Capítulo 10 a 12


 Capítulo 10 — Intimidade da Irmã Concubina 

Depois do café da manhã, Zhuang Shiyang preparou uma carruagem para ir ao tribunal. Tia Mei viu Zhuang Shiyang sair, olhou para Zhou com desdém, bufou e saiu da sala.

Han Yan limpou a boca e se levantou. Zhou piscou para Zhuang Yushan, que logo se levantou e disse a Han Yan de forma bajuladora:

— Está tudo bem, irmã Yan’er?

Han Yan lançou um olhar para Zhou, que sorria olhando para ela. Depois de pensar um pouco, respondeu:

— Nada.

Zhuang Yushan logo veio até ela e segurou seu braço:

— Nada? Então que tal irmos juntas ao jardim?

Governanta Chen olhou para Zhou e sua filha com desprezo. Mal tinham entrado na mansão e já se achavam donas da casa. Quem não soubesse pensaria que Zhuang Yushan era a filha legítima da família Zhuang.

Han Yan não se incomodou. Sorriu e deu um tapinha na mão de Zhuang Yushan:

— Afinal, é a sua primeira vez na mansão. Aposto que você nunca viu a paisagem daqui. Vou te mostrar para evitar que se perca ou vá para onde não deve.

Ela levantou o olhar casualmente e viu o rosto de Zhuang Yushan ficar pálido e esverdeado. Por fim, sorriu com relutância:

— Então, vou te incomodar, irmã.

Han Yan não comentou:

— Tirando meu pai, todo mundo nesta mansão me chama de quarta senhorita. Irmã Yan’er e tia Zhou também deveriam me chamar assim. Outros nomes soam estranhos e esquisitos.

— Você! — Zhuang Yushan não esperava isso e apontou para Han Yan, dizendo:

— O que tem você?

Han Yan perguntou confusa:

— Por que está me apontando, irmã? Apontar para os outros não é comportamento de uma dama de família nobre.

— Yushan! — Zhou falou de repente, seus olhos profundos fixos em Han Yan, e disse lentamente: — A quarta senhorita está certa, uma dama de família nobre não aponta assim para os outros. Parece que vou ter que arranjar alguém para te ensinar as regras.

Han Yan ergueu as sobrancelhas ao ouvir aquilo. Uma dama de família nobre? Como Zhuang Yushan, filha de concubina, poderia ser chamada assim?

Parece que ela tinha a intenção de entrar na família desde o começo e buscar a posição de filha legítima. Mãe e filha realmente eram ambiciosas.

Os olhos de Zhuang Yushan ficaram vermelhos de ressentimento, mas ela não ousou desobedecer a Zhou, e de seus dentes apertados saiu um “Eu só estava brincando com a quarta senhorita, vamos logo.”

— Terceira irmã, vamos também — Han Yan se virou para Zhuang Qin e disse. Vendo o olhar confuso dela, falou para tia Wan ao lado:

— Tia Wan, faz tempo que não converso com a terceira irmã, que tal pegá-la emprestada hoje?

Tia Wan ficou surpresa, depois sorriu:

— A quarta senhorita é educada, Qin’er, acompanhe a quarta senhorita para se divertir hoje.

Zhuang Qin então avançou, com uma hesitação marcada entre as sobrancelhas, mas Han Yan puxou sua mão e seguiram adiante, deixando Zhuang Yushan para trás.

— Mãe — Zhuang Yushan olhou para Zhou, depois para Han Yan e Zhuang Qin à sua frente, e bateu os pés com raiva.

Zhou franziu o cenho:

— Rápido, siga elas.

Depois que Zhuang Yushan partiu relutante, Zhou lançou um olhar para Wan Niang, que estava de cabeça baixa ao lado, e sorriu:

— Irmã, quer vir ao meu pátio sentar um pouco?

Wan Niang balançou a cabeça suavemente:

— Talvez outro dia. Hoje estou um pouco tonta e quero voltar para descansar. Xing’er, venha me ajudar.

A criada ao lado apressou-se para ajudar.

Wan Niang acenou para Zhou:

— Vou indo.

Sem esperar resposta, foi embora.

O rosto de Zhou mudou. Quando a figura sumiu, cuspiu no chão com raiva:

— Que coisa! É só uma vadia desonrada, e ainda ousa piscar para mim!

A governanta Li olhou ao redor da sala e disse:

— Acho que essa concubina também é uma pessoa que não sabe respeitar. A senhora a convidou para sentar aqui para lhe mostrar respeito, mas ela foi tão ignorante. É realmente burra.

— Chega — Zhou falou impaciente — parem de falar. Acho que ninguém nesta mansão é fácil de conviver. Vamos voltar para o pátio. Temos coisas para resolver.

Enquanto isso, Han Yan caminhou até o canteiro de flores na frente do Pavilhão Wanxiang.

As flores de ameixeira vermelhas no início do inverno estavam prestes a florescer, o que dava um toque de beleza à paisagem. O perfume suave pairava no ar, e contra a calma das árvores e da grama, ficava ainda mais refrescante e elegante.

