CAPÍTULO 12


 Enquanto estava no Rong Ning Tang, Qin Yi estava tão entediado que inconscientemente ficou encarando Lin Xi Ning. Então viu o criado de Lin Xi Ning se aproximar e dizer algo a ele. Como estava a certa distância, era naturalmente impossível para Qin Yi ouvir a conversa, mas conseguiu reconhecer a palavra “Príncipe Herdeiro” pela leitura labial.

Quando terminou de ouvir, Lin Xi Ning não demonstrou nenhuma reação, mas logo depois saiu, dando uma desculpa qualquer.

Qin Yi imediatamente concluiu que havia algo de errado com Lin Xi Ning e que ele também estava envolvido nesse assunto. Sem se importar com as pessoas ao redor, sussurrou para Chu Jin Yao:

—Siga aquele rapaz da família Lin. Tenho assuntos a resolver.

Chu Jin Yao saiu rapidamente e perguntou em voz baixa:

—O que aconteceu?

O tom de voz de Qin Yi estava mais sério do que nunca.

—Suspeito que a família Lin esteja tramando algo. Fique atenta e siga esse garoto de longe. Quero ver o que eles estão aprontando.

Quando Qin Yi pediu que ela seguisse Lin Xi Ning, Chu Jin Yao ficou um pouco relutante. Como vai parecer eu seguindo meu Primo mais velho? No entanto, ainda assim obedeceu e o seguiu a certa distância.

Seguiu-o por um bom tempo. Quando chegou a uma esquina, Lin Xi Ning de repente parou para conversar com o criado. Ela se escondeu rapidamente atrás da parede. Encostada no canto, seu coração batia forte.

—Que susto! —murmurou.

—Está tudo bem. Eles não vão te descobrir. E mesmo que descubram, a família Lin não ousaria fazer nada com você.

Chu Jin Yao achou aquilo estranho:

—Por que você continua dizendo "família Lin"? Eles são da Residência do Príncipe Huai Ling. É uma residência princípe real!

Qin Yi deu um sorriso sarcástico:

—Residência princípe... além de terem sobrenome diferente da família imperial, mesmo que fossem príncipes da família Qin, o que poderiam fazer?

Se Qin Yi não fosse incorpóreo, Chu Jin Yao teria tapado sua boca:

—O que você está dizendo! Você tem coragem de falar mal da Família Imperial?

—Ele já foi embora —respondeu Qin Yi com frieza.— Se você não for, terá saído à toa.

Surpresa, Chu Jin Yao espiou com cuidado. Ao confirmar que não havia ninguém por perto, correu em silêncio para seguir.

No fim, ela acabou entrando num pátio como se fosse uma ladra em sua própria casa.

Chu Jin Yao percebeu vagamente que aquele lugar já estava fora dos limites do Pátio Interno. Não só homens de fora podiam entrar e sair, como também havia soldados patrulhando. Ela perguntou em voz baixa:

—Que lugar é esse?

Qin Yi respondeu:

—Você que devia me dizer.

Chu Jin Yao ficou sem palavras:

—Não foi… não foi você que me mandou vir?

—Essa é a sua casa —disse ele, sem o menor constrangimento.— Como eu iria saber?

—Você é…

—Abaixe a cabeça e agache.

Apesar de estar reclamando, o corpo de Chu Jin Yao obedeceu automaticamente. Antes que percebesse, já estava agachada atrás de um arbusto.

Chu Jin Yao, que já era crescida, nunca tinha vivido algo assim. Para ser sincera, nem queria. Com a voz baixa, perguntou:

—E agora, o que fazemos?

—Já que estamos aqui, vamos entrar.

—… —Chu Jin Yao arregalou os olhos, incrédula.— Você realmente me superestima!

—Está tudo bem. Eu estou aqui —disse Qin Yi.— Está vendo aqueles soldados de patrulha? Eles se revezam em dois turnos e completam uma volta a cada meio minuto. Quando trocam de turno, a porta lateral na outra extremidade fica sem vigilância. Você tem que correr rápido, escorregar pelo portão do canto e entrar direto no pátio.

Chu Jin Yao avaliou a distância com o olhar. Depois de pensar por um bom tempo, não conseguiu evitar e disse:

—Eu… não consigo correr até lá.

Qin Yi havia treinado tropas em DaTong. Estava acostumado com soldados e não imaginava que alguém não conseguiria correr um trajeto tão curto. Sem alternativa, suspirou:

—Deixe-me pensar em outra coisa.

Chu Jin Yao ficou observando por um tempo e, com a cabeça baixa, perguntou:

—É mesmo necessário entrar pela porta? Tem alguma razão específica?

—Nenhuma. Mas se não for pela porta, vai entrar por onde?

—Acho que posso pular o muro —respondeu ela, avaliando a altura da parede.— Eu costumava subir em árvores. Essa altura não parece um problema. Só que, hoje, a roupa está atrapalhando muito.

Qin Yi ficou sem palavras. Não sabia nem como continuar aquela conversa. Por fim, disse:

—Você é uma moça e ainda sobe em muro e árvore?

