Cap. 21 — Dormindo Juntas
— Chefe, irmão Xueguo, não façam isso. A gente ficou bravo antes, mas já pagamos a taxa do estande, e não tem como reaver. Vamos esperar até o contrato acabar, aí sim a gente resolve com ele.
— Ué, e não foi você mesmo que tava espumando de raiva, pronto pra sair no soco?
Li Xueguo lançou um olhar para seu primo mais novo, que tinha trazido da vila.
— Aquilo foi da boca pra fora. Como eu ia causar problema pro irmão Xueguo? Melhor a gente pensar em qual portão de fábrica tentar primeiro.
Yang Yufen passou o dia encantada com as vitrines e se empolgando nas compras, gastando mais de 120 yuans. Com os dois cobertores elétricos, o total do dia chegou a 174,5 yuans.
De volta ao conjunto residencial, ela deixou as sacolas em casa e foi direto para a cooperativa de suprimentos.
— Obrigada, Linzinha. Consegui comprar. Toma, trouxe uns docinhos.
— Sério? Que ótimo, tia! Quanto custaram os cobertores elétricos?
Linzinha rapidamente pegou algumas frutas.
— Vinte e cinco.
— Tão barato assim?
Linzinha arregalou os olhos, subitamente preocupada de que Yang Yufen tivesse sido enganada.
— Tia, tem certeza de que não pegou o produto errado? Ouvi dizer que cobertor elétrico custa pelo menos quarenta ou cinquenta cada.
— Tenho certeza. Vinte e cinco, dá pra duas pessoas, e bem grosso. Disseram que é fabricação nacional. Mas agora não posso conversar mais, tenho que ir preparar o jantar.
Pegando as frutas, Yang Yufen saiu às pressas.
Linzinha ficou parada no balcão, pensando. Se fosse mesmo vinte e cinco, ela também podia comprar um. O frio no inverno era de rachar.
— Linzinha, em que mundo você tá?
O diretor da cooperativa — tio de Linzinha — acabava de voltar da rua. Os negócios andavam difíceis, e com o fim do ano se aproximando, ele estava atolado.
— Tio, uma senhora me disse que os cobertores elétricos da loja de departamentos estavam por vinte e cinco. Queria comprar um também.
— Vinte e cinco? Muito barato. Não deve dar nem pra cobrir o pé. Melhor usar bolsa de água quente mesmo.
Ele não deu muita bola.
— Não, ela disse que dava pra duas pessoas, mas era nacional.
— Nacional? Qual loja de departamentos?
O diretor de repente se interessou.
— Baiyi.
Afinal, foi a mesma loja que ela tinha recomendado para a tia Yang.
— Baiyi? Fica de olho na loja. Se isso for verdade, vou conseguir dois pra você pelo menor preço.
O diretor colocou o chapéu de novo, montou na bicicleta e saiu voando.
Fabricado no país? Tanto faz se estatal ou privado — se conseguisse um bom acordo, a cooperativa deles ia superar todas as outras naquele ano!
Yang Yufen não fazia ideia de nada disso. Em casa, limpou o cobertor com espanador, seguiu as instruções do vendedor — estendeu o cobertor na cama e o cobriu com um lençol.
O único problema era a tomada. O quarto de Qin Nian tinha uma bem perto da cama, mas na sala principal, a mais próxima era longe.
Yang Yufen não se apressou. Podia resolver isso no dia seguinte. Por ora, foi preparar o jantar.
Antes de sair, desdobrou a roupa de cama de Qin Nian, ligou o cobertor elétrico e então pegou seu triciclo para buscá-la.
Sim, Yang Yufen agora não deixava mais Qin Nian ir de bicicleta. As ruas estavam escorregadias, e o triciclo era muito mais estável. Ela até recolocou a cobertura no compartimento de passageiros.
— Mãe, não precisa vir tão cedo. Ficou esperando muito?
— Que nada. Tive um monte de coisa hoje e fiquei com medo de me atrasar. Esse horário tá ótimo. Sobe aí — a gente conversa em casa.
Qin Nian entrou na cabine, onde havia um bom acolchoamento e uma bolsa de água quente.
Assim que se acomodou, outra coisa foi colocada em suas mãos.
— Comprei isso na loja de departamentos. Chamam de… alguma coisa com "força". Dizem que dá energia. Comprei bastante — leva alguns pro trabalho todo dia.
Com isso, Yang Yufen começou a pedalar.
Qin Nian olhou o que segurava.
Chocolate. Ela não tinha dado nenhum certificado de câmbio estrangeiro à sogra, então isso devia ter sido bem caro.
"Será que o dinheiro que dou pra ela é suficiente? Como ela tá se virando?"
— Rápido, rápido! Vai deitar e se aquecer. O caldo já tá quase pronto.
Qin Nian já se acostumara com as broncas de Yang Yufen. Levou a bolsa de água quente para dentro, viu que a cama estava arrumada, e foi colocá-la sob as cobertas — mas sentiu calor.
Passou a mão várias vezes pela superfície, até notar um fio branco ligado na tomada.