Havia um tabuleiro de xadrez sobre a mesa de pedra no centro.

Han Yan se interessou e puxou Zhuang Qin para jogar uma partida, sussurrando:

— Ouvi dizer que a terceira irmã é ótima no xadrez. Que tal jogar uma partida comigo?

Zhuang Qin sussurrou:

— Não é tão exagerado assim. Acabei de aprender. Quarta senhorita, não diga isso.

Han Yan franziu a testa, mas logo riu:

— Por que você fala tanto? Vamos, arruma o tabuleiro de xadrez.

Zhuang Yushan, que estava ao lado, ficou muito aborrecida. Por algum motivo, Han Yan sempre fora muito fria com ela. Embora as três tivessem dito que iriam visitar o jardim juntas, Han Yan sempre segurava a mão de Zhuang Qin e conversava com ela, deixando Zhuang Yushan de lado. Às vezes, quando ela tentava interromper, era bloqueada ou ignorada levemente, como se Han Yan estivesse propositalmente mantendo distância.

Zhuang Yushan sentia, com sensibilidade, que Han Yan lhe era hostil. Mas por quê?

Ela sempre seguira as ordens da mãe para agradar e se aproximar dela, mas Han Yan sempre agia como se ela fosse uma garota banida da Mansão do Marquês. Era simplesmente revoltante.

Se não fosse Han Yan, essa questão seria dela. Não, tudo isso era originalmente dela! Por que teria que ser possuída por Zhuang Han Yan? Sua mãe havia dito claramente...

Quanto mais Zhuang Yushan pensava, mais seu descontentamento crescia. Sua carinha bonita se contorceu.

Han Yan, que jogava xadrez, viu a cena toda e calmamente colocou uma peça branca no tabuleiro.

Yun’er, a criada ao lado de Zhuang Yushan, disse irritada:

— Senhorita, como podem fazer isso com a senhora?

O coração de Zhuang Yushan deu um salto ao ouvir isso, mas ela foi se acalmando aos poucos. Virou a cabeça e viu que Han Yan e os outros estavam concentrados no jogo de xadrez, sem lhe dar atenção. Isso a deixou ainda mais irritada.

Ela sempre fora destaque em tudo desde criança, o centro das atenções onde quer que fosse. Porém, desde que entrou nessa mansão, não podia vestir roupas bonitas, tinha que esconder seus talentos e até abaixar a cabeça para agradar a mulher à sua frente. Era realmente insuportável.

Ela simplesmente se virou e disse a Yun’er:

— Eles estão se divertindo sozinhos. Não quero ficar aqui esperando feito boba. Não me importo com eles. Vou fazer compras sozinha.

Dito isso, ergueu o pé e foi embora, caminhando direto para o jardim das flores.

Yun’er apressou-se para segui-la, mas Han Yan nem levantou o olhar. Em vez disso, Shuhong, que servia, entregou o bule de chá a Ji Lan e saiu.

Han Yan parecia totalmente imersa no jogo de xadrez. Depois de um bom tempo, sua mão direita, que segurava uma peça, hesitou, colocou-a em determinado lugar e pressionou uma peça preta.

— Perdi — suspirou Han Yan, com a expressão amarga —. É o quinto jogo, por que eu sempre perco?

Zhuang Qin também riu:

— Você tem pressa de vencer. Embora pense antes de jogar, só se preocupa com os próximos passos. Eu comecei a montar o plano no primeiro lance. Depois disso, para cada movimento seu, eu tenho uma peça pronta para lidar.

Han Yan ficou surpresa e olhou para cima. A garota à sua frente segurava uma peça de xadrez e parecia falar casualmente:

— A vida é como o xadrez. Não há arrependimento depois de mover uma peça. Por isso, toda vez que você joga, deve levar a sério e não arriscar.

— A terceira irmã é realmente uma mestre — sorriu Han Yan —. Perdi com a consciência tranquila.

Zhuang Qin balançou a cabeça. Talvez por ter jogado algumas partidas com Han Yan, a distância entre elas diminuiu muito, e seu tom ficou mais alegre:

— Vamos parar por hoje. Tia está esperando para voltarmos e fazermos bolinho de osmanthus juntas.

Han Yan sorriu:

— Tia Wan realmente te trata como criança.

Depois disse suavemente:

— Na verdade, eu te invejo... Pelo menos sua mãe ainda está viva.

Zhuang Qin ficou surpresa. A garota à sua frente tinha duas bolinhas no cabelo. O rosto ainda infantil, mas os olhos e as sobrancelhas mostravam uma maturidade e uma tristeza que não combinavam com sua idade. Seu coração amoleceu e ela bateu levemente na cabeça de Han Yan:

— Vai ficar tudo bem.

Ao receber esse gesto tão afetuoso, Han Yan ficou atônita no começo, depois sentiu um calor no peito e sorriu:

— Tomara que sim.

Zhuang Qin olhou ao redor e disse:

— Me pergunto para onde a senhorita Yushan foi.

