Capítulo 16 a 20


 Capítulo 16 – Procurando Encrenca

A unidade militar estava especialmente atenta à situação entre Yang Yufen e Qin Nian, especialmente por causa do status especial de Qin Nian. Se surgisse algum conflito entre as duas, inevitavelmente os envolveria também.

— A camarada Yang Yufen está vendendo batatas-doces assadas na entrada da fábrica têxtil?

Ao saberem que Qin Nian continuava trabalhando normalmente, os líderes suspiraram aliviados. No entanto, ao ouvirem que Yang Yufen, já com mais de cinquenta anos, estava montando uma barraca no frio cortante do inverno, não puderam evitar um sentimento de culpa.

— Sim, mas o negócio vai bem. Hoje em dia, o Estado incentiva o crescimento econômico, e a autossuficiência da camarada Yang Yufen sem desistir é um excelente exemplo. Muitos familiares de nossos camaradas militares ainda aguardam por designações de emprego, mas essas oportunidades não são fáceis de conseguir.

O Comissário Político Zhao realmente admirava a resiliência de Yang Yufen.

— A única preocupação é que alguns possam ficar com inveja. Afinal, a camarada Yang Yufen não é jovem, e isso aqui não é mais uma comuna.

O Comissário Zhao expressou sua preocupação de forma sutil.

— Já que ela faz parte do nosso distrito militar, vamos notificar a delegacia local daquela área. A segurança nas ruas é extremamente importante, especialmente nos arredores de uma fábrica estatal como a têxtil.

— Entendido.

Yang Yufen havia começado a vender há apenas alguns dias quando atraiu a atenção de alguns encrenqueiros. Ao verem que ela estava ganhando dinheiro, sentiram inveja.

Alguns marginais locais, preguiçosos para trabalhar mas ávidos por dinheiro, começaram a tramar.

Ao notarem que Yang Yufen era idosa e estava sozinha, decidiram extorqui-la com uma cobrança de “dinheiro de proteção”.

A delegacia próxima à fábrica têxtil nunca imaginou que o exército os contataria diretamente sobre a segurança nas ruas. Não tiveram escolha senão aumentar as patrulhas e destacar mais agentes.

Mal haviam feito os ajustes quando prenderam três encrenqueiros.

O chefe de polícia suava frio. Se tivessem demorado mais, as coisas poderiam ter saído do controle. Agora fazia sentido o contato do exército — havia, de fato, um problema real de segurança.

Yang Yufen sabia que um negócio próspero atrairia invejosos. Quando três jovens arruaceiros se aproximaram, ela não se abalou nem por um segundo.

Apertou firme as pinças de ferro. Aqueles moleques não eram páreo para ela. Ainda guardava ressentimento por nunca ter conseguido dar uma surra no próprio filho imprestável — se ao menos o tivesse por perto...

— Quem disse que você pode montar barraca aqui?

Um dos delinquentes esticou a mão para pegar uma batata-doce assada. Yang Yufen estava só esperando que fizessem isso.

— Que lei diz que eu não posso?

Ela deu uma pancada na mão dele com as pinças.

— Ai! Sua velha maldita, como se atreve a me bater?! Sabe quem eu sou? Vou virar sua barraca! Quem você pensa que manda aqui?

O sujeito recuou, sacudindo a mão com raiva, o rosto contorcido de dor. O plano de extorsão virou vontade de dar uma lição naquela velha atrevida.

— Se nem você sabe quem é, vai perguntar pro seu pai! E sobre quem manda aqui — é o Partido e o Estado!

A declaração firme de Yang Yufen imediatamente conquistou os curiosos que estavam por perto, antes hesitantes em se envolver.

— É isso mesmo! Um bando de vagabundos querendo arrumar confusão? Tia Yang, eu te ajudo!

Um jovem da fábrica têxtil se manifestou, e logo outros o acompanharam.

— Quem deu permissão pra vocês cobrarem dinheiro de proteção?

Os policiais em patrulha, alertados pela confusão, correram até lá. Yang Yufen já estava pronta pra briga, mas ao ver os agentes, largou as pinças.

— Eu sou só uma velha. Meu filho era soldado e morreu em serviço. Minha nora está grávida, e eu só estou tentando ganhar um trocado vendendo batata-doce assada. Nesse frio cortante, cada centavo é suado. E vocês vêm exigir dinheiro, ameaçar minha barraca e ainda tentam me agredir? Querem acabar comigo?

— Tia Yang, não se preocupe. A culpa é toda deles. Oficiais, esses três arruaceiros estavam causando confusão. Vamos segurá-los pra não escaparem!

O jovem tinha olhos atentos — notou os encrenqueiros tentando fugir assim que a polícia chegou.

Os agentes suspiraram aliviados. Achavam que seus superiores só estavam arrumando trabalho extra com aquelas patrulhas, mas agora viam que o risco era real.

— Levem os três.

Como Yang Yufen não havia sofrido prejuízos e a fábrica têxtil estava prestes a liberar os operários, a polícia levou os três encrenqueiros para uma repreensão e possível compensação.