Um cobertor elétrico. Então, hoje, sua sogra não só tinha comprado doces, como também isso, pra ela.
— Aqui, lava os pés e deita logo. Já tá quentinho?
Yang Yufen entrou com uma bacia de água quente.
— Tá sim. Mãe, você comprou um pra você também?
Qin Nian perguntou.
— Comprei. Amanhã puxo uma extensão. Vamos jantar aqui mesmo hoje — o vento tá forte, deve nevar.
Ela saiu de novo depois de deixar a bacia.
Qin Nian tirou os sapatos e as meias em silêncio. Os pés estavam gelados, como sempre. Mas, desde que a sogra chegara, ela passara a se importar mais com o frio.
Depois de lavar os pés na água quente, ela os enfiou debaixo das cobertas. Tão quente.
O jantar foi simples — afinal, Qin Nian ainda não tolerava cheiros fortes. Mas a nutrição não foi esquecida: ovos cozidos. Qin Nian comia a clara; Yang Yufen ficava com a gema.
— Mãe, acho que vai nevar hoje. Por que a senhora não dorme aqui comigo? A cama é grande, e eu quase não me mexo.
Qin Nian sugeriu.
Yang Yufen quase recusou, mas cedeu ao olhar da nora.
— Deixa só eu arrumar tudo. Já lavo o rosto e venho.
Se Qin Nian dormia quieta, Yang Yufen era ainda mais contida — uma estátua.
O cobertor elétrico fez toda a diferença. Yang Yufen adormeceu logo, enquanto Qin Nian ficou acordada no escuro, se aproximando devagarinho.
Tão quente. Parecia o abraço de uma mãe. Fechou os olhos e dormiu.
Na manhã seguinte, o café já estava pronto e Yang Yufen tinha fatiado frutas para o almoço de Qin Nian.
— Mãe, não se preocupe com a extensão. Cobertor elétrico gasta muita energia. A gente pode dividir — a cama é grande.
Qin Nian disse entre uma mordida e outra, de cabeça baixa.
— Tá bom.
Yang Yufen respondeu sem hesitar, já de costas, indo pra cozinha.
Qin Nian mordeu o lábio de leve. Ela tinha aceitado!
— Mãe, tô indo pro trabalho. Toma, fica com isso.
Antes de entrar pelos portões do instituto de pesquisa, Qin Nian enfiou dinheiro no bolso da sogra e saiu apressada com sua bolsa.
Yang Yufen sorriu, olhando até a menina sumir de vista, antes de subir no triciclo.
A neve da noite anterior havia se assentado. Ela resolveu dar uma passada na casa da irmã Wang.
— Irmã Wang? Irmã Wang?
Nenhuma resposta. Yang Yufen franziu o cenho. A porta estava trancada por dentro. Chamou mais alto — silêncio.
Sem hesitar, ela subiu no triciclo, escalou o muro e pulou direto para o pátio.
Cap. 22 — A Tia Wang Está Doente
Ao empurrar a porta, a casa estava gelada como um túmulo, fazendo um arrepio percorrer sua espinha.
— Irmã Wang? Irmã Wang, o que houve?
Um volume sob os cobertores confirmava que havia alguém ali.
Yang Yufen estendeu a mão para tocar — a pele estava escaldante, mas as cobertas estavam congeladas.
— Aguente firme, irmã Wang! Vou te levar ao hospital!
Sem hesitar, Yang Yufen embrulhou a mulher e os cobertores juntos, carregou tudo nos braços, colocou no triciclo e partiu às pressas.
Ela pedalava como se sua vida dependesse disso até chegar ao posto de segurança.
— Rápido, ajuda aqui — ah! Esqueci de perguntar o nome do filho dela!
Yang Yufen se interrompeu no meio do grito, mas os guardas, percebendo a urgência, já estavam correndo até ela.
— Chamem o filho dela! Ela tá doente. Tô levando pro hospital — pro Terceiro Hospital Popular! Guardem isso!
Ela puxou um guarda conhecido até onde a irmã Wang estava deitada para que ele a reconhecesse. Assim que ele assentiu, ela saiu pedalando novamente com o triciclo.
O Terceiro Hospital Popular era um lugar familiar para Yang Yufen — e o mais próximo.
Ela foi direto para a entrada do prédio de atendimento, ofegante.
— Doutor! Enfermeiras! Emergência!
Depois de gritar lá dentro, voltou correndo para carregar a paciente.
As enfermeiras se mobilizaram na hora, empurrando uma maca que chegou justo a tempo para Yang Yufen deitar a irmã Wang.
Enquanto o médico examinava e a internava, Yang Yufen explicou:
— Fui ver como ela estava hoje de manhã e a encontrei assim. Quase inconsciente, então trouxe direto. O filho dela é professor no Instituto Agrícola — já chamaram ele, mas talvez demore a chegar.
— A paciente é idosa e está com febre alta. Internem e paguem as taxas.
Em meio à correria, Yang Yufen agradeceu mentalmente por sua nora ter colocado dinheiro no seu bolso mais cedo — caso contrário, não teria nenhum centavo.