O nome "senhorita Yushan" naturalmente explicava que, na mente de Zhuang Qin, Zhuang Yushan era apenas uma filha de concubina, uma identidade não reconhecida. Han Yan sorriu:

— Não se preocupe com ela, ela pode ir às compras se quiser, e vai nos culpar se a impedirmos.

Zhuang Qin não disse mais nada e partiu com a criada.

Depois que Zhuang Qin saiu, Han Yan permaneceu ali, abaixou a cabeça, pensou um pouco e disse para si mesma:

— Eu nunca soube que a terceira irmã era tão esperta.

Ji Lan colocou a capa em Han Yan:

— Lembro que, quando a jovem senhorita era criança, ela adorava acompanhar a terceira jovem senhorita, mas depois que cresceu, o contato com o Jardim Furong foi se tornando raro.

Han Yan ergueu as sobrancelhas, desconfiada de que havia algo oculto. Embora suas memórias de infância já fossem vagas, a sabedoria de Zhuang Qin destoava demais da aparência comum e covarde de uma concubina nascida assim.

Por que ela não escondeu isso na minha frente? Han Yan apoiou o queixo com uma mão, pensando secretamente, E o que será que as palavras de Zhuang Qin sobre xadrez queriam me dizer?

Ainda imersa nesses pensamentos, ela viu Shuhong entrar.

— Tem alguma coisa? — perguntou Han Yan.

Shuhong balançou a cabeça:

— A senhorita Yushan acabou de passear pelo jardim de flores e voltou para o próprio pátio, mas...

Os olhos de Han Yan brilharam:

— Mas o quê?

— Eu vi a ama Li ao lado da tia Zhou, conversando por bastante tempo com o mordomo Lin. A ama Li até colocou um grampo de cabelo dourado na mão do mordomo Lin. Eu estava longe e não ousei me aproximar.

Ji Lan ficou surpresa:

— A ama Li acabou de chegar à mansão, como ela pode ser tão próxima do mordomo Lin?

Os olhos de Han Yan se tornaram frios. O mordomo Lin trabalhava na mansão há décadas e era uma figura antiga por ali. Quando a mãe dela ainda vivia, ele ajudava com todas as tarefas, grandes ou pequenas.

Zhou veio com más intenções, e as pessoas que ela trouxe naturalmente não eram boas. O grampo de cabelo dourado não era coisa comum. A ama Li deu para o mordomo Lin, certamente a mando de Zhou, como uma recompensa.

Mas, como Ji Lan disse, Zhou acabara de entrar na mansão; como poderia ser tão familiar com o mordomo Lin tão rápido? Mesmo que o mordomo Lin fosse um oportunista que mudava de lado conforme o vento, se tivesse um mínimo de bom senso, teria esperado e observado com cautela por alguns dias.

Então, o mordomo Lin já tinha algum tipo de relação com a ama Li antes de Zhou entrar na mansão? Ou foi subornado depois de entrar?

Se foi antes de entrar, talvez aqui se encontrem pistas sobre os assuntos da mãe...

Capítulo 11 – Comece a Planejar

No Palácio Dourado, uma figura vestida de amarelo vivo estava sentada em um trono elevado, enquanto os oficiais civis e militares permaneciam de cabeça baixa. Não havia grandes assuntos a relatar.

O Imperador Xianzong estava de bom humor naquele dia — talvez pelas boas notícias da grande vitória na fronteira noroeste — e havia um sorriso em seu rosto.

— Ouvi falar da grande vitória na fronteira, e estou muito satisfeito. Planejo realizar um banquete noturno no palácio em alguns dias. Alguma sugestão?

Todos os presentes concordaram. O imperador não demonstrava tanta alegria havia muito tempo. A guerra no noroeste era uma preocupação desde o reinado anterior. Dessa vez, os invasores tártaros haviam sido severamente derrotados — algo que, naturalmente, merecia comemoração.

— Yun Xi. — O imperador olhou para um dos presentes. — Esse General Cheng foi treinado por você. Se for para falar de méritos e recompensas, ele merece ser condecorado com honra de primeira classe!

O jovem à direita do primeiro-ministro vestia uma túnica oficial vermelho-escura bordada com pítons brancos, botas de oficial com bordas douradas escuras e uma peça de jade branco à cintura, sem adereços exagerados.

Seu rosto belo mantinha-se inexpressivo. Os olhos escuros, tão calmos quanto a água, exalavam uma frieza sutil. Em pé no centro do salão, tinha uma presença naturalmente solene e nobre.

O homem se curvou, baixando a cabeça:

— Não ouso aceitar tal honra.

Não havia temor em sua voz. O imperador não se irritou com aquela atitude altiva:

— Não recuse. Ainda pretendo recompensá-lo generosamente. Vendo que você ainda não se casou nessa idade... que tal eu lhe conceder algumas belezas?

O jovem juntou as mãos e respondeu com leveza:

— Não tenho intenção de me casar.

