturando-se à multidão, Ye Chutang passou despercebida.

— O que aconteceu? O pátio simplesmente explodiu e virou entulho!

— Dizem que foi um terremoto, mas veja — as ameixeiras estão despedaçadas, e há membros ensanguentados por toda parte.

— O Príncipe An está em apuros. A Senhorita Ye, o Jovem Mestre Qin e o Príncipe Chen estavam todos aqui.

— Será que estão vivos? Tomara que estejam bem.

O Príncipe An, encharcado de suor, ignorou os comentários e gritava ordens a guardas e servos que reviravam os destroços.

— Cavem três pés se precisarem — quero que os encontrem, vivos ou mortos!

Embora o Imperador quisesse o Príncipe Chen desonrado e sua casa erradicada, se ele morresse ali, tanto a corte quanto o povo se voltariam contra o Príncipe An.

Observando o Chanceler Qin remexer os destroços com unhas sangrentas e quebradas, o Príncipe An sinalizou para os guardas contê-lo.

— Chanceler Qin, eu juro que vamos encontrar seu filho.

Qin Zheng rugiu:

— Vivo! Se ele estiver morto, a Mansão do Grande Tutor e a sua serão inimigas mortais!

Sua fúria contrastava nitidamente com a calma estranha de Ye Jingchuan — prova de quem realmente se importava.

Massageando as têmporas, o Príncipe An rosnou:

— Trabalhem mais rápido! Eu preciso de sobreviventes.

Ele precisava saber o que havia acontecido naquele pátio

Ch.99 — Esvaziando a Mansão do Príncipe An

Ye Chutang observou o tumulto por um tempo antes de se preparar para partir e lidar com assuntos mais urgentes.

Nesse momento, a Princesa An chegou às pressas.

— Senhores e senhoras, peço desculpas pela hospitalidade inadequada hoje. Preparei presentes modestos como forma de expressar meu pesar, e farei uma visita pessoal para me desculpar adequadamente em outro dia.

Mal ela terminou de falar, Qin Zheng bradou:

— Depois de um incidente tão grave, ninguém tem permissão para sair até que a investigação seja concluída!

Ele sabia que a destruição dos aposentos de hóspedes não tinha nada a ver com os oficiais ou suas famílias.

Mas mantê-los ali pressionaria o Príncipe An a agilizar a investigação.

Ye Jingchuan interveio:

— Chanceler Qin, não há necessidade de descontar sua raiva—

Antes que pudesse terminar, Qin Zheng o cortou com uma risada fria.

— Ministro Ye, você deve estar radiante de felicidade por sua filha estar desaparecida sem deixar vestígios, viva ou morta?

Ye Jingchuan se ouriçou como um gato com o rabo pisado.

— Que absurdo você está dizendo? Estou profundamente preocupado com a segurança de Chutang. Só não quero culpar pessoas inocentes.

— Investigar a verdade é “descontar raiva”? Todo o seu estudo foi em vão, Ministro Ye? Ou você já sabe quem é o responsável e está tentando deixá-lo escapar no caos?

Provocado pela acusação, Ye Jingchuan mudou de posição com indignação.

— Muito bem, investigue! Ninguém sai até descobrirmos tudo!

O Príncipe An, relutante em antagonizar a família Qin, interveio:

— O clima está sufocante. Por favor, todos, retirem-se para o salão principal ou para os jardins para descansar. Assim que tivermos respostas, informarei pessoalmente a cada um.

A Princesa An e o herdeiro, Zhao Qingshu, prontamente conduziram os convidados para longe dos aposentos destruídos, deixando apenas Qin Zheng e Ye Jingchuan para trás.

Ye Chutang foi a primeira a desaparecer, escorregando para o subsolo em direção ao pátio dos fundos.

Quase todos os servos e guardas do Príncipe An estavam ocupados revirando os escombros dos aposentos de hóspedes, enquanto as criadas atendiam os convidados no salão principal e no pátio traseiro.

Exceto pelos aposentos da Princesa Anping, o pátio traseiro estava deserto.

Depois de memorizar a disposição do local, Ye Chutang seguiu direto para a residência privada do Príncipe An.

O complexo principal era o coração da propriedade e a única área guardada no pátio traseiro.

Ela emergiu debaixo do assoalho de madeira do quarto e esvaziou o cômodo inteiro para sua bolsa espacial.

Antes de sair, ela espalhou gasolina e incendiou o local.

A luz do dia era forte demais, e só quando uma fumaça negra irrompeu do quarto os guardas perceberam o fogo.

Nesse momento, Ye Chutang já havia saqueado todos os livros e cartas do estúdio.

Ela até encontrou uma câmara secreta e a esvaziou por completo.

Ao deixar o estúdio, ouviu os guardas gritando:

— O quarto está pegando fogo! Avisem Sua Alteza e Sua Alteza imediatamente!

Um fósforo aceso caiu no instante em que as palavras eram ditas, incendiando o estúdio ensopado de gasolina.

Ye Chutang então seguiu para o depósito em frente ao estúdio.

Não sabia quando o Príncipe An encontraria seu fim.

Mas sabia exatamente quando a mansão dele viraria ruínas — hoje.

O salão principal ficava logo atrás do pátio frontal. Convidados conversando ao longo da passarela coberta viram a fumaça espessa subir e correram para procurar Zhao Qingshu.

— Jovem Mestre, o pátio traseiro está pegando fogo?

Zhao Qingshu estava prestes a investigar quando um guarda coberto de fuligem do complexo principal se aproximou correndo.

— Jovem Mestre—

— Deixe, eu mesmo vou verificar o pátio traseiro.

Quando Zhao Qingshu chegou, Ye Chutang já havia esvaziado o depósito e ateado fogo nele.