Ela não entendia os exames, mas a expressão séria do médico a preocupava. Entregou os 100 yuans da nora por inteiro.
Wang Shuo, o professor, quase entrou em pânico ao receber a ligação. Abandonou os alunos, tropeçou duas vezes correndo até o bicicletário e disparou rumo ao hospital.
Nem se deu ao trabalho de estacionar — simplesmente jogou a bicicleta na neve e entrou correndo.
— Uma senhora chamada Wang foi trazida hoje de manhã. Sou o filho dela. Onde ela está?
Quando a encontrou, ela tinha acabado de voltar dos exames e estava com soro no braço.
— Sobrinho, por aqui! O médico deu remédio pra febre e já passou o soro. Aqui está o recibo — paguei 100 yuans. Agora preciso voltar pra fazer almoço pra minha nora, mas volto mais tarde. Fica com ela, tá?
Ao ver Wang Shuo chegar, Yang Yufen finalmente relaxou.
— Obrigado, tia.
Ele ficou sem palavras. Yang Yufen não se demorou, e Wang Shuo correu até a mãe.
Yang Yufen voltou pra casa pedalando, preparou o almoço, depois foi até a casa da irmã Wang. Pegou a chave na porta, trancou tudo e voltou.
Com várias marmitas em casa, preparou comida para Qin Nian, irmã Wang e Wang Shuo, comeu rápido e levou tudo para o hospital.
Quando voltou ao hospital, a irmã Wang já estava acordada.
— Obrigada, querida irmã. Se não fosse por você, acho que eu…
A irmã Wang estremeceu só de pensar. Um simples resfriado evoluíra para febre alta, e a neve da noite anterior a deixara fraca demais para pedir ajuda. Chegou a ouvir vozes, mas não conseguia responder.
— O importante é que você acordou. Coma alguma coisa. Sobrinho, você também. Trouxe bastante.
— Tá bom.
Wang Shuo aceitou a refeição. Depois de tudo que ela fizera, recusar seria inútil.
— O que o médico disse?
Yang Yufen ajudou a alimentar a irmã Wang, que adormeceu logo após comer.
— Só precisa a febre baixar. Você trouxe ela a tempo — com dois dias de soro, se tudo correr bem, pode ir pra casa.
— Que bom, que bom. Esse frio tá de matar. Ontem comprei dois cobertores elétricos — vou dar um pra irmã Wang.
Yang Yufen lembrou que ainda tinha um sobrando.
— Mas e você, vai usar o quê?
— É grande, dá pra dividir com minha nora. E você nem pode sair pra comprar um agora. Saúde em primeiro lugar.
Yang Yufen podia ajudar em emergências, mas não podia ficar direto. Febre pode voltar, e o cuidado precisava ser constante.
Wang Shuo, mesmo sendo um professor atarefado com alunos e laboratórios, não conseguiria dar conta sozinho.
— Eu pago — considere um favor. E aqui está o dinheiro da internação que você adiantou.
— Tá certo. O cobertor foi 25 yuans.
— Só 25? Barato demais!
— E é bem quentinho. Se o hospital permitir, pode ir buscar agora.
Wang Shuo perguntou às enfermeiras, pagou uma pequena taxa e recebeu autorização.
Quando viu o cobertor, ficou pasmo. Como algo tão eficaz podia custar tão pouco? Um aperto no peito o fez se sentir culpado — o sofrimento da mãe era reflexo de sua negligência.
Depois que Yang Yufen mostrou o recibo, ele acreditou e o remorso aumentou.
Correu de volta pro hospital.
A irmã Wang acordara de novo — tremendo, como se tivesse sido jogada dentro de uma adega gelada.
Mesmo com três camadas de cobertores, seus dentes batiam sem parar.
Wang Shuo a levantou com cuidado enquanto as enfermeiras estendiam o cobertor elétrico.
Depois de ajeitá-la, ficou sentado ao lado da cama, o coração apertado.
Outros pacientes olhavam com inveja — a irmã Wang tinha um filho atencioso. O médico, ao perceber o efeito do cobertor, mandou as enfermeiras ajustarem bem ao redor dela para reter melhor o calor.
Na loja de departamentos, Li Xueguo só havia vendido dois cobertores o dia todo. Já se preparava para fechar mais cedo e planejar novas estratégias de venda para o dia seguinte quando surgiu o diretor de uma cooperativa de suprimentos.
O homem encomendou 300 unidades — margem pequena, mas o volume compensava. Podia render outros contratos no futuro.
Como a loja estava vazia, Li Xueguo mesmo fez a entrega.
Após a nevasca, ele chegou ao portão da fábrica têxtil, onde havia uma vendedora de batata-doce. Comprou duas, comeu enquanto colhia informações.
Descobriu os horários de turno dos trabalhadores e preparou sua equipe.
Os operários da fábrica têxtil entendiam de qualidade. Bastava um olhar para saberem que seus cobertores valiam cada centavo.
Capítulo 23 — Venda Quente
No hospital, o cobertor elétrico milagroso atraiu muitas perguntas.
