Capítulo 6: O Caminho Celestial

 Luo Han caminhava como se flutuasse. Ling Qingxiao havia prometido protegê-la, então para onde iriam a seguir dependia inteiramente dela.

Luo Han não fazia a menor ideia sobre o Reino Imortal. No fim das contas, foi Ling Qingxiao quem usou seu sentido divino para determinar a direção, guiando-a até a cidade mais próxima para que pudessem descansar e reabastecer os suprimentos.

Dentre esses suprimentos, o mais crucial era preparar um véu para ocultar o rosto de Luo Han e impedir que outros a sondassem com seus sentidos divinos.

Embora todos da raça imortal fossem deslumbrantemente belos, a beleza precisava ser respaldada pela força. Apesar de o Reino Imortal ser consideravelmente mais seguro do que os Reinos Mortal e Demoníaco, não estava isento de cantos sombrios. Até imortais podiam recorrer a atos violentos e deixar-se levar pelas aparências.

Ling Qingxiao também era excepcionalmente bonito, mas nunca precisou de qualquer disfarce em público. Como membro da raça dragão e um formidável deles, ninguém ousava cobiçá-lo, permitindo-lhe andar livremente, sem medo das investigações sombrias que outros poderiam enfrentar.

No entanto, Luo Han era diferente. Ela ainda era uma pessoa comum, sem meios de se proteger. Embora Ling Qingxiao estivesse ao seu lado durante esse tempo, uma distração ainda podia acontecer. O melhor era tomar precauções desde o começo, usando artefatos mágicos para ocultar o rosto de Luo Han quando estivessem fora — melhor prevenir do que remediar.

Luo Han andava bem perto de Ling Qingxiao e não pôde deixar de exclamar:

— Então chega um dia em que eu também preciso me preocupar em ser bonita demais.

Ling Qingxiao ouviu, mas fingiu não ouvir. Aquela jovem era incomumente animada e frequentemente dizia coisas inexplicáveis. No começo, ele prestava atenção, mas agora já estava completamente acostumado.

Quando deixaram o Reino Divino, foram transportados para uma região selvagem e remota. Ling Qingxiao carregava Luo Han enquanto voavam rumo à cidade mais próxima. Essas cidades eram formadas por imortais dispersos que se reuniam. Embora as casas fossem simples, eram suficientes para uma parada temporária.

Os humanos ansiavam pelos céus e pelos imortais, sem saber que, acima das nuvens, a raça imortal também possuía sua própria hierarquia social, muito parecida com os reinos humanos, dividida em graus de status e nobreza.

O céu e a terra se opunham, mas, na realidade, o Reino Celestial era um termo amplo. Era composto por trinta e seis camadas do céu e setenta e duas províncias. As trinta e seis camadas eram ainda divididas pela altura, do mais baixo ao mais alto: os seis céus inferiores, os dezoito céus médios, os quatro céus superiores, os Quatro Céus Brahma, os Três Céus Puros e o Grande Céu Luo. Quanto mais alta a camada, mais densa a energia espiritual e, naturalmente, maior o prestígio.

Na fronteira dos Três Céus Puros estava o Portão Celestial do Sul. Além desse portão, tudo pertencia ao Palácio Celestial. Portanto, os Três Céus Puros eram a parte mais prestigiosa do Reino Celestial, equivalente à capital imperial de um reino mortal. Ali ficavam os escritórios de todas as principais instituições imortais, e entrar nos Três Céus Puros era uma honra para toda a raça imortal.

Acima dos Três Céus Puros estava o Grande Céu Luo, domínio exclusivo do Imperador Celestial, onde ninguém podia entrar sem um decreto. Abaixo dos Três Céus Puros estavam os Quatro Céus Brahma, que, assim como as áreas ao redor da capital mortal, eram reservados para parentes imperiais, altos funcionários e nobres. No Reino Celestial, os Quatro Céus Brahma eram ocupados pelos descendentes dos clãs e oficiais proeminentes, onde cada centímetro de terra valia ouro.

O Grande Céu Luo, os Três Céus Puros e os Quatro Céus Brahma ocupavam mais de oitenta por cento dos recursos e da energia espiritual do Reino Celestial, mas abrigavam menos de um por cento da população. Abaixo dos Quatro Céus Brahma encontrava-se a verdadeira sociedade da raça imortal.