O imperador soltou uma gargalhada, como se se divertisse em vê-lo constrangido. Os demais ministros no Palácio Dourado reagiram com expressões variadas.

O Príncipe Wei Jing franziu a testa, e ao virar a cabeça encontrou o olhar descontente de Zhuang Shiyang. Os dois trocaram olhares e abaixaram a cabeça sem dizer uma palavra.

O Príncipe Xuanqing, Fu Yunxi, e o atual imperador eram irmãos de mesma mãe e tinham um relacionamento muito próximo. Dizem que na família imperial os laços são os mais cruéis — mas entre esses dois, essa máxima não se aplicava.

Fu Yunxi tinha vinte e um anos, jovem e promissor. Quando os tártaros invadiram as Planícies Centrais, o então príncipe de apenas quatorze anos se ofereceu para ir à guerra, mesmo contra a vontade do imperador. Assinou uma ordem militar diante de todos os ministros civis e militares, marchou para o campo de batalha... e tornou-se famoso com uma única vitória.

Os tártaros recuaram para o noroeste, e quase todas as suas tropas foram aniquiladas. O General Cheng era descendente de uma linhagem de generais, e à época ocupava o posto de vice-general. Foi naquele momento que os dois formaram uma amizade de vida ou morte.

No entanto, o motivo pelo qual Fu Yunxi se tornou uma figura tão popular não era apenas seu talento literário ou méritos militares. Ele havia se tornado o queridinho das donzelas da capital — era um homem extremamente bonito.

Um jovem com habilidades tanto civis quanto militares, nobre e brilhante, era natural que atraísse muitos olhares. Mas, infelizmente, ele não era romântico, e seu temperamento era frio.

Aos vinte anos, não havia mulher alguma ao seu redor. Alguns boatos sobre sua homossexualidade começaram a circular entre o povo.

A razão pela qual o Príncipe Wei e o Príncipe Xuanqing se tornaram inimigos era, em parte, por suas posições delicadas — e por causa do General Cheng. A tia de General Cheng faleceu de parto pouco depois de se casar com o Príncipe Wei. A partir de então, as duas famílias passaram a se desentender.

Havia muitos segredos obscuros nas grandes mansões da capital. Embora os detalhes fossem desconhecidos, após a morte da mulher, os parentes se tornaram inimigos. Qualquer um com olhos perceberia que havia muito mais por trás disso.

General Cheng e Fu Yunxi tinham uma relação de mestre e discípulo — ou mesmo de amizade profunda. Naturalmente, Fu Yunxi apoiava General Cheng. Assim, o antagonismo com o Príncipe Wei se tornava praticamente inevitável.

Naquele momento, o imperador elogiava General Cheng e exaltava Fu Yunxi, então era natural que o Príncipe Wei ficasse incomodado.

Zhuang Shiyang sempre esteve ao lado do Príncipe Wei, por isso compartilhava do mesmo rancor e inimizade.

O imperador, sentado no trono elevado, mantinha o sorriso e observava as expressões do grupo sem demonstrar nada. Após dizer mais algumas palavras, levantou a mão. O eunuco ao lado se curvou e anunciou:

— A corte está dispensada!

— Alteza, parabéns. — Zhuang Shiyang cumprimentou Fu Yunxi ao passar por ele.

Fu Yunxi apenas lançou um olhar e respondeu com frieza:

— É apenas uma bênção da linhagem. Parabéns a todos. — E então se virou e partiu.

Zhuang Shiyang foi ignorado, sentindo-se envergonhado e furioso. Fitou com ódio a silhueta que se afastava e resmungou entre dentes:

— Um moleque que nem criou pelo no rosto ainda ousa ser tão arrogante! Pensa mesmo que é rei?

O Príncipe Wei se aproximou, deu um tapa amigável no ombro de Zhuang Shiyang e disse com um sorriso:

— Sua Excelência fez grandes contribuições e merece generosamente as recompensas do imperador.

Zhuang Shiyang virou-se rapidamente e o adulou:

— Quando se fala em grandes contribuições, quem poderia se comparar com Vossa Alteza? Como veterano de duas dinastias, até mesmo o Príncipe Xuanqing precisa considerar sua opinião. Receio que ele nem leve essas recompensas a sério.

O Príncipe Wei apenas riu, sem responder, mas observou com olhar sombrio as costas de Fu Yunxi se afastando.

No Jardim Gongtong, uma jovem mulher estava sentada em um divã no interior do aposento. Ela usava uma blusa leve, verde-água, com amarração de resina, e uma saia estilo lanterna com fundo prateado e borboletas em verde-esmeralda.

Seus cabelos negros estavam presos em um coque fluido, adornado com um grampo de ouro em formato de peônia com mil camadas, posicionado na diagonal. Seu rosto, de beleza translúcida como jade, fora cuidadosamente maquiado, realçando ainda mais sua aparência encantadora.

Zhuang Yushan se jogou nos braços da Senhora Zhou e disse, furiosa:

— Mãe, aquela vadia tem nos humilhado sem parar. Hoje, me envergonhou de todas as formas possíveis. Estou abaixo até mesmo da filha de uma concubina sem prestígio da família Zhuang. Como posso engolir isso em silêncio?