Yang Yufen distribuiu batatas-doces pequenas para quem a ajudou. Ao ouvirem sua história, ninguém quis aceitar de graça. Quando ela insistiu, todos fizeram questão de pagar — ninguém queria deixá-la no prejuízo.

— Ainda tem muita gente boa nesse mundo — suspirou Yang Yufen.

Nesse momento, o sino da fábrica tocou, sinalizando o fim do expediente.

A enxurrada de clientes não deixou espaço para emoções.

Quando a multidão se dispersou, Yang Yufen achou entediante ficar parada esperando e saiu pedalando sua bicicleta pela rua, anunciando seus produtos.

Ao retornar ao instituto de pesquisa, até a última batata-doce tinha sido vendida. Alguns clientes ficaram decepcionados por não conseguirem comprar, mas sua carroça só carregava uma quantidade limitada.

Após essa pequena exploração, Yang Yufen já havia identificado dois novos pontos promissores: em frente a uma escola e perto de um cinema.

Ela não dava conta de todos esses lugares sozinha, mas como suas batatas-doces douradas e caramelizadas eram únicas, podia revendê-las.

Dinheiro era importante, mas seu objetivo principal era cuidar da nora. Depois de alguns dias sem conseguir levar o almoço, Yang Yufen percebeu que a jovem estava mais magra.

A fama das batatas-doces assadas de Yang Yufen se espalhou. As pessoas sabiam da delícia vendida na porta da fábrica têxtil, e algumas vinham de bairros distantes só para experimentar.

E uma vez que ela teve essa ideia, outros também tiveram — alguns queriam comprar batatas-doces com ela para revendê-las.

Pequim era enorme, e não haveria concorrência direta. Outros vendedores existiam, mas nenhum oferecia batatas com aquele tom dourado e sabor de mel. As pessoas procuravam por toda parte, mas não achavam igual.

Yang Yufen preparou uma refeição e a deixou aquecida no fogão, depois arrumou a casa. Com a limpeza feita todos os dias, não demorava muito.

Agora, transportava cerca de 90 quilos de batata-doce por vez e vendia por volta de 135 quilos por dia. Alguns clientes compravam cruas para assar em casa e economizar.

Assim que chegava ao ponto de venda, uma multidão se formava.

— Tia Yang, sou eu, o Pequeno Zhang.

Era o jovem da manhã.

— Me lembro de você, rapaz. Obrigada por ter me ajudado mais cedo.

Ela não ia deixar que a chamasse de “irmã mais velha” — isso bagunçaria toda a ordem de gerações.

— A senhora tem uma memória afiada, tia. Eu queria conversar sobre um negócio.

Pequeno Zhang era cara de pau e se corrigiu imediatamente.

— Negócio? Mas você não trabalha na fábrica têxtil?

O uniforme deixava isso claro.

— Talvez não por muito tempo. Sou só temporário, e o salário é baixo. Meu pai quebrou a perna e está acamado — as despesas médicas estão se acumulando. Seu negócio de batata-doce parece promissor, mas a senhora vende só aqui. Eu queria comprar com a senhora e montar uma barraca em outro lugar.

Capítulo  17 – A Nora Importa

Yang Yufen vendia batatas-doces cruas, e a abordagem inicial de Little Zhang era claramente uma tentativa de negociar o preço.

— Então volte mais tarde, quando eu tiver fechado a barraca.

Yang Yufen não recusou, e os olhos de Little Zhang se iluminaram imediatamente. Nesse momento, outra pessoa se espremeu ao lado dele.

— Moça, será que eu posso participar também? Não se preocupe, eu também não vendo nada por aqui. Fiquei te observando por três dias — suas batatas-doces são únicas.

Yang Yufen pensou por um instante e assentiu.

— Só vocês dois, então. Se tiver mais gente, não vai sobrar batata. Vender elas cruas dá menos lucro do que assadas, e eu poderia vender tudo sozinha.

Com essas palavras, os dois homens — um mais velho, outro mais novo — trocaram olhares. Agora, eram concorrentes.

— Mas pensem bem antes de decidir. Se forem comprar, só aceito dinheiro vivo, nada de fiado.

Yang Yufen falou com firmeza.

— Claro, claro! — disse rapidamente Wang Dazhi, o homem que a havia chamado de “moça”.

Little Zhang, no entanto, ficou em silêncio. Depois de um momento de hesitação, virou-se e entrou na fábrica têxtil.

— Little Zhang, tem certeza disso? Sua família precisa de dinheiro agora. Se você abrir mão desse trabalho, não vai ser fácil conseguir outro depois.

— Já decidi. Do jeito que está a situação lá em casa, não tenho outra escolha.

O rosto de Little Zhang estava tenso de preocupação, do tipo que apertava o coração de qualquer um. Logo ele chamou outra pessoa e, após um acordo mútuo, sua vaga temporária na fábrica foi passada adiante.

Um operário temporário ganhava vinte e oito yuans por mês, o que dava mais de trezentos por ano. O comprador lhe pagou seiscentos yuans adiantados.

Little Zhang fez as contas de quantos jins de batata-doce poderia comprar com aquele dinheiro. Além das batatas, precisaria de um fogareiro. Um triciclo estava fora de alcance, mas um carrinho de mão era viável.