—E o que tem nisso? Vou te mostrar agora.

Dito isso, Chu Jin Yao foi até o outro lado da patrulha, escorregou até o canto do muro e amarrou um nó grande na saia. Depois tomou impulso e, com um baque, aterrissou no topo do muro.

Qin Yi observava tudo em silêncio. Em toda sua vida, era a primeira vez que via uma moça levantar a saia, amarrá-la e escalar um muro bem na frente dele.

—Chu Jin Yao.

—Hum? —ela estava ocupada escalando.

—Pra mim tudo bem, mas no futuro, quando tiver outro homem por perto, tente se controlar um pouco —suspirou Qin Yi.— Tenho medo de que você nunca consiga se casar.

Chu Jin Yao lançou um olhar irritado:

—Cale a boca! Se continuar falando, te jogo daqui de cima!

Quando ela disse que sabia subir em árvore, não estava sendo modesta. Em pouco tempo, já estava do outro lado do muro. Agachada, procurou um bom lugar para descer. Havia uma árvore próxima à parede, então se aproximou, testou a resistência dos galhos com o pé e subiu nela. Usando os galhos para amortecer o impacto, sussurrou para Qin Yi:

—Se prepare.

Antes que ele respondesse, Chu Jin Yao saltou para o chão com um grito abafado.

O nó na saia desfez-se no meio do caminho. Ela bateu as mãos e se preparava para se levantar quando ouviu uma voz vinda do canto, carregada de riso.

—O que está fazendo?

Chu Jin Yao olhou para cima, surpresa, e arregalou os olhos. Um jovem de dezesseis ou dezessete anos saiu lentamente do canto. Tinha um rosto bonito e uma figura alta e esguia. Seus olhos cor de âmbar brilhavam suavemente quando sorria.

Ele olhou para Chu Jin Yao e não conseguiu conter o riso:

—De que família é essa jovem senhorita? Por que apareceu aqui?

Chu Jin Yao ainda estava agachada no chão, com sua saia vistosa espalhada como penas de pavão, realçando ainda mais sua silhueta.

—Eu sou uma criada!

O jovem riu ainda mais. Aproximou-se e estendeu a mão para Chu Jin Yao:

—Levante-se primeiro. Sua saia é muito bonita, seria uma pena se sujasse.

Só então Chu Jin Yao se deu conta de que ainda estava agachada no chão. Deu um passo para trás para evitar a mão do jovem e se levantou sozinha.

—Agradeço a gentileza do senhor, mas não é necessário.

Ao pensar em como era impróprio que homens e mulheres se tocassem ao entregar objetos, o jovem recolheu a mão e tirou de dentro da manga um lenço branco como a neve, estendendo-o a Chu Jin Yao.

—Suas mãos estão sujas. Limpe-as primeiro. —E, depois de pensar um pouco, acrescentou:— Este é um lenço de brocado simples, sem nenhum brasão. Não precisa se preocupar.

Chu Jin Yao ficou muito desconfiada daquela pessoa que apareceu de repente, e ao ouvir isso, não conseguiu evitar e acabou soltando:

—Você usa brocado como lenço?

O jovem riu de novo. Seus olhos pareciam um lago profundo no meio da floresta, serenos e misteriosos, mas quando sorria, aquele lago cristalino se tornava inebriante. Sentia que fazia muito tempo desde que encontrara uma jovem tão interessante. Contendo o riso, disse:

—Você tem razão. Da próxima vez, não farei mais isso.

Chu Jin Yao ficou um tanto envergonhada. Já era constrangedor o suficiente ser vista depois de pular um muro, e ainda por cima encontrar um jovem tão bonito. Queria sumir dali naquele instante. Baixou a cabeça, tentando esconder o rosto.

—Sou apenas uma criada. Ainda tenho tarefas a fazer, vou me retirar agora.

Dizendo isso, levantou levemente a saia e começou a correr. Após dois passos, porém, sentiu que algo estava errado. Se eu for embora assim, todo o esforço terá sido em vão. Parou e reuniu coragem para contornar o jovem.

O rapaz parecia tranquilo e observava com um sorriso o que ela pretendia fazer. Viu a jovem, vestida com brocado branco da cabeça aos pés, parecendo uma lua brilhante, correr dois passos antes de parar e, timidamente, chamar:

—Pai…

Assim que o Marquês de Chang Xing apareceu, viu Chu Jin Yao parada no pátio e perguntou curioso:

—Por que veio até aqui correndo?

—Eu… eu… —Dessa vez, Chu Jin Yao não tinha como inventar que era uma criada. Gaguejou por um bom tempo, mas não conseguiu dizer nada.

O jovem de feições extraordinárias deu dois passos à frente, assentiu com a cabeça para o Marquês de Chang Xing e disse:

—Fui eu quem a trouxe. Vi-a na entrada e achei que queria entrar para procurar alguém, então a trouxe comigo.

O Marquês de Chang Xing rapidamente juntou as mãos em saudação:

—ShiZi, por que saiu? Tivemos dificuldade para encontrá-lo.