Zhou observou o rosto abatido e belo da filha, e um traço de dor passou por seus olhos.

Ela acariciou sua cabeça e disse, em tom grave:

— A mãe julgou mal. Achei que Zhuang Hanyan fosse tão inútil quanto a Wang, mas não imaginei que fosse tão esperta.

Ela riu friamente, as sobrancelhas finas e longas levantando-se com um ar afiado:

— Não tenha medo, Yu’er. Até a Wang ousou enfrentar a mãe — por que eu temeria uma pirralha? No fim das contas, ela só tem doze anos. Por mais esperta que seja, não pode virar o mundo de cabeça para baixo, pode?

A ama Li, ao lado, escutou a conversa e comentou:

— Senhora, não se preocupe. A quarta senhorita não tem prestígio. O mestre não gosta dela, e ela não tem posição nesta mansão. Não é como nossa moça, por quem o mestre tem muito carinho.

Zhou assentiu e deu um leve toque na testa de Zhuang Yushan:

— Comporte-se bem diante do mestre, não seja impaciente como foi hoje. Como é que eu te ensinei? Só conquistando o favor dele poderemos viver bem nesta mansão.

Após uma pausa, continuou:

— Pelo que vejo, Zhuang Hanyan não tem apoio. As duas do Jardim Furong... uma não tem filho, e a outra tem uma filha insossa. Não representam ameaça.

A ama Li olhou para a jovem senhorita, hesitando:

— E quanto ao jovem mestre? Afinal, ele também é um Filho oficial da família Zhuang...

Antes que terminasse a frase, foi interrompida pela risada sarcástica de Zhou:

— Filho oficial? O mestre nem o considera como tal. Não precisa se preocupar com esse assunto. Ele não tem importância. Nem chega aos pés daquela vadiazinha encantadora do Jardim Furong. Mas agora que estamos na mansão, vamos fazer uma visita ao jovem mestre. Cai Ming, traga o presente que preparamos para ele.

Zhuang Yushan arregalou os olhos, surpresa, e perguntou:

— Mãe, aquele presente é caro. Vamos simplesmente dar a ele assim?

Zhou lançou um olhar severo para a filha:

— Sua tola inútil, quando é que vai aprender a ser esperta? Eu preparei esse presente com cuidado. Que diferença faz se for caro? O jovem mestre com certeza vai gostar.

Zhuang Yushan quis argumentar, mas ao ver a expressão da mãe, permaneceu em silêncio.

Os bambus verdes do pátio continuavam altos e viçosos.

O inverno no Jardim Qingqiu parecia menos melancólico, mais animado graças ao verde vivo da paisagem.

Han Yan estava sentada no balanço do pátio, brincando com a corda em suas mãos. Quando viu Ji Lan se aproximar, sorriu:

— Descobriu alguma coisa?

Ji Lan respondeu com raiva:

— A Senhora Zhou e a filha são realmente más. Saí por pouco tempo e os criados da mansão estão cada vez mais sem regras. Todos correram para o Jardim Gongtong. Não sei quais benefícios ofereceram, mas é evidente que a senhorita é a verdadeira dona desta mansão!

Han Yan sorriu e balançou a cabeça com indiferença:

— Elas acabaram de entrar na mansão. Naturalmente precisam agradar os criados. Não se preocupe com isso. Pelo contrário, é bom... assim podemos observar quem aqui é sincero e quem tem outras intenções.

Ao pensar em algo, sua expressão mudou:

— Quanto aos outros jardins, posso ignorar, mas o Jardim Qingqiu é minha responsabilidade. Shuhong, Ji Lan, fiquem de olho no que acontece aqui. Se a Zhou quiser saber do que se passa em nosso pátio... vamos ver se ela tem capacidade pra isso.

Ji Lan arregalou os olhos:

— Senhorita, e nós vamos ficar sem fazer nada?

— O quê? — Han Yan sorriu, lançando-lhe um olhar enquanto se espreguiçava com leveza. — Não precisamos fazer nada... temos é que planejar bem.

Shuhong franziu a testa, parecendo refletir sobre as palavras da senhorita. Depois de um momento, relaxou os olhos, e um lampejo de compreensão brilhou em seu olhar.

A expressão de Han Yan revelou aprovação. Felizmente, minhas criadas são inteligentes. As lições da vida passada me ensinaram que ter olhos atentos e ouvidos sensíveis sempre foi a chave para sobreviver em uma mansão devoradora de gente. Ji Lan e Shuhong... eram seus olhos e ouvidos naquele pátio.

Ela pegou uma ameixa salgada e a colocou na boca. Antes que o sabor azedo pudesse se dissolver, ouviu Ji Lan dizer novamente:

— Ouvi dizer que a Zhou estava com uma caixa na mão e foi até o Pátio Songlin.

