Capítulo 20 – Chu Yi Vestindo Borboletas Prateadas


 Jianfeng—

O dia estava claro e ensolarado.

A jovem esguia e graciosa vestia as roupas azul e branca de Jianfeng. Sua longa espada de dois gumes reluzia como neve, lançando luzes elétricas. Cada movimento era magnífico, o estilo refinado, e o qi mortal de sua espada explodia no ar. Sua postura era impecável enquanto executava os movimentos, voando com a leveza de um cisne, tão poderosa quanto um dragão em ascensão.

Magnética e ardente.

Até que a luz da lua e um par de olhos violeta encantadores invadiram seus pensamentos.

A ponta da espada, que antes estava firme como uma rocha, vacilou; os belos olhos da garota se afiaram de repente, e a lâmina se transformou em um golpe final, retraindo violentamente o ímpeto da espada, junto ao qi assassino que transbordava. Sua fita azul-gelo brilhou sob o sol, flutuando em curvas afiadas antes de pousar suavemente sobre seus cabelos negros e sedosos.

A voz do garoto foi clara e descontraída:

— Meu nome é Xia Ge.

— Xia Ge, Xia Ge…

Verão… e uma canção duradoura.

Com a ponta gelada da espada tocando o chão, o rosto delicado de Chu Yao conseguiu se acalmar levemente.

…Apenas um pirralho tentando bancar o herói. Não é alguém digno de ser lembrado por Chu Yao o tempo todo!

Chi—

Cortando uma cicatriz profunda e fria no solo, a garota recolheu a espada com um movimento reverso. O som da lâmina afiada entrando na bainha era nítido e agradável aos ouvidos.

— Olá, Irmã Chu. Ouvi dizer que você desceu a montanha de novo?

Chu Yao se virou na direção da voz. Lá, entre as árvores da montanha, estava uma garota vestida de azul, com borboletas prateadas bordadas nas mangas. Rindo levemente, ela cobriu a boca por um instante, escondendo os dentes brancos. Os olhos brilhantes, com um brilho espirituoso, davam-lhe uma aparência absolutamente travessa.

No entanto, o frio no olhar de Chu Yao não diminuiu nem um pouco:

— Isso não tem nada a ver com você.

— Como poderia não ter nada a ver comigo? — A garota também carregava uma longa espada na cintura, e seus grandes olhos redondos se pareciam com os de Chu Yao. — A oportunidade de ver a aparência valente da Irmã é rara. Lamento tanto em meu coração… não ter conseguido descer a montanha a tempo ontem à noite para vê-la em ação.

— Cale a boca. — O tom de Chu Yao era tão gélido quanto seu olhar. — Chu Yi, não pense que pode fazer o que quiser só porque entrou em Jianfeng!

— Oh? — A garota arqueou levemente uma sobrancelha, as pupilas negras se tornando frias, mas o sorriso ainda pairava em seus lábios: — Como você pode dizer que eu faço o que quiser? Irmã, você é demais. Não está disposta a dar nem um pingo de consideração à sua própria irmãzinha. Será que não há nenhum afeto fraternal entre nós…

— …Ai, deixa pra lá.

Diante da indiferença de Chu Yao, Chu Yi soltou uma risadinha desdenhosa:

— Achei que Jianfeng, esse lugar que minha irmã tanto se preocupa no coração, fosse um bom lugar… mas, no fim, é assim que ele é.

Os cabelos longos e macios da garota caíam sobre os ombros, presos por uma fita azul-clara, enquanto as borboletas prateadas em suas mangas eram tão realistas que pareciam prestes a voar. E embora o formato e tamanho de seus olhos lembrassem os olhos castanho-claros de Chu Yao, os olhos de Chu Yi eram de um negro puro.

Chu Yao não se mexeu.

Chu Yi sorriu de leve, o olhar zombeteiro:

— É simplesmente incrível. Irmã Chu, a única e insubstituível Irmã Chu de Jianfeng, disposta a descer correndo a montanha, preocupando-se com a vida ou morte daqueles discípulos externos… oh, como isso faz as pessoas te idolatrarem.

Chu Yao encarou friamente a outra garota.

— Chu Yao, quão presunçosa você é? Fingindo ser uma “Salvadora” para a plateia… — Chu Yi riu baixinho. — Eu realmente me pergunto… quando é que vou conseguir arrancar essa sua pele arrogante? Quando verei essa filha orgulhosa dos céus ensanguentada e despedaçada…

Swish—

Folhas geladas desfizeram um coque de cabelo, a voz de Chu Yi parando abruptamente.

As folhas afiadas cortaram três fios de seu cabelo. Chu Yi deu uma risadinha enquanto os fios cortados se cravavam separadamente no tronco de uma árvore Wutong atrás dela.