— Jovem, quanto custou esse cobertor elétrico? Onde você comprou?
— Vinte e cinco yuans, na loja de departamentos.
Wang Shuo já havia perdido a conta de quantas vezes respondera a essa pergunta. Com gente indo e vindo, ele temia que sua mãe idosa não conseguisse descansar direito.
Mas, como a maioria dos curiosos eram pacientes idosos, ele não tinha coragem de ser ríspido com eles.
Felizmente, o corpo da mãe já estava aquecido, e sua expressão adormecida parecia tranquila. O médico até devolveu o valor extra cobrado pela eletricidade.
Enquanto isso, o diretor da cooperativa de suprimentos ainda quebrava a cabeça sobre como promover os cobertores elétricos, quando um cliente os avistou imediatamente.
— Isso é um cobertor elétrico?
— Sim, sim! É um cobertor elétrico de fabricação nacional — acessível e prático. Fora a loja de departamentos, mais ninguém está vendendo ainda!
— Igual ao da loja de departamentos, vinte e cinco yuans cada, né?
— Uh... sim.
— Rápido, me dá um — não, dois!
O diretor, radiante, chamou o Pequeno Lin para embalar os cobertores para o cliente. Ele havia fixado o preço em vinte e três yuans, um pouco mais barato que na loja de departamentos, mas ainda assim não saía no prejuízo — esse era o valor mínimo acordado.
Li Xueguo havia estipulado esse preço pensando em beneficiar as pessoas comuns. Na entrada da fábrica têxtil, ele os anunciava a vinte e cinco yuans cada, com um desconto de um yuan na compra de dois, além de uma fronha de um yuan como brinde.
Inesperadamente, graças à propaganda involuntária de Yang Yufen, as pessoas já estavam dispostas a pagar o preço cheio, sem nem pedir desconto.
Depois de vender dois, surgiram algumas consultas esporádicas. O diretor se animou — se espalhasse a notícia entre amigos e parentes, vender trezentos não seria problema.
— Consegui! Agora dá pra comprar lá na cooperativa de suprimentos. Eles acabaram de reabastecer, e ninguém mais tem. Corre se quiser um — pode esgotar rápido!
A compradora cuidava de um parente idoso no hospital. Os pacientes do Terceiro Hospital Popular geralmente tinham algum recurso ou precisavam de tratamentos específicos que outros hospitais não ofereciam.
A notícia se espalhou rápido, e logo as pessoas corriam à cooperativa com dinheiro em mãos.
Era bem mais perto que a loja de departamentos, que demandava mais tempo.
Pequeno Lin, prestes a almoçar, ficou atônito com a avalanche repentina de clientes. Até o diretor precisou ir ao balcão ajudar com os pagamentos.
Trezentos cobertores — esgotados! Ele mal tinha ligado para amigos recomendando o produto e agora não havia mais nenhum.
— Preciso voltar. Isso não dá conta da demanda.
Uma cena parecida acontecia na entrada da fábrica têxtil. Li Xueguo levara apenas cinquenta cobertores com cinco estampas diferentes, e todos foram arrebatados na hora, com mais gente ainda perguntando por eles.
— Se ao menos eu não tivesse fornecido pra cooperativa ontem...
— Tá maluco? Lucro pequeno, giro rápido!
Li Xueguo deu um tapinha leve na cabeça do primo, Li Baoguo.
— Vai lá, busca mais estoque na fábrica.
Enquanto isso, o diretor da cooperativa foi até a loja de departamentos, mas não encontrou Li Xueguo — até a vendedora tinha mudado.
— Nosso chefe levou uma equipe pra promover os cobertores na fábrica têxtil. Se correr, talvez ainda pegue ele por lá.
O diretor pedalou furiosamente. Antes mesmo de chegar à fábrica, já avistava operários saindo com cobertores elétricos nos braços.
Justo quando Li Xueguo estava prestes a partir, alguém gritou seu nome. Ele se virou e viu uma bicicleta avançando veloz.
Puxou os colegas para o lado, observando enquanto a bicicleta quase se espatifava — até reconhecer o ciclista e segurar o bagageiro para estabilizar.
O diretor arfava de cansaço.
— Ufa... quase... quase quebrei os ossos todos.
Li Baoguo não conteve a risada.
— Diretor Zhang, qual a pressa?
— Vim buscar mais estoque.
— Já esgotou tudo? — Os olhos de Li Baoguo se arregalaram.
— A gente tava indo agora pra fábrica pegar mais. Por que não vem com a gente? Aproveitamos e almoçamos.
Li Xueguo não se surpreendeu. Os cobertores elétricos da fábrica deles eram de primeira — só tinham chegado tarde ao mercado e faltava divulgação. Vender cinquenta de uma vez só aumentara sua confiança.
— Ótimo, ótimo!
A notícia da doença da Tia Wang se espalhou pelo conjunto residencial. O supervisor de Wang Shuo expressou preocupação e lhe concedeu três dias de folga. Pouco depois, Zhao Lian, a diretora das mulheres, apareceu com presentes.