Han Yan se assustou e sentiu uma fisgada na boca. Havia mordido a própria língua de tanta pressa. Sem pensar muito, saltou do balanço com um olhar frio nos olhos:

— O que elas estão fazendo no quarto do Ming Ge’er?!

Shuhong também ficou atônita. Ji Lan tentou adivinhar:

— Devem estar com más intenções... Ou talvez queiram puxar o saco do jovem mestre, já que ele é meio senhor da mansão agora?

— Você acha mesmo que Ming Ge’er é meio senhor da mansão? — Han Yan perguntou a Ji Lan.

Ji Lan ficou sem palavras, e Han Yan continuou:

— Quando foi que os criados dessa mansão trataram Ming Ge’er como senhor? Se o mestre não gosta dele, que diferença faz ele ser um Filho oficial? Não acredito nem por um segundo que a Zhou esteja tentando bajular Ming Ge’er.

Após refletir por um momento, cerrou os punhos e se preparou para sair:

— Não. Eu vou até lá ver com meus próprios olhos.

Ming Ge’er era o único parente de Han Yan, e a preciosidade da mãe deles. Em sua nova vida, o maior desejo de Han Yan era cuidar bem de Ming Ge’er e protegê-lo até que crescesse.

Han Yan conseguia manter a calma em qualquer outro assunto — mas com Ming Ge’er, jamais. Ver Zhou e a filha se aproximando dele com más intenções a deixava completamente perturbada.

Shuhong abaixou a cabeça, aproximou-se de Han Yan e disse:

— Senhorita, por favor, não alerte o inimigo.

Han Yan ficou paralisada, e Shuhong segurou sua mão, tentando acalmá-la:

— Eu vou lá agora. Ainda é pleno dia. A senhora Zhou e a filha não ousariam fazer mal ao jovem mestre na frente dos criados da mansão. Se algo der errado, farei de tudo para protegê-lo.

Ji Lan também disse:

— O jovem mestre é muito esperto, senhorita. Não se preocupe.

Han Yan olhou para as duas criadas à sua frente, e sua mente começou a se acalmar aos poucos. De fato, não é hora de alertar o inimigo. Se corresse até o Pátio Songlin desse jeito, talvez Zhou percebesse de imediato que havia espiões por perto — e seria muito mais difícil conseguir informações no futuro.

Além disso, o que Shuhong disse fazia sentido. Zhou não seria estúpida a ponto de atacar Ming Ge’er em plena luz do dia. Ming Ge’er era apenas uma criança, que agora não representava ameaça alguma. Seria imprudente.

Shuhong olhou para Han Yan com seriedade e disse:

— Senhorita, por favor, confie em mim.

Após um momento, Han Yan assentiu:

— Vá depressa... e volte logo.