Ainda havia as contas do hospital do pai, que estavam em atraso. Se não pagasse logo, o pai seria mandado para casa.

A cirurgia já tinha sido feita, mas a recuperação levaria tempo. Como filho único, toda a responsabilidade caía sobre ele.

Quando o turno da fábrica acabou, as batatas-doces assadas de Yang Yufen se esgotaram rapidamente. Little Zhang estava ansioso demais para esperar — ficou agachado por perto, ajudando a calcular os trocos.

Ele não tocava no dinheiro, mas sempre que alguém entregava uma nota, ele logo calculava quanto devolver.

Yang Yufen lançou alguns olhares na direção dele, mas não disse nada. Cada um tinha suas dificuldades, e engolir o orgulho não era fácil.

Meia hora antes do habitual, Yang Yufen já tinha vendido tudo. Em seguida, conduziu os dois homens até o instituto de pesquisas.

O filho da Tia Wang havia cultivado cerca de quatro mu de batata-doce com mel, colhendo em média 4.000 jins por mu. Após distribuir uma parte, ainda restavam cerca de 15.000 jins.

Yang Yufen já vendia batatas-doces assadas há uma semana — 100 jins no primeiro dia, depois 300 por dia, tudo num único ponto de venda.

Claro que, com o tempo, as pessoas se cansariam, e as vendas cairiam. Mas ela podia mudar de lugar sempre que quisesse.

Pelos seus cálculos, acabaria com o estoque a tempo do Ano Novo.

— Só posso liberar 10.000 jins. Como vocês viram, eu vendo mais de 200 por dia. Se eu não precisasse voltar pra casa pra cozinhar pra minha nora, poderia pedalar até escolas ou cinemas e vender ainda mais.

Os dois homens assentiram. Dez mil jins parecia muito, mas não duraria tanto — ainda mais tendo que dividir entre eles.

— Vocês também podem vender castanhas assadas junto — é só colocar uma panela sobre o fogareiro.

A sugestão de Yang Yufen fez os olhos deles brilharem. "Como não pensamos nisso antes?"

— Eu vou pegar...

Wang Dazhi tentou falar primeiro.

— Metade pra cada um! — cortou Little Zhang.

— Jovem, que tal ceder a um homem mais velho? Você provavelmente nem tem dinheiro suficiente. Que tal isso — eu fico com 6.000 jins, e você com 4.000. Com as castanhas, já vai ser o bastante.

Wang Dazhi tentou apelar para a idade.

— Tio Wang, meu pai tem mais ou menos a sua idade também. E velho com a perna quebrada demora pra se recuperar. O senhor poderia me dar uma força? Eu também estava pensando em pegar 6.000 — nem vou ter tempo pras castanhas mesmo.

Na hora de ganhar o pão, orgulho era a última coisa que importava.

— Se virem entre vocês. Se forem comprar, me encontrem aqui amanhã às oito da manhã. Eu ainda tenho que cozinhar pra minha nora.

Yang Yufen virou-se para ir embora.

— Espere, moça — ainda não combinamos o preço.

Wang Dazhi foi o primeiro a reagir. Comprar no atacado não podia ser pelo mesmo valor do varejo.

— Dois mao a menos por jin.

— Faz três.

— Então esquece. Eu vendo tudo sozinha.

Yang Yufen já subia no triciclo, pronta para partir.

— Dois mao, dois mao! Amanhã estaremos aqui com o dinheiro!

— Amanhã, vocês só vão levar 1.000 jins. Aviso quando poderem pegar o resto.

Os olhos dos dois quase soltaram faíscas — mil jins nem dariam pra dois dias.

Mas Yang Yufen não ligava. Pedalou direto para dentro do conjunto residencial, onde eles não podiam segui-la.

Ao chegar em casa, ficou surpresa ao ver Qin Nian ali.

— Chegou cedo hoje?

Foi então que notou a palidez no rosto dela.

— O que houve? Está passando mal?

— Estou bem, mãe. Só preciso descansar um pouco.

Qin Nian acenou fracamente com a mão.

Yang Yufen entendeu na hora.

— Enjoo? Está com dor no estômago? Vou pegar um pouco de água morna. Vai deitar.

Qin Nian assentiu. A esposa de seu orientador a havia alertado, mas ela não esperava que fosse tão ruim. Na hora do almoço, o cheiro de peixe no refeitório a fez passar mal, e seu professor, ao vê-la tão abatida, a mandou para casa.

Yang Yufen reaqueceu a comida que estava na panela e preparou uma nova porção de mingau de arroz com um toque de açúcar mascavo. Levou tudo até o quarto de Qin Nian.

— Nian, tenta comer um pouquinho.

O estômago de Qin Nian ainda estava sensível — ela tinha vomitado várias vezes e não comia nada desde o meio-dia.

Mas, com a gentileza da sogra, conseguiu engolir algumas colheradas. O mingau era suave, levemente adocicado, e não a fez passar mal de imediato. Mas após mais algumas colheradas, o estômago reclamou de novo.

Yang Yufen, que observava tudo de perto, rapidamente tirou a tigela de suas mãos.

— Não se force. Gravidez é assim mesmo — o bebê é quem decide quanto você pode comer, nem uma mordida a mais.