—ShiZi? —Chu Jin Yao repetiu baixinho.

A voz dela foi tão suave que o Marquês não ouviu, mas Lin Xi Yuan virou-se, sorriu e respondeu:

—Correto. Sou o ShiZi da Residência do Príncipe Huai Ling. Meu nome é Lin Xi Yuan.

Ao falar, Lin Xi Yuan piscou para Chu Jin Yao, indicando que não mencionaria o que acabara de acontecer.

Chu Jin Yao teve apenas um pensamento: Acabou. Aquilo foi vergonhoso demais. Tinha acabado de dizer que era uma criada, e dois passos depois foi desmascarada. E mais: ele era o ShiZi da Residência do Príncipe Huai Ling. Isso significava que a princesa do condado era sua irmã mais nova. As jovens estavam sendo escolhidas para estudar com a irmã dele.

Inicialmente, Chu Jin Yao nem queria ser essa tal companheira de estudos, mas agora que havia encontrado o ShiZi, definitivamente não queria mais.

Quem quiser ir, que vá. Eu não tenho mais cara para isso!

Lin Xi Yuan, ao ver Chu Jin Yao em silêncio e com a cabeça baixa, presumiu que ela estava intimidada por sua identidade. Sorriu e não a importunou mais.

Contudo, o Marquês de Chang Xing não percebeu nada daquilo e disse a Lin Xi Yuan:

—ShiZi, preparei um banquete de boas-vindas para você. Vamos até lá?

—Está bem. —Lin Xi Yuan assentiu e lançou um olhar a Chu Jin Yao.— Mas antes, alguém precisa levar esta jovem de volta. Lin Er, leve a Senhorita Chu de volta.

Assim que o guarda atrás de Lin Xi Yuan respondeu, o Marquês apressou-se a dizer:

—Não há necessidade de incomodar o ShiZi. Darei ordens para que alguém a acompanhe. Esta filha é teimosa e inquieta. Acabou fazendo o ShiZi rir.

Era uma frase comum e modesta, como pais costumavam dizer, mas ninguém esperava que Lin Xi Yuan soltasse uma risada leve e respondesse com um tom cheio de significado:

—Não.

Chu Jin Yao abaixou ainda mais a cabeça. O Marquês de Chang Xing não entendeu e olhou de Lin Xi Yuan para a filha, achando que havia algo estranho.

No entanto, não teve tempo de perguntar detalhes, pois Lin Xi Yuan já estava se virando para sair. Assim, o Marquês apenas o seguiu às pressas. Antes de partir, repreendeu a filha:

—Por que você veio aqui? Este lugar não é apropriado para você. Volte imediatamente!

O Marquês de Chang Xing achou que a filha tinha se perdido.

—Sim. —respondeu Chu Jin Yao, apressando o passo para ir embora.

Quando não havia mais ninguém por perto, ela olhou em volta e soltou um longo suspiro de alívio, enquanto batia no peito:

—Céus! Quase morri de susto. Felizmente, nada foi descoberto e consegui sair ilesa.

Mas Qin Yi murmurou:

—Por que ele também está aqui?

—Você está falando do ShiZi? —perguntou Chu Jin Yao, surpresa.— Ah! Esqueci completamente. Não resolvemos nada sobre o seu assunto!

—Já estamos do lado de fora. Deixe pra lá —disse Qin Yi.— Além disso, eu já sei.

—O que você sabe? —perguntou ela, surpresa. O que foi que eu fiz que ele percebeu?

Qin Yi se recusou a responder e apenas a lembrou:

—É melhor você voltar. Não se esqueça do que disse à sua irmã mais velha.

—Verdade. Preciso voltar rápido. Caso contrário, a ZuMu mandará alguém me procurar e vou ser descoberta!

Enquanto andava rapidamente de volta, Qin Yi permaneceu em silêncio, refletindo sobre algo.

Podia-se dizer que quando a Segunda Furen da família Lin veio à Residência do Marquês de Chang Xing, podia usar o pretexto de visitar a família natal. Mas Lin Xi Yuan… por que ele também veio? E ainda teve uma conversa particular com o Marquês?

A Residência do Marquês de Chang Xing e a Residência do Príncipe Huai Ling... Afinal, o que estão tramando? Só pelas palavras que Lin Xi Ning murmurou ao criado, Qin Yi pôde confirmar que o assunto que tentavam ocultar e discutir às escondidas tinha relação direta com ele. E ao pensar em seu corpo inconsciente, ficou ainda mais inquieto.

Quando Chu Jin Yao voltou ao RongNingTang, foi realmente questionada por Chu Jin Xian durante um bom tempo. Felizmente, conseguiu enganá-la. Depois, passou a tarde inteira diante da Velha Furen. Quando chegou a hora do jantar, uma criada se aproximou e disse algo à Velha Furen; ela então revelou uma expressão de entusiasmo.

As jovens olhavam curiosas para a Velha Chu Furen quando a criada fora do quarto anunciou.


Postar um comentário

0 Comentários