Capítulo 12 – Formando uma Aliança

Quando Zhuang Shiyang voltou para a mansão, o sol já havia se posto e o crepúsculo caía.
Assim que desceu da carruagem, viu duas criadas com blusas cor-de-lótus paradas à porta da mansão Zhuang — uma segurava um aquecedor de mão entalhado em ouro roxo e a outra, uma lanterna de seda. Assim que o viram descer da carruagem, foram imediatamente ao seu encontro.
Zhuang Shiyang pegou o aquecedor da mão da criada, e o calor o fez suspirar de alívio. Ergueu os olhos para a outra criada, sentindo algo estranho, então perguntou:
— De qual pátio você é?
A criada com a lanterna se curvou imediatamente e respondeu em voz baixa:
— Respondendo ao mestre, sou do Jardim Gongtong. A senhora disse que fazia frio e a estrada estava escura, então mandou as criadas saírem para servi-lo.
Zhuang Shiyang ficou surpreso, estreitou os olhos e, após um momento, disse:
— Sua senhora é bem atenciosa.
 Então ordenou ao criado ao lado:
— Vá até a tia Mei e diga que o mestre não irá até lá hoje.
A criada ao lado ficou feliz ao ouvir isso, mas não ousou demonstrar no rosto. Apenas pensou consigo: A Senhora Zhou tem mesmo seus truques… Só está sendo gentil para manter o mestre no Jardim Gongtong. Aquela do Jardim Furong deve estar tão furiosa que vai quebrar uma taça esta noite.
Zhuang Shiyang seguiu as duas criadas até o Jardim Gongtong. O pátio estava silencioso. Em um quarto do lado leste, a luz intensa de velas se refletia na janela. Uma sombra graciosa se projetava no papel da janela — uma silhueta clara sentada, com a cabeça baixa, bordando com seriedade e doçura.
Fazendo um gesto para que as criadas saíssem, Zhuang Shiyang empurrou a porta e entrou. A mulher junto à janela parecia não notar sua presença e continuava bordando, concentrada, um quadro com a imagem de "cem filhos e mil netos".
Zhuang Shiyang não disse nada. Apenas ficou ali atrás dela, observando em silêncio. Zhou usava naquele momento apenas uma roupa de baixo branca simples, com uma blusa púrpura por cima.
As roupas finas revelavam perfeitamente sua silhueta. A cintura era estreita como a de uma abelha, as pernas longas; os cabelos pretos não estavam presos com grampos, mas caíam soltos sobre os ombros, o que deixava seus lábios mais vermelhos e os dentes ainda mais brancos.
 As bochechas, como pétalas de pêssego mergulhadas em água, estavam coradas pelo calor do aquecedor ao lado. Sua expressão era suave, mas exalava charme e elegância. Com o bastidor vermelho entre os dedos, suas mãos alvas dançavam sobre o tecido de seda.
Ao observá-la, Zhuang Shiyang sentiu algo rastejar por dentro do peito — aquelas mãos finas e brancas pareciam delicadas demais, e ele sentiu a boca seca. Mas a mulher mantinha a postura ereta, como se não notasse sua presença. Ele engoliu em seco... e então a abraçou por trás.
— Ah! — Zhou se assustou, e o bastidor caiu no chão. Ela virou a cabeça e disse:
— Mestre...
 Seus lábios tocaram a ponta do nariz de Zhuang Shiyang.
Sentindo uma onda de calor subir-lhe ao rosto, todo o estresse do tribunal naquele dia se misturou à beleza diante dele e desceu direto como um raio. Sem pensar duas vezes, ele a levantou e a pressionou contra a cama, ignorando os protestos surpresos.
Depois de muitos momentos de amor intenso, Zhuang Shiyang suspirou aliviado e deitou-se ao lado de Zhou, acariciando as costas nuas da mulher com uma mão e explorando com a outra.
Zhou gemeu baixinho e tentou afastá-lo com as mãos:
— Mestre, por que tanta pressa hoje? Se os criados nos virem...
Zhuang Shiyang sorriu:
— Você está irresistível esta noite, senti tanto a sua falta. E seu corpo está ainda mais ardente do que antes. Quem ousaria entrar?
Mas, ao se lembrar de algo, seu rosto escureceu:
— Por que não há criados neste quarto?
Zhou se assustou e respondeu:
— As duas criadas saíram para buscar o mestre, não foi? E quanto à ama Li, eu pedi que deixasse Yu’er descansar depois que ela dormisse.
Zhuang Shiyang ficou furioso ao ouvir isso:
— Você acabou de entrar na mansão e já está usando apenas as suas próprias criadas? Ainda posso bancar algumas servas na Mansão Zhuang. Amanhã, pedirei ao intendente que traga algumas — escolha as que quiser.
Zhou ficou radiante, mas hesitou e disse:
— A quarta senhorita comentou que todas as concubinas da mansão recebem esse número padrão de criadas. Não quero que falem de mim pelas costas...
— E quem é que manda nesta mansão, sou eu ou ela?! — Ele já estava irritado, e essas palavras acenderam ainda mais sua raiva. — Sou o pai dela! Desde quando é ela quem manda aqui?
Zhou demonstrou certo medo:
— Mas percebo que a quarta senhorita não gosta de nós… E Yu’er já comentou sobre isso. Mestre, acho que a quarta senhorita é mais perigosa do que parece… Não é tão obediente quanto o senhor sempre diz.
As palavras de Zhou vinham com veneno: pareciam uma queixa, mas na verdade eram um aviso. Ela insinuava que a filha de Zhuang Shiyang não era o que aparentava — provavelmente fingia ser submissa e piedosa.
 Pelo que Zhou tinha observado nos últimos dias desde que entrara na mansão, percebia que os esquemas da quarta senhorita não eram nada simples. Aquilo não parecia coisa que uma garota de doze anos fosse capaz de fazer.
Zhuang Shiyang não pôde deixar de duvidar. Han Yan sempre fora próxima de Wang desde pequena, não tinha muito afeto pelo pai e, na verdade, o temia profundamente.
Felizmente, Wang a educou bem. Independentemente de como ele a tratasse, Han Yan sempre obedecia e se comportava conforme os interesses da família.