E logo a história dos cobertores milagrosos chegou ao ouvidos de todos no conjunto.
— Diretora Zhao, será que dá pra organizar uma compra coletiva? Quem sabe conseguimos um desconto? A vida tá difícil, e esse inverno tá mais rigoroso que o normal — nem os adultos aguentam o frio, imagina as crianças e os idosos...
O marido de Zhao Lian era diretor de logística, então as mulheres naturalmente recorreram a ela para discutir a ideia.
— Não posso prometer nada, mas vou repassar as necessidades de todo mundo e dou uma resposta em breve.
Compras coletivas não eram novidade, e Zhao Lian já sabia como funcionava.
Yi Aiguo também achou viável.
— Vou pedir aprovação à liderança. Você faz a contagem de quantos querem comprar — melhor evitar falta ou sobra.
— Entendido.
Depois de terminar as tarefas no próprio quintal, Yang Yufen se lembrou de que a Tia Wang receberia alta no dia seguinte. Foi até a casa dela, limpou a neve do caminho para evitar escorregões e depois deu uma ajeitada na estufa dos fundos.
Mais um dia cheio havia passado.
Qin Nian passou o dia de bom humor, até comendo com mais apetite.
— Você comeu tudo hoje — qual é a boa notícia? Tá sorrindo desde de manhã.
— Nada de mais. Acho que dormi bem à noite. Minha sogra comprou um cobertor elétrico — meus pés nem ficaram frios.
— Uau, sua sogra é tão generosa! Digo... tão atenciosa! A minha só manda eu usar mais bolsas de água quente.
Xiao Ranran fez uma careta.
— Queimei uma bolha no pé ontem à noite — tava tão frio que nem percebi na hora. Pelo menos reagi rápido, senão teria sido pior.
— Você devia comprar um também. Minha sogra disse que custa só vinte e cinco yuans — não é caro.
— Vinte e cinco? Tá barato! Vou levar dois — um pra minha mãe, pra ver se para de me chamar de "jaqueta acolchoada furada".
Embora Xiao Ranran brincasse sobre a dureza da mãe, ainda pensava nela em primeiro lugar.
Qin Nian ficou pensativa. Ela só havia dado dinheiro à sogra — da última vez, até esquecera de comprar roupas de inverno pra ela. A sogra vendia batata-doce assada pra se manter ocupada, mas agora, presa em casa cuidando dela, devia estar entediada.
Enquanto isso, a supostamente "entediada" Yang Yufen encarava o cobertor elétrico nas mãos.
— Sobrinho, eu já peguei o dinheiro. Por que cê comprou outro cobertor elétrico pra mim? Agora só se concentra em cuidar da Tia Wang.
Capítulo 24 – Adotando uma Madrinha
— A cooperativa de suprimentos e marketing também está vendendo cobertores elétricos agora, pelo mesmo preço da loja de departamentos. Não levou muito tempo. E tia Yang, a senhora deve ter limpado o quintal da minha mãe — acabei de passar lá e vi tudo arrumado. Obrigado pelo trabalho.
Wang Shuo tinha planejado aproveitar o cochilo da mãe para arrumar o quintal dela, mas, ao chegar em casa, já estava tudo limpo e organizado. Não precisou nem pensar muito para saber quem tinha ajudado.
A tia Yang nunca esperava nada da família deles, e mesmo assim estava sempre disposta a ajudar — ainda mais dessa vez. Ele tinha planejado terminar de dar aula aos alunos antes de voltar para ver a mãe.
Mas, se tivesse esperado, teria sido tarde demais. Esse pensamento lhe trazia arrependimento.
Por isso, dar um cobertor elétrico era o mínimo.
— Não foi trabalho nenhum. Quando a tia Wang voltar, vou visitá-la com mais frequência, assim você pode se concentrar no trabalho. Eu fico em casa mesmo, sem muito o que fazer além de cozinhar.
Além disso, ela ainda estava usando o triciclo deles.
Li Xueguo olhava para a enxurrada de pedidos urgentes que não paravam de chegar. Os trabalhadores da fábrica estavam empolgados — com tantos pedidos, não precisavam mais se preocupar com fechamento ou demissões.
— Contratem mais gente. Façam os turnos rodar vinte e quatro horas, três turnos por dia. Mas a qualidade não pode cair.
— Sim, senhor!
— Irmão Xueguo, aquela tia é mesmo a benfeitora da nossa fábrica. Depois que ela comprou com a gente, os pedidos só aumentam.
Li Xueguo assentiu. Se visse aquela senhora de novo, ia agradecer pessoalmente.
— Ranran, a sua cunhada não trabalha na loja de departamentos?
— Trabalha, por quê?
— Pede pra ela trazer um rádio pra mim.
— Claro. Vou dar um dinheiro pra ela comprar mais dois cobertores elétricos também.
Depois de deixar Qin Nian no trabalho, Yang Yufen pedalou o triciclo até o Hospital Popular nº 3 — a tia Wang receberia alta hoje.
— Tia, a senhora consegue andar de bicicleta? Eu levo minha mãe pra casa.