Ela confortou a nora, depois trouxe uma bacia com água morna para que ela pudesse se refrescar. Aos poucos, a cor voltou ao rosto de Qin Nian.

— Agora dorme. Vou deixar o mingau quentinho. Quando se sentir melhor, come mais um pouco.

Exausta, Qin Nian assentiu e adormeceu.

Quando teve certeza de que ela estava dormindo, Yang Yufen foi procurar a Tia Wang.

— Vendi todas as batatas-doces com mel — só guardei cerca de 2.000 jins.

— Todas?

Tia Wang ficou boquiaberta. Vender 200 ou 300 jins por dia já era impressionante, mas isso ultrapassava qualquer expectativa.

— Dois homens viram o quanto vendia bem e pediram pra comprar de mim. Eu aceitei. Vou lucrar um pouco menos, mas a saúde da Nian vem em primeiro lugar.


Capítulo 18 – As Entregas de Comida Recomeçam

— Com certeza, farei aquele rapaz entregar tudo pra você amanhã. Você é incrível, querida.

Quando um filho enfrentava dificuldades, que mãe não se preocuparia? Naquele momento, a Tia Wang se sentiu aliviada por ter dividido as batatas-doces com Yang Yufen anteriormente.

— Tudo graças às batatas-doces maravilhosas do seu sobrinho — só faltava o comprador certo. Mas agora, ele apareceu.

Yang Yufen não se demorou, preocupada com Qin Nian em casa. Chegou até a cogitar não vender batatas-doces no dia seguinte.

A condição de Qin Nian não estava boa, então Yang Yufen apertou os dentes e decidiu que não venderia. Esperaria até que a nora parasse de vomitar. Era uma pena, já que ela tinha acabado de preparar o fogareiro.

No meio da noite, Qin Nian vomitou de novo. Como não havia comido quase nada, agora só expelia bile.

Yang Yufen decidiu que também não ficaria com os dois mil jins de batata-doce restantes. Ganhar dinheiro não era mais importante do que o bem-estar da nora. Além disso, a família tinha economias suficientes.

Logo cedo na manhã seguinte, Yang Yufen foi até a cooperativa de suprimentos e comercialização em busca de frutas enlatadas. Qin Nian havia conseguido comer apenas alguns fios de macarrão sem tempero no café da manhã — não suportava nem o cheiro de ovos — e mesmo assim insistiu em ir trabalhar, partindo o coração de Yang Yufen.

Assim que saiu do conjunto residencial, avistou Little Zhang agachado perto do portão.

— Tia Yang, por que saiu tão cedo? Não tínhamos combinado às oito?

Little Zhang a viu imediatamente.

— São oito, mas ainda são sete. Que horas você chegou?

Yang Yufen viu a geada grudada no cabelo dele.

— Não consegui dormir, então vim cedo.

Na verdade, ele tinha medo de que os pais percebessem que ele estava faltando ao trabalho se saísse mais tarde.

— Já que chegou tão cedo... preparou o fogareiro e tudo mais?

Yang Yufen perguntou de repente. Little Zhang balançou a cabeça instintivamente.

— Bem, deve ser o destino. Minha nora está com enjoo matinal, então não vou vender batatas-doces assadas por um tempo. Você pode alugar o fogareiro, mas assim que ela melhorar, vou precisar dele de volta.

Os olhos de Little Zhang brilharam com as palavras dela. Era como um sonho virando realidade!

— Sério? Isso é fantástico! Tia Yang, pode deixar — vou cuidar bem do fogareiro. Se acontecer alguma coisa, faço um novo pra senhora!

Ele praticamente tremia de empolgação. "O pássaro madrugador realmente pega a minhoca!"

— Posso alugar seu triciclo também?

Yang Yufen balançou a cabeça:

— Esse é emprestado, infelizmente.

— E quanto às batatas-doces que a senhora guardou pra si? Posso comprá-las? Não vou pechinchar — pago o mesmo valor que a senhora vende.

Mesmo sem o desconto de dois centavos, ainda daria lucro.

Yang Yufen hesitou, e Little Zhang se apressou em insistir:

— Tia, uma sogra como a senhora é rara. Sua nora tem muita sorte! Mas enjoo matinal não passa do dia pra noite. E se nevar, sair de casa vai ser ainda mais arriscado. Se a senhora ficar indo e voltando, sua nora vai se preocupar também. Por favor, tenha piedade de mim e me venda essas batatas.

Yang Yufen finalmente assentiu.

— Você tem razão. Mas mantenha isso entre nós — já acertamos tudo ontem.

— Pode deixar, minha boca é um túmulo!

"Por que eu contaria uma oportunidade de ganhar dinheiro?" Ele já estava quebrando a cabeça pra fazer seu estoque durar até o Ano Novo — a época mais lucrativa!

— Tia, minha querida tia, posso levar o fogareiro agora?

Ele já queria começar a vender imediatamente.

— Primeiro arrume um carrinho. Eu preciso ir até a cooperativa de suprimentos. Outra pessoa virá mais tarde, então tente ser discreto.

Little Zhang assentiu animadamente:

— Entendido! Já estou indo!

Com Little Zhang fora do caminho, Yang Yufen pedalou com mais energia.