Os seis céus inferiores, os dezoito céus médios e os quatro céus superiores — esses eram o que os imortais chamavam, no dia a dia, de "Reino Celestial". As distinções entre essas camadas eram claras até mesmo no nome. Os quatro céus superiores abrigavam as famílias mais proeminentes; os dezoito céus médios formavam a espinha dorsal da sociedade imortal, reunindo a maioria dos imortais espirituais e celestiais, junto a inúmeros clãs médios e menores, que se assemelhavam à classe média da sociedade moderna. A família Zhongshan Ling, à qual pertencia Ling Qingxiao, residia nos dezoito céus médios.

Os seis céus inferiores eram os mais populosos, mas os que menos tinham influência. Ali se reuniam os imortais nativos menos talentosos ou os imortais errantes que haviam ascendido de outros reinos. Os imortais nativos, com suas habilidades inatas limitadas, frequentemente passavam a vida inteira sem alcançar o nível de imortal espiritual. Sem atingir esse nível, não podiam ser verdadeiramente considerados imortais. Ficavam à mercê dos céus inferiores, e seus filhos geralmente enfrentavam o mesmo destino, repetindo o caminho dos antepassados por gerações.

Quanto aos imortais errantes vindos de outros reinos, apesar de serem fortes em seus domínios anteriores, no Reino Imortal lhes faltavam conexões, família e status, deixando-os à deriva nos seis céus inferiores. Eles tinham apenas duas maneiras de ascender: através do casamento ou tornando-se discípulos de figuras mais poderosas, o que lhes permitiria escapar do nível inferior e entrar nos céus médios mais elevados.

Entre esses imortais errantes, havia alguns com potencial considerável. A cada cem anos, mais ou menos, os grandes clãs dos céus médios recrutavam dos céus inferiores. Yun Menghan foi um desses casos, tendo sido acolhido pela família Ling.

Embora Ling Qingxiao e Luo Han tenham sido teleportados pelo Reino Divino para os dezoito céus médios, eles já estavam próximos dos seis céus inferiores, o que explicava a presença de uma cidade formada por imortais errantes. Se tivessem sido enviados a um céu mais alto, tais cidades desorganizadas não existiriam. Nos dezoito céus médios, os grandes clãs exerciam controle, cada um dominando seus próprios territórios conforme limites estabelecidos há muito tempo. Apesar de existirem muitas cidades grandes nos céus médios, todas estavam invariavelmente sob a influência de algum grande clã.

Um exemplo era a Cidade Tianzhao, aos pés de Zhongshan.

Durante o caminho, Ling Qingxiao explicou brevemente a situação dos céus superiores, médios e inferiores para Luo Han. Ela ouviu, compreendendo fragmentos, mas principalmente decorou os nomes, sabendo que teria que aprender mais com o tempo. Ling Qingxiao evitou multidões ao longo da jornada, mas ao entrarem na cidade, ainda assim causaram um pequeno rebuliço.

Ling Qingxiao e Luo Han caminharam lado a lado até a estalagem. No momento em que o estalajadeiro da Residência dos Hóspedes Imortais os viu entrar, pareceu que seus olhos foram completamente purificados.

Eles realmente eram radiantes, exalando uma presença etérea. Enquanto permaneciam ali, o estalajadeiro quase sentiu como se seu humilde estabelecimento tivesse sido transformado no próprio Palácio Celestial.

Luo Han olhou para os beirais ornamentados, as entalhes intricadas e as flores exóticas ao redor, começando a duvidar da descrição anterior de Ling Qingxiao sobre o local como "tosco". Aos olhos mortais, aquilo era o ápice do que um palácio celestial poderia ser. Mas, para os imortais, aquilo não passava de uma estalagem de segunda categoria e mal conservada?

Luo Han mal podia imaginar como seria o verdadeiro Palácio Celestial.

Mal haviam entrado no salão principal quando Ling Qingxiao e Luo Han atraíram a atenção de muitos espectadores. O rosto de Ling Qingxiao ficou frio, percebendo que não podiam demorar ali. Após deixar um símbolo, ele imediatamente conduziu Luo Han para fora da estalagem.

Luo Han seguiu obediente atrás de Ling Qingxiao, vendo quando ele parou em frente a uma porta. Usando um selo especial com as mãos, ele levantou a restrição da sala. Então, se afastando um pouco, disse:

— Este é o seu quarto. Não seria apropriado eu entrar. Tenha cuidado e, se acontecer qualquer coisa, me avise imediatamente.

Depois de falar, ele ainda não estava totalmente tranquilo e perguntou novamente:

— Você se lembra da invocação para o jade de comunicação?