Com uma mão esguia e branca sobre o punho da espada, Chu Yao, com aparência celestial, olhou para Chu Yi com seus olhos castanho-claros e lambeu os lábios.

Ela deu um passo na direção de Chu Yi.

Uma brisa soprou, uma folha voou em direção a Chu Yao. Sem emitir som algum, foi dissecada em quatro pedaços e caiu ordenadamente no chão.

Chu Yi deu um passo involuntário para trás. E, após esse pequeno recuo, ficou chocada ao perceber que… não conseguia mais se mover!

Ela só podia observar, impotente, enquanto Chu Yao, como uma deusa da morte, cercada por uma aura fria e mortal, se aproximava passo a passo… até que parou bem diante de Chu Yi.

— Agora eu… eu realmente quero ver sua aparência mutilada e de partir o coração, Chu Yi.

Chu Yao claramente era uma jovem delicada e bonita, mas cada sílaba que dizia era carregada de sede de sangue. Sendo encarada por aqueles olhos castanho-claros selvagens e ferozes, Chu Yi estremeceu dos pés à cabeça, aquele qi assassino perfurando cada centímetro de sua pele como agulhas—

Ela vai matar!

Com certeza… ela vai me matar!!

Por um breve segundo, Chu Yi se arrependeu profundamente de ter puxado o bigode do tigre enquanto ainda era apenas uma filhote.

No fim das contas… fui impetuosa demais?

As pupilas ligeiramente contraídas, o corpo de Chu Yi não parava de tremer de nervosismo extremo.

Seu queixo foi de repente erguido por dedos gelados como gelo.

As pupilas negras refletiam olhos castanho-claros em um rosto que zombava.

— Ah, ficou com medo, hein?

Chu Yi manteve a boca cerrada, sem deixar escapar uma única palavra.

O escárnio preencheu o olhar de Chu Yao:

— Realmente… realmente patético…

Dedos frios desceram lentamente, segurando o pescoço de Chu Yi.

Enquanto o suor frio encharcava suas costas.

— Eu faço o que quiser. Jianfeng pode ser como quiser. Entendeu?

— É melhor não deixar que eu veja você de novo.

— Eu, Chu Yao, faço tudo bem feito. Exceto… reconhecer minha própria família.

— Lixo.

Ao receber seu pagamento, o primeiro destino de Xia Ge foi a taverna, onde ela comprou vinho com imensa alegria. Depois, generosamente, adquiriu para si mesma alguns espetinhos de espinheiro doce. Só então foi atrás do carpinteiro Zhang para consertar seu telhado.

Depois de conseguir alguém que a ajudasse a extrair a enorme foice negra, Xia Ge correu de volta à taverna para comprar um bom vinho para seu ajudante, convidou várias pessoas para jantar com ela e, por fim, acertou as contas com Zhang, pois o reparo de sua cabana havia sido concluído.

E assim, sua imensa fortuna — a única moeda de prata que ela havia conseguido com tanto esforço — chegou ao fim.

Nessa altura, o sol já havia se posto, e a lua brilhante pairava no alto do céu.

Acendendo uma vela, Xia Ge puxou uma faixa com os dentes, apertando-a ao redor do ferimento em sua mão. Ao mesmo tempo, lançava um olhar cheio de amargura e ressentimento para a foice encostada contra a parede no canto.

Na noite anterior, ela havia se exibido como se fosse algum tipo de heroína. Mas, mesmo tendo usado seu jade dragão para bloquear a maior parte dos danos da foice, sua mão ainda assim se ferira com o qi que transbordara.

— Ai, a vida é dura. Melhor aproveitar o momento.

Amarrando um nó no curativo com uma única mão, Xia Ge suspirou.

Sistema: [Então Por Que Guardar a Foice?]

Você não ia vendê-la por umas moedas?

A cabana era bem pequena e não continha quase nada. Não se dizia à toa: “uma casa de paredes nuas.” Mas agora, Xia Ge tinha uma foice virada de cabeça para baixo encostada num canto, sua lâmina negra cintilando à luz fraca da vela.

Xia Ge: — Tenho medo de espíritos malignos, a foice vai afastá-los.

Sistema: [……]

Naturalmente, Xia Ge ignorou o silêncio perplexo do sistema.

Ela de fato tinha medo de fantasmas, espíritos e afins.

Tirando seu jade dragão, com o canto direito faltando, Xia Ge o segurou com a mão esquerda, observando seu brilho quente sobre o curativo branco como a neve.

— Obrigada.

[Guilongyu – Jade Dragão Fantasma.] O sistema se intrometeu: [Originalmente, Isso Deveria Pertencer Ao Ye Ze, Certo?]

— Sim — respondeu Xia Ge —, de fato era para ser uma das coisas dele.