A cooperativa de suprimentos e comercialização tinha acabado de abrir quando ela entrou espremida.

Nem perguntou o preço das latas — frutas, pepinos em conserva — apenas pegou o que parecia bom. Também comprou ameixas preservadas e frutas secas.

Nada estava fora de cogitação, contanto que Qin Nian conseguisse manter no estômago. Foi assim que ela criou Shen Xianjun — sempre garantindo o que fosse melhor.

Não havia leite maltado nem leite fresco, e a seleção de frutas frescas era quase inexistente, mas Yang Yufen comprou o que deu. Ao ver as marmitas, pegou mais três.

Carregou tudo no triciclo e voltou o mais rápido que pôde.

Quando chegou de volta ao conjunto residencial, Wang Dazhi e Little Zhang já a esperavam.

— Esperem — vamos primeiro registrar vocês.

Yang Yufen os conduziu até a guarita para fazer o cadastro antes de entrar.

Ela ainda tinha cerca de mil jins de batata-doce, que os dois homens concordaram em dividir igualmente. Ensacaram e carregaram nos carrinhos.

Yang Yufen geralmente vendia batatas-doces cruas por quinze centavos o jin, mas agora cobrou treze. Mil jins somavam 130 yuans — sessenta e cinco para cada um.

Wang Dazhi estava com pressa para começar a vender e saiu imediatamente com sua parte. Já Little Zhang ficou rondando um pouco mais na entrada do condomínio.

Yang Yufen apareceu com o fogareiro no triciclo e as marmitas penduradas no guidão.

— Pegue. Me deixe dez yuans como caução e pode usar por um mês. Mas o melhor mesmo é ter seu próprio fogareiro.

— Obrigado, tia!

Little Zhang entregou o dinheiro e cuidadosamente transferiu o fogareiro para seu carrinho. Yang Yufen ainda deu a ele um pouco de carvão — o suficiente para aquele dia.

Com o dinheiro em mãos, Yang Yufen pedalou o triciclo agora vazio rumo ao instituto de pesquisas.

— Você pode entregar essas marmitas para minha nora? Eu levo um almoço decente pra ela ao meio-dia.

O segurança olhou as duas marmitas. Estavam pesadas — aquilo não era comida?

Ainda assim, ele assentiu e as abriu para inspeção. Uma continha maçãs descascadas e picadas; a outra, batatas-doces assadas.

Qin Nian ficou surpresa quando o segurança entregou os pacotes. Passara a manhã se sentindo mal — não havia nada no estômago pra vomitar, mas ainda assim estava enjoada demais pra comer. O cansaço mental do trabalho só piorava as coisas.

— Nian, sua sogra mandou comida de novo? E tão cedo — ainda nem são dez da manhã — comentou Xiao Ranran ao ver as marmitas.

Qin Nian assentiu com fraqueza. Não tinha muito apetite, mas, sem querer ignorar o carinho da sogra, abriu os potes. A visão das frutas frescas a deixou atônita.

Não havia frutas em casa — a sogra deve ter saído cedo só pra comprá-las.

Ela até incluíra palitos de bambu, provavelmente descascados com as próprias mãos.

— Sua sogra cuida tanto de você... Nem mãe faz isso. Se eu pedisse pra minha mãe descascar fruta, ela ia dizer que eu estava me achando!

— Minha sogra é maravilhosa mesmo — concordou Qin Nian, espetando um pedaço de maçã com o palito.

O frescor e o leve azedinho adocicado assentaram suavemente no estômago.

Ao abrir o segundo pote, encontrou batatas-doces assadas. A maçã parecia ter despertado um pouco do apetite, e pela primeira vez o pensamento de comer não a repelia.

— Aqui, fica com uma. Não consigo comer as duas, e frias não ficam tão boas.

Ela entregou uma para Xiao Ranran.

— Então eu vou aceitar com gosto!

Xiao Ranran não recusou — o aroma era irresistível.

Yang Yufen havia escolhido batatas-doces pequenas de propósito, perfeitas para um lanche.


Capítulo 19 — Garantindo Financiamento

Depois de comer um batata-doce assada com um pouco de fruta e beber água quente, Qin Nian finalmente sentiu algo sólido no estômago, e seu ânimo melhorou. Aproveitando aquele momento de energia renovada, ela voltou imediatamente ao trabalho.

Enquanto isso, o filho da Tia Wang chegou, visivelmente animado ao expressar sua gratidão a Yang Yufen.

— Se não fosse pela sua ajuda, tia, eu teria desistido de cultivar essas batatas-doces mel no ano que vem.

O rapaz realmente havia considerado abandonar a plantação — quando o produto não era aceito pelas pessoas, perdia o valor e naturalmente acabava esquecido.

— É porque suas batatas-doces mel são tão boas que todos adoram. Quem prova não esquece o sabor. No ano que vem, mais gente ainda vai saber apreciá-las.

Yang Yufen não sentia que tivesse feito algo extraordinário. Além disso, embora vendesse aquelas batatas-doces por 0,13 yuan o quilo, o Sobrinho Wang só cobrava 0,06 yuan o quilo dela. No fim das contas, quem lucrava era ela.