O extenso complexo principal estava envolto em fumaça densa, as vigas de madeira estalando enquanto as chamas rugiam e o calor consumia o ar.

— Como esse incêndio começou?

Os lábios do guarda tremiam ao lembrar do que viu ao abrir a porta do quarto.

— Jovem Mestre, é o ‘Ladrão Fantasma’ — o quarto de Sua Alteza foi completamente saqueado!

— O estúdio também — tudo sumiu.

O rosto de Zhao Qingshu escureceu enquanto ele se virava para o depósito.

— Verifiquem agora!

O depósito estava trancado, mas o guarda, habilidoso em artes marciais, arrombou a porta com um único chute.

Chamas e fumaça espessa explodiram para fora, chamuscando os cabelos do guarda.

Zhao Qingshu respirou fundo e ordenou:

— Chamem ajuda para apagar o fogo!

Mas antes que as chamas no pátio principal fossem contidas, incêndios começaram a surgir um após o outro nos pátios menores.

Ye Chutang deixou a residência da Princesa Anping, o Pátio das Flores, por último.

Assim que entrou, ouviu gritos furiosos.

— Como o pai pôde lidar tão mal com isso? Por que o Irmão Yan não pulou na água para me salvar?!

— Vou mandar arrancar aqueles dois canalhas pedaço por pedaço e moer seus ossos!

— E vocês, covardes — também não vou poupar nenhum de vocês!

Crash!

Uma xícara de chá se espatifou no chão.

— Fora, todos vocês! Fiquem ajoelhadas lá fora por duas horas!

Duas criadas saíram dos aposentos da Princesa Anping, fingindo obediência antes de se acomodarem sob a sombra de uma árvore no pátio.

Aproveitando o momento, Ye Chutang deslizou para dentro do quarto da princesa.

A Princesa Anping estava furiosa, olhos bem fechados, recusando-se a ver qualquer pessoa.

De repente, sentiu uma sombra pairar sobre ela — então uma lâmina fria pressionou sua garganta.

Seus olhos se abriram num sobressalto.

Um homem estranho estava diante dela, um punhal afiado roçando em seu pescoço.

Aterrorizada, a Princesa Anping tentou gritar, mas a lâmina cortou levemente sua pele.

Ye Chutang engrossou a voz, transformando-a num rosnado masculino.

— Não se mexa. Não grite. A menos que queira que eu me divirta com você antes de cortar sua garganta.

A princesa tremia violentamente, soluçando de puro medo.

— Poupai-me, bravo senhor! Eu obedecerei!

— Me chame de “Ladrão Fantasma”.

Ao ouvir “Ladrão Fantasma”, a Princesa Anping lembrou-se dos “Dezoito Infernos” da Torre Celeste — onde dezoito jovens mulheres haviam encontrado mortes horríveis.

Será que ela seria a décima nona?

Seu rosto empalideceu, o corpo inteiro tremendo sem controle.

— V-você…

Antes que pudesse terminar, ela desmaiou.

Ye Chutang bufou.

— Uma tirana que desmorona ao primeiro sinal de perigo real.

Ela embainhou o punhal, largou a princesa inconsciente no chão e começou a revirar o quarto.

Então deu tapas fortes no rosto da princesa, despertando-a num sobressalto.

— Responda às minhas perguntas com sinceridade, e eu deixo você viver.

A Princesa Anping encarou seus aposentos revirados, tremendo ainda mais.

— S-sim! Eu direi tudo!

— Por que o Imperador está tão determinado a forçar o Príncipe Chen a se casar com Ye Chutang?

A princesa esperava perguntas sobre os tesouros secretos da família — não aquilo.

Atônita, ela sacudiu a cabeça freneticamente.

— Eu não sei! Só sei que Sua Majestade ordenou que meu pai encurralasse o Príncipe Chen e Ye Chutang em uma situação comprometedora, para que não tivessem escolha além de aceitar o decreto de casamento imperial.

Ye Chutang sorriu de forma fria.

— Gente inútil não merece viver.

A Princesa Anping desabou em lágrimas aterrorizadas.

— Juro que estou dizendo a verdade! Que eu morra de forma horrível se eu estiver mentindo!

— Você ama riquezas, não é? Eu direi onde a fortuna da família está escondida!

Como grãos caindo de um saco, ela revelou cada cofre secreto da residência do Príncipe An.

Os lábios de Ye Chutang se curvaram.

— Ótimos esconderijos.

Dois deles eram tão bem disfarçados que até ela havia deixado passar.

Com um chute, ela lançou a Princesa Anping em direção à porta. A cabeça da princesa bateu na madeira, fazendo-a desmaiar novamente.

Lá fora, as duas criadas ouviram o barulho, mas o ignoraram.

Nesse momento, Zhao Qingshu chegou às pressas.

— Por que estão ajoelhadas aqui? Onde está a princesa?

Percebendo que os incêndios haviam atingido apenas os aposentos nobres, ele correu direto para o intacto Pátio das Flores.

A criada respondeu rapidamente:

— Nós irritamos a Princesa Anping e estamos de castigo aqui. Sua Alteza está descansando em seus aposentos.

Embora Zhao Qingshu fosse irmão mais velho da Princesa Anping, seria impróprio invadir seus aposentos privados.

— Vá verificar a princesa imediatamente — ordenou.

— Sim, Jovem Mestre.

A criada se levantou e correu até a câmara, empurrando a porta.

Mas ela não se moveu.

— Jovem Mestre, a porta não abre — parece trancada por dentro.

Percebendo que algo estava errado, Zhao Qingshu avançou e arrombou a porta com um único golpe.

A Princesa Anping, que estava caída contra a porta, foi arremessada pelo impacto e rolou para dentro da gasolina recém-derramada, agora em chamas.

.


Postar um comentário

0 Comentários