Mas desde a morte de Wang, ele mal prestava atenção na filha. Só passou a observá-la mais depois que Zhou entrou na casa — e então percebeu que Han Yan havia mudado.
Antes, era puro medo. Agora, ela o confrontava. O olhar que lançava a ele já não era mais reverente ou submisso — era firme, confiante… e com algo indefinível por trás.
 Esse olhar... fazia com que ele se sentisse culpado.
Essa filha, sem que ele percebesse, tornara-se uma estranha. E havia algo nela que ele não conseguia mais controlar.
E Zhuang Shiyang sempre teve um desejo profundo por controle. A imprevisibilidade de Han Yan o deixava furioso.
Zhou se aninhou suavemente no peito de Zhuang Shiyang e disse:
— É compreensível que a quarta jovem tenha perdido a mãe e me rejeite, mas você é o pai dela, e filhos devem respeitar seus pais. Dizer aquilo na frente dos criados anteontem... não foi o mesmo que dar um tapa no rosto do senhor?
Zhuang Shiyang ficou surpreso, e as palavras de Han Yan naquele dia — quando repreendeu Zhou por usar roupas coloridas — lhe vieram à mente. Ele não sabia quando Han Yan desenvolvera tamanha eloquência. Seu semblante escureceu na hora.
Ao perceber que havia atingido seu objetivo, Zhou sorriu e disse:
— Hoje fui visitar o quinto jovem mestre.
Zhuang Shiyang não esperava essa mudança de assunto repentina, então perguntou com desinteresse:
— E como foi?
Zhou enterrou o rosto no peito dele, a voz carregada de mágoa e ternura:
— Shiyang, eu realmente quero lhe dar um filho.
Ao ouvir isso, Zhuang Shiyang imaginou que ela tivesse sido desprezada por Zhuang Hanming, o que o fez nutrir ainda mais desgosto por Han Yan e seu irmão. E ao escutar aquele desejo suave vindo da mulher em seus braços, sua vaidade masculina foi satisfeita. Incapaz de se conter, voltou a se enroscar com Zhou sob os lençóis.
A noite era sedutora, e o calor do embate crescia ali — mas alguém no Pátio Furong não conseguiria dormir esta noite.
Estalo!
Uma tigela rosa de porcelana esmaltada com borboletas foi arremessada ao chão, estilhaçando-se em pedaços. O ninho de andorinha cristalizado espalhou-se por toda parte. A criada ao lado olhou com pesar para a bagunça — aquela era a canja que a senhora havia mandado o cozinheiro preparar durante três horas. Agora estava destruída.
A mulher deitada no divã lançou-lhe um olhar furioso:
— A pessoa não veio. De que serve isso agora?
Então rangeu os dentes e perguntou:
— O mestre está mesmo no Jardim Gongtong esta noite?
A criada respondeu com timidez:
— Ouvi alguém comentar isso...
A jovem no divã era a tia Mei. Ao ver Zhuang Shiyang sendo extremamente íntimo com Zhou e sua filha naquele dia, sentiu-se ameaçada sem motivo aparente.
Ela não tinha filhos, e só mantinha sua posição na mansão por causa do favoritismo do mestre. Zhou, por outro lado, tinha uma filha chamada Zhuang Yushan, o que lhe conferia uma vantagem adicional. Além disso, ao vê-la de perto, percebeu que, embora Zhou não fosse tão bela quanto ela, possuía um certo charme. Aquele temperamento gentil era algo que tia Mei jamais conseguiria simular.
Zhuang Shiyang estava acostumado a uma beleza de temperamento forte como ela. Se uma mulher de natureza meiga aparecesse, inevitavelmente chamaria sua atenção. Homens são sempre seduzidos pela novidade. Ela já passava dos vinte. Se perdesse o favor agora, seria difícil recuperar seu espaço.
Por isso, naquela noite, vestiu-se com todo o esmero, esperando servir bem a Zhuang Shiyang e reconquistar seu coração. Mas, para sua surpresa, o servo do mestre apareceu de repente para avisar que ele permaneceria no Jardim Gongtong.
Todo o seu esforço com a maquiagem e a sopa cuidadosamente encomendada foram desperdiçados. Como poderia não sentir ciúmes e raiva?
— Raposa sedutora! — rosnou tia Mei. — Mal entrou na mansão e já quer causar alvoroço. Acha que todo mundo no Jardim Furong morreu, é? Uma velha dessas querendo provocar confusão!
A jovem criada ao lado, observando sua expressão, finalmente tomou coragem e falou:
— Senhora... quando saí há pouco, encontrei Ji Lan, a criada pessoal da quarta jovem. Conversei com ela por um tempo.
Tia Mei sabia que aquilo não era dito por acaso e a encarou:
— E o que foi que disseram?
— Senhora, Ji Lan contou que Zhou tem sido muito atenciosa com a quarta jovem nos últimos dias. Hoje mesmo foi visitar o jovem mestre e levou muitos presentes. Acho que está tentando conquistar os dois.
Tia Mei ficou furiosa:
— Uma mulher sem importância tentando puxar o saco deles? Hmph! Está disposta a tudo para garantir um lugar ao sol!
Depois de beber um gole de chá para se acalmar, ergueu os olhos e perguntou:
— E o que a quarta jovem disse?
A criada se aproximou e sussurrou:
— Ji Lan disse que a quarta jovem ainda é inocente. Como Zhou tem sido gentil com ela, parece que está começando a ficar contente com isso.
Tia Mei silenciou, apenas acariciando o bordado na barra de sua saia. Após um tempo, levantou-se e disse:
— Jiao Meng, a partir de hoje, aproxime-se das criadas da quarta jovem. Ela quer conquistar a menina? Está sonhando!
Embora não fosse mais favorecida, ainda tinha alguma influência dentro do clã. Se Zhuang Shiyang quisesse promover Zhou a esposa principal, bastava Han Yan dizer algumas palavras positivas ao chefe do clã e metade do caminho estaria andado. Ela jamais permitiria que isso acontecesse.
Tenho que dar um jeito de trazer a quarta jovem para o meu lado.


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