Das 15 mil libras de batatas-doces, depois de descontar o que vendeu e o que guardou para si, restaram 13 mil libras — 10 mil vendidas por 0,13 yuan e 3 mil por 0,15 yuan. Só com as batatas cruas, ela lucrou 850 yuan.

As assadas rendiam ainda mais, e mesmo considerando os custos com o tambor de gasolina e carvão, ela ainda conseguiu ganhar mais de mil yuan em apenas sete dias.

Ela havia confiado a terra à Gui Xiang, garantindo uma colheita anual de grãos suficiente para a família. Plantava seus próprios vegetais e criava suas galinhas, então suas despesas anuais eram mínimas.

O lucro daqueles sete dias superava o que havia ganhado nos dois anos desde que as terras foram distribuídas às famílias. Sua confiança disparou.

"Não é à toa que tanta gente entra no comércio informal", pensou.

O Sobrinho Wang não sentia inveja dos lucros de Yang Yufen. O que mais importava para ele era a continuidade do seu projeto de pesquisa. Agora, não precisava mais se preocupar com outros tentando deixá-lo de lado. Na verdade, decidiu ir direto ao diretor pedir mais terra — ninguém tomaria dele!

Yang Yufen achava que Little Zhang e o outro rapaz só voltariam no dia seguinte, mas logo após levar o almoço para a nora, o segurança avisou que visitantes haviam vindo procurá-la.

Wang Dazhi e Little Zhang se encontraram de novo na entrada do conjunto residencial, trocando olhares desconfiados.

— O que está fazendo aqui em vez de vender batata-doce?

— Velho Wang, eu é que te pergunto: o que está fazendo aqui?

— Não está tentando se enfiar lá primeiro pra pegar as batatas antes de mim, né?

— Mesma coisa contigo.

A popularidade das batatas-doces assadas tinha superado todas as expectativas. Graças ao trabalho prévio de Yang Yufen, tudo o que precisavam fazer era gritar, e os curiosos se juntavam na hora. Ao ouvirem o mesmo preço acessível, as pessoas compravam para experimentar — afinal, não tinham nada a perder.

Eles mal conseguiam assar rápido o suficiente. Alguns clientes, impacientes, até compravam as batatas cruas pra assar em casa.

Wang Dazhi vendia a 0,18 yuan, e até as cruas eram levadas rapidamente. Era inacreditável.

Se não fosse por sua cautela e visão de longo prazo, já teria vendido todo o estoque cru naquela hora.

Quando Yang Yufen soube que eles haviam voltado para pegar mais batatas, chamou o Sobrinho Wang para poupar o esforço de transporte. Os dois compradores o seguiram diretamente para buscar o carregamento.

Claro, Yang Yufen fez questão de receber o pagamento antes.

Ao descobrir que aquelas batatas-doces mel eram desenvolvidas pela Academia Agrícola, Wang Dazhi ficou pasmo. Agora fazia sentido — gente comum como eles jamais teria acesso àquele tipo de produto.

Qualquer pensamento de barganha desapareceu na hora.

O Sobrinho Wang, agora bem esperto, acrescentou:

— Isso é tudo o que sobrou, e provavelmente não será suficiente para suas vendas. Mas nossa academia tem outras variedades de batata-doce, todas com ótimo sabor e textura. Vocês podem vender junto — o preço, claro, fica a critério de vocês negociarem.

Ele queria garantir financiamento para os colegas também. Caso contrário, quando tentassem derrubá-lo depois, não teria aliados — e nem conseguiria ajuda para capinar o mato.

— S-Sério? Isso é maravilhoso!

Os dois homens não esperavam por uma oportunidade daquelas.

O Professor Wang (Sobrinho Wang) reuniu alguns colegas de confiança para discutir a situação, incluindo os preços.

— Tsk, isso só mostra o poder do povo. Vender batata-doce assada resolveu um problemão — no ano que vem, não vamos mais passar sufoco com verba.

Quando vendiam os produtos por conta própria, os preços eram ridiculamente baixos, e muitas vezes ainda tinham que subsidiar a pesquisa. Embora tivessem o título respeitável de "professores", seus bolsos estavam sempre vazios.

Como os preços foram decididos em conjunto, a negociação correu tranquila. Wang Dazhi e Little Zhang ficaram satisfeitos, e os professores também.

— Ei, garoto, vamos dividir o território.

Wang Dazhi, com sua experiência, puxou Little Zhang de lado ao saírem da academia.

— Velho Wang, eu estava pensando exatamente nisso.

Só os dois não dariam conta de vender todas as batatas-doces assadas a tempo de atender à demanda. Mas poderiam repetir o modelo inicial — expandir a rede.

Yang Yufen não sabia de nada disso. Sua mente estava ocupada com a cozinha — ela não sabia preparar muitos pratos, e os enjoos das grávidas eram famosos por serem imprevisíveis.

Claro, no campo, as pessoas se viravam como podiam, mas sua nora era diferente. Ela não suportava vê-la passar dificuldades, dizendo apenas para "aguentar firme".

Então, Yang Yufen começou a perguntar pelas redondezas.

Seu confronto anterior com Yi Mengling a deixara famosa. No instante em que entrou no conjunto residencial, as mulheres ficaram tensas.