— Não precisa. Sua mãe é leve. Vai de bicicleta na frente e corre pra arrumar a cama e acender o fogo. Eu levo ela devagar no triciclo.
Yang Yufen recusou de imediato. Uma bicicleta nunca seria tão estável quanto três rodas.
— Tá bom.
Wang Shuo não discutiu. Amarrando bem as cobertas extras, pedalou com força de volta para o conjunto residencial.
Yang Yufen tinha mandado ele acender o fogo, mas já tinha deixado o fogão à carvão aceso, com uma chaleira esquentando por cima.
Wang Shuo montou o cobertor elétrico e correu para a estufa no fundo do quintal para colher legumes e começar o almoço.
Quando a tia Wang finalmente se deitou na própria cama, relaxou completamente.
— Casa é muito melhor. Aquele hospital era um tormento.
A tia Wang resmungou.
— Exato, casa é o melhor lugar. Eu cuidei da sua estufa e limpei a neve em volta. Não passa muito tempo lá fora até estar totalmente recuperada — sua saúde vem primeiro.
— Se você não tivesse ido me ver, eu talvez...
— Nada disso. Seu filho tá correndo pra todo lado cuidando de tudo — tão dedicado.
Yang Yufen de repente sentiu algo diferente no ar.
— Sim, ele tá exausto. E sabe, irmã, cheguei a uma conclusão. Que tal deixar meu filho te chamar de madrinha?
Yang Yufen não esperava que a conversa tomasse esse rumo.
— Madrinha.
Wang Shuo chamou sem hesitar.
— Então eu ganhei um afilhado assim, do nada? Ai, irmã, tem certeza que quer isso?
Depois de toda a correria recente, Yang Yufen havia tido tempo pra organizar os próprios sentimentos.
— Claro que quero. Sem você, a mãe dele talvez nem estivesse mais aqui. Ele te chamar de madrinha é o mínimo. A partir de agora, ele é seu filho também.
— Então tá combinado. Tá ficando tarde — você devia descansar. Trouxe uns ovos pra você. Vou levar comida pra Nian e depois volto pra te fazer companhia.
Wang Shuo acompanhou Yang Yufen até a porta.
— Escuta... escolhe um dia e traz as duas pra me ver.
As palavras inesperadas da tia Wang pegaram Wang Shuo de surpresa. Ele achava que a mãe ainda ia dizer mais alguma coisa.
— Mãe, a senhora não tá...
A voz dele tremeu.
— Depois de encarar a morte, eu percebi uma coisa — com a sua idade, se não casar logo, vai ser difícil até arranjar uma mulher divorciada com filho. Cada um tem seu destino. Não vou mais me meter na sua vida.
— Mãe, não fala assim. Eu...
O coração de Wang Shuo batia acelerado, mas ele não queria contrariá-la.
— Chega. Um homem feito não devia ficar enrolando desse jeito. Deixando uma mulher esperando tanto tempo — que falta de firmeza! Ela ainda te querer depois disso tudo já é um milagre. Seu pai nunca foi tão indeciso.
A tia Wang virou o rosto, indignada.
— Então... eu posso mesmo levá-la pra te conhecer? A senhora não vai ficar brava?
— Leva se quiser. Tanto faz.
A tia Wang resmungou, já sentindo saudade da querida amiga Yang Yufen.
Wang Shuo abriu um sorriso que quase não cabia no rosto. Se a mãe deixasse, ele a alimentava na colher.
— Mãe, posso levar ela ainda hoje? E apresentar também pra madrinha?
— Tá bom.
A tia Wang pousou a tigela.
Wang Shuo acompanhou o movimento com os olhos, nervoso, com medo de que a tigela se espatifasse no chão.
— Mãe, obrigado.
Quando segurou a tigela a tempo, sentiu o coração finalmente sossegar.
Se havia uma definição para "impaciência", era Wang Shuo naquele momento. Lavou a tigela num piscar de olhos, se despediu da mãe tentando manter a calma, depois disparou porta afora, pulou na bicicleta e pedalou tão rápido que os seguranças quase o pararam.
— Camarada Fang!
Fang Fen, que acabava de sair para jogar fora uma bacia d’água, ergueu os olhos e viu Wang Shuo, os cabelos desgrenhados pelo vento.
— O que você tá fazendo aqui? A tia Wang não recebeu alta hoje?
— Camarada Fang, minha mãe concordou. Ela quer que eu leve você e a Yaoyao pra conhecê-la.
A mãe tinha dito — as duas!
Fang Fen ficou paralisada.
— É sério. Foi minha mãe quem disse — as duas! Você e a Yaoyao.
— Como a tia Wang pôde concordar?
Na verdade, Fang Fen já estava pronta para desistir. Nunca imaginou que a tia Wang fosse ceder agora.
Ela e Wang Shuo tinham se conhecido como jovens educados enviados ao campo. Nos tempos difíceis, haviam se aproximado. Mas quando o pai de Wang Shuo sofreu um acidente, ele teve que sair às pressas. Em um único mês, ela caiu no rio e foi salva pelo ex-marido — e forçada a casar com ele.