Guilongyu era um jade que continha o espírito de um dragão.

Afastava demônios e não permitia que espíritos malignos se aproximassem.

O protagonista masculino tinha poucas oportunidades nos estágios iniciais, e o Guilongyu era uma delas. Só que, infelizmente para Ye Ze, Xia Ge chegou primeiro.

Principalmente porque ela morria de medo de fantasmas e demônios.

Encontrar demônios… uma vez na vida já era mais do que o suficiente.

— Já que estou com ele há tanto tempo, provavelmente é hora de encontrar um jeito de devolvê-lo — disse Xia Ge, girando o pingente nas mãos e erguendo ligeiramente os olhos. — Eu realmente não quero me separar dele, mas pensando naquele desgraçado… bom, é melhor devolver.

Embora o protagonista masculino tivesse um caminho turbulento, ele eventualmente alcançaria as maiores alturas.

Guilongyu só reconheceria ele como mestre.

O sistema zombou abertamente: [Eu Realmente Não Consigo Ver Isso.]

Enquanto isso—

Seita Lingxi, Salão do Conselho—

O Yimei jazia no meio do salão, o rosto congelado numa expressão aterrorizante. Na cabeceira do salão, sentava-se uma senhora idosa de cabelos grisalhos, olhos semicerrados, segurando um espanador de rabo de cavalo branco. Diante dela, estavam dois homens e uma mulher.

A mulher vestia o traje branco com bordados vermelhos de Danfeng, com uma fita vermelha prendendo os cabelos. Sua pele era branca como porcelana, as pupilas negras eram profundas e o arco de seus lábios vermelhos, extremamente atraente. Estava posicionada à esquerda da anciã, com a cabeça ligeiramente abaixada.

À direita da anciã, estavam os dois homens.

Um deles tinha sobrancelhas espessas e olhos grandes, as roupas feitas de peles de vários animais, e o cabelo preso com uma fita amarela. Na cintura, pendia uma flauta de jade topázio. Com quase dois metros de altura, era uma figura imponente. Contudo, havia um detalhe destoante nesse homem robusto: o pequeno pássaro amarelo empoleirado em seu ombro. A ave permanecia tranquila e serena, bicando de vez em quando sua própria plumagem com o bico vermelho.

O outro homem era jovem, olhos completamente negros, vestido com as roupas azuis de Jianfeng, a fita azul combinando presa em seus longos cabelos, e uma espada na cintura. Estava com as mãos cruzadas, emanando uma atitude de alguém que desejava se afastar da poeira e da impureza do mundo.

A senhora idosa examinou o Yimei caído no chão antes de perguntar com voz envelhecida:

— Isso veio da Seita Demoníaca?

Gu Peijiu, com seu traje branco e vermelho de Danfeng, balançou a cabeça:

— Não sei.

— Esse método de matar o Yimei… foi extremamente direto. — A anciã esboçou um leve sorriso. — Peijiu, foi realmente feito por uma de suas discípulas de Danfeng?

A voz de Gu Peijiu era suave:

— Sim.

— É incomum que Danfeng tenha uma semente com boa habilidade marcial. — A anciã tossiu, olhando novamente para o cadáver da mulher que o Yimei controlara, com certa piedade. — Com certeza é a Seita Demoníaca tentando roubar nossas técnicas secretas mais uma vez, mas ainda assim é uma pena.

Gu Peijiu manteve-se em silêncio.

— Descarte-o.

— Sim.

Alguns discípulos vestidos de branco prontamente levaram o cadáver do Yimei embora.

— Peijiu, os assuntos de Danfeng continuam cansativos? — perguntou a anciã.

O tom de Gu Peijiu permaneceu distante:

— Com o Irmão Sênior Chang e o Irmão Baili auxiliando, não há dificuldades.

A velha suspirou profundamente, lançando um olhar para o jovem à sua direita:

— Seu Irmão Sênior Chang também está ocupado com os assuntos da [Ordem]. Além disso, ele veio para atuar como discípulo sênior de Jianfeng, dando rosto à família Chu de Chang’an e suas filhas na Seita Lingxi…

— A Mestra está exagerando.

O jovem de azul fez uma leve reverência:

— Embora as famílias Chang e Chu mantenham boas relações, ainda assim eu seria elegível para atuar como discípulo sênior de Jianfeng. Os assuntos de Jianfeng são dever deste discípulo, e não têm relação com a família Chu.

A anciã soltou outro suspiro:

— Levará três anos até que o próximo mestre de Jianfeng seja nomeado… Conto com você nesses anos intermediários.

— Sim — respondeu o jovem, assentindo com a cabeça.

Do outro lado, o homem com roupas de fera não disse uma palavra. Apenas o pássaro em seu ombro inclinou a cabecinha, os olhos negros como laca brilhando.

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