— Alguém andou espalhando boatos sobre a Pesquisadora Qin ultimamente?

— N-Não, não! É só que o marido dela desapareceu, e o pessoal teme o pior...

— Ah! Fecha essa boca!

Yang Yufen foi direto ao grupo de mulheres reunidas perto da torneira.

— Sei que todas estão ocupadas, mas queria perguntar uma coisa.

— T-Tia Yang, claro! O que a gente souber, a gente conta.

A Cunhada Wang, bem no caminho dela, tremia. Na última vez que presenciara Yang Yufen em ação, o som dos tapas ainda ecoava em sua cabeça. Nem ousava se mover.

— Não é nada demais. Só queria saber o que vocês comiam quando estavam com muito enjoo na gravidez. Quero preparar algo pra minha nora. Não precisa ser de graça — troco por ovos.

Já que a nora não conseguia comer ovos no momento, era melhor guardá-los para depois.

A Cunhada Wang ficou primeiro surpresa, depois tentada, e por fim, com inveja.

Mas nenhuma das mulheres tinha más intenções. Sabendo que provavelmente aquele seria o único neto de Yang Yufen, ficaram felizes em compartilhar suas experiências. Algumas até correram para casa buscar remédios caseiros, recusando os ovos que Yang Yufen tentava oferecer.

No fundo, todas eram mulheres. Admiravam aquela sogra dedicada e, ao mesmo tempo, sentiam pena dela — viúva jovem, e agora com o filho desaparecido.

No fim das contas, Yang Yufen não deu um único ovo, mas voltou com uma cesta cheia de alimentos e inúmeras dicas para aliviar os enjoos. Depois de agradecer a todas, seguiu para casa.

Ela não tinha muito mais a oferecer, e ostentar riqueza seria imprudente — mas batata-doce era outra história. Embora tivesse emprestado o forno, improvisou um fogão com o qual podia assar do mesmo jeito.

No dia seguinte, Yang Yufen distribuiu batatas-doces assadas no conjunto.

Não era muita coisa — só o suficiente para que cada um provasse. Ninguém se importou de dividir uma batata.

E assim, a reputação de Yang Yufen no conjunto residencial ficou ainda mais brilhante.


Capítulo 20 — Cobertor Elétrico

Com os cuidados meticulosos de Yang Yufen, Qin Nian ainda sofria com enjoos matinais, mas estava muito melhor do que antes, o que lhe permitia recuperar energia suficiente para voltar a se concentrar no trabalho.

Yang Yufen se sentia entediada — mas vender batatas-doces assadas atrapalharia o preparo das refeições da nora. Fitando a cama de madeira que havia montado, pensou: "Será que vai ser frio demais no inverno?"

Ela até aguentaria firme, mas sua nora com certeza não.

Com isso em mente, Yang Yufen enfiou algum dinheiro no bolso, entregou o almoço que havia preparado para Qin Nian no instituto de pesquisa e partiu apressada rumo à cooperativa de suprimentos e comércio.

— Tia Yang, o que veio comprar desta vez? Estas aqui são laranjas do sul — separei pra senhora, como pediu da última vez!

— Você é sempre tão atenciosa, Pequena Lin. Pese pra mim. Ah, leva umas batatas-doces — ainda estão quentinhas.

Yang Yufen puxou as batatas-doces assadas que havia preparado.

— Nossa, não são batatas-doces mel? Tia, deixa eu te contar: essas batatas-doces assadas estão fazendo o maior sucesso agora. Se eu não ficasse presa aqui na cooperativa todo dia, também ia atrás pra comprar. Mas não posso aceitar as suas de graça — isso aí custa pelo menos cinquenta centavos!

Pequena Lin estava radiante. A primeira vez que provara aquelas batatas, tinha sido pelas mãos do namorado, mas já estavam frias — mesmo assim, ainda eram deliciosas. As que Tia Yang trouxera estavam fumegantes.

— Que dinheiro, que nada. Só continue me avisando quando chegar alguma coisa boa.

Yang Yufen recusou na hora.

Na última vez, alguém tentou intimidar Pequena Lin, e Yang Yufen interveio. Desde então, as duas ficaram bem próximas.

— Pode deixar! Tia, está procurando alguma coisa específica hoje?

Normalmente, Yang Yufen começava a vasculhar assim que chegava, mas dessa vez ficou ali no balcão, conversando.

— Pois é... nevou anteontem, e nem importa quantos cobertores eu ponha à noite — ainda acordo com frio. As bolsas de água quente ficam geladas até a meia-noite. Pensei em ver se tem algo aqui que sirva.

Yang Yufen já vinha tanto na cooperativa ultimamente que encontrava o que queria sem nem perguntar.

— Nesse caso, Tia Yang, eu até sei de uma coisa — cobertor elétrico. Mas aqui a gente não tem. Teria que ir na loja de departamentos comprar.

Pequena Lin pensou por um instante antes de se lembrar.

— É só ligar na tomada, e ele esquenta. A única coisa é que consome um pouco mais de eletricidade, mas dizem que esquenta uma maravilha — até uma coberta só basta, mesmo nas noites mais frias. Dizem que em hospitais do exterior usavam com recém-nascidos.