— Lembro — Luo Han assentiu. Ela empurrou a porta, percebendo que Ling Qingxiao não olhou para dentro nem uma vez. Só depois que ela entrou completamente é que ele fez um gesto afirmativo para ela.

— A porta está selada com uma restrição. Assim que você fechar, ninguém poderá usar o sentido divino para espionar o quarto sem sua permissão. Estou logo ao lado. Se acontecer qualquer coisa, me mande uma mensagem imediatamente.

Embora falasse com Luo Han, seus olhos permaneciam desviados, nunca olhando para dentro do quarto dela. Luo Han percebeu isso e sentiu um calor repentino de apreço.

Era um detalhe pequeno, mas os detalhes muitas vezes revelam o caráter de uma pessoa.

Luo Han assentiu novamente, mas percebeu que Ling Qingxiao não ia embora. Trocaram alguns olhares e, quando ela começou a fechar a porta com cuidado, ele finalmente se virou e partiu.

Depois de fechar a porta, Luo Han ficou surpresa. Ling Qingxiao podia ser distante, mas também era extremamente rigoroso quanto às regras e à ordem. Ele nem sequer lançava um olhar para pessoas que não tinham nada a ver com ele, mas uma vez que fazia uma promessa, levava aquilo a sério e com responsabilidade.

Luo Han estalou a língua suavemente. Será que ele realmente deveria ser um vilão? Ou será que a rigidez do Ling Qingxiao com conduta cavalheiresca o reprimiu tanto que acabou distorcendo seu jeito para algo extremo?

Suspirando para si mesma, Luo Han sentou-se em um sofá confortável. Embora aquilo se chamasse uma estalagem, o quarto era incrivelmente espaçoso. Com um olhar rápido, ela viu várias seções: uma sala de refino de pílulas, uma câmara para bestas espirituais, uma área de treinamento, um estudo e um quarto.

A vida dos imortais estava mesmo além da sua imaginação.

Luo Han não teve interesse em explorar o quarto. Assim que ficou a sós, imediatamente tirou o bracelete. Ela lembrava que a vontade remanescente havia ativado o artefato mágico para ela e, no processo, também levantou o selo sobre sua aparência. O selo provavelmente tinha sido colocado por seus pais, considerando que sua verdadeira beleza poderia causar um rebuliço mesmo no Reino Imortal, onde havia indivíduos deslumbrantes por toda parte. Se ela aparecesse assim no mundo moderno...

Ela nem conseguia imaginar as consequências.

Já que seus pais haviam selado sua aparência, seu presente de maioridade dificilmente seria só um bracelete comum. Luo Han o pegou para observar melhor. O bracelete era feito de jade translúcido, com detalhes finos em prata nas bordas. A combinação de prata e jade era inegavelmente bela.

Mas como usá-lo?

Mal o pensamento lhe ocorreu, uma interface apareceu de repente na sua frente. Assustada, Luo Han soltou o bracelete, fazendo a interface desaparecer tão rápido quanto surgiu.

Ela respirou fundo e se concentrou, tentando entender como ativar o bracelete. A princípio, pensou que poderia haver um botão físico, mas lembrou que no Reino Imortal as pessoas estavam acostumadas a usar o sentido divino em vez dos sentidos físicos. Espaços de armazenamento e artefatos mágicos eram controlados pelo sentido divino.

Com um único pensamento, a interface reapareceu. Enquanto olhava para o painel familiar, uma onda de nostalgia a invadiu.

Afinal, aquele era o mundo onde ela cresceu por dezoito anos — como não se apegar profundamente? Luo Han tocou o painel e, como esperava, era incrivelmente parecido com os tablets que conhecia do mundo moderno. A única diferença era que aquele não era um objeto físico, mas mais parecido com os computadores holográficos sofisticados de um filme de ficção científica.

Essas eram as coisas que Luo Han conhecia melhor, e não demorou a descobrir como operar o novo tablet. Sentiu uma emoção crescente — aquilo devia ter sido preparado pelos seus pais.

Embora eles não fossem seus pais biológicos — na verdade, eram a mesma pessoa — a bondade que mostraram ao criá-la era algo que Luo Han jamais esqueceria.

Depois de se familiarizar com a interface, Luo Han rapidamente começou a explorar os diversos módulos. Decidiu chamar aquilo, por enquanto, de "Sistema Celestial". O sistema continha uma enorme quantidade de informações, incluindo a população total dos Seis Reinos — imortais, humanos, demônios, espíritos e seres do submundo — junto com taxas de nascimento, de mortalidade e a distribuição etária da população. Ao investigar mais a fundo, ela descobriu que podia até consultar registros detalhados de cada indivíduo: nome, idade, local de origem e árvore genealógica.