Depois que Yaoyao nasceu, o ex-marido morreu afogado num acidente. A ironia da vida não passou despercebida.
Quando o vestibular foi retomado, ela não hesitou — fez a prova, pagou trezentos yuans para romper os laços de Yaoyao com aquela família e levou a filha para a universidade.
Jamais imaginou que reencontraria Wang Shuo.
Ela sabia que ele tinha procurado respostas na época, mas ela o evitou, com medo de que ele se metesse em confusão.
Mais tarde, quando ele voltou pra cidade, ela ficou feliz por ele. O reencontro aconteceu por acaso — Wang Shuo a parou e disse que já sabia de tudo. Implorou por uma segunda chance, não querendo deixar a vida separá-los de novo.
O amor podia vencer dificuldades, mas quando essa dificuldade era a mãe de Wang Shuo, Fang Fen não quis forçar nada. E ele também não.
Então esperaram. Ela se formou e foi designada para dar aula em uma escola normal.
Capítulo 25 — Ouvindo fofocas
Yang Yufen teve um tempinho livre à tarde, e a tia Liu veio visitar a tia Wang, trazendo alguns ovos com ela.
— Esse cobertor elétrico é tão quentinho... Acho que vou comprar um pra mim depois.
A tia Liu sentou-se sobre o cobertor elétrico, desfrutando do calor aconchegante.
— Compre mesmo! A gente precisa cuidar da própria saúde. Assim, nossos filhos podem trabalhar tranquilos, sem se preocupar com a gente. Além disso, ficar doente além de custar caro, faz sofrer.
Com as palavras de Yang Yufen, a tia Liu, que só havia comentado por comentar, de repente sentiu que realmente deveria comprar um. Não era como se não tivesse condições. Agora que seus filhos estavam criados e os netos já corriam por aí, era hora de aproveitar a vida — que desperdício seria partir cedo demais.
Ela esfregou as pernas. Desde que o inverno chegou, mal saía de casa, pois a velha dor reumática havia voltado com força, e não importava quanto se agasalhasse, nada ajudava.
— Depois o conjunto residencial deve organizar uma compra em grupo, aí o preço sai mais em conta.
A tia Wang, agora com bem mais ânimo, entrou na conversa, e a tia Liu se lembrou:
— É mesmo. Vou pegar um nessa leva.
— Minhas velhas amigas, logo vocês vão conhecer minha futura nora e minha netinha. Me ajudem a organizar o casamento delas — aí, sim, meu coração vai sossegar.
— Você aceitou?
Era evidente que a tia Liu sabia parte da história.
Yang Yufen estava completamente perdida, até que a tia Liu a pôs a par dos acontecimentos, com a tia Wang acrescentando um detalhe aqui, outro ali.
Fazia tempo que Yang Yufen não ouvia uma boa fofoca, e ficou completamente envolvida. Lá na vila, também tinham mandado jovens educados pro campo, então ela entendeu logo do que se tratava.
— Essa Pequena Fang parece bem decente. Mesmo com um filho, não se deixou prender na zona rural — passar na universidade não é nada fácil, e ela ainda levou a criança junto. É leal e honrada. E agora já tem até emprego. Eu só tive filho homem e sempre quis uma filha. Criar a Niannian finalmente me deu essa sensação de ter um “casaco quentinho” por perto.
Com medo de a amiga acabar mudando de ideia, Yang Yufen começou a exaltar as maravilhas de criar uma filha.
— Aquele meu filho fedorento foi pro exército e ficou anos sem aparecer. Só ligava quando algo dava errado, e escrever carta dava trabalho demais pra ele. Mas a Niannian, não importa o quão ocupada esteja, vem todo dia pra casa — entra chamando “mamãe”, sai chamando “mamãe”, pergunta tudo. Dá vontade de derreter.
Mais tarde, porém, Yang Yufen ainda teria o prazer de ver seu filho chamando “mamãe” a todo momento — ao entrar, ao sair, por qualquer coisa — a ponto de ela querer enfiar algodão nos ouvidos de tanta irritação.
De repente, a tia Wang tirou as cobertas e tentou se levantar.
— O que você tá fazendo? Se precisar de algo, é só falar — a gente ajuda.
A tia Liu se apressou em ajeitar as cobertas de volta ao redor dela.
— Minha nora está vindo. Preciso ferver água pro chá de ovo, e tem uma netinha também. Deixa eu ver que lanches tenho em casa.
— Já tem água quente no fogão.
Yang Yufen se manifestou — ela mesma havia trocado o carvão ao chegar.
— Tenho leite em pó e biscoitos no baú. Não costumo comer doces, então só tem açúcar mascavo.
Enquanto falava, a tia Wang foi ajudada por Yang Yufen a trazer o baú. Lá dentro não havia apenas comida, mas também dinheiro e cupons de racionamento.
— Já temos bicicleta em casa, mas a Pequena Fang trabalha na Universidade Normal, então vai ser mais prático se ela tiver a própria. Também vamos precisar comprar um relógio e uma máquina de costura. O dormitório que a escola dela forneceu não é muito grande, mas aqui temos espaço — vamos arrumar um canto pra eles.