— Precisa de cupom?

Yang Yufen perguntou, animada.

— Não precisa, mas é meio caro. A maioria ainda usa garrafa de água quente na cama.

— Obrigada, querida. Toma as duas últimas batatas-doces. Quanto deu as laranjas?

— Se a senhora vai mesmo pra loja de departamentos, Tia, quer que eu guarde as laranjas? Pega na volta — melhor do que ficar carregando pra lá e pra cá.

Yang Yufen assentiu e partiu no mesmo ritmo apressado de sempre, a tempo de pegar o ônibus.

Parada diante da imponente loja de departamentos, Yang Yufen respirou fundo. Pensando na nora, entrou decidida.

— Bem-vinda! Em que posso ajudar, senhora? O primeiro andar é de utilidades em geral, o segundo é de roupas e o terceiro, de eletrodomésticos.

Uma voz suave a recepcionou, acompanhada de um sorriso caloroso que a deixou à vontade.

— Quero comprar um cobertor elétrico.

— Os cobertores elétricos ficam no terceiro andar. Pode subir pelas escadas.

— Tá certo, tá certo.

Enquanto subia, Yang Yufen olhava em volta, percebendo o quanto havia mais variedade ali do que na cooperativa. Só os doces já vinham em tantas cores brilhantes — muitos ela nem conhecia.

Ela deu um tapinha na bolsinha de dinheiro. Tinha o suficiente — talvez comprasse algo a mais para Qin Nian mais tarde.

No terceiro andar, após perguntar o caminho, logo encontrou os cobertores elétricos. Já havia alguém ali examinando um.

— Esses cobertores elétricos são confiáveis? E se vazarem eletricidade? Vai que alguém leva um choque?

Yang Yufen não se aproximou de imediato, preferindo ouvir de lado.

Aquilo não parecia alguém querendo comprar de verdade — soava mais como quem queria causar confusão.

Sem certeza, ela permaneceu observando.

— De forma alguma. Embora nossos cobertores elétricos sejam de fabricação nacional, passam por inspeções rigorosas. Os fios de aquecimento são trançados em padrão serpenteado dentro do tecido, garantindo distribuição uniforme do calor e baixo consumo de energia. São totalmente isolados, dentro dos padrões de segurança.

O vendedor explicava com paciência.

— Não acredito. Todo mundo diz que seus produtos são os melhores. Os importados custam uma fortuna, e o seu é só vinte e cinco yuan? Deve ser porcaria. Esquece — não vou levar. Ninguém devia comprar também. Se alguém tomar um choque, vocês vão é se esquivar da culpa.

A multidão que se aglomerara começou a se dispersar. Alguns que já tinham pago voltaram atrás, pediram reembolso e saíram dali.

Yang Yufen também sentiu um leve receio, mas não seguiu a multidão.

— Chefe, e agora? Aquele cara com certeza veio sabotar! Se o senhor não tivesse me segurado, eu já tinha dado um soco! Deve ter sido mandado por concorrente!

— Se você tivesse batido nele, a gente perdia esse ponto aqui na loja de departamentos — e foi um sufoco conseguir esse espaço.

Li Xueguo já esperava sabotagem, mas cobertor elétrico não era coisa barata. Só comprava quem tinha dinheiro — justamente os clientes com poder de compra.

— Então esses cobertores custam mesmo vinte e cinco yuan cada? Qual o tamanho? Se eu levar dois, tem desconto?

Yang Yufen se aproximou, passando a mão sobre o cobertor exposto. Era espesso, com fios bem trançados e firmes.

— Sim, senhora. Viu como é bem feito? Esquenta rapidinho, e um cobertor grosso assim já custaria caro mesmo sem a parte elétrica. Um só dá pra dois dormirem juntos.

— Hmm. Me dá um desconto, que eu levo dois.

Agora que sua casa tinha alguma economia, Yang Yufen falava com segurança.

— Levando dois, faço por dois yuan a menos e ainda dou uma fronha de presente.

Li Xueguo deu um passo à frente com um sorriso alegre. Duas vendas já seriam um bom começo.

— Agora sim, gostei da sua atitude.

Yang Yufen contou o dinheiro e entregou. O vendedor logo escreveu o recibo e embalou os cobertores.

— Sabe, vocês podiam tentar vender perto das fábricas. Os operários têm dinheiro, mas não têm tempo pra vir até a loja. Com um pouco de divulgação, talvez vendam até mais do que aqui.

Como Li Xueguo não só dera desconto como ainda ofereceu a fronha, Yang Yufen resolveu dar o conselho de forma casual, antes de descer pra pegar algo extra para Qin Nian.

Li Xueguo ficou parado, observando ela partir.

— Chefe... acho que a tia tem razão. Perto das fábricas, pelo menos, não ia ter que pagar taxa de espaço — aqui a gente já gastou centenas só por esse cantinho.

Perderam dinheiro antes mesmo de fazer uma venda.

— Fui míope. Vamos lá — a gente vai recuperar o prejuízo que aquele sujeito causou!

Li Xueguo riu de repente, deixando o vendedor animado arrastá-lo para o próximo passo.




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