Era um poderoso sistema de censo. Luo Han mudou para outra página e entrou no mapa dos Seis Reinos. Ao aproximar o zoom, podia ver claramente a cobertura vegetal, a densidade de energia espiritual, a diversidade de espécies e até o rastreamento de localização.

Por impulso, ela mudou o mapa para sua localização atual. Felizmente, seu quarto aparecia como um espaço em branco, provavelmente devido às barreiras protetoras. Embora o sistema fosse poderoso, não era onisciente.

Forças externas — como energia espiritual, barreiras protetoras ou formações — podiam bloquear a visão do sistema. O Sistema Celestial só conseguia acessar áreas naturais livres de interferências humanas.

Luo Han compreendeu as limitações do sistema, então decidiu sabiamente não testar sua sorte olhando o mapa do Palácio Celestial. Afinal, ela queria viver alguns anos a mais.

Depois de experimentar mais algumas funções, ela entendeu completamente o quão emocionante era ter privilégios de "modo deus". Mas, depois de se divertir um pouco, percebeu que ainda não havia conseguido realizar o que queria naquele dia.

Embora tivesse conseguido convencer Ling Qingxiao a ser seu guarda-costas, não poderia depender dele para sempre. Agora que estava no mundo da cultivação, por que não treinar a si mesma?

Até mesmo os deuses, embora nascessem com habilidades inatas, tinham que praticar o domínio do poder divino; afinal, ninguém conquista força sem esforço.

Luo Han não encontrou nenhuma função diretamente relacionada à cultivação, então teve uma ideia repentina e usou a função de busca.

Claro que, como esperado, vários recursos apareceram na tela. Luo Han começou pelos mais simples e foi aprendendo aos poucos sobre suas habilidades divinas.

Diferente dos imortais, que podiam escolher quais habilidades cultivar, as habilidades de um deus já estavam predeterminadas ao nascer. Como ela suspeitava, não era feita para combate. Orações, bênçãos, prosperidade, fertilidade... que tipo de habilidades eram essas?

Luo Han clicou na página "Bênçãos" e seus olhos quase ficaram cegos com a enxurrada de barras de informações piscando. O conteúdo atualizava tão rápido que ela não conseguia distinguir nada. Cada entrada era um desejo feito por alguém dos Seis Reinos — a maioria por riqueza, seguida por pedidos por filhos. Nas bordas, havia até declarações de amor, em sua maioria de homens.

Um pequeno sorriso surgiu nos lábios de Luo Han. Fazer um voto ao céu não era coisa pequena. Se alguém jurasse algo e não cumprisse, ela podia realmente chamar um raio para castigar o infiel.

— Vamos ver qual alma coitada está fazendo promessas grandiosas desta vez.

Ela tocou no filtro, com a intenção de passar o tempo, mas para sua surpresa, o primeiro nome que apareceu foi o do protagonista masculino.

Luo Han havia esbarrado sem querer numa fofoca suculenta, e o voto continuava a se atualizar.

— Meng'er, juro pelos céus que meu relacionamento com Yinyue é puramente fraternal. Se não acredita, juro aqui e agora, diante de toda a criação e dos ancestrais do Monte Zhong, um juramento mortal!

A frase parou por um momento antes de continuar:

— Eu, Ling Zhongyu, prometo que se meus sentimentos por Meng'er não forem sinceros, perderei tudo, cairei para o Clã dos Demônios e nunca ascenderei à imortalidade...

Ele mal terminou antes da frase parar abruptamente. Luo Han sorriu com conhecimento de causa — sem dúvida a protagonista feminina tinha delicadamente tampado a boca dele para impedi-lo de fazer um juramento tão grave.

— Por que pararam ele? Que termine se tiver coragem — murmurou Luo Han. — No fim das contas, ele realmente caiu na escuridão.

Ela observou o voto mudar de cor diante dos seus olhos, solidificando-se em uma marca eterna. Luo Han refletiu sobre o fato de que Ling Zhongyu havia jurado voluntariamente aos céus, fazendo um pacto com o próprio universo. Ela sabia muito bem como o protagonista masculino se comportaria mais adiante na história. Isso significava que agora ela tinha o poder de chamar um raio para castigá-lo?

Um sorriso malicioso se espalhou pelo rosto dela — Luo Han acabara de descobrir uma maneira única de se adiantar.