A tia Wang começou a contar o dinheiro e os cupons.
— Olha só pra ela — já tão empolgada com a nora que tá contando dinheiro na nossa frente!
O conjunto residencial do instituto de pesquisa era compartilhado com o Instituto de Ciências Agrícolas.
A tia Wang lançou um olhar irritado pra Yang Yufen.
— Claro! Depois de tantos anos esperando, como é que não vou correr pra trazê-la pra família? E você, irmã Yang — agora é madrinha do meu filho. Não devia estar investida no casamento do seu afilhado?
— Claro que sim! Vou fazer um armário pra eles depois. As habilidades de carpintaria herdadas do meu pai ainda servem pra algo. Eu queria fazer um pra Niannian também, mas não tenho espaço em casa pra pintar. Vou terminar na sua casa.
— Essa madrinha deu foi sorte. Depois faça esse menino se ajoelhar pra você.
A tia Wang deu uma gargalhada.
Wang Shuo tinha levado Fang Fen pra comprar várias coisas, mas ela insistiu em pagar tudo. Depois, carregando as sacolas e segurando a mão de Yaoyao, seguiu com Wang Shuo até o conjunto residencial.
Na porta, Fang Fen respirou fundo e alisou delicadamente o cabelo da filha.
— Yaoyao, lembra de chamar ela de “vovó”, tá bom?
Yaoyao assentiu, os olhos brilhantes fixos na mãe. Por mais nova que fosse, ela entendia.
Ao entrarem com Wang Shuo, risadas ecoavam de dentro da casa.
— Mãe, trouxe a Fang Fen e a Yaoyao.
— Entrem, entrem!
A voz que respondeu não era a da tia Wang, e Fang Fen ficou tensa.
— Essa é a madrinha dela.
Wang Shuo se deu conta de que não havia mencionado isso antes à Fang Fen, mas não dava tempo de explicar agora. Apenas disse:
— Madrinha, essa é a Fang Fen e a Yaoyao.
— Ah, chegaram! Sua mãe me pediu pra pegar uma coisa no baú dela. Tá frio lá fora — entrem logo.
Yang Yufen chamou com gentileza antes de sair para preparar o chá de ovo.
Wang Shuo conduziu Fang Fen e Yaoyao para dentro do cômodo, onde também estava a tia Liu.
Fang Fen e Yaoyao ficaram perto da porta, mantendo distância pra não deixar o ar frio incomodar ninguém.
— Por que tão aí longe? Cheguem perto do fogão e se aqueçam. São feitas de madeira, é? E não sabe que tem que dar algo pra criança comer?
A tia Wang clicou a língua diante da falta de iniciativa do filho. Até a melhor amiga tinha se levantado pra ajudar com o chá, e ele ali parado, mudo.
— Olá, vovó Wang!
A voz doce da menina encheu o ambiente.
— Ah, vem cá, Yaoyao. Come uns biscoitos.
Wang Shuo pareceu acordar do transe.
— Tia Wang, comprei isso pra você. Espero que melhore logo.
Fang Fen estendeu uma sacola de presentes.
— Que maravilha, que maravilha. A Yaoyao cresceu tanto! Vem sentar aqui com a vovó.
— O chá de ovo tá pronto — bebam e se aqueçam. A gente conversa melhor depois.
Yang Yufen entrou com canecas fumegantes.
Wang Shuo se apressou pra ajudar.
Fang Fen olhou para a caneca em suas mãos. As espirais douradas no líquido denso indicavam que tinham usado pelo menos dois ovos.
— A vovó não comprou doces, mas da próxima vez eu trago. Por agora, toma uns biscoitos. Se não gostar do chá, o seu “papai Wang” pode fazer leite.
Os olhos da tia Wang se suavizaram ao observar a Yaoyao tão comportada.
— Obrigada, vovó. A Yaoyao gosta de tudo.
Ao ver a boa interação entre os mais velhos e a pequena, Fang Fen soltou um leve suspiro de alívio.
— Pequena Fang, vem sentar aqui.
Fang Fen se acomodou nervosamente ao lado da tia Wang, perto da filha.
— Pequena Fang, aqui está um vale-bicicleta. Uma bike hoje em dia custa uns 180 yuans. Pro relógio, vamos de marca Flor de Ameixeira. E quanto à máquina de costura... bem, o último enxoval de casamento aqui no conjunto foi de 600 yuans — então vou igualar.
— Já que os dois têm emprego, tratem de tirar logo o certificado de casamento. Marquem o banquete pro próximo dia de folga. O Wang Shuo vai arrumar a casa. Assim que registrarem, venham morar aqui. Comprem primeiro a bicicleta — vai facilitar no trabalho.
A tia Wang foi falando enquanto contava o dinheiro e o colocava nas mãos de Fang Fen, deixando até Wang Shuo atônito.
Como era possível que ele não acompanhasse o ritmo da própria mãe? A mudança foi tão repentina que ele se sentiu um pouco desconcertado.
0 Comentários